Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Farmaco – Sist. digestório Antisecretórios gástricos TRATO GASTRINTESTINAL É um dos principais sistemas endócrinos do corpo. Sistema Nervoso Entérico (divisão do SNA) - própria rede neuronal integradora constituída por céls gliais e neurônios internos e presente desde o esôfago ao reto e em alguns órgãos, como pâncreas e vesíc biliar. Controle (das glândulas e vasos sanguíneos presentes no TGO): neuronal e hormonal. 1. Controle Neuronal: Fibras parassimpáticas pré-ganglionares do vago (colinérgicas e, predominantemente, excitatórias) - inervam os plexos (mioentérico - camada musc externa - e submucoso – lado luminal da camada musc); Fibras simpáticas pós-ganglionares - inervam vasos sanguíneos, músculos lisos e algumas células glandulares + podem terminar nos plexos inibindo a secreção de ACh (-> neur. no interior desses plexos constituem o SNE e secretam, além de ACh e noradrenalina, serotonina, purinas, NO e outros peptídeos) * funções: SNE – mistura, propulsão/deslocamento dos nutrientes e absorção; plexo mioentérico - contração e relaxamento do músc liso gastrointestinal; plexo submucoso - secreção e absorção. 2. Controle Hormonal: constituídos de secreções - > endócrinas (lib na corrente sanguínea por céls endócrinas presentes na mucosa -> gastrina) e parácrinas (lib por céls especiais encontradas na parede do TGI que podem atuar no estômago -> histamina - peptídeo). Funções: - Secreção gástrica; - Emese (vômito) e náusea; - Motilidade intestinal e eliminação das fezes; - Formação e eliminação da bile. Secreção gástrica - Suco gástrico (2,5litros/dia) - Produção de HCl (células parietais estomacais) - Produção de muco (células secretoras na mucosa gástrica) - Barreira protetora na mucosa (íon bicarbonato secretado e preso no muco) - pH 6-7 -> proteção contra acidez do lúmen estomacal c/ pH 1-2 como um gel. * A secreção de muco e bicarbonato são estimulados por PGs citoprotetoras (PGE2 e PGI2) -> prod. devido à funcionalidade do HCl (após a ingestão do alimento, é responsável pela digestão do bolo alimentar + absorção de nutr. como Fe++ + elim. de patógenos presentes no bolo alimentar -> macrófagos da mucosa estomacal fagocitam c/ lib. de citocinas estimulam a prod. de prostaglandinas via ác araquidônico, que estimularão a secreção de muco e bicarbonato). Regulação da secreção ácida O Cl- (mantém neutralidade elétrica) é transportado ativamente para a luz do estômago por canalículos que se comunicam com as células parietais, em troca ao íon bicarbonato (transferido p/ fora da cél, onde pode exercer a função de tampão), produzido pelo CO2 e H2O (sintetiza H2C03 - ácido carbônico - através da enz anidrase carbônica, dissociando-se em H+ e HCO3-). O H+ é trocado pelo K+ (H+p/ fora e K+ p/ dentro), no interior da célula, pela bomba de prótons (K+-H+-ATPase). * controle de Cl- em excesso através de simportador (saída de Cl- e K+) Mediadores que controlam o ácido - Histamina (amina vasoativa) Em estreita proximidade c/ as céls parietais, encontram-se as células ECS (enterocromafim-similes), ou seja, células semelhantes aos mastócitos, que contém histamina. Elas possuem receptores de gastrina e ACh que estimulam a liberação de histamina. A histamina atua de forma parácrina, ou seja, nos receptores H2 das células parietais do estômago, aumentando os níveis de AMPc, que ativa a secreção de ácido pela bomba de prótons. * lib ocorre c/ a desgranulação de mastócitos ou basófilos do TC qnd há o proc de alergia (hipersensensibilização) -> lib de IgE, que se ligam aos mastócitos e, após o 2º contato c/ a subst capaz de produzir alergia, forma-se um complexo entre a substância e a IgE presente no mastócito chamado anticorpo-antígeno -> desgranulação e lib de aminas vasoativas, como a histamina, através de suas vesículas sinápticas citoplasmáticas * histamina pode ser lib