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SOCIOLOGIA JURÍDICA - CONCEITOS E DOUTRINADORES PRINCIPAIS

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SOCIOLOGIA JURÍDICA
CONCEITO E OBJETO 
Sociologia jurídica: Não há uma definição unívoca de sociologia jurídica. Para Weber, a sociologia jurídica procura apreender até que ponto as regras de Direito são observadas, e como os indivíduos orientam de acordo com elas a sua conduta. Para Lévy-Bruhl, a teoria sociológica entende o Direito como um fenômeno social; o Direito emana do grupo social e as normas jurídicas expressam a maneira pela qual esse grupo entende devam ser estabelecidas as relações sociais. Enfim, a sociologia jurídica examina não apenas a influência dos fenômenos sociais sobre o Direito, mas também o impacto do Direito sobre a sociedade. 
Conceitos sociológicos: A sociologia se ocupa com a vida social e, para entendê-la e explicá-la, constrói alguns conceitos que servem como descrições abreviadas dos fenômenos e como instrumentos de análise, tais como: ação social, fato social, classe social, interação social, relação social, estratificação social, padrão social, instituição social, estrutura social, organização social, controle social, desvio social, mobilidade social, anomia, burocracia, ideologia, além de outros. Esses conceitos são usados regular e frequentemente pelos sociólogos, motivo pelo qual, grande parte do ensino da Sociologia consiste em definir tais termos e mostrar o uso adequado dos mesmos. Os clássicos da sociologia jurídica: Para alguns sociólogos (Bottomore) o início de uma Sociologia Jurídica pode ser atribuído a Montesquieu porque, no livro O Espírito das Leis, descreve e compara as leis de diferentes sociedades, e relaciona as diferenças com a diversidade de condições, geográficas e sociais, dessas sociedades. 
Três pensadores, entretanto, tem especial importância para a disciplina, na medida em que promovem uma interpretação sociológica do Direito: Karl Marx, Émile Durkheim e Max Weber. As obras desses autores influenciam, inspiram e servem de modelo para sociólogos e juristas; além disso, as definições, conceitos e classificações que esses três autores produziram ainda constituem pontos de partida para a construção e estudo da Sociologia Geral e Jurídica. 
· KARL MARX 
Segundo Marx, na produção social de sua existência, os homens entram em relações determinadas, necessárias e independentes de suas vontades, relações de produção que correspondem a um grau de desenvolvimento determinado de suas forças produtivas materiais. O conjunto dessas relações de produção constitui a infraestrutura econômica da sociedade, a base concreta sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e à qual correspondem formas de consciência sociais determinadas. Vida material e vida social: Para Marx, o modo de produção da vida material condiciona o processo de vida social, política e intelectual em geral. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser; é inversamente seu ser social que determina sua consciência. 
A um certo estágio de seu desenvolvimento, as forças produtivas materiais da sociedade entram em contradição com as relações de produção existentes, ou, o que não é senão a expressão jurídica, com as relações de propriedade no seio das quais moviam até então. De formas de desenvolvimento de forças produtivas que eram, essas relações tornaram-se obstáculos. Abre-se então uma época de revolução social. A mudança na base econômica transforma a superestrutura jurídica. 
-Classes sociais: Marx destaca duas grandes classes no regime capitalista de produção: 
a) os trabalhadores: proprietários da força de trabalho e têm como fonte de rendimento o salário; 
b) os capitalistas: proprietários de capital (meios de produção) e têm como fonte de rendimento o lucro. 
Sociedade e Direito: Na concepção de Marx, a sociedade é dinâmica, possui vida própria e é formada por um complexo de relações que se estabelecem entre seus membros e seus grupos. As mais importantes são as relações de produção (infraestrutura econômica), que implicam relações de dominação e relações de exploração de uma classe (capitalista) sobre a outra (trabalhador). A partir dessas relações, geralmente tensas ou conflituosas, surgem as superestruturas, cuja função é justificar, legitimar, reproduzir e controlar as relações de domínio. Quando a superestrutura se materializa, tem-se o que se costuma chamar instituições. 
Direito e instituição: As instituições são denominadas: 
a) aparelhos repressivos: porque usam a força, a coerção, a repressão, para legitimar ou reproduzir as relações de domínio; ou 
b) aparelhos ideológicos: porque empregam práticas e processos que usam uma ideologia (persuasão) que disfarça divisões de classes e promove os interesses da classe dominante. O Direito é uma instituição que usa tanto a repressão como a persuasão (ideologia), portanto, tem por objetivo reproduzir, legitimar, justificar e garantir as relações centrais do modo de produção capitalista. 
