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Técnicas Especiais de Investigação em Organizações Criminosas

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Aula 09
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado)
Sem Correção - 2020
Autores:
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 09
2 de Março de 2020
 
 
 
 
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Sumário 
1. Apresentação ................................................................................................................. 2 
2. Aspectos teóricos acerca das TEIs em O.C. ..................................................................... 2 
2.1 Conceito de Organização Criminosa. ............................................................................ 3 
2.2 Técnicas Especiais de Investigação - TEIs ...................................................................... 5 
2.2.1. Colaboração Premiada ............................................................................................. 6 
2.2.2 Ação Controlada ..................................................................................................... 12 
2.2.3 Infiltração de Agentes ............................................................................................. 16 
2.2.4 Acesso a dados cadastrais dos investigados ............................................................ 21 
3. Modelos de Acordo de Colaboração Premiada, Ação Controlada e Infiltração de Agentes
 ........................................................................................................................................ 22 
3.1 Acordo de Colaboração Premiada .............................................................................. 22 
3.2 Ação Controlada ........................................................................................................ 27 
3.3 Infiltração de Agentes Policiais .................................................................................. 29 
5. Questões comentadas .................................................................................................. 37 
6. Questões propostas ..................................................................................................... 42 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
Aula 09
Discursivas p/ Polícia Federal (Delegado) Sem Correção - 2020
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
 
 
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1. APRESENTAÇÃO 
 
Olá futuro Delegado Federal, 
 
A aula de hoje é muito importante, pois vamos estudar os principais aspectos teóricos 
que envolvem as técnicas especiais de investigação em organizações 
criminosas. 
 
A Lei n° 12.850/13 carrega em seu bojo algumas técnicas especiais de investigação 
quando a Polícia Judiciária está investigando uma Organização Criminosa – O.C. A nossa 
aula vai passear pelos aspectos teóricos sobre essas medidas e também vamos 
aprender alguns modelos de como representar ou comunicar ao juiz acerca dessas 
medidas. 
 
Vamos ter que aprender o que é uma organização criminosa e quando ela está 
configurada, pois essas medidas, em que pese estarem presentes em outras legislações 
criminais especiais, possuem regramento próprio da Lei n° 12.850/13, que é o objeto 
da nossa aula. 
 
A prova de vocês pode cobrar uma dessas medidas e vamos resolver uma questão de 
prova que envolve tais medidas que já caiu na PCAP. 
 
O crescimento do crime organizado em nosso país está requerendo cada vez mais dos 
delegados de polícia e demais autoridades o domínio dessas técnicas especiais, em 
alguns casos apenas se valendo de uma delas você conseguirá desbaratar uma 
organização criminosa. 
 
Lembre-se de que uma organização criminosa é bem diferente de uma associação 
criminosa, esta prevista no Código Penal – CP, no art. 288. 
 
Vamos ao próximo tópico, em que conceituaremos a O.C. e verificaremos as TEIs com 
a profundidade adequada. 
 
2. ASPECTOS TEÓRICOS ACERCA DAS TEIS EM O.C. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Vamos aprender primeiramente o que seria um O.C. e depois vamos verificar os 
principais aspectos teóricos sobre as TEIs. 
 
2.1 CONCEITO DE ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. 
 
Primeiramente vamos verificar qual o conceito de organização criminosa. Esse conceito 
você encontra logo no início da Lei n° 12.850/13, e deve ser bem aprendido por vocês, 
uma vez que identificar que se trata de uma O.C. é o primeiro passo a ser seguido 
nesse tipo de peça. 
 
O conceito de O.C. consta no §1°, do art. 1°m da Lei: 
 
§ 1o Considera-se organização criminosa a associação 
de 4 (quatro) ou mais pessoas estruturalmente 
ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, ainda 
que informalmente, com objetivo de obter, direta ou 
indiretamente, vantagem de qualquer natureza, 
mediante a prática de infrações penais cujas penas 
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos, ou que 
sejam de caráter transnacional. 
 
Do conceito acima podemos verificar a presença de 4 elementos formadores de uma 
O.C., que devem estar presentes cumulativamente, ou seja, a ausência de um deles 
pode descaracterizar a ocorrência de formação de O.C. vamos a eles. 
 
a) elemento pessoal 
 
A organização criminosa deve ser composta por, no mínimo, 4 (quatro) pessoas. Ou 
seja, a primeira diferença em relação à associação criminosa, do CP, lá o crime de 
associação criminosa estará configurado desde que 3 (três) ou mais pessoas estiverem 
associadas. 
 
Sobre esse elemento pessoal, cumpre ressaltar que a presença de eventual menor 
serve para configurar a presença do elemento pessoal, ou seja, se houver 3 maiores e 
1 menor na organização, ela estará configurada sem o menor problema. Isso é muito 
comum e já foi até cobrado na prova da PCSP. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Então fique ligado nesse elemento pessoal, pois se houver menor na O.C. ela além de 
estar configurada, vai gerar uma causa de aumento de pena, prevista no art. 2°, §4°, 
da Lei. 
 
b) elemento estrutural 
 
Aqui mais uma diferença entre a organização criminosa e a associação criminosa, pois 
a organização necessita que haja uma divisão de tarefas, de modo que cada elemento 
seja responsável por uma atribuição definida, que possa gerar especialidade dentro da 
organização. Na associação criminosa não existe esse requisito. 
 
A diferença aqui é importante, pois a organização criminosa é mais difícil de desbaratar 
justamente por isso. A O.C. por conta da especialização facilmente consegue substituir 
peças (elementos pessoais), pois o substituto facilmente aprende a atribuição da peça 
morta. 
 
Isso gera uma dificuldade para a investigação, que merece TEIs, no sentido de 
desbaratar a O.C. Um elemento a menos não significa que a organização está mais 
fraca e pode não ser suficiente. Por isso que a prisão de um elemento por vezes não 
ajuda muito na investigação, devendo a autoridade valer-se de técnicas mais invasivas 
na estrutura da organização. 
 
c) elemento finalístico (teleológico) 
 
Mais uma grande diferença entre a associação criminosa e a organização criminosa, 
pois a associação tem por finalidade o cometimento de crimes em sentido amplo. No 
caso da O.C. é diferente, pois a finalidade dela é cometer crimes cujas penas 
máximas sejam superiores a 4 (quatro) anos ou que tenham caráter 
transnacional. 
 
Veja que aqui a coisa ficou mais “barra pesada”, pois não é qualquer crime que a O.C. 
visa cometer, ele deve ter uma pena máxima superior a quatro anos, o que denota a 
gravidade para a sociedade a presença de uma O.C. dentro dela. 
 
Veja que o requisito é alternativo, ou seja, o elemento finalístico estará presente 
ainda que a pena máxima seja inferior a quatro anos, caso os crimes tenham caráter 
transnacional. 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Bom, entendido oconceito de organização criminosa na Lei n° 12.850/13, vamos 
verificar os principais aspectos teóricos que permeiam as TEIs. 
 
2.2 TÉCNICAS ESPECIAIS DE INVESTIGAÇÃO - TEIS 
 
As TEIs são consideradas meios de obtenção de prova, pois é através delas, que são 
instrumentos extraprocessuais, ou seja, são realizados fora do processo, que 
se identificam fontes de prova. 
 
As TEIs são consideradas meios extraordinários de investigação, pois são idealizadas 
para crimes específicos, não podendo ser utilizadas em crimes simples, como crimes 
comuns contra o patrimônio, crimes contra a honra, etc. 
 
Professor, não pode haver 
O.C. especializada em 
cometer furtos? 
Sim, desde que seja um furto 
qualificado, ou então que ele 
seja praticado com caráter 
transnacional. 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Elas são ainda consideradas constitucionais, pois é necessária a conjugação de três 
requisitos para que sejam adotadas, ou seja, precisam de previsão legal (Lei n° 
12.850/13), reserva de jurisdição e proporcionalidade na utilização da medida. Os três 
requisitos são preenchidos quando estamos diante de uma TEI em meio à lei de O.C. 
 
2.2.1. COLABORAÇÃO PREMIADA 
 
A colaboração premiada é a primeira TEI que vamos estudar. Muita coisa se fala acerca 
dela e principalmente nos dias de hoje em que os crimes de corrupção estão na moda. 
É muito comum em investigações da PF sobre corrupção em estatais verificarmos a 
presença da colaboração premiada como técnica especial de investigação. 
 
O conceito de Colaboração Premiada, em poucas palavras seria um meio de obtenção 
de prova extraordinário, através do qual o coautor ou partícipe confessa a prática 
delituosa e presta informações objetivamente eficazes para a consecução de um dos 
objetivos previstos em lei, com a sua posterior premiação legal em contrapartida. 
 
Observe que para que seja considerada uma colaboração premiada, o colaborador deve 
inicialmente confessar a prática delituosa, de nada adianta ele colaborar e não confessar 
que cometera o crime. 
 