de céls próximas às céls parietais, chamadas de neuroendócrinas ou enterocromafim-similes (semelhantes aos mastócitos do TC) - através da lig gastrina-ACh presentes na memb dessas células -> histamina lib age de forma parácrina nas céls parietais através de receptores H2 (metabotrópicos) -> ativam adenilato-ciclase -> aumentando AMPc e ativa secreção de ác pela bomba de próton (liberando H+ p/ lúmen estomacal) - Gastrina Sintetizada pelas células G (presentes no antro-gástrico - parte inferior do estômago no qual o alimento é misturado ao suco gástrico). Estimula a secreção de ácido pelas células parietais (receptores CCKb gastrina-colecistocinina) de forma endócrina, aumentando Ca++ intracelular -> ativa proteínas quinases dependentes de Ca++. Outras ações: ✓ Estimula a síntese de histamina ✓ Estimula a secreção de pepsinogênio (ativada em contato c/ HCl -> estimula + pepsinogênio) ✓ Estimula o fluxo sanguíneo ✓ Aumenta a motilidade gástrica ✓ Estimula secreção ácida - ACh A estimulação vagal através da ACh atua em receptores M3 (pós-ganglionares) nas células parietais, acoplados à proteína G, produzindo PLC, IP3 e que causa liberação de Ca++ intracelular do retículo endoplasmático, ativando a contração muscular e secreção ácida. * pode agir em céls enterocromafim-similes via receptor M3 (estimula lib de histamina, que tb ia atuar de forma parácrina nas céls parietais) * agir nas céls D inibindo a secreção de somatostatina e estimulando a secreção de gastrina - Prostaglandinas (PGE2 e I2) A maioria das células do TGI produzem PGs, sendo as mais importantes PGE2 e PGI2. Exercem efeito citoprotetor (anti- inflamatório), causando (dependendo do receptor específico, que é o EP): • Aumento da secreção de HCO3- • Aumento na liberação de mucina • Redução da produção de ácido gástrico • Prevenção de vasoconstrição que ocorre após o estímulo inflamatório ** Misoprostol (PG sintética) - capaz de manifestar todos os efeitos acima. - Somatostatina Produzida pelas células D (receptor SST2), exercendo efeito inibitório sobre as células G de forma parácrina , atuando sobre receptores de somatostatina, inibindo a liberação de gastrina, a liberação de histamina (receptores de somatostati na das células ECS) e ácido (células parietais). Antisecretórios gástricos ❖ Antagonistas de receptores H2 ❖ Inibidores da bomba de prótons ❖ Antiácidos * Indicados para tratar ulcera péptica, gastrite e esofagite de refluxo, refluxo faringo-laríngeo ou gastro-esofágico, inibindo ou neutralizando a secreção gástrica. 1. Antagonistas de receptores H2 – atuam inibindo competitivamente a ação da histamina via receptores H2 Cimetidina Ranitidina (+ utilizado – lapel) -> refluxo gastroesofágico (150mg 2x/dia) + prevenir acidez + úlcera duodenal ou gástrica (até 300mg), associado à ATB, anti-inflamatório Nizatidina Famotidina Farmacocinética: Bem absorvidos via oral Efeitos adversos: Raros (diarréia, tonturas, dores musculares, alopecia, confusão mental, ginecomastia – aumento da mama em homens). 2. Inibidores da bomba de prótons (irreversivelmente) - bases fracas que podem se acumular nos canalículos das céls parietais onde são ativadas Omeprazol Pantoprazol Esomeprazol Lansoprazol * esomeprazol e lansoprazol possuem boa biodisponibilidade e 1/2 vida semelhantes (média de 1h) + dose média pode variar de 20- 30mg de 1-2x/dia Farmacocinética: Bem absorvidos via oral Efeitos adversos: Incomuns (cefaléia, diarréia, tonturas, sonolência, rashes, dores musculares e articulares, ginecomastia, confusão mental). 