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Resumo do sistema gastrointestinal

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Resumo do sistema gastrointestinal 
A comida é um bem vital para a vida, por que é a única fonte nutricional do corpo humano. Entretanto, é notório que a maioria dos alimentos que comemos são compostos por grandes cadeias de moléculas que não conseguem, nesse estado, serem absorvidas pelo organismo. Sendo assim, o sistema digestório entra como protagonista no processo de clivagem de moléculas, a fim de deixa-las pequenas o suficiente para conseguirem ser absorvidas.
Tal processo, conhecido como digestão, envolve uma série de órgãos que são, coletivamente, caracterizados como sistema digestório. Esse sistema é um sistema tubular que se estende da boca ao ânus, e, além de apresentar grande área de contato com o meio externo, é correlacionado, diretamente, ao sistema circulatório. 
Aspectos gerais do sistema digestório:
O sistema digestório é composto por dois tipos de órgãos: o canal alimentar e os órgãos acessórios. O canal alimentar é um tubo contínuo que se prolonga da boca ao ânus ao longo das cavidades torácica e abdominopélvica e os órgãos que se incluem nesse canal são a boca, maio parte da faringe, o esôfago, o estômago, o intestino delgado e o intestino grosso. No caso dos órgãos digestórios acessórios, incluem-se os dentes, a língua, as glândulas salivares, o fígado, a vesícula biliar e o pâncreas, entretanto, destes, somente os dentes e a língua entram em contato direto com o alimento, sendo os outros responsáveis pela secreção de líquidos corporais que auxiliam na digestão de alimentos específicos. 
O canal alimentar, contém o alimento ao longo de todo o percurso de digestão, desde que ele é digerido até ser absorvido. Existe uma série de contrações musculares que são necessárias para o bom funcionamento do sistema digestório, que envolvem a fragmentação, continuidade na cadeia de digestão e a dissolução dos alimentos nos fluidos corpóreos secretados pelos órgãos acessórios à digestão. 
Sendo assim, nota-se que o alimento passa a ser alvo de diferentes reações e passa por algumas etapas específicas para contribuir para a nutrição e homeostasia corporal, sendo uma síntese delas: 
A. Ingestão: colocação de alimentos na cavidade oral; 
B. Secreção: liberação de água, ácido, tampões e enzimas para o lúmen do canal alimentar;
C. Mistura e propulsão: agitação e movimento dos alimentos ao longo do canal alimentar;
D. Digestão: fragmentação mecânica e química dos alimentos;
E. Absorção: passagem dos produtos digeridos do canal alimentar para o sangue e linfa;
F. Defecação: eliminação das fezes do canal alimentar.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Desenvolvimento e maturação do sistema digestório:
O desenvolvimento do trato gastrointestinal na espécie humana engloba, não só o aprimoramento dos mecanismos de digestão, como também, a maturação dos sistemas nervoso e imunológico associados ao intestino. Sendo assim, esse processo depende de características genéticas do indivíduo, fatores intrauterinos e também fatores como o ambiente e a nutrição extrauterina. 
O sistema digestório é imaturo ao nascimento e sofre grandes mudanças nos padrões de crescimento, além de passar por alterações morfológicas e maturação no período neonatal. Algumas dessas mudanças são adquiridas já no primeiro ano de vida, como é o caso da adequação das enzimas digestivas e a permeabilidade da mucosa intestinal, entretanto, algumas só assumem o padrão adulto em torno da primeira década após o nascimento. 
Assim como algumas estruturas, o sistema imunológico intestinal é imaturo ao nascimento e tem uma fase de desenvolvimento mais rápida do primeiro ao sexto mês de vida. A microbiota é importante na maturação imunológica intestinal e assume funções de manutenção da integridade da mucosa, nutrição, e esse sistema é muito importante pois regula funções absortivas-digestivas, secretoras e motoras, que são fundamentais para o amadurecimento. A nutrição é responsável por controlar o crescimento gastrointestinal, sendo essencial durante a vida intrauterina, por meio da ingestão de fatores bioativos presentes no líquido amniótico e após o nascimento pelo leite materno. Mesmo que o amadurecimento das funções digestivas aconteça simultaneamente e de forma interdependente, os marcos do desenvolvimento digestivo são separados simultaneamente nos períodos: intrauterino, aleitamento materno e pós-desmame. 
Desenvolvimento intrauterino:
Existem dois marcos de desenvolvimento digestivo intrauterino: formação do tubo intestinal e a formação dos órgãos pertencentes a esse sistema. Embora a programação genética tenha notória influencia no desenvolvimento do sistema digestório, muitos outros fatores extrínsecos influenciam nesse processo.
As células do trato gastrointestinal são expostas a fatores reguladores do crescimento por 3 vias: 
A. Circulação: que transporta elementos do sangue materno e as substâncias produzidas na placenta e as secretadas pelos tecidos fetais;
B. Líquido amniótico: que transporta fatores produzidos nas membranas extraembrionárias;
C. Agentes autóctones: produzidos pelos tecidos fetais.
O embrião recebe vários fatores de crescimento que atuam no desenvolvimento dos sistemas corporais, dentre os quais, os que agem de maneira principal no desenvolvimento do sistema gastrointestinal são o TGF alfa e beta. Dentre outras coisas, ele determina a assimetria e o posicionamento do estômago e do fígado, regula a proliferação de eritrócitos e na síntese de colágeno pela musculatura intestinal, além de promover o aumento nas vilosidades intestinais. 
A deglutição do líquido amniótico contribui, fortemente, para a regulação do volume e da composição do líquido amniótico, a aquisição e a recirculação de solutos no ambiente fetal e a maturação do trato gastrointestinal. Esse mecanismo instala-se por volta da 11ª semana de desenvolvimento e os movimentos de sucção por volta da 20ª semana. O início da deglutição permite o acesso fetal aos fatores tróficos contidos no líquido amniótico. Defeitos na deglutição e consequente privação fetal desses nutrientes do líquido amniótico, podem levar a falhas no desenvolvimento do tubo digestivo. 
O processo de exposição do trato digestório aos fatores bioativos e nutrientes, iniciado intra-útero, tem continuidade com o aleitamento materno, tendo em vista que o leite humano contém fatores tróficos semelhantes àqueles presentes no líquido amniótico.
Leite materno e os fatores de maturação: 
Existe uma grande quantidade de agentes bioativos presentes no leite humano, como hormônios, fatores de crescimento, neuropeptídios, agentes antiinflamatórios, dentre outros. Durante o aleitamento, esses agentes promovem a modulação das funções digestivas e a manutenção da integridade gastrintestinal. No primeiro aleitamento, conhecido como ingestão do colostro, são encontrados hormônios e peptídeos estimuladores de crescimento em quantidades maiores do que no leite maduro. Assim, com o aumento da idade, ocorre um crescimento da produção endógena dessas substâncias, o que compensa a queda gradual no fornecimento. 
Os níveis hormonais interferem na maturação do sistema digestivo, sendo que os alvos da ação do leite humano no intestino são o epitélio intestinal, sistema imunológico e o sistema nervoso entérico. A mucosa intestinal, não só é importante na absorção de nutrientes, mas também, na proteção contra agentes externos. O epitélio intestinal, é o principal alvo na ação dos agentes bioativos do leite materno, ela regula a produção de citocinas pelas células epiteliais, fazendo com que a mucosa intestinal termine seu desenvolvimento. 
Logo após o nascimento, o epitélio intestinal apresenta vilosidades estreitas e criptas rasas. A expansão da superfície epitelial no neonato ocorre pela divisão e hiperplasia das criptas. Assim, durante o aleitamento, o mecanismo predominante de crescimento do intestino é a divisão das criptas, enquanto a hiperplasia das criptas ocorre durante o desmame. Grosso modo, o aleitamento induza divisão das criptas e inibe sua hiperplasia, sendo que, a segunda só irá ocorrer mediante exposição a antígenos alimentares e posterior inflamação como resposta imune intestinal. 
