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Climatério Climatério é o período de transição entre a fase reprodutiva e o estado não reprodutivo da vida da mulher. A menopausa, resultado da perda da função folicular ovariana, é o macro desta fase, correspondendo a cessação permanente das menstruações, somente reconhecida após passados 12 meses de amenorreia. Segundo a OMS, a perimenopausa se estende desde o início das modificações endocrinológicas, biológicas e clínicas anteriores à menopausa até o diagnóstico desta, podendo preceder a última menstruação em 2 a 8 anos (média de 4 anos). A idade cronológica é um pobre indicador do início e fim da transição perimenopáusica. A idade média de ocorrência da menopausa é de 50 anos, sendo definida menopausa precoce a que se estabelece antes dos 40 anos e menopausa tardia quando ocorre após os 55 anos. O climatério é um acontecimento fisiológico na vida da mulher se que manifesta de forma evidente no que tange à perda da função reprodutiva, mas essa modificação abrange vários outros processos simultaneamente em diversos órgãos e sistemas. Os efeitos da carência de estrogênio são diferentes para cada mulher, e as necessidades preventivas ou terapêuticas podem se modificar ao longo do tempo, das condições de saúde e de bem-estar individuais, Uma mulher com idade próxima dos 50 anos, amenorreia e quadro clínico característico não necessita de investigação laboratorial hormonal para o estabelecimento do diagnóstico de climatério. Entretanto, o diagnóstico laboratorial do estado pós-menopáusico é de FSH > 40 Mui/mL e de E2<20 pg/mL. Fisiologia Todos os folículos primordiais presentes nos ovários de uma mulher são formados ainda na sua vida intrauterina. Por volta da 20ª semana de gestação atingem seu número máximo, cerca de 7 milhões. Aproximadamente 70% são perdidos por apoptose até o nascimento. Entre o nascimento e o início da puberdade, essa redução se mantém, alcançando a marca de 300 a 500 mil oócitos na menarca. Na menacme, 99% dos folículos restantes entrarão em atrésia e 0,1% prosseguirá seu desenvolvimento até a ovulação. Na menopausa, raramente ainda há algum folículo no ovário. A idade de ocorrência da menopausa parece ter alguma relação com a idade da menopausa materna, podendo ocorrer mais cedo (1,4 ano antes) entre as mulheres que apresentam ciclos mais curtos do que 26 dias na menacme, e pode ser antecipada em 1 a 2 anos entre as fumantes. Sabe-se que os hidrocarbonetos policíclicos do cigarro são tóxicos aos folículos ovarianos. Existem evidências de que mulheres vegetarianas e subnutridas também podem apresentar menopausa antes da população em geral. A menopausa representa o fim da função reprodutora natural, ocasionando um decréscimo importante na produção hormonal feminina. Receptores estrogênicos tipo alfa e beta existem em diferentes concentrações em vários locais do organismo, como pele, vasos, coração, óssos, cérebro, mama, útero, vagina, bexiga e uretra. Uma vez suprimida a função hormonal ovariana, esses receptores percebem a carência hormonal, podendo produzir sinais e sintomas desse período. No climatério pré-menopáusico, os folículos em número reduzido respondem mal aos estímulos hipofisários, produzindo irregularidade menstrual e diminuindo a frequência dos ciclos ovulatórios. É perdido o padrão da secreção de estradiol que havia na menacme, e a concentração de progesterona permanece baixa (<1 g/mL nos ciclos anovulatórios). Mesmo ocorrendo ovulação, as concentrações de estradiol e progesterona nesses ciclos podem ser inferiores às dos ciclos em fases mais jovens, mas em algumas mulheres o estradiol pode até ser superior nesse momento. O principal achado perimenopausa é a significativa variabilidade das secreções hormonais, tornando as dosagens hormonais sem valor na avaliação das pacientes. Apesar da grande flutuação na secreção hormonal nesse