Além disso, é preciso que as informações prestadas por ele sejam objetivamente 
eficazes, ou seja, devem levar a um dos resultados previstos em lei. 
 
Ao final, será concedido um prêmio ao colaborador, previsto em lei, como contrapartida 
de sua colaboração para a investigação. 
 
Os objetivos previstos em lei a que devem levar a colaboração são: 
 
I - a identificação dos demais coautores e partícipes da 
organização criminosa e das infrações penais por eles 
praticadas; 
 
II - a revelação da estrutura hierárquica e da divisão 
de tarefas da organização criminosa; 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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III - a prevenção de infrações penais decorrentes das 
atividades da organização criminosa; 
 
IV - a recuperação total ou parcial do produto ou do 
proveito das infrações penais praticadas pela 
organização criminosa; 
 
V - a localização de eventual vítima com a sua 
integridade física preservada. 
Os resultados acima não precisam ser cumulativos, bastando que a colaboração leve 
a um deles. É claro que o prêmio a ser recebido pelo colaborador não será o mesmo 
para aquele que leva a todos os resultados e para aquele que leva a um apenas. 
 
Ou seja, a faculdade do juiz, que está adstrita à concessão do prêmio, pode ser exercida 
para utilizar os resultados obtidos com a colaboração para a concessão dos prêmios 
legais. 
 
 
 
 
 
 
 
 
A colaboração premiada é um gênero do qual é espécie a delação premiada, ou seja, 
as duas não se confundem. 
 
 
Professor, eu já ouvi 
falar muito nisso, é 
a famosa delação 
premiada né? 
Cuidado para não 
confundir Aderbal! 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Ou seja, a delação é um subconjunto da colaboração premiada. Isso pode ser facilmente 
identificado a partir do conceito que foi fornecido. Veja que um dos efeitos da 
colaboração pode ser a identificação dos demais autores, mas nem sempre isso ocorre, 
pode ser que a colaboração leve ao resgate de uma vítima incólume de sequestro. 
 
Assim, veja que são conceitos distintos. Não confunda. 
 
Outro aspecto importante acerca da colaboração é saber se ela é compatível com o 
princípio conhecido como nemo tenetur se detegere, que nada mais é o direito ao 
silêncio, o direito de não produzir prova em contra si mesmo. 
 
Bom, é de se entender que não há violação ao referido princípio, vamos expor alguns 
motivos pelos quais esse raciocínio deve ser levado a efeito: 
 
1. O ato de colaboração é voluntário; 
 
2. O ato deve ser assistido por advogado habilitado; 
 
Ou seja, não há violação ao referido princípio, mas uma perfeita compatibilidade. 
 
Em relação aos prêmios previstos em lei para o colaborador, vamos verificar o caput 
do art. 4° do referido dispositivo: 
 
Art. 4o O juiz poderá, a requerimento das partes, 
conceder o perdão judicial, reduzir em até 2/3 (dois 
terços) a pena privativa de liberdade ou substituí-la 
por restritiva de direitos daquele que tenha colaborado 
efetiva e voluntariamente com a investigação e com o 
processo criminal, desde que dessa colaboração 
advenha um ou mais dos seguintes resultados: 
Delação 
premiada Colaboração 
premiada 
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Veja que os possíveis prêmios são: 
 
a) perdão judicial 
 
Esse é o maior de todos os prêmios, o juiz deve levar em consideração muitos aspectos 
para concedê-lo. 
 
b) reduzir em até 2/3 (dois terços) a pena privativa de liberdade 
 
Aqui o juiz apenas irá reduzir o prazo da prisão. Veja que o dispositivo apresenta um 
limitador, ou seja, o máximo será uma redução em até 2/3. 
 
c) substituí-la por restritiva de direitos 
 
Nesse prêmio o colaborador vai ter a sua pena privativa de liberdade convertida em 
restritiva de direitos, o que, de certa forma, é muito bom para ele, que não vai ter a 
sua liberdade de locomoção cerceada. 
 
 
Devemos ficar ligados, pois a concessão de um dos prêmios acima deverá levar em 
conta a eficácia objetiva da colaboração, ou seja, o juiz deverá verificar no caso 
concreto no que a colaboração ajudou a levar a um dos resultados. 
 
Pois se a colaboração nada ajudou, tendo o resultado previsto em lei sido atingido por 
meio de outra investigação ou outro meio de obtenção de prova, a colaboração restará 
ineficaz, o que leva à não concessão do prêmio. 
 
Outro aspecto importante são as circunstâncias subjetivas do colaborador. O juiz não 
vai conceder o perdão judicial ao cabeça da organização, pois se assim o fosse, ele 
nunca seria responsabilizado pelas condutas praticadas em posição de chefia. Para 
corroborar o raciocínio, veja o que dispõe o §1°, do art. 4°: 
 
§ 1o Em qualquer caso, a concessão do benefício levará 
em conta a personalidade do colaborador, a natureza, 
as circunstâncias, a gravidade e a repercussão social 
do fato criminoso e a eficácia da colaboração. 
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Veja que em qualquer caso a concessão deve levar em conta os aspectos subjetivos 
e também a eficácia objetiva da colaboração. 
 
Acordo de Colaboração Premiada 
 
O instrumento acima se presta a tornar mais segura a colaboração. Ele tem a finalidade 
de resguardar aquilo que ficou acordado verbalmente entre a autoridade e o 
colaborador. 
 
De nada adiantaria o colaboradorajudar na investigação, se não tivesse em mãos um 
instrumento que garantisse ao menos a análise pelo magistrado dos termos em que 
ficou acordada a colaboração. 
 
Assim, trata-se de um instrumento de segurança jurídica em favor do colaborador. 
 
O acordo nada mais é do que um “contrato” em que estarão dispostas as principais 
informações da TEI. Esse “contrato” será celebrado entre você, futuro delta, e o 
colaborador e será submetido à homologação pelo juiz competente. 
 
O acordo deverá conter, necessariamente, os seguintes requisitos objetivos, nos termos 
do art. 6°, da Lei n° 12.850/13: 
 
 
1. Relato da colaboração e seus possíveis resultados. 
 
Nesse ponto o delegado irá expor ao juiz que conhece os resultados que podem ser 
levados a efeito com a medida investigativa. 
 
2. Condições da proposta. 
 
Aqui o delegado irá expor as condições da proposta. 
 
3. Declaração de aceitação do colaborador e de seu advogado. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Como é necessária a assistência de advogado para que seja homologada, bem como 
deve ser uma colaboração voluntária, não se admitindo que o colaborador seja coagido 
para tanto, deverá constar a declaração de aceitação dele e de seu advogado. 
 
4. Assinaturas do delegado, colaborador e do advogado. 
 
Requisito tranquilo, se há declarações do delegado, do colaborador e do seu advogado, 
nada mais natural do que haver as respectivas assinaturas. 
 
5. Especificação das medidas protetivas. 
 
O colaborador ficará exposto, pois vai atuar como um traíra, em relação à O.C., 
portanto, ele poderá gozar de algumas medidas protetivas previstas na própria lei, com 
a finalidade de resguardá-lo, assim como a sua família. 
 
Esses são os termos do acordo de colaboração, eles devem constar necessariamente 
na sua eventual peça de requerimento de homologação de acordo de colaboração 
premiada. 
 
O papel do juiz será apenas homologar, ele não intervém no curso das negociações 
entre o delegado de polícia e o colaborador, isso macularia a sua imparcialidade. 
 
O momento mais adequado para a homologação do acordo é a investigação 
policial, não obstante possa haver esse acordo quando da ação penal e até mesmo 
após esta, quando o réu já estiver cumprindo pena. 
 
Acredito que uma peça dessa natureza pode até vir na sua prova de segunda fase, mas 
não seria uma peça difícil e ela também não viria cumulada com outra medida, portanto, 
ela seria considerada fácil. 
O requerimento de homologação deve ser dirigido ao juiz e nele devem constar todos 
esses termos que foram mencionados anteriormente. 
 
Outro detalhe é que ele deve ser submetido à distribuição e tramitação sigilosa, pois 
envolve um risco potencial ao colaborador, devendo o Estado tomar todas as 
precauções para que ele esteja com sua integridade física e de sua família resguardada. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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2.2.2 AÇÃO CONTROLADA 
 
A segunda técnica que vamos estudar é a ação controlada, que nada mais é do que 
outra TEI, que visa um retardo na intervenção estatal. 
 
Vejamos um conceito completo do que seria ação controlada: é a TEI através da qual 
a intervenção estatal é retardada pelos órgãos de persecução penal, para que ocorra 
no momento mais oportuno, sob o prisma da investigação policial, visando um resultado 
maior e mais contundente para o desbaratamento da O.C. 
 