Para Marx, a esfera jurídica é o lugar de uma dupla ilusão: 
a) ilusão legalista: porque o poder legislativo, longe de criar a lei, descobre-a e limita-se a exprimi-la; nessas condições a lei não pode servir para a libertação dos homens; só pode captura- -los na sua miséria; 
b) ilusão da igualdade dos direitos e da liberdade dos cidadãos: a proclamação formal da lei em nada modifica a realidade objetiva da condição da maioria. Direito e relações sociais: Stucka, teórico marxista, entende o Direito não como uma estrutura normativa, mas como um sistema de relações sociais. As relações sociais correspondem ao conjunto das relações de produção e das relações de distribuição ou troca. Para Stucka as relações de produção e troca são as relações primárias, enquanto as relações de apropriação, isto é, as relações jurídicas são unicamente relações derivadas. 
Para Também numa perspectiva marxista, Karl Renner examina como as funções das normas legais que regulam a propriedade, contrato, sucessão e herança se modificam com a evoluçãoda estrutura econômica da sociedade capitalista, sem alterar, porém, necessariamente, a formulação das próprias normas legais, que assim passam a obscurecer as relações sociais significativas do capitalismo desenvolvido. 
· ÉMILE DURKHEIM 
Método sociológico e fatos sociais: 
Para Durkheim, o método sociológico repousa inteiramente sobre o princípio fundamental de que os fatos sociais devem ser estudados como coisas, isto é, como realidades exteriores ao indivíduo. Fato social é toda maneira de agir, fixa ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coerção exterior. Assim, quando o indivíduo desempenha seus deveres de esposo ou de cidadão, quando cumpre os encargos que contraiu, esses deveres estão definidos no Direito e nos costumes. Não somente esses tipos de conduta são exteriores ao indivíduo, como também são dotados de um poder imperativo e coercitivo em virtude do qual se lhe impõem, quer queira, quer não As regras de Direito, portanto, são fatos sociais porque impõem ao indivíduo obrigações e modos de comportamento. 
Sociedade e Direito: A sociedade não é uma simples soma de indivíduos; ela representa uma realidade específica que tem suas características próprias. Nada poderia se produzir de coletivo se as consciências individuais não existissem, mas essa condição, apesar de necessária, não é suficiente. É preciso que essas consciências individuais estejam associadas e combinadas; é dessa combinação que resulta a vida social. A sociedade ultrapassa o indivíduo, motivo pelo qual está em condições de impor maneiras de agir e de pensar. A vida geral da sociedade não pode ser ampliada sem vida jurídica que, simultaneamente, abranja os mesmos limites e relações, refletindo-se necessariamente no Direito todas as modalidades essenciais da solidariedade social. 
Solidariedade social e Direito: Solidariedade social é uma estrutura de relações e de vínculos recíprocos; ela cria entre os homens um sistema de direitos e deveres que os ligam uns aos outros de maneira durável. O Direito é, nesse sentido, um símbolo visível da solidariedade social. Consciência coletiva é o conjuntodas maneiras de agir, pensar e sentir que faz parte da herança comum de uma sociedade e tem como causas geradoras as condições em que se encontra o corpo social. 
O indivíduo encontra-se subordinado a essa consciência coletiva que emerge da sociedade. O Direito, de certo modo, exprime e fortalece a consciência coletiva ao estabelecer normas que serve de guia ou modelo para a ação social. Tipos de solidariedade e Direito: Solidariedade é forma de integração social. 
Durkheim distingue dois tipos de solidariedade social: 
a) solidariedade mecânica ou por semelhança: ocorre nas sociedades antigas, cuja estrutura social é formadas de segmentos similares e elementos homogêneos, fundados na semelhança, ou seja, na uniformidade de comportamento, onde o Direito preponderante é o penal, que se faz acompanhar de sanções repressivas; 
b) solidariedade orgânica ou por dessemelhança: ocorre nas sociedades modernas, constituídas por um sistema de órgãos diferentes, dos quais cada um tem um papel especial, sendo eles próprios formados de partes diferenciadas; fundamenta-se na divisão do trabalho, onde o Direito preponderante é o dos contratos, que se faz acompanhar de sanções restitutivas. 
Divisão do trabalho social e Direito: As sociedades mais complexas não podem se formar sem que a divisão do trabalho se desenvolva, motivo pelo qual, pode-se formular a seguinte proposição: o ideal de fraternidade humana não pode se realizar senão na medida em que a divisão do trabalho progride. A divisão do trabalho produz solidariedade porque cria entre os homens um sistema de direitos e deveres que os ligam uns aos outros de maneira durável. A divisão do trabalho dá origem a regras que asseguram o concurso pacífico e regular das funções divididas. Assim se formam as regras cujo número cresce à medida que o trabalho se divide e cuja ausência torna a solidariedade orgânica impossível ou imperfeita. Na solidariedade orgânica os indivíduos são agrupados segundo a natureza particular da atividade social a que se dedicam. Seu meio natural e necessário é o meio profissional. O que marca o lugar de cada um na sociedade é a função que preenche. 