3. Antiácidos - capacidade de neutralizar os ács do estômago + inibir a ativ de enzs estomacais Sais de magnésio e alumínio (maioria): - Hidróxido e o trissilicato de magnésio (pós solúveis) - formam Cl- de magnésio no estômago. * trissilicato reage mais lentamente c/ o suco gástrico - formando tanto o Cl- de magnésio, como uma sílica coloidal -> efeito + prolongado e capaz de adsorver a pepsina - Hidróxido de alumínio (gel) - forma Cl- de alumínio no estômago e, qdo chegano intestino, o Cl- é liberado e reabsorvido. * Bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio - esses sais c/ alta [Na+] devem ser administrados em pacientes c/ restrição ao Na+ c/ cautela (não podem ser administrados em pct hipertensos) ** Alginatos- aumentam a viscosidade e aderência do muco à mucosa esofágica (efeito protetor) esimeticona– aliviam a distensão abdominal. Outros fármacos (tratam distúbios do TGI): Tratamento da infecção por H. pylori - responsável pela prod. de úlceras gástricas/duodenais e até o câncer estomacal -> tto associado de inibidor da bomba de próton + anti-infecciosos/antimicrobianos, como - Amoxicilina (1g 2x/dia) - Claritromicina (500mg 2x/dia) - Metronidazol (500mg 2x/dia) Outros fármacos: Protetores da mucosa - Quelato de Bismuto – pode ser usado para H.pylori, pois tem efeito tóxico sobre o bacilo e pode tbem impedir a aderência à mucosa ou inibir suas enzimas bacterianas. - Sulcrafato – complexo de hidróxido de alumínio e sacarose. Pode formar géis com o muco, diminuindo a degradação do muco pela pepsina e estimular a secreção de muco, bicarbonato e PGs pela mucosa. - Misoprotol (PG sintética citoprotetora) - ação protetora no TGI, age nas células ECS, inibindo, nas céls parietais, a secreção de ácido, aumento do fluxo sanguíneo na mucosa, aumenta a secreção de muco e de bicarbonato Antidiarreícos Existem várias causas para diarreia, como infecção, toxinas, ansiedade, doenças subjacentes, efeito adverso de medicamentos, tais como antibióticos, antineoplásicos, estatinas, AINES – anti-inflamatórios não-esteroidais, ISRS – inibidores seletivos da recaptação de serotonina, radioterapia. Diarreia - eliminação do bolo fecal numa consistência semissólida a líquida, com aumento da motilidade gastrintestinal, diminuição da absorção de líquidos e perda de água e eletrólitos (Na+ ). Antidiarréicos utilizados para: • diarreia leve a moderada; • diarreia crônica – síndrome do intestino irritado (SII) e/ou doença inflamatória intestinal, como a colite ulcerativa e a doença de Crohn. Diarreia sanguinolenta, febre alta ou toxicidade sistêmica e até pcts c/ agravamento desse quadro - não usar, pois pode piorar. Abordagem ao tratamento da diarreia aguda 1. Manutenção do equilíbrio hidroeletrolítico; - Reidratação oral (pó) – preparações de cloreto de sódio e glicose. * tanto no íleo como no néfron há diversos cotransportadores de sódio e glicose através da membrana celular + presença de glicose e alguns aa. aumenta a absorção de Na+ e a captação de água -> melhora da manutenção hidroeletrolítica. 2. Uso de anti-infecciosos; - Pode ser necessário para infecções mais graves (diarreia do viajante) por Escherichia coli, Salmonela, Shigella, protozoários Giardia, que apresentam sintomatologias como febre e diarreia sanguinolenta. 3. Uso de antiespasmódicos (ajuda na diminuição das cólicas e na dor) ou outros antidiarreicos (controle da motilidade GI e manutenção da mucosa). Fármacos utilizados: - Agonistas opióides; - Compostos de bismuto coloidal; - Resinas de ligação dos sais biliares; - Antiespasmódicos (anticolinérgicos); - Antagonistas 5-HT3 ; - Adsorventes; - Probióticos. * além dos fármacos de controle hidroeletrolítico, como os de reidratação oral. Agonistas opioides - Os principais são codeína (mesma classe da morfina), difenoxilato (Lomotil) e loperamida (Imosec - mesma classe da petidina) - Não atravessam facilmente a barreira hematoencefálica. - Utilizado p/ redução das frequências das cólicas abdominais, diminuem a eliminação de fezes e abreviam a duração da doença. - Ação: aumenta o tônus e as contrações rítmicas do intestino, mas diminui a atividade propulsora/motilidade. - Os esfincteres pilórico, ileocólico e anal ficam contraídos e aumento o tônus do