período, a alteração mais frequente do climatéirio pré- menopáusico é o aumento dos níveis de FSH com níveis ainda normais de LH e níveis normais ou levemente aumentados de estadiol. Esse aumento de FSH se deve à queda da produção das inibinas pelo ovário, que, na menacme, contribuíram para suprimir o FSH. Inicialmente, há redução nas taxas de inibina B e, posteriormente, também da inibina A, ocasionando a elevação dos níveis de FSH, recedendo a do LH em cerca de uma década. Mulheres acima dos 40 anos têm níveis de FSH significativamente superiores aos de mulheres com menor idade. Após a menopausa, a hipófise, estimulada pelo GnRH, libera maiores quantidades de FSH e LH em uma tentativa de induzir os ovários a uma adequada produção de estradiol. Entretanto, o nível de estradiol, em geral, permanece inferior a 20 pg/mL. Na pós menopausa, há redução de outros esteroides sexuais. Os níveis de testosterona são 20% inferiores; os de androstenediona são 50% mais baixos do que na pré- menopausa; e a concentração de di-hidrotestosterona entre 51 e 60 anos é de cerca de 1/3 daquela entre 18 e 25 anos. A remoção dos ovários após a menopausa reduz os níveis de testosterona em 50%, com menor influência sobre a androstenediona. Há evidências de que as concentrações de testosterona declinem em função da idade, não somente devido à reduzida função ovariana. Cerca de 2/3 da androstenediona circulante provêm da suprarrenal, e o restante é de produção ovariana. Os estrogênios circulantes na mulher menopáusica provêm, em sua maior parte, da conversão de estrogênios em estrona nos tecidos gorduroso, hepático e muscular. Por esse motivo, as pacientes obesas têm maior produção endógena de estrogênio. As obesas também apresentam diminuição na produção de globulina ligadora de hormônios sexuais (SHBG), devido à resistência à insulina, havendo, assim, uma oferta maior de estrogênios. A variação dessas capacidades de transporte e metabolização periférica dos androgênios dá, a cada mulher na menopausa, um perfil variável de biodisponibilidade de estrogênios com repercussões no metabolismo e quando clínico e laboratorial. Quadro clínico O climatério, a perimenopausa e a menopausa são fenômenos universais entre as mulheres, mas suas apresentações clínicas podem ser muito variáveis entre populações e culturas. Ainda no período pré-menopáusico, a queixa mais frequente é a irregularidade menstrual, com encurtamento dos ciclos, atrasos menstruais, menorragias ou hipermenorreias. É rara a parada abrupta das menstruações (ocorre em 10%), pois o declínio funcional ovariano é progressivo. Aproximadamente 90% das mulheres experimentam 4 a 8 anos de alterações nos ciclos menstruais antes da menopausa. As menorragias, em geral, refletem a irregularidade das secreções hormonais (em geral, ciclos anovulatórios), mas podem ser sinais de lesões orgânicas (pólipos, leiomiomas, hiperplasia ou adenocarcinoma de endométrio), cuja presença deve ser descartada. O sangramento uterino anormal requer investigação e pode ser caracterizado como aumento da perda sanguínea usual (>80 mL, especialmente se houver presença de coágulos ou anemia.), fluxo prolongado (>7 dias), ciclos com intervalos menores que 21 dias ou sangramento após intercurso sexual. Os sintomas vasomotores (fogachos) são descritos por 68 a 85% das mulheres e, entre as ooforectomizadas, até 90%. Parece que as mulheres mais magras e fumantes apresentam o sintoma com maior frequência. Os fogachos podem ter início na pré-meopausa (ocorrem em 20% das mulheres ainda com ciclos regulares), persistindo em 57% dos casos por mais de 5 anos após a menopausa e, em 10%, prolongando-se por mais de 15 anos. É uma sensação de calor intenso na face, no pescoço, na parte superior do tronco e nos braços (raramente acomete a parte inferior do corpo), seguida por enrubescimento da pele e depois sudorese profusa, devendo-se