A primeira coisa que deve ser colocada é que a ação controlada é um gênero, do qual 
o flagrante retardado é uma espécie. É claro que a maioria das ações controladas 
acabam sendo realizadas na forma de flagrante retardado, mas isso não é uma regra, 
pode haver uma ação controlada com uma medida distinta do flagrante retardado. 
 
Aqui devemos ressaltar uma diferença muito grande entre a ação controlada na lei de 
drogas (Lei n° 11.343/06) e na lei de O.C., pois o instituto segue regramentos distintos, 
de acordo com as respectivas leis. 
 
Na lei de drogas, para que haja uma ação controlada, por exemplo, a entrega vigiada 
de drogas, ou seja, a ação policial será retardada, para que uma entrega de drogas 
seja utilizada para obter mais informações e até a prisão em flagrante de um grupo 
maior de criminosos, deve haver uma autorização judicial, por meio da qual o juiz 
autoriza a ação controlada. 
 
Art. 53. Em qualquer fase da persecução criminal 
relativa aos crimes previstos nesta Lei, são permitidos, 
além dos previstos em lei, mediante autorização 
judicial e ouvido o Ministério Público, os seguintes 
procedimentos investigatórios: 
 
II - a não-atuação policial sobre os portadores de 
drogas, seus precursores químicos ou outros produtos 
utilizados em sua produção, que se encontrem no 
território brasileiro, com a finalidade de identificar e 
responsabilizar maior número de integrantes de 
operações de tráfico e distribuição, sem prejuízo da 
ação penal cabível. 
 
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Lado outro, na Lei de O.C. não é necessária a autorização judicial, a legislação evoluiu 
e previu apenas uma comunicação da ação controlada. 
 
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou 
administrativa será previamente comunicado ao juiz 
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus 
limites e comunicará ao Ministério Público. 
 
Veja a diferença crucial entre as medidas, que parecem ser as mesmas, mas que 
possuem regramentos distintos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Esses limites podem ser limites temporais ou ainda funcionais. 
 
Professor, se não precisa de autorização, 
porque comunicar previamente ao juiz? 
 
Aderbal, o juiz poderá estabelecer limites 
à não intervenção, baseado nos fatos 
narrados na peça de comunicação poderá 
visualizar uma possibilidade de 
estabelecer um limite. 
 
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Uma excelente questão de prova, que pode suscitar dúvidas entre os alunos é o fato de 
possivelmente uma investigação de uma organização criminosa especializada em tráfico 
de drogas. 
 
Nesse caso, você deverá comunicar ou solicitar autorização para a ação controlada? 
 
Já é pacífico o fato de que se o tráfico for executado em meio a uma O.C., então a ação 
controlada será apenas comunicada ao juiz competente, não havendo a necessidade de 
autorização judicial. 
 
Vamos agora verificar algumas espécies de ações controladas que podem ser realizadas 
pelas autoridades policiais. 
 
a) Flagrante retardado. 
 
Já dissemos aqui que essa é uma espécie de ação controlada. Aqui a polícia não efetuará 
a prisão em flagrante de alguém que esteja nessa situação, visando um proveito maior 
da investigação, pois haverá um melhor resultado se o flagrante for retardado, 
postergado ou mitigado. 
 
O flagrante que sofrerá esse retardo é o flagrante obrigatório, aquele que a autoridade 
policial e seus agentes executam como dever de ofício. 
 
b) Entrega vigiada 
 
Esse tipo de ação controlada pode ser conceituada como a permissão de que remessas 
ilícitas possam ser enviadas e recebidas com o conhecimento da autoridade policial, 
com o fim de identificar infrações e pessoas envolvidas na O.C., visando responsabilizar 
um número maior de agentes delituosos. 
 
A sua previsão vem do Direito Internacional, mais precisamente da convenção de 
Palermo, através da qual o Brasil, como signatário, compromete-se a coibir o tráfico 
internacional de entorpecentes, adotando medidas investigativas previstas na própria 
convenção. 
 
A entrega vigiadapode ser classificada como entrega suja ou entrega limpa. 
 
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O primeiro tipo ocorre quando o conteúdo ilícito não é retirado, ou seja, imagine uma 
caixa contendo 10 mil comprimidos psicotrópicos e que a polícia sabe da sua existência, 
bem como do seu destino. Se a polícia não retira o conteúdo ilícito da caixa, visando 
prender também o recebedor da droga, estaria configurada a entrega vigiada suja. É 
obvio que essa entrega requer uma atenção redobrada da autoridade e de seus agentes, 
visando uma proteção maior do conteúdo ilícito, para que ele não se perca no meio do 
caminho. 
 
A segunda espécie é a entrega limpa, situação em que a autoridade policial entende ser 
prudente a troca do material ilícito por um análogo, para garantir que a droga ou 
material ilícito não se perca durante a diligência retardada. 
 
Outro exemplo de entrega vigiada é a sua possibilidade em tráfico de armas. Já está 
pacificada a possibilidade de sua utilização para o tráfico de armas. 
 
Lembro-me do filme “O Senhor das Armas”. Um bom exemplo poderia ser dado 
utilizando-se o filme como mote. Suponhamos que haja uma provável entrega de armas 
em um avião clandestino em um aeroporto também ilegal situado no interior da região 
amazônica. 
 
A Polícia Federal já se colocou no local da provável entrega e lá constam 3 ou 4 
criminosos que, portando armas e drogas para uma eventual troca, já estão em situação 
flagrancial. 
 
No entanto, sabendo da entrega do carregamento de armas, é mais interessante para 
a Polícia Federal prender mais criminosos como, por exemplo, o traficante de armas e 
parte de sua organização criminosa, apreender as armas que seriam negociadas, as 
drogas, entre outras vantagens que a ação retardada do flagrante pode gerar para o 
futuro da investigação. 
 
Ademais, acerca da ação controlada, ela deverá ser distribuída de forma sigilosa, para 
garantir o sucesso da medida investigativa, devendo o acesso aos autos até a sua 
efetivação ficar restrito ao Delegado de Polícia, ao membro do Ministério Público e ao 
Juiz. 
 
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de 
forma a não conter informações que possam indicar a 
operação a ser efetuada. 
 
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§ 3o Até o encerramento da diligência, o acesso aos 
autos será restrito ao juiz, ao Ministério Público e ao 
delegado de polícia, como forma de garantir o êxito das 
investigações. 
 
Acima você vê a previsão legal das medidas a serem tomadas. 
 
2.2.3 INFILTRAÇÃO DE AGENTES 
 
Chegamos à terceira TEI. Nesse caso vamos tomar todas as precauções, pois essa 
medida pode sim ser cobrada em uma prova de segunda fase, sem o menor problema. 
 
Hoje em dia é muito comum no meio policial a utilização de agentes infiltrados nas O.C. 
para que sejam capturados através dele fontes de prova, que possam ser utilizados no 
desbaratamento da O.C., bem assim na comprovação da materialidade do delito e 
comprovação de autoria ou participação. 
 
Conceitualmente, podemos afirmar que uma infiltração de agentes é uma TEI, através 
da qual um agente policial é introduzido dentro de uma O.C., dissimuladamente, 
passando a agir como se um deles fosse, ocultando sua verdadeira identidade, com a 
finalidade de obter fontes de prova e elementos de informação capazes de permitir o 
desbaratamento da O.C. 
 
Veja que algumas características podem ser retiradas desse conceito, que são: 
 
1. O agente infiltrado deve ser um agente de polícia, federal ou civil. A atividade a 
ser desempenhada nesse momento é uma atividade de polícia judiciária, portanto, 
não cabe aqui um policial militar infiltrado, a não ser que se tenha uma situação de 
crime militar em que o policial militar está desempenhando atividade típica de polícia 
judiciária. 
 
2. A atuação desse agente deve ser uma atuação dissimulada, ele não pode se 
identificar, tampouco fazer com que possam identificar a sua verdadeira identidade. O 
agente infiltrado passará a atuar como se um dos componentes da organização 
o fosse. 
 
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3. Inserção de forma estável. O agente deve ser inserido de forma estável na 
organização, duradoura, para colher elementos de informação, fontes de prova. 
 
Diante dessas principais características da infiltração, vamos verificar a previsão 
normativa dessa TEI na Lei n° 12.850/13. 
 
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas de 
investigação, representada pelo delegado de polícia ou 
requerida pelo Ministério Público, após manifestação 
técnica do delegado de polícia quando solicitada no curso 
de inquérito policial, será precedida de circunstanciada, 
motivada e sigilosa autorização judicial, que estabelecerá 
seus limites. 
 
Essa é a medida de infiltração na lei de O.C. Veja que se trata de uma medida que pode 
ser representada pelo delegado de polícia, ou então pelo MP, no entanto, quando o MP 
a solicitar ao Juiz, deverá ser precedida de análise técnica do Delegado de Polícia, 
enquanto especialista em investigação policial. Ou seja, ele vai manifestar-se dizendo 
se é salutar ou não adotar aquela medida, quando não for ele o subscritor da peça. 
 