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Além disso, o leite materno é rico em oligossacarídeos e carboidratos que são utilizados pela microbiota intestinal que está começando a se instalar. A presença desses oligossacarídeos e carboidratos determina a presença dessa microbiota específica – bactérias bífidas e lactobacilos – e a fermentação realizada por esses microrganismos tem efeito estimulador sobre o crescimento da mucosa intestinal. 
Em resumo, o LH atua beneficiando o trato gastrintestinal mediante as seguintes estratégias: compensando a deficiência de produção de agentes bioativos pelo próprio indivíduo, amplificando funções imunológicas que estão imaturas nos primeiros meses de vida, promovendo a adaptação da nutrição intrauterina para a extrauterina, pelos efeitos antiinflamatórios e imunológicos diretos e, finalmente, promovendo o crescimento de lactobacilos e bactérias bífidas na microbiota intestinal. 
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole,2017
A microbiota e o desenvolvimento do Sistema imunológico intestinal:
O sistema imunológico intestinal é um dos maiores compartimentos do sistema imunológico no ser humano. Ele é responsável por conferir imunidade às mucosas do trato digestório e regular algumas outras funções. Apesar de as estruturas do sistema imunológico gastrointestinal estarem já formadas a partir da 28ª semana de desenvolvimento, elas só serão ativadas após o nascimento. 
A microbiota intestinal é considerada como um órgão adquirido após o nascimento, pois a maturação do sistema imunológico intestinal é mediada pela interação de alimentos contendo antígenos, principalmente, durante o primeiro ano de vida. Essa microbiota exerce funções específicas de nutrição, maturação e manutenção da integridade intestinal. Em relação ao número e às espécies de bactérias bífidas, a microbiota das crianças em aleitamento materno exclusivo é diferente daquela das que recebem fórmulas alimentares. Com a introdução da alimentação complementar e o posterior desmame, completa-se a instalação definitiva da microbiota.
Esse processo se dá por ondas sucessivas de colonização, e a composição final da microbiota (com mais de 500 tipos de bactérias) depende de determinantes genéticos e é modulada pela dieta e por fatores externos, a exemplo do uso de antibióticos. 
Tolerância alimentar é um estado de inibição ativa das respostas imunológicas a determinados antígenos mediada por uma exposição prévia a esses antígenos por via oral. O desenvolvimento da tolerância oral é um dos fatores primordiais na manutenção das funções do sistema digestório. A falha nos mecanismos de tolerância oral resulta no desencadeamento da alergia alimentar. A alteração nos mecanismos de digestão proteica, como o bloqueio da secreção ácida do estômago, também leva a um maior risco de alergia alimentar.
Alimentação complementar – continuidade no desenvolvimento gastrointestinal:
Mesmo que as mudanças ocorridas durante os primeiros meses de vida e mediadas pelo leite materno tenham um papel determinante no desenvolvimento e na efetividade gastrointestinal, a dieta após o desmame, também, tem influências nesse processo a longo prazo. Aparentemente, os nutrientes que mais influenciam no desenvolvimento gastrointestinal na primeira infância são oligossacarídeos, glicoproteínas de alto peso molecular e prebióticos. 
Carências de macronutrientes e micronutrientes, como zinco, ferro, selênio e algumas vitaminas antioxidantes, podem desencadear situações de imunodeficiência e infecções na criança. A composição da microbiota também é mediada pela dieta. Carboidratos como oligofrutose, inulina e oligossacarídeos (ditos prebióticos) são capazes de estimular o crescimento seletivo de bactérias bífidas e lactobacilos na microbiota colônica e contribuir nas funções da barreira e na saúde das células epiteliais. 
O uso de probióticos pode influenciar o curso de doenças causadas por microrganismos patogênicos ou em casos de administração de antibióticos. Esse efeito é resultado da modulação das respostas imunológicas no intestino. A dieta tem como principal função prover os diversos nutrientes em qualidade e quantidades suficientes, a fim de permitir um adequado crescimento e desenvolvimento na infância. Contudo, os estudos mais recentes demonstram que, além do seu papel nutricional, a dieta controla e modula diversos processos do organismo, sendo o desenvolvimento do sistema digestório o seu principal alvo de atuação.
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole,2017
Anatomia do intestino delgado:
A maior parte da absorção de nutrientes do corpo ocorre no intestino delgado. Além de possuir um grande comprimento que permite uma boa absorção, ele ainda possui pregas circulares, vilosidades e Microvilosidades que ampliam ainda mais a superfície de contato, favorecendo a absorção de nutrientes. Esse órgão começa no músculo esfíncter do piloro do estômago, percorre a parte central e inferior da cavidade abdominal, e termina abrindo-se no intestino grosso. 
O intestino delgado é dividido em três regiões: duodeno, jejuno e íleo. O duodeno é a região mais curta do intestino delgado. Tendo a forma de um tubo em C, possui aproximadamente 25cm até se fundir ao jejuno. O jejuno possui um comprimento aproximado de 1 metro, e é a ponte de união entre o duodeno e o íleo. Já o íleo, é a última e mais longa região do intestino delgado medindo cerca de 2 metros, unindo-se ao intestino grosso por um músculo liso chamado óstio ileal. 
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Histologia do intestino delgado: 
A parede do intestino delgado é similar à parede do restante do canal alimentar, sendo formada pelas quatro camadas: túnica mucosa, tela submucosa, túnica muscular e túnica serosa. A túnica mucosa, camada mais interna, é composta por epitélio colunar simples que contém muitos tipos de células. As células absortivas do epitélio liberam enzimas que digerem o alimento e contêm microvilosidades que absorvem os nutrientes no quimo do intestino delgado. 
Já, as células caliciformes, também componentes da túnica mucosa, secretam muco. A túnica mucosa do intestino delgado contém muitas fendas revestidas por epitélio granular, que formam glândulas intestinais conhecidas como Criptas de Lieberkuhn e secretam suco intestinal. Além desses dois primeiros tipos de células, as glândulas intestinais possuem células de Paneth, que são responsáveis por secretarem lisozimas, enzimas bactericidas, que são capazes de realizar fagocitose, regulando, assim, a população bacteriana do intestino delgado. 
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
A tela submucosa do duodeno contém algumas glândulas duodenais que secretam um muco alcalino que ajuda a neutralizar o ácido clorídrico no quimo. A túnica muscular é constituída por duas camadas de músculo liso, sendo a mais interna constituída por fibras circulares e a mais externa e fina por fibras longitudinais. Por último, com exceção de uma pequena porção do duodeno que é retroperitoneal, a túnica serosa, que equivale ao peritônio visceral, envolve completamente o intestino delgado. 
À microscopia óptica, as microvilosidades são muito pequenas para serem visualizadas individualmente em vez disso, formam uma linha felpuda chamada borda em escova. No intestino delgado, o suco intestinal, que possui um pH aproximado de 7,6, e os sucos pancreáticos, fornecem o ambiente adequado para a absorção de nutrientes. As células absortivas do intestino delgado sintetizam diversas enzimas digestórias chamadas enzimas daborda em escova. Assim, parte da digestão enzimática ocorre na superfície das células absortivas que revestem as vilosidades. 
Entre as enzimas da borda em escova estão quatro enzimas que digerem carboidratos chamadas α-dextrinase, maltase, sacarase e lactase, enzimas que digerem proteínas chamadas peptidases (aminopeptidase e dipeptidase), e dois tipos de enzimas que digerem nucleotídios, as nucleosidases e fosfatases. Além disso, conforme as células absortivas se desprendem no lúmen do intestino delgado, dividem-se e liberam enzimas que ajudam a digerir nutrientes no quimo.
Digestão mecânica no intestino delgado:
As segmentações são contrações localizadas na mistura que ocorre em parte do intestino distendido por um quimo volumoso. Essas segmentações tem a função de misturar o quimo com os sucos digestivos no intestino delgado, além de aproximar o quimo às células absortivas da túnica mucosa, entretanto, elas não empurram o conteúdo intestinal ao longo do canal alimentar. 