a uma instabilidade do centro termorregulador hipotalâmico.O seu mecanismo exato é ainda desconhecido, mas parece envolver os receptores hipotalâmicos alfa-2-adrenérgicos, que seriam afetados pela queda estrogênica associada ao período em algumas mulheres, o fogacho é acompanhado de palpitações, vertigem, fraqueza e ansiedade, durando em média de 1 a 4 minutos, sendo mais comum à noite. Talvez por essa maior frequência noturna, o fogacho seja responsável pela queixa comum de insônia da mulher climatérica, contribuindo para maior irritabilidade, cansaço e redução na capacidade de concentração. Entretanto, a insônia ocorre na mulher menopáusica independentemente dos fogachos. Os sintomas de alteração de humor, como ansiedade, depressão e irritabilidade, são frequentes. Tais alterações têm sido descritas como consequentes das mudanças hormonais do período, uma vez que estudos recentes sugerem o envolvimento de substâncias, como adrenalina, noradrenalina, serotonina, opioides e GABA sobre a secreção dos hormônios hipofisários, assim como alterações em seus níveis em função da deficiência estrogênica. A atrofia urogenital da pós-menopausa pode trazer uma série de sintomas, como ressecamento vaginal, dispareunia, vaginites, urgência urinária, disúria, uretrites atróficas e agravamento de incontinência urinária. A vulva perde maior parte de seu colágeno e tecido adiposo, tornando-se plana e fina, com raras glândulas sebáceas. Há perda progressiva dos pelos pubianos, e a pele torna-se mais fina. A ausência de estrogênio, que estimulada a maturação do epitélio vaginal desde as camadas basais até a superfície, impede essa diferenciação: passa a haver pouca ou nenhuma produção de células superficiais (ricas em glicogênio), produzindo um pH vaginal entre 6 e 8. Com isso, há menor resistência contra organismos patogênicos, e pode ocorrer vaginite atrófica. A vagina encurta-se e estreita-se, com perda das rugosidades e suas secreções. Além da infecção, pode ocorrer dispareunia. A parede vaginal fica mais fina, menos elástica e de coloração pálida. A parede vaginal pode se tornar friável, com petéquias, e um sangramento pode ocorrer secundariamente a pequeno trauma (como a colocação de um espéculo). O útero e os ovários diminuem de tamanho após a menopausa. O epitélio do trato urinário inferior, incluindo a uretra e o trígono vesical, sofre atrofia semelhante a da vagina. A atrofia da bexiga e da uretra pode resultar em cistouretrite atrófica, infecções urinárias de repetição, carúncula uretral, ectrópio e agravamento da incontinência urinária de estresse. A uretra distal pode se atrofiar, formando estreitamentos com cistopatia obstrutiva, levando a uma maior quantidade de urina residual e favorecendo infecções ascendentes. As queixas sexuais são muito frequentes nesse período. A pele se afina, tanto na derme como na epiderme, após a menopausa. Há correlação entre o conteúdo de colágeno da pele com o tratamento hormonal, ou seja, nas mulheres tratadas com estrogênio, o conteúdo de colágeno eleva-se (até um nível existente na pré-menopausa, com melhora do tônus muscular e as rugas. Também deve ser lembrada a ação do estrogênio sobre os cabelos. Na pós-menopausa, com uma menor oposição, os androgênios tornam o cabelo mais fino favorecendo a calvice. O estrogênio faz o estímulo oposto: melhora a textura, aumenta a espessura do cabelo e pode atenuar o aparecimento da alopecia androgênica. Duas patologias se relacionam com o período climatéico: a doença cardiovascular e a osteoporose. A doença cardiovascular é a principal causa de morte entre as mulheres no período pós-menopáusico, sendo responsável por um número de mortes superior ao de outras causas somadas. Na 7ª ou 8ª década de vida, a incidência de infartos do miocárdio tende a se igualar com a do sexo masculino. Existe uma relação entre menopausa precoce e uma maior morbidade e