Esse dispositivo nos dará a legitimidade para representar pela infiltração de agentes. 
Veja ainda que no mesmo artigo consta que a decisão judicial deverá ser 
circunstanciada, motivada e sigilosa, ou seja, por se tratar de uma medida muito 
perigosa para o agente policial, devemos tomar o devido cuidado para resguardar sua 
identidade e demais sinais identificadores e uma das formas de fazer isso é tornando a 
medida sigilosa. 
 
O Juiz ao autorizar uma medida dessa natureza em sua decisão deverá impor os limites 
que devem ser respeitados durante a execução dela. Outro ponto importante é que a 
decisão judicial servirá como excludente de ilicitude para o agente infiltrado. 
 
Quando inserido na O.C., o agente irá, invariavelmente, cometer crimes que a O.C. está 
acostumada a cometer todos os dias, no entanto, ele deve estar acobertado por alguma 
excludente e essa é o estrito cumprimento do dever legal. 
 
No entanto, deve haver na autorização a menção a essa possibilidade, ou seja, a 
autorização serve como um documento de resguarda para o agente policial. Sem a 
autorização judicial, caso venha a cometer crimes, o agente policial poderá responder 
por ele. 
 
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A decisão irá autorizar o agente a cometer o delito de integrar O.C., bem como para 
que ele cometa crimes que atentem contra bem supra individuais, ou seja, tráfico 
de drogas (contra a saúde pública), trafico de armas, mas não poderá o agente estar 
autorizado a cometer homicídios, lesões corporais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Se o agente comete um delito acobertado pela autorização judicial, ou seja, previsto 
pelo juiz e isentado de ilegalidade por ele, estaremos diante de uma causa excludente 
de ilicitude, em virtude do estrito cumprimento do dever legal. 
 
Por outro lado, mas com o mesmo fim, caso o agente cometa um crime não autorizado 
judicialmente, estaremos diante de uma causa excludente de culpabilidade, pois aqui 
impera a inexigibilidade de conduta diversa, uma vez que se o agente se negar a 
praticar o crime, estará colocando em risco a sua identidade verdadeira. 
 
Professor, e se o agente 
infiltrado tiver de matar 
alguém ou lesionar 
fisicamente? Ele responde 
por esse crime? 
Cuidadocom esse caso 
Aderbal, estaremos diante 
de uma situação em que 
devemos verificar a 
proporcionalidade da ação. 
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Outro ponto importante dessa autorização judicial é que ela deve prever também a 
realização de outras técnicas de investigação. Ou seja, um agente infiltrado pode, além 
de infiltrar-se na O.C., aproveitar dessa situação para fazer uma busca domiciliar, 
instalar equipamentos de monitoração eletrônica, etc. Não convém aqui tolher as 
medidas investigativas que podem ser levadas a efeito quando o agente estiver 
infiltrado. 
 
Bom, esses são os principais aspectos da decisão que autoriza a infiltração policial. 
 
É claro que como qualquer outra medida cautelar, ela prevê a presença do fumus 
comissi delicti, bem como do periculum in mora, pois aqui temos que demonstrar 
para o juiz que há fortes indícios da infração de formação de organização criminosa e 
também a subsidiariedade da medida, ou seja, a investigação não pode ser realizada 
de outra forma. 
 
§ 2o Será admitida a infiltração se houver indícios de 
infração penal de que trata o art. 1o e se a prova não 
puder ser produzida por outros meios disponíveis. 
 
Esses requisitos deverão constar de sua peça. Além do que deverá estar presente ainda 
a anuência do agente policial. Nenhum agente policial pode ser obrigado a ser infiltrado 
em O.C., ele só irá infiltrar-se se for de sua plena vontade. 
 
Assim, esses requisitos devem constar na sua peça. Vamos organizar isso melhor no 
próximo tópico da aula, onde vamos esquematizar os modelos. 
 
A infiltração de agentes policiais possui prazo determinado em lei, na verdade é um 
prazo máximo, ou seja, no máximo o agente infiltrado pode passar 6 (seis) meses nessa 
situação, no entanto, esse prazo é renovável por igual período e as renovações podem 
ser sucessivas, sem problemas. 
 
Esse prazo você vai ter de ressaltar no seu pedido, mas não coloque a renovação, 
apenas peça pelo prazo que achar conveniente, no máximo por seis meses, pode até 
ser menos, quem vai decidir é o próprio delegado. Mas sempre em prova peça pelo 
prazo máximo. 
 
As renovações devem ocorrer antes do término do prazo, para que o agente não fique 
desacobertado por algum tempo, o que poderia levar até a sua incriminação. 
 
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O agente infiltrado goza ainda de algumas medidas protetivas, que você vai precisar 
mencionar no seu pedido, de modo a garantir que ele vai ter a sua integridade e de sua 
família preservadas durante e após a ação investigativa. 
 
 
Art. 14. São direitos do agente: 
 
I - recusar ou fazer cessar a atuação infiltrada; 
 
II - ter sua identidade alterada, aplicando-se, no que 
couber, o disposto no art. 9o da Lei no 9.807, de 13 de 
julho de 1999, bem como usufruir das medidas de 
proteção a testemunhas; 
 
III - ter seu nome, sua qualificação, sua imagem, sua 
voz e demais informações pessoais preservadas 
durante a investigação e o processo criminal, salvo se 
houver decisão judicial em contrário; 
 
IV - não ter sua identidade revelada, nem ser 
fotografado ou filmado pelos meios de comunicação, 
sem sua prévia autorização por escrito. 
 
Veja que a primeira garantia dele é muito importante, pois se o agente visualizar 
alguma situação que o coloque em risco, ele deve fazer cessar a infiltração de imediato, 
pois pode estar colocando sua vida em risco. Assim, para que ele seja infiltrado ele 
deve aguardar uma autorização judicial, no entanto, para que seja desinfiltrado não há 
essa exigência. É claro que o agente deverá de imediato informar à autoridade policial 
que relatará ao juiz o ocorrido. 
 
As medidas protetivas às testemunhas também se aplicam, ou seja, ele terá todas as 
medidas deferidas em seu favor, visando mais uma vez a sua integridade. 
 
Enfim, o agente infiltrado goza dessas garantias para que ele não se sinta desmotivado 
a executar a prática, surgindo naturalmente voluntários para a sua realização. 
 
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2.2.4 ACESSO A DADOS CADASTRAIS DOS INVESTIGADOS 
 
Por derradeiro, vamos verificar como se dá o acesso do delegado aos dados cadastrais 
de investigados em O.C. Ressalto que aqui não visualizo nenhuma peça que possa ser 
cobrada em prova. 
 
O delegado de polícia em sua atividade diária expede muitos ofícios, por meio dos quais 
ele acaba solicitando aos órgãos competentes o acesso a informações cadastrais dos 
investigados. Assim, acho difícil cair um ofício para que você seja testado nessa 
capacidade apenas de redigir um documento oficial. 
 
Ou seja, os conhecimentos jurídicos acerca da peça são muito pobres, temos apenas 
um dispositivo legal para ser estudado. 
 
Art. 15. O delegado de polícia e o Ministério Público 
terão acesso, independentemente de autorização 
judicial, apenas aos dados cadastrais do investigado 
que informem exclusivamente a qualificação pessoal, a 
filiação e o endereço mantidos pela Justiça Eleitoral, 
empresas telefônicas, instituições financeiras, 
provedores de internet e administradoras de cartão de 
crédito. 
 
Veja que o acesso se dá apenas aos dados cadastrais, ou seja, não poderá o delegado 
ter acesso ao sigilo de dados telefônicos, ao sigilo de dados financeiros, etc. 
 
As informações acima são informações públicas, do conhecimento do público em geral, 
não pode haver restrição a essas informações. 
 
O delegado não precisa requisitar essas informações por meio do juiz, essa previsão 
vem ainda a corroborar com o desafogamento do poder judiciário em meio a tantos 
processos desnecessários, por vezes. 
 
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3. MODELOS DE ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA, AÇÃO 
CONTROLADA E INFILTRAÇÃO DE AGENTES 
 
Os modelos aqui mostrados serão colocados de modo a mostrar para os alunos como 
proceder diante de uma O.C. 
 
Ressalto que a peça mais provável aqui nesse momento é a infiltração de agentes, as 
demais, entendo serem um pouco menos prováveis. 
 
3.1 ACORDO DE COLABORAÇÃO PREMIADA 
 
O acordo acima é efetuado entre o delegado de polícia e o colaborador, e deve ser 
submetido à homologação judicial. Então você deve atuar de acordo com a lei, levando 
o acordo ao juiz. 
 
