Buscar

Cartas para um jovem terapeuta

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 3 páginas

Prévia do material em texto

CALLIGARIS, C. Cartas a um jovem terapeuta: reflexões para psicoterapeutas, aspirantes e curiosos. São Paulo: Elsevier, 2004. 
Contardo Calligaris é um escritor e psicanalista italiano que reside atualmente no Brasil, possui formação psicanalítica na Escola Freudiana de Paris e teve contato com as apresentações realizadas por Jacques Lacan de alguns casos. Este escritor possui diversas obras cientificas, mas também ficcionais, tendo como foco a psicanálise e a atuação do psicoterapeuta, tanto na clínica como outras implicações na sua vida pessoal. Uma de suas obras mais conhecidas é o livro Cartas a um jovem terapeuta, que traz diversas correspondências elucidando dúvidas referentes ao início da carreira na clínica psicoterapêutica e outras questões relacionadas a esta área de atuação. O livro é dividido em capítulos breves que possuem um tema central, algumas vezes são organizados com a presença de bilhetes curtos, em outras há apenas uma carta, trazendo fluidez a obra. 
O primeiro capítulo, Vocação profissional, traz a temática do perfil necessário ao psicoterapeuta. O autor menciona algumas características que devem ser intrínsecas a este profissional, para que possa realizar um trabalho de qualidade na psicoterapia, esclarecendo até mesmo que algumas destas não costumam se desenvolver durante a formação. O segundo capítulo intitulado Quatro bilhetes aborda os limites da clínica e algumas situações encarradas como polêmicas, perguntas como: será que não se deve atender alguém?, um travesti pode ser psicoterapeuta?, entre outras indagações. Estas questões são discutidas de maneira crítica e por meio de experiências do próprio autor na sua atuação clínica. 
No capítulo seguinte, O primeiro paciente, o autor apresenta sua experiência pessoal no primeiro atendimento psicoterápico. A partir desta vivência, Calligaris desenvolve alguns ensinamentos pertinentes aqueles que irão entrar em contato com seu primeiro paciente. As discussões do capítulo posterior, sob o tema Amores terapêuticos, são referentes as relações transferenciais entre o psicoterapeuta e seus pacientes. São abordadas questões como a idealização do psicoterapeuta e a visão que o paciente possui deste, perpassada por sentimentos muitas vezes afetuosos e até mesmo românticos. O autor também enfatiza o cuidado que o profissional precisa ter para não encarar esses afetos como direcionados a sua pessoa realmente, mas entender o caráter fantasioso e transferencial destes. 
Formação A, o quinto capítulo, é abordada a formação do psicoterapeuta, quais os cursos que podem atribuir uma carga científica e considerável para exercer a sua prática na clínica. Além disso, também é destacada a importância da experiência do próprio profissional como paciente, tendo em vista que está contribuirá com saberes necessários para a atuação do psicoterapeuta. O capítulo de número seis, Curar ou não curar, Calligaris apresenta o debate sobre a necessidade de cura priorizada pela medicina e outras áreas da ciência positivista que surgem no século XX. Para exemplificar esse aspecto da sociedade e também da ciência/academia, o autor traça um parecer histórico sobre este debate sobre a cura, além de algumas diferenças entre a psicoterapia e a psicanálise, que evidenciam as diferentes perspectivas que se pode ter sobre o processo de cura. 
No capítulo sete, O que fazer para ter mais pacientes?, o autor apresenta algumas considerações sobre como o processo descrito no tema do capítulo pode ocorre, dando ênfase a uma análise das modificações históricas sobre a formação de psicanalistas e as suas implicações no montante de pacientes destinados ao atendimento. Sob o tema Questões práticas, Calligaris determina algumas regras a serem estabelecidas no tratamento psicoterápico, além das condições e características do setting. Outras questões abordadas são: as entrevistas preliminares, a duração da sessão, pagamento e a ação de supervisão. 
O nono tema, Conflitos inúteis, trata de algumas questões que são consideradas pelo autor como irrelevantes a serem tratadas profundamente. No décimo capítulo, Infância e atualidade, causas internas e causas externas, é discutido o conceito de trauma e as suas diferentes visões a partir de perspectivas variadas da Psicologia. O último tema, Que mais?, é utilizado pelo autor para alertar o psicoterapeuta sobre a importância de não se mascarar, não esconder a sua essência como individuo por causa do trabalho na clínica. O conselho final é o de avançar desarmado.
A obra aborda de maneira leve e relativamente simples diversos aspectos pertinentes a clínica psicoterápica, elucidando algumas dúvidas que podem ser frequentes entre aqueles que estão iniciando a carreira neste âmbito, e até mesmo para aqueles que se interessam em adentrá-lo. O autor também traz algumas considerações sobre a sua própria formação como psicoterapeuta, exemplificando algumas dificuldades e preocupações comuns a prática. Também traça alguns pareceres históricos sobre o avanço da psicanálise e psicoterapia no Brasil e também no mundo, o que ajuda a corroborar alguns argumentos que são apresentados no livro. No entanto, Calligaris retrata a clínica psicanalítica de certa forma simplista, muitas vezes definindo algumas características necessárias ao psicoterapeuta, ou fornecendo “fórmulas” para que o percurso dos profissionais seja facilitado ou decorra de maneira satisfatória. Dessa forma, pode ser desenvolvida no leitor uma visão equivocada sobre a prática psicanalítica, que não seria benéfica para este, e também não acarretaria benefícios terapêuticos para seus posteriores pacientes. 
Apesar dos aspectos negativos ressaltados anteriormente, o livro pode ser útil para aqueles que se interessam em seguir carreira acadêmica em áreas como Psicologia e Psicanálise, assim como também pode auxiliar os que já estão inseridos neste contexto. Suas elucidações podem estimular o leitor a procurar mais informações sobre a prática psicoterapêutica e até mesmo ingressar nesta formação. Portanto, a obra de Calligaris, apesar de não ser estritamente cientifica, auxilia na formação acadêmica e no compartilhamento de conhecimentos oportunos para a prática clínica, assim como no desenvolvimento de certo apreço pela arte de escutar.

Outros materiais

Materiais relacionados

Perguntas relacionadas

Perguntas Recentes