O que acontece é que, as fibras circulares da túnica muscular se comprimem em seções diferentes e em momentos diferentes, criando uma segmentação ou um direcionamento. Assim, o quimo patina dentro do intestino delgado e gira, sendo que as fibras logo relaxam e passam a retornar a sua forma original enquanto outras se contraem alternadamente, a fim de continuar com essa movimentação do quimo. Quando a maior parte de uma refeição é absorvida, isso faz com que o bolo alimentar diminua em volume, e, assim, inicia-se outro tipo de peristaltismo denominado complexo mioelétrico migratório. Esse movimento inicia-se no estomago e é responsável por empurrar o bolo alimentar para frente, fazendo-o percorre o canal alimentar. O complexo mioelétrico migratório desce lentamente no intestino delgado, alcançando a parte final do íleo em um tempo aproximado de 120 minutos, e depois lança outro complexo descendo, novamente, do estômago. 
Digestão química no intestino delgado:
A digestão química inicia-se na boca, com a liberação de amilase salivar, convertendo amido em maltose, maltotriose, ou em outros subprodutos desse polissacarídio. No estomago, a pepsina e a tripsina quebram as proteínas em peptídeos, enquanto as lipases linguais e gástricas convertem alguns triglicerídeos em ácidos graxos ou di/mono glicerídeos. 
Desse modo, o quimo – bolo alimentar embebido em enzimas e ácidos de degradação – entra no intestino delgado pelo duodeno contendo várias moléculas de carboidratos, proteínas e lipídios ainda parcialmente digeridos. A conclusão dessa digestão, se dá, então, pelo esforço conjunto do suco pancreático, da bile e do suco intestinal no intestino delgado. Torna-se, assim, plausível diferenciar as fases finais de digestão de cada um desses macronutrientes separadamente: 
DIGESTÃO DE CARBOIDRATOS:
A digestão de carboidratos iniciada na boca pela amilase salivar, cessa ao chegar ao estômago pela desnaturação da amilase salivar devido ao baixo pH estomacal. Desse modo, após a chegada do quimo no duodeno, apenas uma pequena parte dos carboidratos foi quebrada em maltose, maltotriose ou α-dextrina, sendo, então, papel do suco pancreático, que contém amilase pancreática, o papel de terminar com a degradação dos carboidratos. 
Depois que as amilases salivar e pancreática finalizaram a digestão desses carboidratos, o papel catabólico passa a ser da borda em escova na parede das vilosidades do intestino. Essa borda secreta uma enzima chamada α-dextrinase, que age nas α-dextrinas resultantes, retirando uma molécula de glicose de cada vez das cadeias ramificadas dessa macromolécula. 
As moléculas de sacarose, lactose e maltose ingeridas – três dissacarídeos – permanecem intactas até chegarem ao intestino delgado. Três enzimas da borda em escova digerem os dissacarídeos em monossacarídeos. A sacarase cliva a sacarose em 1 molécula de glicose e 1 molécula de frutose; a lactase digere a lactose em 1 molécula de glicose e 1 molécula de galactose, e a maltase divide a maltose e a maltotriose em 2 e 3 moléculas de glucose, respectivamente. A digestão de carboidratos termina com a produção de monossacarídeos, que o sistema digestório é capaz de absorver. 
DIGESTÃO DAS PROTEÍNAS
Inicialmente, a digestão das proteínas se dá no estômago pela ação da pepsina, entretanto, só é finalizada no intestino pela ação de enzimas presentes no suco pancreático – tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase – que continuam quebrando as proteínas em peptídeos, diferindo, apenas, em onde essas proteínas serão quebradas, visto que, essas enzimas agem e pontos específicos das moléculas proteicas. A digestão das proteínas é completada pela secreção de duas enzimas pela borda em escova, a aminopeptidase, que cliva aminoácidos na extremidade amina, e a dipeptidase, que divide peptídeos em aminoácidos unitários.
DIGESTÃO DE LIPÍDEOS
O lipídio mais abundante na dieta humana são os triglicerídeos, que não passam de uma molécula de glicerol ligada a três moléculas de ácidos graxos. As enzimas que digerem os lipídios são chamadas lipases, sendo três as principais: lipase lingual, lipase gástrica e lipase pancreática. Entretanto, embora parte da digestão ocorra no estomago pela ação das duas primeiras enzimas, é no intestino, devido à presença da lipase pancreática, onde essa digestão é mais notória. No duodeno, a lipase pancreática quebra os triglicerídeos em ácidos graxos e monoglicerídeos, podendo esses ácidos graxos ser de cadeia curta ou longa.
Antes que um grande glóbulo de triglicerídeos possa ser digerido, ele precisa passar por um processo de emulsificação, uma divisão que passa de um grande glóbulo para várias gotículas de gordura espalhadas. Surge então os sais biliares – sais de sódio e potássio dos ácidos biliares – de caráter anfipáticos, ou seja, cada sal tem uma região hidrofóbica e uma hidrofílica. Desse modo, a região hidrofóbica interage com a grande bolha lipídica, enquanto a região hidrofílica interage com o quimo intestinal aquoso. 
Por conseguinte, o grande glóbulo de gordura é, pouco a pouco, puxado para as extremidades sendo completamente dividido. Essa divisão permite um grande aumento na superfície de contato, fazendo com que a cinética química da ação da lipase pancreática seja favorável e consequentemente mais eficiente.
DIGESTÃO DE ÁCIDOS NUCLEICOS
O suco pancreático contém duas nucleases: a ribonuclease, que digere o RNA, e a desoxirribonuclease, que digere o DNA. Os nucleotídios que resultam da ação das duas nucleases são adicionalmente digeridos por enzimas da borda em escova chamadas nucleosidases e fosfatase em pentoses, fosfatos e bases nitrogenadas. Estes produtos são absorvidos via transporte ativo. 
Absorção no intestino delgado: 
Todas as fases químicas e mecânicas da digestão, da boca ao intestino delgado, são controladas de modo a alterar os alimentos em formas que possam passar através das células epiteliais absortivas que revestem a túnica mucosa e entrar nos vasos sanguíneos e linfáticos subjacentes. Estas formas são os monossacarídios (glicose, frutose e galactose) a partir dos carboidratos, aminoácidos individuais, dipeptídios e tripeptídios a partir das proteínas; e ácidos graxos, glicerol e monoglicerídios a partir dos triglicerídios. A passagem destes nutrientes digeridos do canal alimentar para o sangue ou linfa é chamado absorção.
Cerca de 90% dos nutrientes são absorvidos no intestino delgado pelas células epiteliais que compõe a túnica mucosa por meio de difusão, difusão facilitada, osmose e transporte ativo. O restante, ou já foi absorvido na boca ou será absorvido no intestino grosso, se não, é excretado nas fezes. 
ABSORÇÃO DE MONOSSACARÍDIOS
Todos os carboidratos são absorvidos como monossacarídios. Como resultado, todos os carboidratos dietéticos que são digeridos normalmente são absorvidos, deixando apenas a celulose não digerível e as fibras nas fezes.
Os monossacarídios passam do lúmen através da membrana apical por difusão facilitada ou transporte ativo. Entretanto, enquanto a frutose é transportada pordifusão facilitada, a glicose e galactose são transportadas por células de absorção das vilosidades por transporte ativo secundário, que é mediado a partir da presença de íons sódio. Sendo assim, a galactose e a glicose competem pelo uso do mesmo transportador para sua absorção. 
ABSORÇÃO DE AMINOÁCIDOS, DIPEPTÍDEOS E TRIPEPTÍDEOS
A maior parte das proteínas é absorvida como aminoácidos por meio de um processo de transporte ativo que ocorre principalmente no duodeno e no jejuno. Somente cerca de metade das proteínas absorvidas advém da alimentação, o restante é decorrente das enzimas digestórias e das células das paredes do tubo alimentar que morrem e são reabsorvidas no intestino. 