3.1.1 Endereçamento 
 
O endereçamento é fundamental na sua peça, e no caso de homologação de acordo de 
colaboração premiada, geralmente ela é endereçada ao juízo federal da seção/subseção 
onde ocorreu o delito. Lembrando que você só vai fazer isso se tiver a convicção de que 
sabe qual é o local do crime. Caso contrário, recomendo que você faça um 
endereçamento genérico como o apresentado abaixo. 
 
Aqui a ideia é seguir as regras de competência do CPP. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA _____° VARA FEDERAL DA 
SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________. 
 
Após o endereçamento, a título de elemento de referência, vale a pena mencionar que 
a medida é sigilosa e merece ser distribuída dessa forma, em atendimento ao 
dispositivo legal da Lei n° 12.850/13 (art. 7°, caput). 
 
Art. 7o O pedido de homologação do acordo será 
sigilosamente distribuído, contendo apenas 
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informações que não possam identificar o colaborador 
e o seu objeto. 
 
Outro fator importante de ser mencionado nos elementos de referência é o fato de 
estarmos diantede uma medida urgente, pois a própria lei menciona que o juiz 
decidirá acerca da homologação, no prazo de 48 horas. 
 
§ 1o As informações pormenorizadas da colaboração 
serão dirigidas diretamente ao juiz a que recair a 
distribuição, que decidirá no prazo de 48 (quarenta e 
oito) horas. 
 
Esse detalhe você pode voltar a mencionar no seu pedido, ou seja, requerer que o juiz 
decida urgentemente, no prazo de 48 horas. 
 
3.1.2 Preâmbulo 
 
O preâmbulo é a parte inicial da peça, no caso da homologação de acordo de delação 
premiada, você deve se legitimar para a propor a homologação do acordo com fulcro 
no dispositivo legal da lei n° 12.850/13. 
 
O art. 4°, §2° dá a legitimidade para o delegado representar: 
 
§ 2o Considerando a relevância da colaboração 
prestada, o Ministério Público, a qualquer tempo, e o 
delegado de polícia, nos autos do inquérito policial, 
com a manifestação do Ministério Público, poderão 
requerer ou representar ao juiz pela concessão de 
perdão judicial ao colaborador, ainda que esse 
benefício não tenha sido previsto na proposta inicial, 
aplicando-se, no que couber, o art. 28 do Decreto-Lei 
nº 3.689, de 3 de outubro de 1941 (Código de Processo 
Penal). 
 
Assim, um preâmbulo seria: 
 
“A Polícia Federal, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no 
uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelos arts. 4°, §2 e §7° da, Lei n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 
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12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, 
representar pela homologação do acordo de colaboração premiada abaixo 
exposto, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
3.1.3 Fatos 
 
Nos fatos, você vai narrar os principais aspectos fáticos, bem como os termos do 
acordo, e os possíveis resultados da colaboração. 
 
Vale ressaltar também que vão anexos os termos de aceitação do colaborador, e de 
seu defensor, devidamente assinados. 
 
Importante também a especificação das medidas protetivas a serem deferidas para o 
colaborador. 
 
Segue o modelo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Você pode ainda relatar os termos do acordo com o anexo a sua peça, ou seja, não vale 
a pena você relatar todos os termos do acordo na narrativa fática, vale a pena você 
mencionar o acordo como anexo à sua peça. Mas isso você só vai fazer se a questão 
lhe der indícios para que isso seja feito. Se a questão quiser que você coloque todos os 
termos do acordo na peça, o que acho difícil, você deve mencionar os termos de acordo 
no bojo da sua peça. 
 
3.1.4 Fundamentos 
 
O requisito de cabimento deve ser a caracterização da organização criminosa, ou seja, 
você vai provar que existe uma O.C., de acordo com o conceito da própria lei. 
Fatos 
 
• Relato da colaboração e seus possíveis resultados 
• Condições da proposta 
• Declaração de aceitação do colaborador e de seu 
defensor (podem seguir anexas). 
• Especificação das medidas protetivas. 
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Além de mostrar que é uma O.C., você vai ter de mostrar que é necessária a 
homologação do acordo para cumprimento do §7°, da Lei n° 12.850/13. 
 
Ou seja, é uma parte da peça bem tranquila, bem direta. Segue o modelo de 
fundamentação coringa, que pode ser utilizado em qualquer questão dessa natureza. 
 
“Quanto ao cabimento da medida especial de investigação, temos 
demonstrada a ocorrência de uma Organização Criminosa, nos termos do art. 
1°, §1°, da Lei 12.850/13, pois que cumpridos os requisitos pessoal, estrutural 
e finalístico”. 
 
“Quanto ao periculum in mora a medida é necessária, para que o 
desbaratamento da O.C. seja concretizado, pois os resultados da colaboração 
são claros e prováveis, reclamando de vossa excelência a homologação do 
referido acordo, acima mostrado na narrativa de fatos”. 
 
3.1.5 Pedido 
 
No pedido da homologação, você vai pedir para que o juiz homologue o acordo de 
colaboração premiada, após a oitiva do membro do MP e, caso entenda necessário a 
oitiva sigilosa do colaborador. 
 
Lembre-se de que a ideia é pedir a homologação e não representar pelo perdão judicial, 
ou qualquer outro benefício, isso vai ser feito por ocasião da sentença. A decisão que 
você pleiteia aqui nesse momento é apenas a homologação do acordo de colaboração 
premiada. 
 
Um modelo de pedido seria: 
 
Ante o exposto, solicito Vossa Excelência que homologue o termo de acordo 
de colaboração premiada em todos os seus termos, após a manifestação do 
membro do Ministério Público e a sigilosa oitiva, se for o caso, do colaborador. 
 
Solicita ainda que seja o pleito apreciado no prazo de 48(quarenta e oito) 
horas, nos termos do art. 7°, §1°, da Lei n° 12.850/13. 
 
Nestes termos. Pede deferimento. 
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Local e data 
 
Delegado de Polícia Federal 
Matrícula 
 
 
Vamos colocar tudo agora num modelo único: 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA _____° VARA FEDERAL DA 
SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________. 
 
Sigiloso (art. 7°, caput) 
Urgente (art. 7°, §1°) 
 
 
“A Polícia Federal, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no 
uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelos arts. 4°, §2 e §7° da, Lei n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 
12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, 
representar pela homologação do acordo de colaboração premiada abaixo 
exposto, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
1. Fatos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2. Fundamentos 
 
 
• Relato da colaboração e seus possíveis resultados 
• Condições da proposta 
• Declaração de aceitação do colaborador e de seu 
defensor (podem seguir anexas). 
• Especificação das medidas protetivas. 
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Quanto ao cabimento da medida especial de investigação, temos demonstrada 
a ocorrência de uma Organização Criminosa, nos termos do art. 1°, §1°, da Lei 
12.850/13, pois que cumpridos os requisitos pessoal, estrutural e finalístico. 
 
Quanto ao periculum in mora a medida é necessária, para que o 
desbaratamento da O.C. seja concretizado, pois os resultados da colaboração 
são claros e prováveis, reclamando de vossa excelência a homologação do 
referido acordo, acima mostrado na narrativa de fatos. 
 
3. Pedido 
 
Ante o exposto, solicito Vossa Excelência que homologue o termo de acordo 
de colaboração premiada em todos os seus termos, após a manifestação do 
membro do Ministério Público e a sigilosa oitiva, se for o caso, do colaborador. 
 
Solicita ainda que seja o pleito apreciado no prazo de 48(quarenta e oito) 
horas, nos termos do art. 7°, §1°, da Lei n° 12.850/13. 
 
Nestes termos. Pede deferimento. 
 
Local e data 
 
Delegado de Polícia Federal 
Matrícula 
 
Vamos agora passar ao modelo da segunda medida, que é a ação controlada. 
 
3.2 AÇÃO CONTROLADA 
 
A ação controlada na O.C. tem um regramento especial, ou seja, aqui você não vai 
pedir nada ao juiz, vai apenas comunicar, para que o juiz estabeleça limites, se 
entender prudente. Vamos aos principais aspectos. 
 
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A peça pode não seguir o modelo de petição, uma vez que não se vai requerer, ou seja,pode ser feita por meio de ofício, uma vez que se trata apenas de uma informação 
oficial, uma comunicação. 
 
Como vamos enviar um ofício, não há necessidade de endereçamento, você vai apenas 
colocar elementos de referência e introduzir o tema. Com o vocativo. 
 
3.2.1 Introdução 
 
É bom colocar o nome ofício e um n°, após alguns elementos de referência, nos quais 
devem constar o número do inquérito, ou do outro procedimento investigatório, além 
do nome sigiloso, que deverá constar nos elementos de referência em cumprimento ao 
art. 8°, § 2°, da Lei n° 12.850/13. 
 
§ 2o A comunicação será sigilosamente distribuída de 
forma a não conter informações que possam indicar a 
operação a ser efetuada. 
 
3.2.2 Corpo 
 
No corpo da sua peça de informação você vai relatar como será efetuada a ação 
controlada com todos os seus detalhes e mencionar as vantagens que advirão do 
retardamento da intervenção policial. 
 
