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Como ocorre um AVC? Quando um vaso sanguíneo, que transporta sangue/ nutrientes/ oxigênio para o cérebro, é bloqueado de alguma forma (entupido ou obstruído) por um coágulo ou sofre uma ruptura. OBS: O sistema nervoso é composto por estruturas nobres e altamente especializadas, que exigem elevado e permanente suprimento de glicose e O2. Ele corresponde a 2% da massa corporal mas consome 20% do O2 do organismo. Quais os tipos de AVC? Existe o AVC Isquêmico e o Hemorrágico: No isquêmico, o que vai ocorrer é a obstrução da irrigação sanguínea de deter- minada área cerebral ou uma diminuição da perfusão sanguínea. Na figura anterior, a região no círculo preto é a região mais afetada pela obstrução e o resto da porção em azul é a área de edema citotóxico. Ou seja, trata- se de uma zona edemaciada e nos exames de imagem, essa porção aparece mais escura (zona de penumbra). É essa a região que será alvo de vários agentes neuro-protetores de emergência. No Hemorrágico, ocorrerá a ruptura dos vasos que irrigam o encéfalo. Ela pode se manifestar como hemorragia subaracnóide ou hemorragia intraparenquimatosa, dependendo do local onde ela ocorra. Lembrete: Todo sistema nervoso central do organismo é protegido por 3 camadas, chamadas de meninges. A mais interna é chamada de pia- máter, a intermediária recebe By Leo Descomplica / @ericklsmd INTRODUÇÃO E PRIMEIROS SOCORROS o nome de arcanóide- máter, e a mais exterior é a dura- máter: Assim, voltando a falar de AVC hemorrágico, o intraparenquimatoso ocorrerá no parênquima do encéfalo (ou seja, abaixo da pia- máter), enquanto que a hemorragia subaracnóide ocorre no espaço subaracnóide, indicado na figura. OBS: Existe um terceiro tipo de AVC/ AVE chamado de AVC lacunar. Nesse caso, o que vai ocorrer são pequenos AVCs (entupimentos menores do que 1,5 cm) que podem ocorrer em minúsculos vasos que adentram as partes mais profundas do cérebro. Nesses casos, apesar de não haver problemas instantaneamente, como acontece com ou outros tipos, ao longo da vida, esse qudro poderá gerar afetações na memória, dificuldades para falar e engolir, fraqueza e perda de sensibilidade de um lado do corpo e desequilíbrio. O que é um déficit neurológico transitório? É um evento que decorre da redução do fluxo sanguíneo nas áreas encefálicas. Ou seja, seria como um AVC isquêmico, porém, para ser um déficit neurológico transitóio, esse fluxo sanguíneo tem que voltar ao normal em até 24 horas. Além disso, para ser considerado um déficit neurológico transitório, é necessário que não ocorra morte neuronal e que haja posteriormente uma recuperação funcional da região. Falando um pouco sobre o edema cerebral Nesse contexto, 2 edemas ganham importância e merecem ser citados. No caso de um AVC isquêmico, ocorrerá um edema citotóxico/ intracelular; e no caso de um AVC hemorrágico ocorrerá um edema insterticial/vasogênico: Edema citotóxico/ intracelular: Em uma situação em que ocorre um AVC isquêmico, as células terão seu suprimento energético com o O2 e a glicose cessados ou interrompidos. Sem esses componentes, não ocorrerá a respiração celular e, por consequência, não haverá a produção de ATP. A bomba de sódio e potássio é um tipo de transporte ativo (requer uso de ATP) que fará com que o Na+ e o K+ mantenham concentrações diferentes dentro e fora das células. Ela faz o Na+ sair da célula e o K+ entrar, ambos contra o gradiente de concentração. Agora, se a bomba de sódio e potássio encerra suas atividades por falta de energia, o que vai acontecer é que, por osmose, a água intersticial vai entrar nas células para equilibrar as concentrações, gerando um edema citotóxico ou intracelular. OBS: Acumula- se líquido durante 3 a 5 dias depois de um AVC isquêmico, podendo haver aumento do conteúdo de água no cérebro em até 10%. Isso leva a uma herniação transtentorial e, consequentemente, à morte. Edema intersticial/ vasogênico: Aqui, devido à agrssão às células endoteliais (que recobrem internamente os vasos), há a raputura de vasos, rompendo a barreira hematencefálica. Isso faz com que macromoléculas saiam da circulação e entrem no espaço intersticial. Esse acúmulo de plasma/ proteína é quem vai gerar esse tipo de edema. Sobre a Etiologia do AVC A etiologia de uma condição patológica diz respeito ao que causa aquela condição. No caso do AVC isquêmico, o que levar até ele é: embolia (elemento estranho na corrente sanguínea, aterosclerose (placa de ateroma), vasoespasmo, vasculites, compressão dos vasos por tumor, parada cardio- respiratória, hipoperfusão, fibrilação ventricular. No caso do AVC hemorrágico, pode- se citar a hipertensão arterial sistêmica, uma má formação dos vasos e tumores. Quadro Clínico e fatores de risco Nos AVCs, a instalação