intestino grosso. - Agem por inibição dos nervos colinérgicos pré-sinápticos nos plexos submucoso e mioentérico (SNE), aumentando o tempo de trânsito colônico e a absorção da água fecal. - Efeitos adversos: constipação significa, sonolência e tonturas. - Contraindicações: crianças com men os de 4 anos -> ação no SNC. - Uso clínico: Loperamida (em casos de diarreia ocasionada por ansiedade e diarreia do viajante). Compostos de bismuto coloidal - Subsalicilato de bismuto ou subcitrato de bismuto potássico: diminuição das frequências de evacuações líquidas provocadas na diarreia infecciosa aguda, devido à inibição da secreção intestinal de prostaglandinas e de cloreto pelo salicilato. Exerce efeitos antimicrobianos diretos e liga-se as enterotoxinas (efeito sobre a diarreia do viajante). Podem atuar nas úlceras e erosões, criando uma camada protetora contra o ácido e a pepsina. Além disso, podem estimular secreção de prostaglandinas citoprotetoras de muco e bicarbonato. Resinas de ligação dos sais biliares - Colestiramina (também conhecida como questran light) age diminuindo a diarreia causada por excesso de ácidos biliares fecais. - Ex. Doença de Crohn/ do íleo terminal (doença inflamatório intestinal) – doença autoimune na qual ocorre má absorção de sais biliares, podendo causar diarreia secretora colônica = sais biliares conjugados normalmente são absorvidos no intestino terminal. - Efeitos adversos: constipação intestinal, flatulência, distensão. Octreotida - Análogo sintético da somatostatina (peptídeo regulador que apresenta inúmeras ações fisiológicas, como inibir a secreção intestinal e exercer efeitos relacionados c/ a dose sobre a motilidade intestinal). - Uso clínico: Tumores gastrintestinais provocam diarreia secretora. Pode ser usada para inibir a secreção intestinal e age sobre a motilidade intestinal. - Efeitos colaterais (diversos): alterações gastrintestinais (náuseas, dor abdominal, flatulência), esteatorreia , altera o equilíbrio de insulina, glucagon, GH, hiperglicemia, hipotireoidismo, bradicardia = não são tão utilizados. Antiespasmódicos (anticolinérgicos) - Atropina, hioscina, hiosciamina, diciclomina - inibem receptores colinérgicos no plexo entérico e no músculo liso. - Utilizados p/ aliviar a dor ou desconforto abdominal causado por cólicas intestinais. - Raramente apresenta efeitos boca seca, constipação, retenção urinária, distúrbios visuais. - Uso clínico: Buscopan (escopalamina), quando associado à dipirona é denominado Buscopan composto, quando ao paracetamol, é Buscopan plus. Síndrome do intestino irritado (SII) - distúrbio crônico c/ desconforto abdominal que causa dor, distensão, cólica e que podem desenvolver diarreia ou constipação - No caso dos pcts que apresentam predominantemente diarreia, o tratamento farmacológico para aliviar dor, desconforto abdominal e alterações na função intestinal (melhorar). - Loperamida (redução das evacuações frequentes e da urgência fecal) - preferencialmente. - Alossetrona (SII c/ diarreia predominante) - antagonista de 5-HT3 serotonérgicos Antagonistas 5-HT3 serotonérgicos - Agem bloqueando os receptores 5-HT3 gastrointestinais -> reduzindo a sensação aferente visceral desagradável, que causa náusea, distensão e dor -> o bloqueio desses receptores centrais diminui a resposta central a estimulação aferente visceral + também bloqueia esses receptores nas terminações dos neurônios colinérgicos entéricos -> inibindo a motilidade colônica -> aumentando o tempo total de trânsito colônico. - Receptores 5-HT3 presentes no TGI ativam a sensação de dor aferente visceral via neurônios sensoriais extrínsecos do intestino p/ medula espinal e SNC - Alossetrona, ondansetrona - usada no tratamento da SII grave que apresentam dor abdominal, cólicas e diarreia, bloqueando estes receptores e inibindo a motilidade colônica e aumento o tempo de trânsito colônico. - Pelo