Existem diferentes tipos de transportadores para cada tipo de aminoácido. Alguns aminoácidos entram nas células de absorção das vilosidades via processos ativos de transporte secundário dependentes do Na+, que são semelhantes ao transportador de glicose, outros aminoácidos são transportados ativamente por si só. Tanto os monossacarídios quanto os aminoácidos são transportados do sangue para o fígado por meio do sistema porta hepático. Se não forem removidos pelos hepatócitos, eles entram na circulação geral.
ABSORÇÃO DE LIPÍDIOS E SAIS BILIARES
Todos os lipídios da dieta são absorvidos por difusão simples. Os ácidos graxos de cadeia curta pequenos são hidrofóbicos, contêm menos de 10 a 12 átomos de carbono e são mais hidrossolúveis. Assim, podem se dissolver no quimo intestinal, passam através das células absortivas via difusão simples, e seguem o mesmo trajeto dos monossacarídios e aminoácidos em um capilar sanguíneo de uma vilosidade. 
Além do seu papel na emulsificação, os sais biliares também ajudar a tornar mais solúveis esses ácidos graxos de cadeia pequena/grandes, ácidos graxos de cadeia longa e monoglicerídios. Os sais biliares no quimo intestinal os circundam, formando pequenas esferas chamadas micelas, cada uma delas medindo de 2 a 10 nm de diâmetro e incluindo 20 a 50 moléculas de sais biliares. Uma vez formadas, as micelas se movem do interior do lúmen do intestino delgado para a borda em escova das células absortivas. As micelas repetem continuamente esta função de travessia ao se deslocar da borda da escova pelo quimo de volta ao lúmen do intestino delgado para captar mais ácidos graxos de cadeia curta grandes, ácidos graxos de cadeia longa e monoglicerídios.
As micelas também solubilizam outras grandes moléculas hidrofóbicas, como as vitaminas lipossolúveis (A, D, E e K) e o colesterol que podem estar presentes no quimo intestinal, e auxiliar em sua absorção. Estas vitaminas lipossolúveis e moléculas de colesterol são envolvidas nas micelas juntamente com os ácidos graxos de cadeia longa e monoglicerídios.
Uma vez nas células absortivas, os ácidos graxos de cadeia longa e monoglicerídios são recombinados para formar triglicerídios, que se agregam em glóbulos juntamente com os fosfolipídios e o colesterol e tornam-se revestidos com proteínas. Estas grandes massas esféricas, de aproximadamente 80 nm de diâmetro, são chamados quilomícrons. Como são grandes e volumosos, os quilomícrons não conseguem penetrar nos capilares sanguíneos – os poros nas paredes dos capilares sanguíneos são muito pequenos. Em vez disso, os quilomícrons entram pelos vasos lactíferos, que têm poros muito maiores do que os capilares sanguíneos. Dos vasos lactíferos, os quilomícrons são transportados pelos vasos linfáticos para o ducto torácico e entram no sangue na junção entre as veias jugular interna esquerda e subclávia esquerda.
Depois de participar na emulsificação e absorção de lipídios, a maior parte dos sais biliares é reabsorvida por transporte ativo no segmento final do intestino delgado (íleo) e devolvida pelo sangue ao fígado pelo sistema porta hepático para reciclagem. Este ciclo de secreção de sais biliares pelos hepatócitos na bile, reabsorção pelo íleo e secreção na bile é chamado circulação êntero-hepática.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
ABSORÇÃO DE ÁGUA
Toda a absorção de água no canal alimentar ocorre via osmose do lúmen dos intestinos por meio das células absortivas e para os capilares sanguíneos. Como a água pode atravessar a túnica mucosa intestinal em ambos os sentidos, a absorção de água a partir do intestino delgado depende da absorção de eletrólitos e nutrientes para manter um equilíbrio osmótico com o sangue. Os eletrólitos, monossacarídios e aminoácidos absorvidos estabelecem um gradiente de concentração de água que promove a absorção de água por osmose. 
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
ABSORÇÃO DE VITAMINAS
Como você acabou de ver, as vitaminas lipossolúveis A, D, E e K são incluídas nas micelas com os lipídios dietéticos ingeridos, e são absorvidas por difusão simples. Quase todas as vitaminas hidrossolúveis, como grande parte das vitaminas B e C, também são absorvidas por difusão simples. A vitamina B12, no entanto, combina-se ao fator intrínseco produzido pelo estômago, e esta combinação é absorvida no íleo por meio de um mecanismo de transporte ativo.
Visto que a comida é a única fonte de ingestão de nutrientes essenciais para a vida humana, é indispensável sua ingestão. Entretanto, a maior parte desses alimentos é composto por moléculas grandes demais para serem absorvidas pelas células do corpo, e, por isso, precisam passar por um processo de degradação conhecido como digestão. Assim, dada a participação de vários órgãos para que essa absorção possa ser possível, esses órgãos coletivamente são chamados de sistema digestório. 
Assim como o sistema respiratório, o sistema digestório é tubular, estendendo-se da boca ao ânus. Além disso, é responsável por uma grande área de contato com a superfície extracorpórea e está intimamente relacionado ao sistema circulatório. Didaticamente, existem várias camadas que contornam o tubo alimentar, sendo suas principais características explicitadas a partir de agora.
Túnica mucosa: 
Da parte inferior do esôfago, até o canal anal, o arranjo básico das paredes do canal alimentar terá as mesmas quatro camadas. Assim, a primeira membrana, mais interna e mais próxima com o contato com os alimentos será a túnica mucosa, que nada mais é que uma membrana mucosa. Essa túnica mucosa é dividida basicamente em 3 partes: epitélio, lâmina própria e lâmina muscular da mucosa.
A. Epitélio: nos orifícios de entrada e saída dos conteúdos alimentares no corpo, esse epitélio é composto por células escamosas estratificas queratinizadas, principalmente, com função de proteção, e no estômago e nos intestinos, esse epitélio é composto por células colunares simples com função secretora e absortiva. Essas células tem uma taxa de renovação muito acelerada e incluem várias células exócrinas coletivamente chamadas de células enteroendócrinas. 
B. Lâmina própria: essa camada é composta por tecido conjuntivo contendo muitos capilares sanguíneos responsáveis pela distribuição dos nutrientes absorvidos pelas células epiteliais da túnica mucosa. Também, é ela que contém a maior parte das células linfoides associadas à mucosa (MALT).
C. Lâmina muscular da mucosa: é uma fina camada de fibras musculares responsáveis por garantir que todas as células absortivas entrem em contato com o extrato nutricional e fazer com que a superfície interna do tubo alimentar seja pregueada, aumentando, assim, sua superfície de contato. 
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Tela submucosa/ túnica muscular/ túnica serosa:
A tela submucosa consiste em tecido conjuntivo areolar, responsável por unir a túnica mucosa e a túnica muscular. Além de conter muitos vasos sanguíneos responsáveis por receber várias das moléculas absorvidas durante a digestão, possui uma rede de neurônios conhecida com plexo submucoso. 
A túnica muscular, possui diferentescaracterísticas. Na boca, faringe e partes superiores do esôfago, ela é composta por fibras musculares esqueléticas que permitem às pessoas realizarem movimentos voluntários de deglutição, e o esfíncter anal também é composto por fibras esqueléticas que permite o controle voluntário da defecação. 
No caso da túnica serosa, ela está presente nas partes do canal alimentar que estão suspensas na cavidade abdominal. Essa túnica não passa de uma membrana serosa composta por tecido conjuntivo conhecida também como peritônio visceral. No caso do esôfago, ele não possui uma túnica serosa, ao invés disso, possui uma túnica adventícia que forma sua parte superficial.