mortalidade por DCV. Osteoporose A osteoporose, problema comum nas mulheres, especialmente após a menopausa, é definida como uma redução da massa óssea, com alterações da microestrutura, levando ao aumento da fragilidade dos ossos e das fraturas por traumatismos pouco intensos. Clinicamente, a osteoporose é uma doença crônica e insidiosa que, na maioria das vezes, evolui sem sintomas, entretanto, dores musculoesqueléticas podem chamar atenção para o problema, pois também decorrem de fraturas ou de deformidades, como a cifose. As dores das fraturas vertebrais são variáveis, podem ter pouca intensidade e duração, mesmo assim resultam em piora da qualidade de vida. Já as fraturas do fêmur próxima causam grande impacto na morbimortalidade. A principal manifestação clínica da osteoporose é a fratura. Uma baixa massa óssea pode resultar de aquisição deficiente ou de perdas excessivas; as alterações na microestrutura óssea resultam do próprio processo de perda ou na inadequada reparação do tecido ósseo ao resgate ao envelhecimento. Tanto a perda óssea como as alterações microestruturais contribuem para um aumento da fragilidade óssea e para as fraturas por traumas leves. Além disso, condições que favorecem as quedas ao solo também são importantes agentes nas fraturas, principalmente as do fêmur próxima, do antebraço e da coluna. Fisiopatogenia da perda óssea na menopausa: A maior parte da aquisição da massa óssea é determinada geneticamente, sendo que vários genes parecem contribuir parcial e aditivamente para isso. Tanto na aquisição da massa óssea como nos processos de perda, podem sobrepor-se vários fatores ambientais, como deficiências nutricionais, sedentarismo, tabagismo, alcoolismo ou ainda doenças que afetam o tecido ósseo, direta ou indiretamente, aumentando sua fragilidade ou favorecendo traumas. No metabolismo ósseo normal, ocorre um perfeito balanço entre os processos de formação e reabsorção óssea executados, respectivamente, por osteoblastos e osteoclastos, de acordo com as necessidades do desenvolvimento do esqueleto ao longo da vida. Esse balanço é controlado por hormônios e fatores teciduais. Após o período do crescimento e da puberdade, geralmente na terceira década de vida, a massa óssea atinge seu pico, quando então começa uma perda óssea lenta de cerca de 0,2 a 0,5% ao ano. Na transição da menopausa, 2 a 3 aos antes da menopausa, até 3 a 5 anos depois, a perda óssea acelera para 2% ao ano, podendo ser mais intensa. Após, ocorre uma desaceleração para 1 a 1,5% ao ano pelo resto da vida. Em média, aos 80 anos, as mulheres perdem 30% do seu pico de massa óssea. A deficiência de estrogênio, nas células precursoras dos osteoblastos, a liberação de várias substâncias, como IL-1, IL-6, fatores estimulantes de colônias de macrófagos e granulomacrófagos, prostaglandina E2 e TNF-a, que aumentam a reabsorção óssea. Recentemente ficou estabelecido que esse processo é principalmente regulado por ligantes da família dos TNFs. São estes o ligante do receptor ativador do fator nuclear NF- KB (RANKL), o próprio receptor (RANK) e osteoprotegerina que é um receptor solúvel que ajuda a neutralizar o RANKL. O RANKL pode ser produzido por precursores OBs e por linfócitos T e B. IL-1 e TNF-a também podem ser produzidos por monócitos e linfócitos T. Toda essa excessiva liberação de fatores teciduais pode ser revertida administrando-se estrogênios, o que induz também a produção do fator transformador de crescimento-beta (TGF-B), pelas mesmas células precursoras de OBs e por linfócitos B. o TGF-B também é um inibidor da atividade dos OCs. O aumento da diferenciação e sobrevida dos osteoclastos também é modulado por hormônios como PTH, calcitrol, tiroxina, PTH- RP e PGE2. A osteoporose é mais frequentemente observada em mulheres pós-menopausicas, mas pode ocorrer na infância, na gestação, em idosos (mulheres e homens) e, também, ser