dos sintomas pode ocorrer de forma súbita. Dentre eles, há a alteração no nível de consciência, distúrbios na fala, déficits sensoriais e motores de acordo com a região comprometida, paralisia facial. Mais especificamente, no caso do AVC isquêmico teremos déficit neurológico focal, perda de força/ sensibilidade, déficit visual e de fala. Obviamente, os sintomas mais específicos vão depender da artéria que foi acometida com a oclusão do seu lúmen. Por exemplo, se artéria afetada for a cerebral posterior, haverá alteração do campo visual, rebaixamento do nível de consciência, déficit sensitivo. Se ocorrer na artéria cerebral média haverá um déficit motor, sensitivo e afasia (distúrbio de linguagem) No caso do hemorrágico, teremos cefaleia intensa, déficit neurológico focal e rebaixamento nos níveis de consciência. Sobre os fatores de risco, pode- se falar de: Hipertensão arterial: picos de pressão alta podem fazer um pedaço de uma placa de ateroma se soltar e viajar até um vaso de menor calibre, entupindo- o. Além disso, com a pressão nas alturas, ao longo dos anos, a parede dos vasos é agredida, fazendo com que eles se fragilizem. Essa fragilização pode acabar em rompimento em um AVC hemorrágico. Diabetes Mellitus: Na diabetes, há uma insuficiência na ação da insulina, o que irá aumentar os níveis de glicose no sangue (hiperglicemia), danificando as artérias. Nessas condições elas se tornam mais duras e vão se estreitando, até entupirem. Além disso, o risco aumenta também devido à maior tendência no sobrepeso, aumentando por si só a pressão arterial sistêmica. Fumo: o fumo do tabaco torna o sangue mais espesso, já que há a ativação de agregação de plaquetas sanguíneas. Isso favorece a formação de coágulos, estreitando as artérias e reduzindo o transporte de O2 para os tecidos. Fibrilação atrial: trata- se de um ritmo cardíaco irregular e muitas vezes rápido. Nessa situação, há um fluxo anormal e turbulento do sangue, fazendo com que, associado a outros fatores, haja a formação de coágulos. Anticoncepcionais orais: o estrogênio, presente nos contraceptivos, pode afetar a circulação de sangue e ter um efeito de redução anticoagulante. Primeiros Socorros Quando os sintomas de AVC aparecem é importante iniciar os primeiros socorros para evitar sequelas graves, como ficar paralisado ou não falar, sendo que, em alguns casos, podem permanecer durante toda a vida. Assim, os primeiros passos são 1- Manter a calma e tentar acalmar também a pessoa com suspeita de AVC 2- Deitar a pessoa, de modo que ela fique em decúbito lateral. Isso é importante para que se evite uma obstrução da garganta pela língua da pessoa; 3- Identificar as queixas da pessoa, tentando saber se tem alguma doença ou se faz uso de medicamentos. Afinal, até aí não se tem certeza de que se trata de um AVC. 4- Chamar uma ambulância (192), informando os sintomas da pessoa, o local em que o evento ocorreu, o número de telefone para contato e explicar o que aconteceu. 5- Aguardar o socorro, checando sea vítima está consciente. Caso ela não esteja, é importante: Iniciar as massagens cardíacas, apoiando uma mão sobre a outra, sem deixar os cotovelos dobrados. O ideal é que sejam feitas de 100 a 120 compressões por minuto. Fazer duas respirações boca-a-boca, com máscara de bolso, a cada 30 massagens cardíacas. É muito importante que as manobras de reanimação sejam mantidas até a chegada do socorro Mas como saber se realmente se trata de um AVC? Nessas situações, você pode pedir para a pessoa - Sorrir: Nesse caso, a vítima pode apresentar a face ou apenas a boca torta, sendo que um dos lábios permanece caído. - Levantar um braço: é comum que a pessoa com AVC não consiga levantar o braço devido à falta de força. - Dizer algo simples: No caso de um AVC, a pessoa apresenta a fala arrastada, imperceptível ou em um tom muito baixo. OBS: É importante que não seja dada água ou comida para vítima, mesmo que ela solicite. Muito se fala em administrar pílulas de AAS (ácido acetilsalicílico) quando uma pessoa está sofrendo um AVC. O raciocínio é que esse medicamento afinaria o sangue e impediria um novo êmbolo. Apesar de estar correto, esse raciocínio só traria algum benefício se se tratasse de um AVC isquêmico. Caso seja hemorrágico, essa ação poderia agravar o quadro, já que pode aumentar o sangramento. Em pacientes com diabetes, a glicose muito alta ou muito baixa pode imitar os sintomas de AVC. Portanto, a verificação da glicemia ajuda a distinguir um problema do outro. Por fim, deve- se levar a vítima até um centro de atendimento, seja com o serviço de SAMU, seja com o seu próprio carro. Deve- se dar prioridade a estabelecimentos que sabidamente realizem exames e cirugias neurológicas. RECAPITULANDO
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