Enervação do canal alimentar:
O canal alimentar é regulado por um conjunto intrínseco de nervos conhecido como sistema nervoso entérico e por um conjunto extrínseco de nervos que fazem parte da divisão autônoma do sistema nervoso. No caso do sistema nervoso entérico (SNE), ele é composto por milhões de neurônios que se estendem do esôfago ao ânus que são organizados em plexo mioentérico e plexo submucoso: 
A. Plexo mioentérico: localizado entre as camadas de músculo liso longitudinal e circular da túnica muscular. Como controla os neurônios motores das camadas lisas longitudinais e circulares da túnica muscular, é o principal responsável pela motilidade, principalmente frequência e força de contração dessa túnica. 
B. Plexo submucoso: é encontrado no interior da tela submucosa. Como é responsável por irrigar as células secretoras, controla as secreções dos órgãos do canal alimentar.
A parede do canal alimentar possui dois tipos de receptores sensitivos: quimiorreceptores, que respondem a determinados produtos químicos dos alimentos presentes no lúmen, e mecanorreceptores, como os receptores de estiramento, que são ativados quando o alimento distende a parede de um órgão do canal alimentar.
Mesmo que os neurônios da divisão que compõe o sistema nervoso entérico possam atuar de forma independente, eles estão sujeitos a regulação pelos neurônios da divisão autônoma do sistema nervoso. O nervo vago fornece fibras parassimpáticas para praticamente todo o canal alimentar, com exceção do intestino grosso, e fornecem conexões neurais com o SNE. Alguns dos neurônios pós-ganglionares parassimpáticos, por sua vez, fazem sinapse com neurônios do SNE, outros inervam diretamente o músculo liso e glândulas no interior da parede do canal alimentar. Em geral, a estimulação dos nervos parassimpáticos que inervam o canal alimentar causa aumento da secreção e motilidade por meio do aumento na atividade dos neurônios do SNE.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Os nervos simpáticos que irrigam o canal alimentar emergem das partes torácica e lombar superior da medula espinal. Em geral, os nervos simpáticos que irrigam o canal alimentar causam uma diminuição na secreção e motilidade GI por meio da inibição dos neurônios do SNE. Emoções como raiva, medo e ansiedade podem retardar a digestão, porque estimulam os nervos simpáticos que suprem o canal alimentar.
Peritônio: 
O peritônio é a maior túnica serosa do corpo, consistindo em uma camada de epitélio simples e uma camada de suporte composta de tecido conjuntivo areolar. O peritônio é subdividido em duas partes: peritônio parietal, que reveste a parede da cavidade abdominal, e o peritônio visceral, que abrange alguns órgãos da cavidade e constitui sua túnica mucosa. Entre essas duas túnicas existe um líquido seroso e lubrificante que, em uma condição de doença chamada ascite, essa cavidade se expande devido ao aumento na quantidade de líquido. 
Ao contrário do pericárdio e das pleuras, o peritônio contém grandes pregas que se entrelaçam entre as vísceras. As pregas ligam os órgãos uns aos outros e às paredes da cavidade abdominal. Também contêm vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos que suprem os órgãos abdominais. Desse modo, existem cinco pregas peritoneais principais: 
A. Omento maior: é a maior das pregas peritoneais, revestindo o colo transverso e as serpentinas do intestino delgado com uma camada de gordura. Essa camada de gordura pode aumentar muito com o ganho de peso, o que contribui para a característica do surgimento da famigerada ‘’barriga de cerveja’’.
B. Ligamento falciforme: ele insere o fígado à parede abdominal anterior e diafragma, sendo o fígado o único órgão inserido na parede abdominal anterior. 
C. Omento menor: responsável por conectar o fígado aos estomago e o duodeno ao fígado, o omento menor é responsável por conduzir vasos sanguíneos que chegam ao fígado e contém a veia porta do fígado. 
D. Mesentério: ela é uma prega em formato de leque que liga o jejuno e o íleo à parede posterior do abdome. Ela também é uma das maiores pregas peritoneais, contribuindo muito para o aumento do volume em pessoas obesas. 
E. Mesocolo: é composto por duas pregas que ligam o colo transverso e sigmoide do intestino grosso à parede posterior do abdome. Juntos, o mesentério e o mesocolo mantêm os intestinos presos o suficiente na parede posterior abdominal, permitindo com que a movimentação do intestino a partir da musculatura lisa possa continuar de acordo com suas necessidades fisiológicas normais. 
 	
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Boca: 
A boca, também chamada cavidade oral ou bucal, é formada pelas bochechas, palatos duro e mole e língua. As bochechas formam as paredes laterais da cavidade oral. São recobertas pela pele externamente e por túnica mucosa internamente. Os lábios são pregas carnudas que circundam a abertura da boca. Eles contêm o músculo orbicular da boca e são recobertos externamente por pele e internamente por túnica mucosa. 
O vestíbulo da boca da cavidade oral é o espaço delimitado externamente pelas bochechas e lábios e internamente pelos dentes e gengivas. O palato é uma parede ou septo que separa a cavidade oral da cavidade nasal, e forma o céu da boca. Esta importante estrutura torna possível mastigar e respirar ao mesmo tempo. O palato duro – a parte anterior do céu da boca – é formado pelas maxilas e palatinos e é recoberto por túnica mucosa, ele forma uma partição óssea entre as cavidades oral e nasal. O palato mole, que forma a parte posterior do céu da boca, é uma partição muscular em forma de arco entre a parte oral da faringe e a parte nasal da faringe que é revestida por túnica mucosa.
Pendurada na margem livre do palato mole encontra-se uma estrutura muscular em formato de dedo chamada úvula. Durante a deglutição, o palato mole e a úvula são atraídos superiormente, fechando a parte nasal da faringe e impedindo que os alimentos e líquidos ingeridos entrem na cavidade nasal.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Glândulas salivares: 
É a estrutura responsável por liberar saliva na cavidade oral. Normalmente, a quantidade de saliva secretada é a mínima necessária para manter a túnica mucosa úmida e lubrificada, entretanto, quando se ingere algum alimento, essas glândulas secretam quantidades maiores, com a finalidade de dissolver e iniciar a degradação alimentar. A túnica mucosa da boca e da língua contém muitas pequenas glândulas salivares que se abrem diretamente, ou indiretamente, via ductos curtos, na cavidade oral. Estas glândulas incluem as glândulas labial, bucal e palatina nos lábios, bochechas e palato, respectivamente, e as glândulas linguais na língua, todas dando uma pequena contribuição para a saliva.
No entanto, a maior parte da saliva é secreta a partir das glândulas salivares maiores, que se subdividem em glândulas parótidas, submandibulares e sublinguais. As glândulas parótidas estão localizadas inferior e anteriormente às orelhas, entre a pele e o músculo masseter.As glândulas submandibulares são encontradas no assoalho da boca, são mediais e parcialmente inferiores ao corpo da mandíbula. As glândulas sublinguais estão abaixo da língua e superiormente às glândulas submandibulares.
	TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Quimicamente a saliva é composta 99,5% de água e 0,5% de solutos. Entre esses solutos estão íons como sódio, potássio, cloreto, bicarbonato. Além desses íons, existem algumas substâncias orgânicas presentes na saliva como imunoglobulina A, a enzima bacteriolítica lisozima e a amilase salivar. Entretanto, não só na localização que as glândulas salivares se diferem, pois, o que elas secretam também é diferente. 
Inicialmente, a água na saliva fornece um meio para que os alimentos sejam dissolvidos e que os receptores gustativos e digestórios possam atuar, dando início a digestão. Os íons cloreto na saliva ativam a amilase salivar, uma enzima que transforma amido em maltose, maltotriose e α-dextrina. Os íons bicarbonato, também, atuam como substância tampão, neutralizando alimentos que sejam muito divergentes de pH neutro. 