Evolução do Direito: Para Durkheim, a lei repressiva é característica de sociedades nas quais o indivíduo dificilmente é distinguido do grupo que pertence, ao passo que o Direito restitutivo é típico das sociedades modernas nas quais o indivíduo se tornou uma pessoa capaz de estabelecer livremente relações contratuais com outros indivíduos. Assim, o desenvolvimento paralelo do Contrato e do Estado, ambos acompanhados de sanções restauradoras é a manifestação mais exata do fortalecimento da solidariedade orgânica e do Direito que lhe corresponde. Segundo Durkheim, este desenvolvimento conduz à realização dos ideais da igualdade, de liberdade e de fraternidade. Vale dizer, à medida que a solidariedade mecânica, pelo influxo da divisão do trabalho, vai sendo transformada em solidariedade orgânica, o Direito vai abandonando o seu caráter repressivo (Direito Penal), para assumir predominantemente a sanção restitutiva, característica do Direito Civil e Comercial. 
· MAX WEBER 
Sociologia e ação social: Para Weber, sociologia é uma ciência que pretende entender, interpretando-a, a ação social para, desta maneira, explicá-la causalmente em seu desenvolvimento e efeitos. Ação é uma conduta humana envolvida por um sentido subjetivo. A ação social, portanto, é uma ação em que o sentido indicado por seu sujeito, ou sujeitos, refere-se à conduta de outros, orientando-se por esta em seu desenvolvimento. 
Tipos de ação social: 
a) racional conforme fins determinados: é a ação determinada por expectativas no comportamento, tanto de objetos do mundo exterior como de outros homens, e utilizando essas experiências como condições ou meios para conseguir fins próprios, racionalmente avaliados e perseguidos; 
b) racional conforme valores: é a ação determinada pela crença consciente no valor (ético, religioso) próprio e absoluto de uma determinada conduta, sem relação alguma com o resultado, ou seja, puramente em virtude desse valor; 
c) afetiva: é a determinada por emoções e estados sentimentais; 
d) tradicional: é a determinada por um costume arraigado. Raramente a ação social é orientada exclusivamente por um desses tipos, na maioria das vezes ocorre um entrelaçamento entre eles. 
Relação social: É uma conduta plural (de várias pessoas) que, pelo sentido que encerra, se apresente como reciprocamente referida, e se oriente por essa reciprocidade. A relação social consiste, portanto, plena e exclusivamente, na probabilidade de que uma forma determinada de conduta social tenha existido, exista ou possa existir.Dominação: Dominação (autoridade, poder) é a probabilidade de encontrar obediência dentro de um grupo determinado para mandatos específicos. 
Toda dominação sobre uma pluralidade de homens requer: 
a) um quadro administrativo; e 
b) a crença na legitimidade. 
Tipos de dominação e legitimidade: 
Existem três tipos puros de dominação (ou de poder): legal, tradicional e carismática. 
O fundamento de sua legitimidade pode ser: 
a) de caráter racional (poder legal): repousa sobre a crença na legalidade de ordenações instituídas e dos direitos de mando dos chamados por essas ordenações a exercer a autoridade; 
b) de caráter tradicional (poder tradicional): repousa sobre a crença quotidiana na santidade das tradições que vigoram desde tempos longínquos e na legitimidade dos que são designados por essa tradição para exercer a autoridade; 
c) de caráter carismático (poder carismático) repousa sobre a entrega extra quotidiana à santidade, ao heroísmo ou à exemplaridade de uma pessoa, e às ordenações por ela criadas ou reveladas. Com fundamento nesses tipos, Weber identifica três bases do Direito: lei, costumes e carisma. 
Tipos de dominação e obediência: 
a) no caso da autoridade legal: obedece-se às ordenações impessoais, legalmente instituídas, e às pessoas por elas designadas, graças à legalidade formal de suas disposições dentro do círculo de sua competência; 
b) no caso da autoridade tradicional: obedece-se à pessoa do senhor designado pela tradição, e a ela vinculado por motivo de piedade, na esfera do que é costumeiro; 
c) no caso de autoridade carismática: obedece-se a um caudilho, carismaticamente qualificado, por razões de confiança pessoal na revelação, heroísmo ou exemplaridade, dentro da esfera em que a fé em seu carisma tenha validez. Nenhum desses três tipos ocorrem em estado “puro”, há entrelaçamentos entre eles. No Estado moderno, porém, prevalece a autoridade legal ou dominação racional. 