O objetivo dessa parte da peça é mostrar ao juiz que você entende ser cabível a ação 
controlada para obter maior vantagem em relação ao que se pretende, ou seja, 
desbaratar a O.C, além de punir uma maior quantidade de envolvidos no crime. 
 
Se for uma entrega vigiada, além dos requisitos acima, você vai ter de mostrar que 
conhece o itinerário da entrega, para que possa ficar sob a sua vigilância o produto do 
crime. 
 
3.2.3 Conclusão 
 
A conclusão de seu ofício deve mostrar que baseado no que foi mostrado no corpo do 
ofício, informa ao juiz acerca da ação controlada que será realizada em meio a uma 
O.C, com a finalidade de obter melhores resultados com a ação policial. 
 
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Vale a pena mencionar o estabelecimento de limites e a comunicação ao MP, nos termos 
do art. 8°, §1°. 
 
§ 1o O retardamento da intervenção policial ou 
administrativa será previamente comunicado ao juiz 
competente que, se for o caso, estabelecerá os seus 
limites e comunicará ao Ministério Público. 
 
Um modelo de conclusão seria: 
 
Ante o exposto, comunica a vossa excelência a ação controlada para que sejam 
estabelecidos limites, nos termos do art. 8°, §1°, da Lei n° 12.850/13, 
comunicando após ao órgão do Ministério Público. 
 
Atenciosamente, 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula 
 
Veja que a peça acima é bem simples e em alguns pontos será cobrado de você alguns 
conhecimentos jurídicos simples, o principal é lembrar que é uma medida que o juiz 
apenas comunica ao juiz, quando ocorrida em meio a uma organização criminosa. 
 
 
3.3 INFILTRAÇÃO DE AGENTES POLICIAIS 
 
Na infiltração de agentes policiais temos que fazer uma representação ao juiz, nela 
vamos solicitar a autorização para o deferimento da autorização para que o agente 
policial possa ser infiltrado na O.C. 
 
Como estamos diante de mais uma TEI que deve ser representada ao juiz, vamos 
utilizar o modelo de petição, que deve ser distribuída ao juiz competente. 
 
3.3.1 Endereçamento 
 
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O endereçamento é fundamental na sua peça, e no caso de representação por 
autorização para infiltração de agentes, geralmente ela é endereçada ao juízo federal 
da seção/subseção judiciária do local onde ocorreu o delito. Lembrando que você só vai 
fazer isso se tiver a convicção de que sabe qual é o local do crime. Caso contrário, 
recomendo que você faça um endereçamento genérico como o apresentado abaixo. 
 
Aqui a ideia é seguir as regras de competência do CPP. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ FEDERAL DA _____° VARA FEDERAL DA 
SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________. 
 
Após o endereçamento, a título de elemento de referência, vale a pena mencionar que 
a medida é sigilosa e merece ser distribuída dessa forma, em atendimento ao 
dispositivo legal da Lei n° 12.850/13 (art. 12, caput). 
 
Art. 12. O pedido de infiltração será sigilosamente 
distribuído, de forma a não conter informações que 
possam indicar a operação a ser efetivada ou 
identificar o agente que será infiltrado. 
 
Outro fator importante de ser mencionado nos elementos de referência é o fato de 
estarmos diante de uma medida urgente, pois a própria lei menciona que o juiz decidirá 
acerca da autorização, no prazo de 24 horas após a manifestação obrigatória do MP. 
 
§ 1o As informações quanto à necessidade da operação 
de infiltração serão dirigidas diretamente ao juiz 
competente, que decidirá no prazo de 24 (vinte e 
quatro) horas, após manifestação do Ministério Público 
na hipótese de representação do delegado de polícia, 
devendo-se adotar as medidas necessárias para o êxito 
das investigações e a segurança do agente infiltrado. 
 
Esse detalhe você pode voltar a mencionar no seu pedido, ou seja, requerer que o juiz 
decida urgentemente, no prazo de 24 horas, após a manifestação do MP. 
 
3.3.2 Preâmbulo 
 
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O preâmbulo é a parte inicial da peça, no caso da representação por autorização para 
infiltração de agentes, você deve legitimar-se para propor a medida com base no 
dispositivo legal da lei n° 12.850/13. 
 
O art. 10, caput dá a legitimidade para o delegado representar: 
 
Art. 10. A infiltração de agentes de polícia em tarefas 
de investigação, representada pelo delegado de polícia 
ou requerida pelo Ministério Público, após 
manifestação técnica do delegado de polícia quando 
solicitada no curso de inquérito policial, será precedida 
de circunstanciada, motivada e sigilosa autorização 
judicial, que estabelecerá seus limites. 
 
Assim, um modelo de preâmbulo seria: 
 
“A Polícia Federal, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no 
uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelos arts. 4°, §2 e §7° da, Lei n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 
12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, 
representar pela homologação do acordo de colaboração premiada abaixo 
exposto, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
Veja que a representação é pela autorização. A infiltração será realizada pela própria 
autoridade policial ou seu agente, o que geralmente ocorre. 
 
3.3.3 Fatos 
 
Nos fatos, você vai narrar os principais aspectos fáticos, envolvendo a O.C., bem como 
citar os principais elementos fáticos do enunciado que nos permitem observar ser a 
infiltração a ultima ratio. 
 
A técnica de narrativa é a mesma de sempre, ou seja, narrar objetivamente, de forma 
a parafrasear o texto do enunciado. 
 
Você vai resumir com suas próprias palavras os fatos ocorridos, sempre destacando 
aqueles que vão servir de base para a sua fundamentação jurídica. 
 
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Lembre-se de que para lhe dar um norte de como narrar os fatos sem ser repetitivo em 
relação ao que já foi mencionado no enunciado, vale a pena utilizar a regrinha da 
resposta às perguntas abaixo: 
 
 
O que? 
 
Quem? 
 
Quando? ACONTECEU 
 
Onde? 
 
Por que? 
 
Se você conseguir responder a essas perguntas com um texto bem objetivo, sua 
narrativa dos fatos certamente ficará muito boa e a pontuação dessa parte estará 
garantida. 
 
Procure treinar essa parte quando estiver escrevendo um e-mail, ou até quando estiver 
contando uma história a algum colega. 
 
3.3.4 Fundamentos 
 
a) Cabimento 
 
O requisito de cabimento deve ser a caracterização da organização criminosa, ou seja,você vai provar que existe uma O.C., de acordo com o conceito da própria lei. 
 
Ou seja, é uma parte da peça bem tranquila, bem direta. Segue o modelo de 
fundamentação coringa, que pode ser utilizado em qualquer questão dessa natureza. 
 
“Quanto ao cabimento da medida especial de investigação, temos 
demonstrada a ocorrência de uma Organização Criminosa, nos termos do art. 
1°, §1°, da Lei 12.850/13, pois que cumpridos os requisitos pessoal, estrutural 
e finalístico, o que demonstra ser cabível a medida pleiteada”. 
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b) requisitos cautelares 
 
O fumus comissi delicti aqui se conjuga nos indícios de que existe a O.C, no entanto 
você já vai ter feito isso no início, quando falou sobre o cabimento da medida. 
 
Ou seja, praticamente cumprido esse requisito no parágrafo que você terá redigido 
imediatamente acima. 
 
Na mesma toada, vale a pena demonstrar o periculum in mora, que nada mais é do 
que a indispensabilidade da medida cumulada com a necessidade de se infiltrar um 
agente policial no anseio de obter fontes de prova. 
 
Um modelo de fundamentação nesse ponto seria: 
 
Conforme demonstrado acima, há a configuração de uma O.C., nos termos da 
conceituação legal, ou seja, está cumprido o requisito do fumus comissi delicti, 
pois presente a materialidade delitiva em relação ao crime de formação de O.C. 
 
Por outro lado, a infiltração mostra-se como medida altamente necessária, 
pois para a investigação caminhar rumo ao seu objetivo final, é necessária a 
obtenção de mais elementos de informação e fontes de prova, que possam 
reforçar os elementos até então trazidos. 
 
Ademais, a medida é a ultima ratio no que diz respeito à investigação, ou seja, 
não há como prosseguir na busca e colheita de fontes de prova e elementos 
de informação se não for deferida a medida em apreço, tamanha é a estrutura 
da O.C. 
 
Além disso, é importante mencionar o alcance das tarefas dos agentes, ou seja, você 
vai provar em sua peça até que ponto os agentes infiltrados atuarão de forma 
dissimulada e sigilosa. 
 
Ainda é bom ressaltar, que, nos termos da Lei, você deverá mencionar sempre que 
possível, as informações relativas ao nome ou alcunha das pessoas investigadas, bem 
como o local e que se dará a infiltração. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Art. 11. O requerimento do Ministério Público ou a 
representação do delegado de polícia para a infiltração 
de agentes conterão a demonstração da necessidade 
da medida, o alcance das tarefas dos agentes e, quando 
possível, os nomes ou apelidos das pessoas 
investigadas e o local da infiltração. 
 