causada por várias doenças como: hipogonaadismo, hiperparatireoidismo,síndrome de Cushing, prolactinomas, acromegalia, anorexia nervosa, cirroses, artrite reumatoide, osteogênese imperfeita, drogas (glicocorticoides, varfarina, heparina, fenobarbital, litio), tabagismo, alcoolismo, imobilização, etc. Avaliação da densitometria óssea na menopausa: A American Menopause Society (NAMS), recomenda a avaliação densiométrica: • Em todas as mulheres com 65 anos ou mais e eu tenham doenças que causem perdas ósseas; • Nas mulheres na menopausa ou em transição, com 50 anos ou mais, que tiverem pelo menos um dos seguintes problemas: Uma fratura após menopausa ou após os 50 anos (exceto as de crânio, face, tornozelo ou dedos); Magreza ou IMC menor ou igual a 21; Pais com história de fratura de quadril; Artrite reumatoide; Fumantes atuais; Ingestão de álcool excessiva (3 doses ou mais por dia). A International Society for Clinical Densitometry (2010) e a Sociedade Brasileira de Densitometria Clínica (2008) também sugerem avaliar a massa óssea nas seguintes situações: • Mulheres entre 40 e 50 anos na transição menopausal; • Mulheres que interromperam a reposição estrogênica; • Aquelas que forem fazer tratamento para osteoporose; • Monitoramento dos tratamentos para osteoporose. • Quando a presença de perda óssea for determinar o tratamento. Há mais de 15 anos, a OMS sugeriu um critério diagnóstico operacional de osteoporose a partir das medidas de densitometria óssea no antebraço, na coluna ou no colo do fêmur, os absorciometria fotônica (SPA, DPA) ou por raio X duoenergético (DXA). Atualmente, o exame por DXA é considerado o padrão-ouro para esse diagnóstico. Recentemente, a International Socielty for Clinical Densitometry e a Sociedade Brasileira de Densitometria Óssea sugeriram que o valor entre as regiões da coluna lombar ou do fêmur proximal, seja considerado o diagnóstico densiotométrico. Critérios diagnósticos da OMS (com nomenclatura atual) → Normal: densitometria óssea com T-score até -1 → Osteopenia: densitometria óssea com T-score de -1,1 a -2,4 → Osteoporose: densitometria óssea com T-score menor ou igual a -2,5 *Um T-score é o número de desvios-padrão da DO de uma pessoa em relação à medida dos valores das mulheres brancas normais jovens; um Z-score é o número de desvios em relação à medida das mulheres normais da mesma idade da paciente. Avaliação das causas secundárias de osteoporose na menopausa: Além da menopausa, existem várias causas de osteoporoses secundárias que acometem cerca de 20% das mulheres pós-menopausicas. Portanto, é importante fazer uma avaliação laboratorial dirigida à exclusão das patologias que causam perda óssea e avaliar os possíveis distúrbios do metabolismo mineral. As medidas de calcemia, fósforo, fosfatase alcalina, creatinina sérica, hemograma, VSG, TSH, iPTH e calciúria de 24 horas estão indicadas em todos os pacientes com osteopenia importante ou osteoporose. O rastreamento da síndrome de Cushing só está indicao nas pacientes com suspeita clínica. Nas pacientes com história de fratura, cifose, história de perda de altura (> 4 cm desde a juventude) ou com DO na faixa de osteoporose, mesmo na ausência de dor, o raio X da coluna torácica ou a morfometria vertebral por DXA estão indicados. Nas pacientes com achatamentos vertebrais leves (grau I), o risco de nova fratura é independente da massa óssea, podendo ocorrer em menos de um ano. Os marcadores do metabolismo ósseo, tanto os indicadores da formação (osteocalcina, fosfatase alcalina óssea) quanto os da ressorção (as piridinolinas e os telopeptídeos – N ou C, séricos ou urinários), se aumentados, indicam uma aceleração da remodelação óssea, mas não têm valor diagnóstico nem uma clara justificativa para seu emprego rotineiro. Abordagem prática da perda óssea na menopausa: → Avaliar os fatores de risco de fratura; → Determinar densitometria