Direito e dominação racional legal: 
A dominação legal repousa sobre a validez das seguintes ideias, entrelaçadas entre si: a) que todo direito, contratado ou outorgado, pode ser instituído de modo racional (conforme fins ou conforme valores determinados, ou ambas as coisas) com pretensão de ser respeitado, pelo menos, pelos membros da associação; e também, regularmente, por aquelas pessoas que, dentro do âmbito do poder da associação (dentro de seu domínio territorial) realizem ações sociais ou entrem em relações sociais declaradas importantes pela associação; 
b) que todo direito, segundo sua essência, é um universo de regras abstratas, em geral instituídas intencionalmente; que a judicatura implica na aplicação dessas regras ao caso concreto; e que a administração supõe o cuidado racional dos interesses previstos pelas ordenações da associação, dentro dos limites das normas jurídicas e segundo princípios assinaláveis que contam com a aprovação, ou pelo menos, carecem da desaprovação das ordenações da associação; 
c) que o soberano legal, o presidente eletivo de um Estado, enquanto ordena e manda, obedece, por sua vez, à ordem impessoal pela qual orienta suas disposições; 
d) que aquele que obedece só o faz enquanto membro da associação e só obedece ao Direito. 
Categorias da dominação legal: São categorias fundamentais da dominação legal: 
A) Magistratura: exercício continuado,sujeito à lei, de funções dentro de uma competência, que significa: a) um âmbito de deveres e serviços objetivamente limitado, em virtude de uma distribuição de funções, b) com a atribuição de poderes necessários para sua realização, e c) com estrita fixação dos meios coatores eventualmente admissíveis e o pressuposto prévio de sua aplicação. 
B) Princípio de hierarquia administrativa: significa a ordenação de “autoridades fixas”, com faculdades de regulamentação e inspeção, e com direito de queixa ou apelação perante as “autoridades” superiores por parte das inferiores. 
Normalmente só participa do quadro administrativo de uma associação quem é qualificado profissionalmente para isto, mediante provas realizadas com êxito; de modo que apenas aquele que possua essas condições pode ser empregado como funcionário. Os funcionários formam o quadro administrativo típico das associações racionais. Esses funcionários: a) são obrigados somente em relação aos deveres objetivos de seu cargo; e b) estão dispostos em hierarquia administrativa rigorosa, com competências rigorosamente fixadas. A dominação racional legal é, fundamentalmente, burocrática. Estado e burocracia: Segundo Weber, num Estado moderno, necessária e inevitavelmente, a burocracia governa, pois o poder é exercido através da rotina da administração. O Estado moderno consumou a organização burocrática racional funcional e especializada de todas as formas de dominação, da fábrica à administração pública. 
Os parlamentos modernos são primeiramente os órgãos representativos dos indivíduos governados por meios burocráticos. Um mínimo de consentimento da parte dos governados, pelo menos das camadas socialmente importantes, é a pré-condição da durabilidade de toda dominação, inclusive da mais bem organizada. Os parlamentos são hoje os meios de manifestar este consentimento mínimo. Direito e burocracia: No Estado moderno burocratizado prevalece o Direito racional – donde emerge com mais evidência o aspecto formal, a racionalização do processo – e a criação de um pensamento jurídico-formal. O Estado moderno exige um Direito formalista e que seja calculável. Os funcionários da justiça devem ser formados segundo o espírito desse Direito, como técnicos da administração burocrática. 
Assim, para Weber, a racionalização do Direito vem acompanhada da racionalização geral da vida nas sociedades industriais como resultado do crescimento da empresa econômica capitalista e da burocracia. Direito racional como direito da empresa: Para Weber, o progresso em direção ao Estado burocrático, julgando e administrando segundo o Direito e preceitos racionalmente estabelecidos, tem estreitas relações com o desenvolvimento capitalista moderno. A moderna empresa capitalista baseia-se fundamentalmente no cálculo e pressupõe um sistema administrativo e legal cujo funcionamento pode ser racionalmente predito, em virtude de suas normas gerais fixas, exatamente como o desempenho de uma máquina. 
A moderna empresa capitalista não pode aceitar um julgamento segundo o senso de equidade do juiz numa determinada causa ou segundo outros meios irracionais que existiram no passado. Segundo Weber, a condição prévia para a existência do capitalismo moderno é a contabilidade racional do capital, como norma para todas as grandes empresas. Por seu turno, uma das condições prévias dessas empresas é a existência de um Direito racional, Direito calculável. Para que a exploração econômica capitalista proceda racionalmente precisa confiar em que a justiça e a administração seguirão determinadas pautas. O Direito racional, portanto, estabelece as pautas que possibilitam aos grandes empresários elaborar o cálculo econômico que permite viabilizar o crescimento das empresas em uma economia capitalista em expansão. 
ORGANIZAÇÃO SOCIAL E DIREITO 
O conceito de organização social permite desvendar outros conceitos igualmente importantes para a sociologia geral e jurídica. A organização social começa com a ação social. A ação social é conduta motivada, ocorre quando o ator orienta seus atos para outras pessoas e, assim, é influenciado por elas. Quando duas ou mais pessoas atuam ocorre o que se denomina de ação social mútua. Ação social mútua é interação social ou relação social. Na relação social as ações de cada um têm importância para as ações dos demais. As relações sociais são, assim, constelações de ações orientadas de um para outro ator. As relações sociais com regras (mais organizada e menos espontânea) conduzem a padrões sociais. Os padrões sociais estabelecem o perfil da organização social. 