3.3.5 Pedido 
 
No pedido da sua representação, você vai representar pela autorização para infiltração 
policial, após a oitiva do membro do MP. 
 
Aqui temos que ressaltar que a medida comporta prazo legal e você vai sempre pedir 
pelo prazo máximo estabelecido em lei, que é de 6 (seis) meses, nos termos do art. 
10, §3°, da Lei n° 12.850/13. 
 
§ 3o A infiltração será autorizada pelo prazo de até 6 
(seis) meses, sem prejuízo de eventuais renovações, 
desde que comprovada sua necessidade. 
 
Não mencione no seu pedido qualquer prorrogação, pois isso será feito em momento 
posterior, quando você necessitar de uma prorrogação da medida. 
 
Um modelo de pedido seria: 
 
Ante o exposto, representa essa autoridade policial a Vossa Excelência para 
que autorize a infiltração do agente policial ____________________, na 
organização criminosa supramencionada, autorizando além de sua infiltração 
pelo prazo de 6(seis) meses, que condutas eventualmente delituosas 
praticadas por eles sejam acobertadas pelo mando do estrito cumprimento do 
dever legal e da inexigibilidade de conduta diversa, não configurando, 
portanto, crime, por ser a medida de direito adequada ao prosseguimento das 
investigações policiais. 
 
Requer a oitiva do Ministério Público, nos termos do art. 10, §1°, da Lei n° 
12.850/13. 
 
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Requer ainda que sejam concedidos ao agente infiltrado todas as medidas 
protetivas previstas no art. 14 da mencionada Lei, visando a sua proteção e 
integridade. 
 
Nestes termos. Pede deferimento. 
 
Local e data 
 
Delegado de Polícia Federal 
Matrícula 
 
Veja que se trata de um pedido longo e com muitos detalhes, não se esqueça de 
nenhum deles, a maioria está com previsão normativa na própria lei de O.C., que você 
deve estar com ela na ponta da língua. 
 
Vamos agora condensar todas essas informações em um modelo único de 
representação: 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DEDERAL DA _____° VARA FEDERAL DA 
SEÇÃO/SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE __________. 
 
 
Sigiloso (art. 12, caput) 
 
Urgente (art. 12, § 1°) 
 
 
“A Polícia Federal, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final assinado, no 
uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelos arts. 4°, §2 e §7° da, Lei n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 
12.830/2013, vem, mui respeitosamente, a presença de Vossa Excelência, 
representar pela homologação do acordo de colaboração premiada abaixo 
exposto, pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor”. 
 
1. Fatos 
 
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Narrar os fatos de forma objetiva e sucinta, mostrando fatos que levam a 
caracterização da O.C., bem como o fato de que a medida é necessária, citando 
fatos que corroborem essa tese. 
 
2. Fundamentos Jurídicos 
 
2.1 Cabimento 
 
Inicialmente podemos afirmar que estamos diante de uma Organização 
Criminosa, nos termos da Lei de regência (12.850/13), o que faz ser 
admissível a técnica de investigação que ora se pleiteia a autorização. 
 
2.2 Requisitos Cautelares 
 
Conforme demonstrado acima, há a configuração de uma O.C., nos termos da 
conceituação legal, ou seja, está cumprido o requisito do fumus comissi delicti, 
pois presente a materialidade delitiva em relação ao crime de formação de O.C. 
 
Por outro lado, a infiltração mostra-se como medida altamente necessária, 
pois para a investigação caminhar rumo ao seu objetivo final, é necessária a 
obtenção de mais elementos de informação e fontes de prova, que possam 
reforçar os elementos até então trazidos. 
 
Ademais, a medida é a ultima ratio no que diz respeito à investigação, ou seja, 
não há como prosseguir na busca e colheita de fontes de prova e elementos 
de informação se não for deferida a medida em apreço, tamanha é a estrutura 
da O.C. 
 
3. Pedido 
 
Ante o exposto, representa essa autoridade policial a Vossa Excelência para 
que autorize a infiltração do agente policial ____________________, na 
organização criminosa supramencionada, autorizando além de sua infiltração 
pelo prazo de 6(seis) meses, que condutas eventualmente delituosas 
praticadas por eles sejam acobertadas pelo mando do estrito cumprimento do 
dever legal e da inexigibilidade de conduta diversa, não configurando, 
portanto, crime, por ser a medida de direito adequada ao prosseguimento das 
investigações policiais. 
 
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Requer a oitiva do Ministério Público, nos termos do art. 10, §1°, da Lei n° 
12.850/13. 
 
Requer ainda que sejam concedidos ao agente infiltrado todas as medidas 
protetivas previstas no art. 14 da mencionada Lei, visando a sua proteçãoe 
integridade. 
 
Nestes termos. Pede deferimento. 
 
Local e data 
 
Delegado de Polícia Federal 
Matrícula 
 
5. QUESTÕES COMENTADAS 
 
A questão abaixo foi retirada de uma prova de delegado de polícia da PCAP, realizada 
pela banca FGV, até agora foi a única questão de concursos de delegado de polícia em 
que precisamos representar pelas medidas investigativas da Lei n° 12.850/13. 
 
Questão 01 (Modificada pelo professor Vinícius Silva) 
 
(PCAP - 2010 – FGV) A polícia está investigando uma organização criminosa 
integrada por policiais militares, bombeiros militares e policiais civis cujos 
integrantes são suspeitos da prática de homicídios, extorsão, concussão, 
corrupção ativa e passiva, dentre outros crimes. De acordo com o que foi 
apurado até o momento, esses agentes públicos exigem que os comerciantes 
e moradores de uma determinada localidade paguem prestações semanais em 
dinheiro. Os criminosos chegaram mesmo a assumir a associação de 
moradores da comunidade, numa eleição marcada pela intimidação dos 
eleitores. Inicialmente o pagamento era feito para que os agentes públicos 
policiassem a área e não deixassem que comerciantes e moradores fossem 
furtados, roubados ou sofressem outros crimes. Porém, com o tempo, esse 
grupo de agentes públicos passou a exigir também que os comerciantes e 
moradores somente comprassem gás em botijão com determinados 
revendedores, os quais eram, por sua vez, obrigados a conceder parte dos 
ganhos a essa organização criminosa. Aqueles que se recusaram a pagar foram 
espancados, mortos ou expulsos da localidade em que a organização criminosa 
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atua. Ocorre que a investigação chegou a um ponto em que as provas 
necessárias para identificar toda a cadeia de comando da organização 
criminosa só podem ser obtidas com a colaboração de alguém que participe da 
organização, já que nenhuma das vítimas concorda em depor. Para dificultar 
ainda mais a investigação, os criminosos não guardam qualquer espécie de 
registro de suas atividades e nenhum deles utiliza aparelhos telefônicos, com 
receio de serem interceptados, só discutindo seus planos criminosos na sede 
da associação. Na sede da delegacia encontram-se dois agentes de polícia que 
se predispuseram voluntariamente a ajudar na investigação, podendo 
inclusive infiltrar-se nela com o objetivo de obter elementos de informação. 
Na condição de delegado titular responsável pela investigação, você chegou à 
conclusão de que é preciso lançar mão de medidas investigatórias mais 
intensas. Diante desse quadro, redija a peça prática própria para por em 
prática a medida de investigação adequada para obter as informações que a 
polícia necessita, apontando os dispositivos legais pertinentes e 
fundamentando a necessidade da medida requerida. Fundamente as suas 
respostas demonstrando conhecimento acerca dos institutos jurídicos 
aplicáveis ao caso e indicando os dispositivos legais pertinentes. 
 
Comentário e modelo de peça 
 
Podemos afirmar que se trata de uma típica situação em que temos configurada uma 
organização criminosa do tipo milícia armada, que atua em regiões de favelas e periferia 
exercendo o chamado estado paralelo, por meio do qual um verdadeiro aparato 
administrativo atua com violência para garantir que a população gaste seu dinheiro em 
determinados pontos comerciais que são obrigados a pagar taxas ilegais aos agentes 
delituosos com a finalidade de garantir a sua suposta paz. 
 
Não há dúvidas de que e trata de uma verdadeira organização criminosa, inclusive por 
conta da própria questão que já deixou claro que estamos diante do referido instituto 
disciplinado pela Lei n° 12.850/13. 
 
A medida a ser tomada é a infiltração dos dois agentes policiais que, voluntariamente, 
se predispuseram a ajudar, inclusive com a infiltração, se for o caso. 
 