A salivação é controlada pela divisão autônoma do sistema nervoso, podendo a quantidade de saliva chegar de 1 a 1,5 litros diários. Normalmente, a estimulação parassimpática promove a secreção contínua de uma quantidade moderada de saliva, o que mantém as túnicas mucosas úmidas e lubrifica os movimentos da língua e dos lábios durante a fala. A estimulação simpática domina durante o estresse, resultando em ressecamento da boca. 
Também, a sensação e o sabor dos alimentos também são potentes estimuladores das secreções das glândulas salivares. Produtos químicos nos alimentos estimulam os receptores nas papilas gustativas, e os impulsos são transmitidos das papilas gustativas para dois núcleos salivares no tronco encefálico (núcleos salivatório superior e salivatório inferior).
Língua: 
A língua é um órgão digestório acessório composto de músculo esquelético recoberto por túnica mucosa. Juntamente com seus músculos associados, forma o assoalho da cavidade oral. Os músculos extrínsecos da língua, que se originam fora da língua e se inserem nos tecidos conjuntivos da língua. Eles movem a língua de um lado para o outro e para dentro e para fora para manobrar os alimentos para a mastigação, moldar o alimento em massa arredondada e forçar o alimento para a parte de trás da boca para ser engolido.
Já os músculos intrínsecos da língua se originam e se inserem no tecido conjuntivo da língua. Eles alteram a forma e o tamanho da língua para a fala e deglutição. O frênulo da língua, uma prega de túnica mucosa na linha média da face inferior da língua, se insere ao assoalho da boca e ajuda a limitar o movimento da língua posteriormente. Uma condição interessante chamada de anquiloglossia, é característica das pessoas ditas como tendo ‘’a língua presa’’, tendo elas, na verdade, somente um encurtamento ou enrijecimento do frênulo. 
As faces dorsal e lateral da língua são recobertas por papilas, projeções da lâmina recobertas por epitélio escamoso estratificado. Muitas papilas contêm papilas gustativas, os receptores para gustação. Também, as glândulas linguais na lâmina própria da língua secretam muco e um líquido seroso aquoso que contém a enzima lipase lingual, que atua em até 30% dos triglicerídios (óleos e gorduras) dietéticos e os converte em ácidos graxos mais simples e diglicerídios.
Faringe:
	Quando o alimento é inicialmente ingerido, ele passa da boca para a faringe, um tubo afunilado que se estende dos cóanos ao esôfago posteriormente e à laringe anteriormente. A faringe é composta por músculo esquelético e revestida por túnica mucosa, é dividida em três partes: nasofaringe, orofaringe e a laringofaringe. A parte nasal da faringe atua apenas na respiração, mas as partes oral e laríngea da faringe têm funções digestórias e respiratórias. A comida engolida passa da boca para as partes oral e laríngea da faringe, as contrações musculares dessas áreas ajudam a impulsionar o alimento para o esôfago e, em seguida, para o estômago. Assim, é um dos poucos órgãos compartilhados entre os dois sistemas, tanto digestivo quanto respiratório. 
Esôfago: 
O esôfago é um tubo muscular colabável de aproximadamente 25 cm de comprimento que se encontra posteriormente à traqueia. O esôfago começa na extremidade inferior da parte laríngea da faringe, passa pelo aspecto inferior do pescoço, e entra no mediastino anteriormente à coluna vertebral. Em seguida, perfura o diafragma através de uma abertura chamada hiato esofágico e termina na parte superior do estômago.
Deglutição:
O movimento do alimento da boca para o estômago é alcançado pelo ato de engolir, ou deglutir. A deglutição é facilitada pela secreção de saliva e muco e envolve a boca, a faringe e o esôfago. A deglutição ocorre em três fases:
A. Fase voluntária: quando o bolo alimentar é passado para a parte oral da faringe;
B. Fase faríngea: quando o bolo alimentar vai da faringe ao esôfago;
C. Fase esofágica: que é a passagem involuntária do alimento do esôfago até o estômago. 
O bolo alimentar estimula os receptores da parte oral da faringe, que enviam impulsos para o centro da deglutição no bulbo e parte inferior da ponte do tronco encefálico. Os impulsos que retornam fazem com que o palato mole e a úvula se movam para cima para fechar a parte nasal da faringe, o que impede que os alimentos e líquidos ingeridos entrem na cavidade nasal. Além disso, a epiglote fecha a abertura da laringe, o que impede que o bolo alimentar entre no restante do trato respiratório.
	
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
A fase esofágica da deglutição começa quando o bolo alimentar entra no esôfago. Durante esta fase, o peristaltismo, uma progressão de contrações e relaxamentos coordenados das camadas circular e longitudinal da túnica muscular, empurra o bolo alimentar para a frente. 
1. Na seção do esôfago imediatamente superior ao bolo alimentar, as fibras musculares circulares se contraem comprimindo a parede esofágica e comprimindo o bolo alimentar em direção ao estômago;
2. As fibras longitudinais inferiores ao bolo alimentar também se contraem, o que encurta esta seção inferior e empurra suas paredes para fora para que possam receber o bolo alimentar;
3. O esfíncter esofágico inferior relaxa e o bolo alimentar se move para o estômago.
Estômago: 
O estômago é um alargamento do canal alimentar em formato de J que liga o esôfago ao duodeno. Visto que o intestino demora mais para absorver os nutrientes do que o estômago leva para digerir os alimentos, ele também funciona como uma câmara de armazenamento e mistura. Assim, em intervalos de tempo adequados, mantendo controlada a atuação do intestino delgado, o estômago libera quantidades do material digerido. Também, é no estômago que a digestão de amido e triglicerídios continua, além de começar a digestão de proteínas. 
Anatomicamente, o estômago possui quatro regiões: a cárdia, o fundo gástrico, o corpo gástrico e a parte pilórica. A cárdia circunda a abertura do esôfago ao estômago. A porção arredondada superior e à esquerda da cárdia é o fundo gástrico. Inferior ao fundo gástrico está a grande parte central do estômago, o corpo gástrico. A parte pilórica pode ser dividida em três regiões. A primeira região, o antro pilórico, liga o corpo ao estômago. A segunda região, o canal pilórico, leva à terceira região, o piloro, que por sua vez se conecta ao duodeno. Quando o estômago está vazio, a túnica mucosa forma grandes rugas, as pregas gástricas, que podem ser vistas a olho nu. O piloro se comunica com o duodeno do intestino delgado por meio de um esfíncter de músculo liso chamado músculo esfíncter do piloro.
	TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
As glândulas gástricas contêm três tipos de célulasglandulares exócrinas que secretam seus produtos para o lúmen do estômago: as células mucosas do colo, as células principais gástricas e as células parietais. No caso das células mucosas do colo, elas têm a função de secretar muco. Já as células parietais, secretam fator intrínseco e HCl. Por último, as células principais gástricas secretam pepsinogênio e lipase gástrica. Além dessas células, existe uma glândula classificada como enteroendócrina, são as células secretoras de gastrina, um hormônio que estimula várias atividades gástricas. 
Digestão mecânica e química no estômago: 
Alguns minutos depois de o alimento entrar no estômago, ondas de peristaltismo passam pelo estômago a cada 15 a 25 s. Cada onda peristáltica move o conteúdo gástrico do corpo gástrico para baixo para dentro do antro pilórico, em um processo conhecido como propulsão. Como a maior parte das partículas de alimento no estômago inicialmente são demasiadamente grandes para passar através do estreito óstio pilórico, elas são forçadas para trás para o corpo gástrico, em um processo conhecido como retropulsão. Ocorre então outra rodada de propulsão, movendo as partículas de alimentos de volta para o antro pilórico.
Isso não passa de um movimento responsável por misturar o suco gástrico ao conteúdo alimentar até que esse conteúdo tenha um aspecto líquido, quando vai passar a ser chamado de quimo. Após ter o tamanho mínimo necessário para passar pelo óstio do piloro, ocorre um fenômeno conhecido como esvaziamento gástrico. 