Formas de organização social: A organização social assume as seguintes formas: a) díades: formam-se quando existe interação social padronizada entre duas pessoas ao longo do tempo, ou seja, os padrões vigoram sempre que as duas pessoas interagem: marido-esposa, amigos, médico-paciente; b) grupos: formam quando a relação social envolve três ou mais pessoas: família, empresa; c) organizações formais: formam quando a díade ou grupo explicita padrões com regras escritas: uma sociedade anônima, uma associação, um contrato; d) comunidades: formam quando o grupo ou organização formal torna-se relativamente autossuficiente: uma cidade, uma favela, uma prisão; e) sociedade: é a organização social dentro da qual existem todas as outras, motivo pelo qual seus padrões são decisivos para as ações dos indivíduos. 
Influência dos padrões sociais: As pessoas nascem numa organização social, portanto, ficam sujeitas aos padrões que outras pessoas desenvolveram e que prevalecem na organização à qual passam a pertencer. Nesse sentido, os padrões sociais são forças que influenciam e moldam o comportamento dos indivíduos; são fatos sociais acima e além dos próprios indivíduos; são maneiras de agir exteriores ao indivíduo e dotadas de poder de coerção. Os padrões sociais constituem, portanto, modelos de comportamento resultante do processo de construção da realidade e modelam ou padronizam as relações que se estabelecem entre os indivíduos. 
Os padrões são, em geral, um “conjunto de regras” (normas) e uma “visão da realidade” (perspectiva) sobre a qual houve consenso, ainda que presumido. Por intermédio dos padrões sociais os indivíduos se socializam. Socialização: Socialização é a maneira pela qual os membros de uma sociedade aprendem padrões sociais de comportamento, os assimilam e os transformam em regras, incorporando-os às suas próprias vidas. Isso constitui um processo de aprendizagem de um conjunto de regras e de valores que são transmitidos de geração para geração. 
Direito e padrões sociais: O indivíduo pode não perceber, porém, seu comportamento inspira-se em normas que servem de padrão ou guia para a sua ação, quando deseja que esta seja aceita ou considerada pela sociedade. Efetivamente a ação humana obedece a regras exteriores, comuns e coletivas. Com isso, todo comportamento é ação por referência a uma estrutura de regras ou de normas coletivas. Assim, os vínculos entre Sociologia e Direito podem ser observados no estabelecimento de padrões ou modelos comportamentais. Vale dizer, o objetivo do Direito é o controle social e, para isso, estabelece regras que visam regular o comportamento. Dentre os padrões da organização social merecem ser destacados, em razão de suas conexões com o Direito, a estrutura social, a cultura e as instituições sociais. 
ESTRUTURA SOCIAL E DIREITO 
Conforme Lucien Goldmann, estrutura é um conjunto dinâmico e significativo de relações entre diversos aspectos de uma só e mesma realidade social, conjunto de relações de uma natureza tal que toda mudança de um desses aspectos, ou de uma dessas relações, implica outras mudanças correlatas que asseguram a persistência do tipo fundamental do conjunto. Acontece também que as mudanças atingem um grau tal que o tipo fundamental da antiga estrutura não poderá ser mais conservado. Estrutura e posição: Em termos mais simples, estrutura social consiste no fato de que os indivíduos, em suas ações recíprocas, obedecem a um padrão no que concernea sua posição (papel) na interação social. Todas as pessoas têm uma posição na interação e atuam umas em relação às outras conforme essa posição (papel). Para Talcott Parsons, a unidade mais significativa da estrutura social não é a pessoa, mas sim o papel, posto que este define a posição do ator num processo interativo. O papel compreende um grupo de expectativas a cerca das ações do ator e daqueles com quem interage. 
A estrutura social consiste, portanto, em um conjunto inter-relacionado de posições dentro da organização social. As posições (papéis, status) formam uma rede e não podem ser descritas como entidades isoladas: o professor é alguém que existe por causa do aluno, o marido por causa da esposa, o chefe por causa do subordinado. 
Posição e expectativa: A expectativa sobre o comportamento do indivíduo se concentra não no próprio indivíduo, mas na posição (papel) que ele ocupa na interação.É comum empregar o termo norma às expectativas que as pessoas têm umas em relação às outras, daí falar-se em expectativas normativas. Uma norma pode ser: 
a) informal: é adotada pelas pessoas de uma díade ou um grupo; ou 
b) formal: constitui um conjunto de regras escritas em um contrato, um estatuto, um decreto, uma lei, uma constituição. A norma, quando violada pode acarretar punição: desaprovação, multa, restrição da liberdade ou morte. 