óssea da coluna e do fêmur; → Avaliar as causas secundárias nos casos mais graves ou imprevistos. Diante de uma paciente na menopausa com risco de fratura ou com uma nítida redução de massa óssea, por exemplo, com T-score abaixo de -1,5, é importante avaliar hábitos alimentares, atividade física e fatores de risco para identificar as distorções e corrigi-las. De acordo com resultados epidemiológicos, a maioria das fraturas de fragilidade ocorrem na osteopenia (T-score abaixo de -1,1 a 2,4), mas também nas mulheres que tiverem fratura prévia, saúde debilitada ou pouca mobilidade. Conduta na avaliação da osteoporose na menopausa Opções não farmacológicas: → Atividade física: a imobilização causa perda óssea e a atividade física aumenta a resistência muscular, estimula a coordenação e o equilíbrio e mantém a flexibilidade. → Exercícios com pesos e resistência são os mais efetivos em aumentar a densidade óssea e a resistência muscular (não existem grandes estudos). → A OMS sugere que caminhadas, exercícios anaeróbicos e o thai chi são as melhores formas de estimular a formação óssea e a resistência muscular. → Reduzir o risco de quedas é uma medida importante: evitar tapetes em casa, usar barras de apoio, evitar consumo de álcool... → Dieta rica em cálcio e vitamina D. As mulheres na menopausa deverão ser orientadas a manter uma ingestão de cálcio alimentar de 1,2 a 1,5 g/dia, e de vitamina D, superior a 700 UI. Entretanto, o aumento da idade poderá dificultar a absorção de cálcio, e a institucionalização ou redução da exposição à luz solar podem prejudicar a metabolização da vitamina D. Logo, orienta-se o uso de suplementos divididos em duas tomadas diárias junto com os alimentos. Opções farmacológicas: 1. Agentes antirreabsortivos: atuam bloqueando a reabsorção óssea por inibição da atividade osteoclástica, aumentando a DMO e reduzindo a ocorrência de fraturas. São eles: a. Bifosfonatos: indicados para o tratamento da osteoporose e prevenção de fraturas em mulheres idosas, sendo que alguns representantes já foram aprovados para o tratamento de mulheres não climatéricas, homens e crianças, bem como usuários de corticoide. Pode ser administrados por via oral diariamente (alendronato 10 mg, risendronato 5 mg, ibandronato 2,5 mg), semanalmente (alendronato 70 mg, risendronato 35 mg) ou mensalmente (ibandronato e risendronato 150 mg), e por via intravenosa trimestral (ibandronato 3 mg) ou anualmente (zolendronato 5 mg). Têm baixa bioatividade na forma oral, devem ser ingeridos em jejum e com água não mineral. Os efeitos adversos incluem distúrbios gastrointestinais, mialgia, artralgia e febre baixa. b. Calcitonina: injeção subcutânea ou spray nasal na dose de 200 UI/dia. Reduzem o risco de novas fraturas vertebrais e analgesia das fraturas preexistentes. c. Ranelato de estrôncio d. Moduladores seletivos dos receptores de estrogênio: reduzem a reabsorção óssea por meio de bloqueio das mudanças conformacionais do receptor de estrogênio, atuando como agonista ou antagonista, dependendo do tecido alvo. O único representante liberado para tratamento e prevenção da osteoporose é o raloxifeno 60 mg/dia. e. Agentes anabólicos: induzem formação óssea por estímulo da ação osteoblastica. A teriparatida injetável pó paratormônio sintético (PTH1-34) é indicada para mulheres com osteoporose moderada a severa e com alto risco para fratura e para homens com osteoporose. f. Outros: terapia hormonal (previne a osteoporose, mas pode ter repercussão no câncer de mama e doenças cardiovasculares). Menopausa precoce Denomina-se menopausa precoce ou insuficiência ovariana prematura o quadro clínico e/ou laboratorial de hipogonadismo hipergonadotrófico que se instala antes dos 40 anos de idade. Estima-se que 1% das mulheres apresentam menopausa precoce. Sua etiologia é controversa e variada. A literatura sugere como principais possíveis causas os