Embora as células parietais secretem os íons hidrogênio (H +) e íons cloreto (Cl –) separadamente no lúmen do estômago, o efeito líquido é a secreção de ácido clorídrico (HCl). As bombas de prótons transportam ativamente hídrons para o lúmen enquanto trazem íons potássio para dentro das células. Ao mesmo tempo, íons cloro e potássio se difundem, a partir da membrana apical, também, para o lúmen. Existe, também, uma enzima chamada anidrase carbônica, responsável por liberar um hídrons da molécula de ácido carbônico e formar um íon carbonato, que também entrará na célula parietal para a saída de mais íons cloreto. 
	TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Hormônios e enzimas envolvidos nos processos digestivos: 
A secreção de HCl pelas células parietais pode ser estimulada por várias fontes: a acetilcolina (ACh) liberada pelos neurônios parassimpáticos, a gastrina secretada pelas células secretoras de gastrina e a histamina, que é uma substância parácrina liberada pelos mastócitos na lâmina própria das proximidades. A acetilcolina e a gastrina estimulam as células parietais a secretar mais HCl na presença de histamina. Em outras palavras, a histamina atua sinergicamente, melhorando os efeitos da acetilcolina e da gastrina. Os receptores das três substâncias estão presentes na membrana plasmática das células parietais.
Além do suco gástrico ser ácido e agir na proteção contra microrganismos nos alimentos, ele desnatura parcialmente as proteínas a partir da adequação de acidez para a ação da pepsina, enzima secretada pelas células principais gástricas. A pepsina é secretada em uma forma inativa chamada pepsinogênio, nesta forma, ela não é capaz de digerir proteínas nas células principais gástricas que a produzem. O pepsinogênio não é convertido em pepsina ativa até que tenha entrado em contato com o ácido clorídrico secretado pelas células parietais, além de existir uma camada de 1 a 3mm de espessura de um muco alcalino que é secretado pelas células da mucosa. 
Outra enzima do estômago é a lipase gástrica, que cliva os triglicerídios (gorduras e óleos) das moléculas de gordura (como as encontradas no leite) em ácidos graxos e monoglicerídios. Esta enzima, que tem um papel limitado no estômago adulto, opera melhor a um pH entre 5 e 6. Mais importante do que qualquer lipase lingual ou lipase gástrica é a lipase pancreática, uma enzima secretada pelo pâncreas no intestino delgado.
As células mucosas do estômago absorvem um pouco de água, íons e ácidos graxos de cadeia curta, bem como determinados fármacos (especialmente o ácido acetilsalicílico) e álcool.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Pâncreas: 
Do estômago, o quimo passa para o intestino delgado, onde a digestão química no intestino delgado depende da atividade do pâncreas, do fígado e da vesícula biliar. O pâncreas consiste em uma cabeça, um corpo e uma cauda e geralmente está ligado ao duodeno por dois ductos. Os sucos pancreáticos são secretados pelas células exócrinas em pequenos ductos que por fim se unem para formar dois ductos maiores, o ducto pancreático e o ducto acessório. Estes, por sua vez, levam as secreções até o intestino delgado.
O ducto pancreático é o maior dos dois ductos. Na maior parte das pessoas, o ducto pancreático se une ao ducto colédoco que vem do fígado e vesícula biliar e entra no duodeno como um ducto comum dilatado chamado ampola hepatopancreática ou ampola de Vater. A passagem do suco pancreático e biliar por meio da ampola hepatopancreática para o duodeno do intestino delgado é regulada por uma massa de músculo liso que circunda a ampola conhecida como músculo esfíncter da ampola hepatopancreática. O outro grande ducto do pâncreas, o ducto pancreático acessório, sai do pâncreas e esvazia-se no duodeno aproximadamente 2,5 cm acima da ampola hepatopancreática.
 O pâncreas é composto por pequenos aglomerados de células epiteliais glandulares. Aproximadamente 99% dos aglomerados, chamado ácinos, constituem a porção exócrina do órgão. As células no interior dos ácinos secretam uma mistura de líquidos e enzimas digestórias chamadas suco pancreático. O 1% restante dos aglomerados, as chamadas ilhotas pancreáticas, formam a porção endócrina do pâncreas. Estas células secretam os hormônios glucagon, insulina, somatostatina e polipeptídio pancreático.
 O pâncreas secreta um líquido incolor rico em bicarbonato de sódio e algumas enzimas, o que dá a esse conteúdo um pH levemente básico, que tampona o suco gástrico que entrou juntamente com o quimo no duodeno. As enzimas no suco pancreático incluem uma enzima para digerir amido chamada amilase pancreática, várias enzimas que digerem proteínas em peptídios chamadas tripsina, quimotripsina, carboxipeptidase e elastase, a principal enzima que digere triglicerídios em adultos, chamada lipase pancreática, e as enzimas que digerem ácidos nucleicos chamadas ribonuclease e desoxirribonuclease.
As enzimas pancreáticas que digerem proteínas são produzidas em uma forma inativa, tal como a pepsina é produzida no estômago como pepsinogênio. Como são inativas, as enzimas não digerem as células do próprio pâncreas. A tripsina é secretada em uma forma inativa chamada tripsinogênio. Quando o tripsinogênio alcança o lúmen do intestino delgado, encontra uma enzima de ativação da borda em escova chamada enteroquinase, que divide parte da molécula tripsinogênio para formar a tripsina.
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Fígado e vesícula biliar: 
De todos os órgãos do corpo, é o segundo em tamanho, perdendo apenas para a pele. O fígado encontra-se inferiormente ao diafragma e ocupa a maior parte do hipocôndrio direito e parte das regiões epigástricas da cavidade abdominopélvica. A vesícula biliar é um saco em forma de pera que está localizado em uma depressão da face posterior do fígado. Mede de 7 a 10 cm de comprimento e normalmente pende da margem inferior anterior do fígado.
Os hepatócitos secretam diariamente de 800 a 1.000 mℓ de bile, um líquido amarelo, marrom ou verde oliva. Ele tem um pH entre 7,6 e 8,6 e é constituído principalmente por água, sais biliares, colesterol, um fosfolipídio chamado lecitina, pigmentos biliares e vários íons. A bile é parcialmente um produto de excreção e parcialmente uma secreção digestória. Os sais biliares,que são sais de sódio e sais de potássio dos ácidos biliares (principalmente ácidos quenodesoxicólico e cólico), desempenham um papel na emulsificação, a fragmentação de grandes glóbulos lipídicos em uma suspensão de pequenos glóbulos lipídicos. 
Os pequenos glóbulos lipídicos apresentam uma área de superfície muito grande que possibilita que a lipase pancreática realize mais rapidamente a digestão dos triglicerídios. Os sais biliares também ajudam na absorção de lipídios após a sua digestão. 
Embora os hepatócitos liberem bile continuamente, aumentam sua produção e secreção quando o sangue do sistema porta contém mais ácidos biliares. Assim, conforme a digestão e a absorção prosseguem no intestino delgado, a liberação de bile aumenta. Entre as refeições, depois que a maior parte da absorção ocorreu, a bile flui para dentro da vesícula biliar para armazenamento, porque o músculo do esfíncter da ampola hepatopancreática fecha a entrada para o duodeno.
Tabela completa de enzimas necessárias para a digestão: 
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
Intestino grosso:
Esse órgão representa a parte terminal do canal alimentar, possuindo um comprimento de cerca de 1,5m, ele está ligado a parede posterior do abdome pelo seu mesocolo, que é uma dupla camada de peritônio. Estruturalmente, o intestino grosso é dividido em quatro porções: ceco, colo, reto, canal anal.