alto índice de constipação (30 % dos pacientes com diarreia SII) e casos de colite isquêmica (alguns fatais) - uso restrito à pacientes que não respondem ao tratamento convencional. Adsorventes - Caolim, carvão, metilcelulose,pectina, silicato de alumínio e magnésio - utilizados associados com outros fármacos (morfina), para adsorver microrganismos ou toxinas, melhorando a flora intestinal (proteção). Probióticos - Presentes em medicamentos e produtos alimentares, contêm micro-oganismos (esporos de bacilos/lactobacilos) cuja ingestão traz benefícios p/ saúde do TGI - Usados no tratamento da diarreia, auxílio da digestão e absorção de alimentos, na restauração das células de revestimento do intestino, na resposta imune, na produção de algumas vitaminas e constitui uma potente linha de defesa contra agentes invasores. - Enterogermina - suspensão probiótica aquosa constituída por esporos de bacilos (Bacillus clausii), um microrganismo habitante do intestino sem poder patogênico, que contribui para o equilíbrio da flora intestinal. * presente na forma de flaconetes, uma suspensão, constituída de micro-organismos à base de bacilos - Floratil - auxiliar na restauração da flora intestinal (micro-organismo Saccharomyces boulardii) e também como auxiliar no tratamento de diarreias de diferentes causas. * forma farmacêutica: pó diluído em água * esses próbióticos são utilizados p/ tratamento de diarreia porque constituem um tto auxiliar na restauração da flora intestinal Antieméticos Introdução Vômito - Evento físico que resulta na evacuação vigorosa do conteúdo gástrico pela boca Náusea - Sensação de enjoo ou vômito iminente Ânsia - Contração repetida dos músculos abdominais, com ou sem expulsão do vômito Náuseas e vômitos - Efeitos colaterais de medicações - Distúrbios sistêmicos ou infecções, p. ex. distúrbios hepato-biliares - Início ou durante a gravidez - Infecção do Sistema Nervoso Central - Elevação da pressão - Peritonite (inflamação do peritôneo) - Disfunção vestibular, como a labirintite - Quimioterapia - Radioterapia - Infecções gastrintestinais Fisiopatologia * centro do vômito - localizado no tronco encefálico, reg neuronal organizada na lateral do bulbo; que vai coordenar o ato do vômito por meio da interação de nervos cranianos e de redes neuronais presentes no núcleo do trato solitário que vão controlar tanto os centros respiratórios como da salivação e o centro vasomotor; existem também 4 fontes importantes de influxo aferente p/ centro do vômito - zona de gatilho quimiorreceptora (área póstrema), que vai se localizar na extremidade caudal do 4º ventrículo e é rica em receptores; sistema vestibular – importante p/ o tto da cinetose por meio do 8º nervo craniano e é rico em receptores H1 (histaminérgicos); SNC - participação de córtex, tálamo, hipotálamo e meninges, cujo vômito pode está presente em transtornos psiquiátricos, estresse e induzido por quimioterapia; TGI e coração - nervos aferentes vagais e espinhais do TGI são ricos em receptores serotonérgicos, quimiorreceptores e mecanorreceptores -> irritação da mucosa gástrica (quimioterapia/ radioterapia/ gastrite/ gastroenterite) -> vai ocorrer lib de serotonina dessa mucosa, ativando esses receptores -> estimulam influxo aferente vagal p/ o centro do vômito ou p/ zona de gatilho quimioceptora * cinetose = enjoo do movimento -> relac c/ enjoos vestibulares (labirintite) Neurotransmissores envolvidos no controle do vômito - DOPAMINA -> RECEPTOR D2 - ACETILCOLINA -> RECEPTOR M1 - HISTAMINA -> RECEPTOR H1 - SEROTONINA -> RECEPTOR 5-HT3 - SUBSTÂNCIA P -> NEUROCININA 1 Fármacos antieméticos - Antagonistas do receptor D2 - Dopamina - Antagonistas do receptor 5-HT3 - Serotonina - Antagonistas muscarínicos - Acetilcolina - Antagonistas do receptor H1 - Histamina - Antagonistas da Neurocinina 1- Substância P - Canabinóides - Benzodiazepínicos - Corticosteróides