Assim, vamos ter de representar ao juiz pela autorização para a infiltração dos agentes 
policiais. O que devemos ter em mente é que os agentes de polícia deverão infiltrar-se 
na O.C., com a finalidade de prosseguir na investigação. A medida é necessária para 
que não pereça a própria investigação e o cabimento está satisfeito, pois temos um 
crime de O.C. configurado, bem como agentes de polícia voluntários à infiltração. 
 
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A peça, portanto, está definida e devemos mostrar agora como proceder no caso 
concreto. 
 
Não nos esqueçamos do prazo de 6 (seis) meses e da oitiva do MP acerca do pedido de 
autorização. 
 
A distribuição deve ser sigilosa e urgente, haja vista o prazo exíguo que o magistrado 
possui para analisar o pedido e o possível deferimento ser dado. 
 
Vamos à peça. 
 
EXCELENTÍSSIMO SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA _____° VARA CRIMINAL DA 
COMARCA DE __________. 
 
 
Inquérito Policial de n° ______. 
 
Infiltração de Agente Policial em Organização Criminosa (art. 10 da Lei n° 
12.850/13) 
 
Sigiloso (art. 12, caput) 
 
Urgente (art. 12, § 1°) 
 
 
A Polícia Civil do Estado do ______, por meio do seu Delegado de Polícia, ao final 
assinado, no uso de suas atribuições, que lhe são conferidas, dentre outros dispositivos, 
pelos art. 10, caput, da Lei n° 12.850/13, bem como no art. 2°, §1°, da Lei 
12.830/2013, bem assim pela (citar a lei que regulamenta as atribuições da polícia civil 
do estado para o qual está prestando concurso), vem, mui respeitosamente, a presença 
de Vossa Excelência, representar pela autorização para infiltração de agentes policiais, 
pelos fundamentos de fato e de direito que a seguir passa a expor. 
 
1. Fatos 
 
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De acordo com os autos, até então ficou apurado que se trata de uma organização 
criminosa que está atuando na forma de milícia armada, praticando crimes de 
homicídios, extorsão, concussão, corrupção ativa e passiva, dentre outros. 
 
O grupo formado por policiais civis e militares e bombeiros atua obrigando a população 
a comprar em determinados estabelecimentos comerciais que pagam taxas abusivas 
aos milicianos sob o pretexto de garantir a segurança deles. 
 
A investigação conseguiu apurar ainda que o os integrantes são funcionários públicos, 
nos termos do Código Penal – CP, e aproveitam da sua situação de agentes públicos 
para coagirem as testemunhas a não prestar depoimento em sede policial, sob pena de 
serem mortas. 
 
A investigação policial chegou num ponto em que não se pode mais prosseguir na busca 
de informações, pois a Organização Criminosa não faz contatos via telefone, o que 
inviabiliza a interceptação, tampouco há outras medidas investigativas para serem 
colocadas em prática com o fito de levar a investigação ao seu fim. 
Em anexo segue ainda o termo de anuência dos agentes policiais lotados nessa 
delegacia que concordam com a execução da técnica e voluntariam-se para atuarem 
como agentes infiltrados. 
 
2. Fundamentos Jurídicos 
 
2.1 Cabimento 
 
Inicialmente podemos afirmar que estamos diante de uma Organização Criminosa – 
O.C., nos termos da Lei de regência (12.850/13), o que faz ser admissível a técnica de 
investigação que ora se pleiteia a autorização. 
 
2.2 Requisitos Cautelares 
 
Conforme demonstrado acima, há a configuração de uma O.C., nos termos da 
conceituação legal, ou seja, está cumprido o requisito do fumus comissi delicti, pois 
presente a materialidade delitiva em relação ao crime de formação de O.C. 
 
Por outro lado, a infiltração mostra-se como medida altamente necessária, pois para a 
investigação caminhar rumo ao seu objetivo final, é necessária a obtençãode mais 
elementos de informação e fontes de prova, que possam reforçar os elementos até 
então trazidos. 
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Ademais, a medida é a ultima ratio no que diz respeito à investigação, ou seja, não há 
como prosseguir na busca e colheita de fontes de prova e elementos de informação se 
não for deferida a medida em apreço, tamanha é a estrutura da O.C. 
 
Portanto, nos termos da Lei n° 12.850/13, restam cumpridos os requisitos cautelares 
para o deferimento da medida em apreço. 
 
3. Pedido 
 
Ante o exposto, representa essa autoridade policial a Vossa Excelência para que 
autorize a infiltração dos agentes policiais ____________________, na organização 
criminosa supramencionada, autorizando além de sua infiltração pelo prazo de 6 (seis) 
meses, que condutas eventualmente delituosas praticadas por eles sejam acobertadas 
pelo mando do estrito cumprimento do dever legal e da inexigibilidade de conduta 
diversa, não configurando, portanto, crime, por ser a medida de direito adequada ao 
prosseguimento das investigações policiais. 
 
Requer a oitiva do Ministério Público, nos termos do art. 10, §1°, da Lei n° 12.850/13. 
 
Requer ainda que sejam concedidas aos agentes infiltrados todas as medidas protetivas 
previstas no art. 14 da mencionada Lei, visando a sua proteção e integridade. 
 
Nestes termos. Pede deferimento. 
 
Local e data 
 
Delegado de Polícia 
Matrícula 
 
Veja que se seguiu o modelo na maior parte da peça. Tente memorizar até os 
fundamentos que foram expostos, pois eles podem ser utilizados como 
coringa. 
 
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6. QUESTÕES PROPOSTAS 
 
Questão 1 (Vinícius Silva): 
 
Na 13ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal tramita o inquérito policial de n° 
145/2015, por meio do qual a Polícia Judiciária apura a suposta prática de crimes de 
contrabando de armas, trazidas da Amazônia, supostamente oriundas da região da 
Colômbia. 
 
Até então se pode comprovar que a participação de André Tavares, que seria o 
responsável pela compra das armas com o fornecedor da região amazônica; Rui 
Andrade, que seria o responsável pela distribuição e contato com clientes que integram 
pequenas “bocas de fumo”, assaltantes e outras pessoas integrantes de gangues; O 
chefe da parte logística seria Bruno Pereira, que organiza as entregas e os locais onde 
elas devem ser efetuadas; Arnaldo Torres, que seria o piloto de fuga, especialista em 
pilotagem de veículos e de aeronaves de pequeno porte, pois trabalhou muito tempo 
em uma empresa de taxi aéreo. 
 
A polícia possui informações mediante a interceptação de comunicações telefônicas, 
que um grande carregamento de armas será entregue e uma pista de pouso particular 
que fica em uma grande propriedade particular localizada em na cidade satélite de 
Planaltina. 
 
As informações dão conta de que no dia, uma série de componentes da organização 
estarão presentes, pois após a entrega haverá uma repartição dos lucros entre os 
componentes. 
 
Assim, verificando a possibilidade de obter um êxito maior na operação policial, na 
qualidade de delegado de polícia, produza a peça cabível a investigação policial nesse 
momento visando a colheita de resultados mais amplos, no que diz respeito aos 
envolvidos nas práticas delituosas. 
Questão 2: (Vinícius Silva) 
 
A Polícia Civil do Ceará está investigando um grupo que atua no tráfico de seres 
humanos para a região sudeste do país, com a finalidade de promover a prostituição 
de mulheres em estados como São Paulo e Rio de Janeiro. 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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Até então foi apurado por meio do inquérito policial de n° 123/215, que se trata de um 
grande grupo, de mais de 10 pessoas, que atuam de forma organizada e que a chefia 
deles é exercida por uma mulher da alta sociedade cearense, que atua cooptando 
jovens da periferia cearense para o esquema de tráfico humano, sob o pretexto de 
encontrarem emprego fácil e boas remunerações. 
 
A investigação chegou num momento em que não consegue mais obter informações 
acerca dos locais em que as garotas ficam escondidas, pois tampouco consegue 
prosperar nas demais informações acerca do modus operandi da suposta quadrilha. 
 
Assim, diante dessas informações, Caio Prado, agente de polícia civil lotado na 
Delegacia especializada em tráfico de seres humanos e crimes sexuais do Estado do 
Ceará, voluntaria-se a ajudar de forma dissimulada, infiltrando-se entre os criminosos, 
com o objetivo de obter mais informações sobre as condutas perpetradas pelos agentes 
criminosos. 
 
Diante da situação acima, represente ao juiz pela medida adequada para o 
prosseguimento das investigações, visando à infiltração do agente de polícia voluntário. 
 
Bom esses são os problemas propostos de medidas investigativas da Lei n° 
12.850/13. 
 
 
Bom pessoal essa aula foi mais longa que as demais, mas justamente pelo fato de 
envolver muitos detalhes teóricos. Espero que tudo tenha sido devidamente entendido 
por todos e espero vocês no nosso último encontro que será sobre a representação por 
exame de identificação criminal. 
 
Abraços. 
 
Bons Estudos. 
 
Prof. Vinícius Silva. 
 
 
 
 
 
Carlos Roberto, Vinicius Silva
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