A abertura do ílio que dá para o intestino grosso é segurada por uma prega de túnica mucosa chamada óstio ileal. Logo após essa prega encontra-se o ceco, que é uma estrutura parecida com uma pequena bolsa e que apresenta uma projeção inferior chamado apêndice vermiforme. Após isso, a extremidade aberta do ceco se liga a um longo tubo chamado colo, que é composto por quatro partes: ascendente, transverso e descendente e sigmoide. Ao final, o colo sigmoide se funde ao reto, que, quando nos últimos 2 ou 3cm, é chamado canal anal, que finaliza o canal alimentar. Nesse caso, a abertura para o canal anal, chamado ânus, é guardado pelo esfíncter interno do ânus – composto por musculatura lisa – e o esfíncter externo do ânus – composto por musculatura esquelética.
Digestão mecânica e química no intestino grosso: 
A passagem do quimo do íleo para o seco é controlada pela ação do óstio ileal. Normalmente esse óstio permanece parcialmente fechado, mas pela ação do reflexo gastrointestinal, imediatamente após a refeição, e pela gastrina, ele se distende permitindo a passagem do quimo. Seguido disso, os movimentos do colo se iniciam na medida em que o alimento passa pelo óstio ileal, e o quimo, nesse caso, vai se acumulando aos poucos pelo colo ascendente. 
Um movimento característico do intestino grosso é a agitação das saculações do colo. No caso, na chegada do quimo, as saculações apresentam-se distendidas, entretanto, quando ela se enche, graças aos corpúsculos tendíneos que analisam a distensão da parede do intestino, as paredes se contraem empurrando o conteúdo para a próxima saculação. O último movimento é o peristaltismo em massa, esse peristaltismo leva rapidamente o alimento do colo transverso para o reto, e, como é mediado pelo reflexo gastrocólico no colo, esse peristaltismo geralmente acontece imediatamente após cada refeição. 
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016
A fase final da digestão ocorre no colo por meio da ação das bactérias que habitam o lúmen, mas não são secretadas enzimas. O quimo é preparado para a eliminação pela ação de bactérias, que fermentam quaisquer carboidratos restantes e liberam hidrogênio, dióxido de carbono e gases metano. Estes gases contribuem para os flatos no colo. Os produtos bacterianos que são absorvidos pelo colo incluem várias vitaminas necessárias para o metabolismo normal, entre as quais algumas vitaminas B e a vitamina K.
Absorção e formação das fezes e reflexo de defecação:
Até agora o quimo permaneceu no intestino grosso por 3 a 10 h, tornou-se sólido ou semissólido por causa da absorção de água e agora é chamado fezes. Quimicamente, as fezes consistem em água, sais inorgânicos, células epiteliais da túnica mucosa do canal alimentar, bactérias, produtos da decomposição bacteriana, materiais digeridos e não absorvidos e partes não digeríveis de alimentos.
Os movimentos peristálticos em massa empurram o material fecal do colo sigmoide para o reto. A distensão resultante da parede retal estimula os receptores de estiramento, que iniciam um reflexo de defecação que resulta na defecação, a eliminação das fezes do reto por meio do ânus. O reflexo de defecação ocorre do seguinte modo: em resposta à distensão da parede retal, os receptores enviam impulsos nervosos sensitivos para a medula espinal sacral. Impulsos motores da medula viajam ao longo dos nervos parassimpáticos de volta para o colo descendente, colo sigmoide, reto e ânus. A contração resultante dos músculos longitudinais retais encurta o reto, aumentando assim a pressão em seu interior. Esta pressão, junto com contrações voluntárias do diafragma e dos músculos abdominais, além do estímulo parassimpático, abrem o músculo esfíncter interno do ânus.
Se a defecação não ocorrer, as fezes voltam para o colo sigmoide até que a próxima onda de peristaltismo em massa estimule os receptores de estiramento, novamente produzindo a vontade de defecar. Em crianças, o reflexo de defecação provoca esvaziamento automático do reto, porque o controle voluntário do músculo esfíncter externo do ânus ainda não se desenvolveu. O número de defecações em um determinado período de tempo depende de vários fatores, como a dieta, a saúde e o estresse. A variação normal de atividade intestinal vai de 2 ou 3 defecações por dia a 3 ou 4 defecações por semana.
A constipação intestinal se refere à defecação infrequente ou difícil causada pela diminuição da motilidade do intestino. Como as fezes permanecem no colo por períodos prolongados, ocorre uma absorção excessiva de água, e as fezes tornam-se ressecadas e duras. A constipação intestinal pode ser causada por maus hábitos (adiar a defecação), espasmos do colo, teor insuficiente de fibras na dieta, ingestão inadequada de líquidos, falta de exercício, estresse emocional e certos medicamentos. Um tratamento comum é um laxante suave, como o leite de magnésia, que induz à defecação. No entanto, muitos médicos afirmam que os laxantes viciam, e que adicionar fibras à dieta, aumentar a prática de exercícios físicos e aumentar a ingestão de líquido são maneiras mais seguras de controlar este problema comum. 
Atividade elétrica do músculo liso gastrointestinal: 
O músculo liso do trato gastrointestinal é excitado por atividade elétrica intrínseca, contínua e lenta, nas membranas das fibras musculares. Essa atividade consiste em dois tipos básicos de ondas elétricas: ondas lentas, e potenciais em espícula.
ONDAS LENTAS: a maioria das contrações gastrointestinais ocorre ritmicamente, e o ritmo é determinado, em grande parte, pela frequência das chamadas “ondas lentas” do potencial da membrana do músculo liso, sendo que, essas ondas não são potenciais de ação. Portanto, o ritmo da contração do corpo do estômago, do duodeno e do íleo é de 3 por minuto, 12 por minuto e 8 a 9 por minuto, respectivamente. As ondas lentas geralmente não causam, por si sós, contração muscular, na maior parte do trato gastrointestinal, exceto talvez no estômago. Mas basicamente estimulam o disparo intermitente de potenciais em espícula e estes, de fato, provocam a contração muscular.
POTENCIAIS DE ESPÍCULA: os potenciais em espícula são verdadeiros potenciais de ação. Ocorrem, automaticamente, quando o potencial de repouso da membrana do músculo liso gastrointestinal fica mais positivo do que cerca de −40 milivolts. Assim, observa-se que toda vez que os picos das ondas lentas ficam temporariamente mais positivos do que −40 milivolts surgem os potenciais em espícula, superpostos a esses picos.Quanto maior o potencial da onda lenta, maior a frequência dos potenciais em espícula, geralmente entre 1 e 10 pontas por segundo.
Nas fibras do músculo liso gastrointestinal, os canais responsáveis pelos potenciais de ação são diferentes; eles permitem que quantidade particularmente grande de íons cálcio entre junto com quantidades menores de íons sódio e, portanto, são denominados canais para cálcio-sódio. Esses canais se abrem e fecham com mais lentidão que os rápidos canais para sódio das grandes fibras nervosas. A lenta cinética de abertura e fechamento dos canais para cálcio-sódio é responsável pela longa duração dos potenciais de ação.
Sob condições normais, o potencial de repouso da membrana é, em média, de −56 milivolts, mas diversos fatores podem alterar esse nível. Quando o potencial fica menos negativo, o que é denominado despolarização da membrana, as fibras musculares ficam mais excitáveis. Quando o potencial fica mais negativo, o que se chama de hiperpolarização, as fibras ficam menos excitáveis. 
Visto isso, existem fatores responsáveis por despolarizarem a membrana e deixa-la mais excitável, dentre eles estão: estiramento do músculo, estimulação por acetilcolina, estimulação por hormônios gastrointestinais. Noutro modo, os fatores responsáveis por hiperpolarizarem a membrana deixando-a menos excitável: efeito da norepinefrina ou da epinefrina e estimulação dos nervos simpáticos que secretam principalmente norepinefrina em seus terminais. 
HALL, John Edward; GUYTON, Arthur C. Guyton & Hall tratado de fisiología médica. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2017.
Referências: 
Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. – 2. ed., Brasília: Ministério da Saúde, 2014
Tratado de Pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria, 4ª edição, Barueri, SP: Manole,2017
TORTORA, Gerard. J.; DERRICKSON, Bryan. Princípios de Anatomia e fisiologia. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2016

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