fatores genéticos, as doenças autoimunes,as infecções virais, os fatores iatrogênicos e as alterações da ação gonadotrófica, além da causa não determinada. Historia familiar de falência ovariana precoce ocorre em menos de 10% dos casos. Causas genéticas: síndrome de Turner, mosaicismos, trissomia do X e aberrações estruturais. Causas idiopáticas: radioterapia, quimioterapia,, infecções, viroses, deficiência de receptores e pós-receptores de gonadotrofinas, com como na síndrome de Savage (síndrome dos ovários resistentes). Doenças autoimunes: artrite reumatoide, lúpus, doença de Graves. Hipoparatireoidismo, doença de Crohn, dença de Addison, vitiligo, etc. Conduta frente à mulher no climatério → Orientação e esclarecimento sobre as modificações do organismo nesse período, secundárias à carência hormonal. → Promoção da saúde: bons hábitos, manutenção do peso ideal, atividade física, etc. → Prevenção de doenças (osteoporose, cardiopatias) e rastreamento de neoplasias (mama, cólon e colo uterino). → Avaliação criteriosa da indicação de terapia hormonal. Avaliação da mulher no climatério → Anamnese; → Exame físico completo; → Mamografia: bianualmente entre os 40 e 50 anos e anual a partir dos 50 anos. → Avaliação endometrial: ultrassonografia, teste da progesterona, citologia endometrial, biopsia aspirativa, curetagem uterina, histeroscopia. Terapia hormonal: O uso da terapia de reposição hormonal deve ser recomendado a mulheres com sintomatologia clínica após a análise individual dos riscos e benefícios para cada paciente, salientando-se as recomendações e os cuidados sobre todos os fatores de risco cardiovascular, como fumo, obesidade, sedentarismo, etc. Há indicação de TH principalmente para alívio dos sintomas vasomotores associados a perimenopausa e a pós--menopausa, embora também possa ser utilizada para tratamento da atrofia urogenital e na prevenção e no tratamento da osteoporose. Exames laboratoriais, como perfil lipídico, glicemia, TSH, EQU, pesquisa de sangue oculto nas fezes (screening de câncer de cólon) e densitometria óssea, são parte da avaliação da paciente. Terapia hormonal no climatério pré-menopáusico → Pacientes com irregularidade menstrual: após a avaliação do endométrio (para afastar patologia endometrial), iniciar com progestágeno de segunda fase. → Pacientes com outros sintomas associados (fogachos): complementar com estrogênio (estrogênio + progesterona). Terapia hormonal no climatério pós-menopáusico: A indicação primária da terapia hormonal é o tratamento dos sintomas climatéricos. Outras indicações são o tratamento da atrofia urogenital e prevenção e tratamento da osteoporose. Em princípio, a terapêutica deve sempre constituir-se em estrogênio e progestágeno associados, com o objetivo de conferir proteção endometrial contra desenvolvimento de hiperplasia ou carcinoma de endométrio. Atualmente, é preconizado o uso exclusivo de estrogênio somente nas mulheres histerectomizadas. Estrogênio via parenteral: pacientes hipertensas ou com risco de fenômenos tromboembólicos. Via oral: preferencial para mulheres com hipercolesterolemia. Via vaginal: mulheres com queixas exclusivamente urogenitais. Contraindicações ao uso da terapia hormonal: Absolutas → Câncer de mama ou de endométrio prévio; → Sangramento genital de origem desconhecida; → Antecedentes de doença tromboembólica; → Doença hepática grave em atividade. Tratamento não hormonal para os sintomas climatéricos: → Inibidores seletivos da recaptação de serotonina ou serotonina e noradrenalina: paroxetina, fluoxetina, venlafaxina (cuidado, pois eles podem agravar queixas de disfunção sexual); → Gabapentina: redução dos fogachos; → Propranolol: reduz 1 fogacho ao dia. → Fitoestrogênios: obtidos a partir do metabolismo da soja têm ação nos receptores estrogênicos, mas os estudos são hetetogêneos.
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