Desigualdade social: A desigualdade é inerente a quase todas as estruturas sociais, posto que as posições de status em geral não são iguais.Os sociólogos identificam três qualidades que emergem de posições causadoras de desigualdade: 
a) poder: é a capacidade que um ator tem para fazer valer sua vontade em relação aos outros na organização social; 
b) prestígio: é a honra que as pessoas na estrutura social atribuem a uma posição; 
c) privilégio: são os benefícios e as oportunidades que se apresentam ao ator que ocupa determinada posição. Classe, sexo e raça são estruturas com posições, e essas posições possuem poder, prestígio e privilégio a elas vinculadas. Assim, os ricos têm mais poder, prestígio e privilégio do que os pobres, em geral os homens mais que as mulheres e os brancos mais do que os negros. 
Desigualdade e Direito: Usando o Direito como instrumento de gestão governamental, os EUA promoveram algumas políticas com o intuito de diminuir as diferenças entre classes, raças e sexos. 
a) affirmative action: política de emprego para atenuar efeitos de discriminação racial, sexual etc.; 
b) busing: política educacional voltada para a integração social de minorias nas escolas; 
c) headstart: projeto educacional visando ao preparo de pré-escolares pobres para o ingresso na escola. Inspirado no modelo americano, o governo brasileiro vem estabelecendo reformas legislativas com a mesma finalidade. Essas reformas implicam mudanças que nem todos aceitam. Assim, a sociologia jurídica depara-se na sua leitura do Direito, com fenômenos de conflito, da integração e da mudança social. 
ESTRATIFICAÇÃO SOCIAL E DIREITO 
A expressão estratificação social é usada para apontar estruturas sociais relativamente fixas, como por exemplo: classe, raça e sexo. A expressão estratificação é um conceito emprestado da geologia, na qual se refere à disposição das rochas em camadas sob a superfície terrestre. Um sistema de estratificação social assemelha-se às camadas das rochas: é imutável, relativamente permanente e cada indivíduo está incrustado em sua camada. Às vezes ocorrem reformas ou revoluções que provocam mudanças nas estruturas sociais e, consequentemente, no sistema de estratificação social. Posição e perspectiva: A posição na estrutura social, além de estabelecer papéis, poder, prestígio e privilégios, determina as perspectivas dos indivíduos, ou seja, as pessoas definem o mundo conforme o lugar onde se situam. 
A posição que a pessoa ocupa na estrutura de classe, em geral determina suas ideias, pensamentos e ação. Um patrão e um empregado podem ambos valorizar a empresa, porém por motivos diferentes. O que um indivíduo julga ser verdade, o que valoriza, o que acredita ser certo ou errado, justo ou injusto tem origem na posição que ocupa, motivo pelo qual, geralmente ricos e pobres diferem quanto a seus pontos de vista e perspectivas. Mito da igualdade de oportunidade: As pessoas são partes de estruturas sociais que tolhem a igualdade de oportunidades. As oportunidades são limitadas em todos os setores da vida social, em razão de raça e sexo e, principalmente, de classe social. A posição de classe pode ser estabelecida por critérios econômicos: renda e riqueza. Não há consenso entre os sociólogos quanto ao número de classes. 
O fato é que quanto mais elevada a classe onde essa pessoa se situa, mais oportunidades essa pessoa tem. A posição de classe encerra expectativas de papel, assim, quem se situa na classe alta ou média alta tem expectativas de: dirigir a empresa da família, estudar no exterior, postular altos cargos na administração pública. Ser da classe alta significa influenciar a ordem econômica, jurídica e política mais regularmente do que os que são de classe inferior. Isso significa que a igualdade de tratamento que o Direito postula também não passa de um mito. 
Mito da igualdade de tratamento: As pesquisas que consideram a posição dos indivíduos na estrutura social e a aplicação das normas jurídicas fundamentadas na igualdade de tratamento, demonstram um descompasso entre o Direito formalmente consagrado e a realidade de fato a que o mesmo se reporta. 
a) acesso à justiça: as pesquisas apontam que a maioria da população não tem acesso à justiça civil por falta de recursos materiais e de assistência gratuita; por outro lado, a população de baixa renda constitui a principal clientela da justiça penal; 
b) atuação dos órgãos estatais: estudos indicam que a atuação dos órgãos estatais favorece, em geral, membros das camadas superiores, por razões que podem ir da corrupção passiva até fatores inconscientes, como os preconceitos. Mobilidade social e mudança estrutural: Mobilidade social é mudança de classe. Em geral, a posição do indivíduo na estrutura de classe é fixa. As mudanças na estrutura de classe são difíceis de ocorrer. 
É fato raro o indivíduo migrar da classe baixa para a classe alta ou sair de condição de assalariado para a de capitalista. No geral, as instituições sociais (políticas, jurídicas, econômicas, religiosas) cooperam para proteger e perpetuar as estruturas de maneira como estas se desenvolveram. Ocorre, porém, que nada permanece igual. Com o tempo, as estruturas mudam. As lutas sociais empreendidas ao longo do século XX introduziram mudanças nas estruturas de raça e de sexo. Novos padrões sociais estão emergindo, mulheres e negros já ocupam posições de destaque em instituições jurídicas, políticas e empresariais. 