Antagonistas dos receptores 5-HT3 serotonérgicos apresentam sua atividade antiemética devido ao seu efeito nos receptores 5-HT3 centrais no centro do vômito, na zona de gatilho quimiorreceptora e tb bloqueando os receptores 5-HT3 periféricos nos nervos aferentes espinhais e vagais intestinais extrínsecos + ação em vômitos induzidos por substâncias citotóxicas atribuídos à estimulação vagal em pós-op e quimioterapia Antagonistas dos receptores 5-HT3 serotonérgicos: - Ondansetrona (vonal) - Granisetrona - Dolasetrona ->Meia vida: 4-9 h (1x dia) -> v. oral ou intravenosa -> eficácia e tolerabilidade boas quando administrados em doses equivalentes - Palonosetrona -> i.v. -> Maior afinidade pelo receptor 5-HT3 -> Meia vida: 40 h ✓ Extenso metabolismo de primeira passagem no fígado ✓ Excreção renal e hepática Usos clínicos ✓ Náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia - Principais agentes para a prevenção de náuseas e dos vômitos agudos induzidos pela quimioterapia - Mais efetivos quando administrados em dose única via intravenosa (ondansetrona 8mg) 30min antes da administração da quimioterapia * via oral - sequência de 8mg 2x ao dia ou 24mg 1x ao dia 1h antes da adm. da quimioterapia - Eficácia potencializada pela terapia de combinação com um corticosteróide (dexametasona) e um antagonista dos receptores NK1 ✓ Náuseas e vômitos pós operatórios e pós radioterapia - Prevenção de náuseas e dos vômitos pós operatórios - Prevenção e no tratamento de náuseas e dos vômitos em pacientes submetidos a radioterapia corporal total ou do abdômen Efeitos colaterais: cefaleia; tontura; constipação -> porém apresentam boa margem de segurança. Antagonistas D2 Dopaminérgicos Fenotiazinas - fármacos antipsicóticos que apresentam potente atividades antiemética e sedativa: ✓ Clorpromazina (Amplictil) - Indicações clínicas: episódios graves de náusea e vômitos associados a câncer, radioterapia, fármacos (anestésicos, opioides) - Administrados via oral, via endovenosa ou por supositório - Atuam principalmente nos receptores D2 presentes na zona quimiocetora, mas também podem bloquear receptores de histamina e muscarínicos - Efeitos indesejáveis: sedação (efeito histaminérgico), hipotensão, sintomas extrapiramidais – relacionados c/ a capacidade de iniciar movimento (acinesia ou dicinesia, quando movs irregulares/ involuntários) ou a incapacidade de ficar parado (acatisia) -> característicos de um estado de agitação/angústia/ansiedade = limita o uso Butirofenonas: ✓ Droperidol (Droperdal), Haloperidol (Haldol) - Neurolépticos e antieméticos - Usados por bloquear receptores D2 na zona quimiorreceptora - Administrados por v. oral e parenteral (intramuscular e endovenosa) - Indicações clínicas: náuseas e vômitos pós-op ou induzidos por quimioterapia - Efeitos indesejáveis: sedação em procedimentos cirúrgicos ou induzir/manter efeito anéstesico geral (efeito sedativo forte), síndrome extrapiramidal, hipotensão Benzamidas: ✓ Metoclopramida (Plasil) - Antiemético e procinético periférico (TGI) - Atividade na zona quimiorreceptora + zona periférica (TGI) ~ Antagonistas dos receptores dopaminérgicos D2 em diversas regiões do SNC ( - Aumenta o tônus esfíncter e o peristaltismo esofágico, aumenta contração do antro gástrico e do intestino exercendo efeito procinético. * eleva a pressão do esfíncter esofágico inferior + acelera esvaziamento gástrico - Utilizado em tto de refluxo gastroesofágico e em distúrbios hepáticos e biliares - Efeitos colaterais: hiperprolactinemia (usado em lactantes c/ dificuldade de liberar leite), galactorréia, dismenorréia, síndrome extrapiramidais (+25%), sonolência, cansaço, distúrbios do movimento, movs oculares involuntários, inquietação motora, tontura, ansiedade, fadiga, ginecomastia, impotênsia, insônia, agitação. ✓ Domperidona (Motilium) - Antiemético e procinético (pode tratar vômitos causados por