Alguns teóricos entendem que o Direito pode impulsionar a mobilidade social mediante políticas de ações afirmativas, pode inclusive introduzir mudanças na estrutura de sexo e de raça, porém, em relação à estrutura de classe social e ao modo de produção, o Direito não possui força suficiente para modificá-los. A mudança na estrutura de classe e no modo de produção resulta de processo revolucionário que introduz transformações radicais na organização social. 
CULTURA E DIREITO 
Cultura: Cultura é uma perspectiva do mundo que as pessoas passam a ter em comum quando interagem. Representa ideias compartilhadas que implicam perspectiva consensual. Cultura é um padrão da organização social; tal como a estrutura social, ela se desenvolve na interação ao longo do tempo e influencia a ação dos indivíduos. 
Assim, enquanto a estrutura social ressalta as diferenças, a cultura salienta as semelhanças. A cultura é composta de um conjunto de: a) verdades; b) valores; e b) normas. 
Cultura e verdades: Cultura é uma herança social, ou seja, as ideias desenvolvidas no decorrer do tempo são repassadas às gerações seguintes e aparecem como um conjunto de verdades. Cultura é, nesse sentido, um conjunto de ideias sobre o que é “verdadeiro”.Cada sociedade desenvolve uma visão de mundo específica, portanto, possuem culturas diferentes. A classe social que detém o poder produz o maior impacto na criação da cultura, e em geral as ideias que prevalecem na organização social como parte de sua cultura são as ideias da classe dominante. 
Essas ideias culturais tendem a prevalecer como as únicas verdades e, nesse sentido, funcionam para proteger o sistema econômico e a desigualdade social. Cultura e valores: Valores são vistos como elementos primários da organização social. Valor é um princípio em torno do qual se estabelecem objetivos e ocorre a ação. São ideias a respeito das coisas pelas quais se deve empenhar. As pessoas são guiadas por valores nas suas ações. Às vezes, há conflito de valores, por exemplo, quando se tem que optar entre segurança e liberdade. Cultura e normas: Normas representam expectativas de comportamento. O foco estrutural das normas é o sistema legal. Assim, na interação as pessoas, em geral, observam os procedi-mentos legais. 
Cada pessoa se conduz em conformidade com as normas por motivos diferentes: compromisso moral, receio de sanção, expectativa de recompensa ou simplesmente por acreditar que as normas devem ser respeitadas. Os indivíduos são governados por normas. Essas normas existem em toda organização social. Elas influenciam, moldam ou controlam a ação do indivíduo. As organizações sociais se esforçam em demonstrar que as normas que as regem são moralmente corretas e justas. Contracultura: O termo contracultura é usado para designar outras culturas dentro da cultura dominante na sociedade. A contracultura rejeita as normas e valores da cultura dominante. Todas as sociedades possuem contraculturas, as quais frequentemente proporcionam o cenário para as críticas que conduzem à mudança social. 
INSTITUIÇÕES SOCIAIS E DIREITO 
Instituições sociais são os modos estabelecidos, tradicionais, habituais, legítimos como uma sociedade cuida de seus assuntos. Tal como a estrutura e a cultura, as instituições são padrões sociais. Na sociedade brasileira, são instituições sociais: a família monogâmica, a companhia, a universidade, o judiciário, o legislativo, etc. As instituições são padrões desenvolvidos destinados a lidar com os problemas sociais. 
Assim, as sociedades desenvolvem: a) instituições judiciais e políticas para ajudar a manter a paz entre os atores, proteger a propriedade e decidir conflitos; b) instituições de parentesco para socializar os jovens, regular as relações sexuais; c) instituições econômicas para coordenar as atividades econômicas, incentivar o trabalho, produzir e distribuir bens e até mesmo manter a desigualdade entre as classes. Controle e mudança: Do ponto de vista do indivíduo as instituições são controle. 
Do ponto de vista da sociedade, as instituições existem para garantir as condições de lidar eficazmente com os problemas. As instituições são padrões normativos institucionalizados e profundamente arraigados na organização social, motivo pelo qual são, em geral, consideradas como um padrão natural. Contudo, as instituições mudam com o passar dos tempos e precisam mudar quando já não lidam adequadamente com os problemas da sociedade. 
Instituições e Direito: O Direito é um sistema influenciado por instituições – escola, família, religião, política, mercado – que determinam as formas pelas quais é implementado. Algumas pessoas percebem que as instituições legais não lhes permitem realizar expectativas racionais, nem lhes outorgam limites mínimos de facilidade e proteção. Tudo isso gera frustração que pode desembocar em indiferença ou violência, daí falar-se em ordem social, controle social, desvio social, mudança social. 
ORDEM SOCIAL E DIREITO 
Ordem social significa que as ações dos indivíduos são previsíveis, padronizadas, baseadas em regras. Os padrões sociais guiam os indivíduos e estes se comportam de maneira previsível, conforme as expectativas dos demais. Assim, quem aluga um imóvel, deve pagar o aluguel; quem aufere renda deve pagar imposto. Os sociólogos consideram os padrões sociais (estrutura, cultura, instituições) os alicerces da ordem social. Ordem social e cultura: Para Durkheim a cultura é fundamental em sociedades mais simples. Nessas sociedades como visto, funciona a solidariedade mecânica, ou seja, um sistema comum de valores une as pessoas e estabelece uma certa igualdade. 
Os delitos em tais sociedades são considerados transgressões contra toda a sociedade e sua cultura, motivo pelo qual as punições e execuções públicas servem para reafirmar o sistema de valores. As sociedades mais desenvolvidas criam estruturas sociais complexas nas quais as pessoas ocupam diferentes posições. Essas diferenças substituem a semelhança que caracteriza as sociedades mais simples. As sociedades industriais desenvolvem uma complexa divisão do trabalho na qual as ocupações diferem umas das outras. 
Nessas sociedades prevalece a solidariedade orgânica, porque a sociedade assume a forma de um organismo com muitas partes diferentes, cada qual dando sua contribuição para o todo. Ordem social a estrutura: Marx ao tratar da ordem social não desconsidera a cultura dominante (ideologia), mas enfatiza a estrutura social. Assim, a classe dominante que se encontra na posição de controle da estrutura social, estabelece a ordem mediante o uso da força, do controle dos empregos e da manipulação dos meios de comunicação. 
Ordem social e instituições: Durkheim descreve as instituições como fatos sociais, entidades reais que controlam o indivíduo a partir de fora, mas que também se tornam internalizadas por meio da socialização. Para Marx as instituições são os instrumentos da classe dominante. Quando as instituições funcionam, contribuem para a ordem social. Quando elas não funcionam a ordem social se vê ameaçada. Percebe-se, hoje, que as instituições familiares, políticas e judiciárias não conseguem lidar eficazmente com os problemas que lhe são postos. Nenhuma organização social é perfeitamente equilibrada e integrada, porém, as constantes crises oriundas das instituições colocam em risco a ordem social. 
CONTROLE SOCIAL E DIREITO 
Controle social são todas as pressões ou mecanismos pelos quais a sociedade e seus grupos influenciam o comportamento dos membros individuais para que se submetam às normas (Roucek). Para Parsons, um mecanismo de controle social é um processo motivador que tende a neutralizar uma tendência para o desvio do cumprimento das expectativas do papel. O controle social pressupõe, portanto, um certo grau de estabilidade em conformidade com os padrões sociais. 
Controle e classe social: Marx concebe a sociedade como um sistema de desigualdade de classe. A classe dominante detém o poder nas estruturas sociais e isto permite manter uma determinada ordem que exerce o controle sobre os indivíduos. Na concepção de Marx a ordem social só é possível mediante o controle social, motivo pelo qual o Direito aparece como um instrumento de controle de uma classe sobre a outra. Controle e socialização: A socialização dos indivíduos se exerce através das instituições (escola, família, igreja). Por meio da socialização os indivíduos aprendem a aceitar os padrões da organização social. A socialização, porém, nunca é perfeita. Os padrões nem sempre são seguidos espontaneamente. 
Para estimular os membros relutantes, as organizações sociais desenvolvem sanções sociais (controles sociais) negativas e positivas que atuam no sentido de incentivar a submissão. Sanções negativas e positivas: Para alguns juristas o Direito é um instrumento de gestão e controle social. O controle pode ser: a) coativo: o Direito como controle coa-tivo implica o estabelecimento de sanções negativas: multa, prisão, execução; ou b) persuasivo: o Direito como controle persuasivo implica o estabelecimento de sanções positivas: incentivos, isenções, subsídios, prêmios. As sanções almejam as condutas tidas como convenientes, úteis ou desejadas pela organização social. 
Desvio social: É o comportamento que algumaspessoas da sociedade julgam ofensivo e por isso desaprova, hostiliza, pune ou condena. Desvio social é, portanto, ação que afronta determinados padrões sociais. Ocorre, porém, que toda sociedade possui não apenas conformistas, mas também pensadores, motivo pelo qual as mudanças em todas as sociedades originam-se de uma recusa das pessoas a deixar-se controlar por padrões sociais que elas consideram injustos. O desvio social, portanto, nem sempre implica um malefício para a sociedade. Em geral o Direito tipifica o desvio como uma conduta ilícita e estabelece sanções negativas, que é um meio para estabelecer a ordem social. A disseminação do desvio, entretanto, gera movimentos sociais de grande porte, provoca conflitos e desordem que produzem mudanças sociais tênues ou acentuadas.
 Fonte: Concursos Jurídicos. GARCIA, Wander. 7ª Edição. Indaiatuba, São Paulo. Editora Foco, 2021.

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