substâncias citotóxicas e sintomas GI) - Difere da metoclopramida pois não ultrapassa BHE = mais seguro -> ausência de efeitos colaterais SNC - Não atua nos receptores D2 em outras regiões, somente ZGQ (zona quimiorreceptora) Corticosteróides ✓ Dexametasona ✓ Metilprednisolona- Fármacos utilizados como potentes inflamatórios e imunossupresores, porém tb podem atuar como antieméticos devido ao aumento de eficácia de antagonistas 5-HT3 -> podem ser usados associados c/ esses antagonistas, potencializando o efeito dessas drogas. Glicocorticóides Dexametasona: - 8-20 mg i.v. antes da quimioterapia - 8 mg v.o. durante 2 a 4 dias - Adjuntos úteis no tratamento da náusea e vômitos induzidos por substâncias citotóxicas, p. ex. em pacientes com câncer pós- quimioterapia disseminado possivelmente pela inflamação e produção de PGs (corticosteróides são excelentes inibidores da produção dessas subtâncias) ✓ Associação de drogas - Dexametasona (8-20mg por via endovenosa antes da quimioterapia e seguida de 8mg por dia por via oral durante período de 2-4 dias) - Ondansetrona - Droperidol Cautela com relação as reações adversas já que atuam em vários tecidos-alvos. Antagonistas dos receptores muscarínicos ✓ Atropina e Escopolamina (Hioscina- Buscopan) Indicações clínicas: - Muito utilizada atualmente como droga antiespamódica - Profilaxia e tratamento da cinetose - Isoladamente, possui atividade antiemética fraca - Não são eficazes no tratamento das náuseas induzidas por quimioterapia - Alguma atividade nas náuseas e nos vômitos pós-operatórios - Reações adversas: xerostomia, taquicardia, sonolência e sedação. Antagonistas dos receptores H1 da histamina ✓ Difenidramina (anti-histamínico) + dimenidrinato (dramin) - devido a sua ação sedativa, em associação c/ outros antieméticos, são utilizados p/ tto dos vômitos induzidos pela quimioterapia, hidroxizina (anti-histamínico potente), cinarizina (enjoos e náuseas durante a gravidez), ciclizina (enjoos e náuseas durante a gravidez), meclizina (anti-histamínico c/ propriedades anticolinérgicas fracas e efeito sedativo fraco + usada na prevenção da cinetose e no tto da vertigem causada por disfunção do labirinto -> usada p/ enjoos e náuseas durante a gravidez) e prometazina (fenergan – anti-histamínico potente) ~ Bloqueio dos receptores H1, anti-histamínicos, antieméticos (alguns fracos quando utilizados isoladamente -> se associado c/ outros fármacos antieméticos, potencializa-se o efeito) - Indicações clínicas: Controle da náusea e dos vômitos associados a cinetose - Reações Adversas: Sedação, sono, tontura, boca seca. Benzodiazepínicos ✓ Lorazepam ✓ Diazepam - Usados antes da quimioterapia para reduzir vômitos ocasionados pela ansiedade -> provocam relaxamento. Canabinóides (substâncias psicoativas derivadas da maconha) ✓ Dronabinol (THC) - principal substância química presente na maconha. ✓ Nabilona (análogo do THC) - Podem ser utilizados como antieméticos - Relacionado com a estimulação dos receptores CB1 (canabinóides)nos neurônios e ao redor da ZGQ (zona quimiorreceptora) Uso clínico: - Náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia: - Prevenção de náuseas e dos vômitos induzidos pela quimioterapia - Administrado 1 a 3 h antes da quimioterapia - Efeitos adversos: taquicardia; vasodilatação; hipotensão ortostática. Efeitos colaterais: euforia, sedação, alucinações; boca seca; aumento do apetite. Antagonistas dos receptores NK1 (neurocinina) ✓ Aprepitanto - Efeito antiemético nas náuseas agudas e tardias induzidas por QT e melhoram a eficácia dos regimes antieméticos-padrão em pacientes que recebem sessões múltiplas de quimioterapia devido ao bloqueio altamente seletivo de receptores NK1 na zona quimiorreceptora. - Administrado por três dias em conjunto com a quimioterapia altamente emetogênica, com antagonista de 5-HT3 e um corticosteróide (dexametasona).
Compartilhar