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A Cannabis sativa tem sido cultivada pelo homem há mais de 5.000 anos, seja para a obtenção de fibras para manufatura têxtil, seja para fins medicinais ou recreacionais. Apenas recentemente, porém, foram clonados os alvos celulares das substâncias canabinóides, que foram denominados receptores CB. A longa história da Cannabis teve sua evolução estimulada e conduzida para a medicina após a descoberta e caracterização química do seu principal princípio ativo, o ∆9- Tetrahidrocanabinol (THC). Em sequência, em 1988, um sítio de ligação para o THC foi identificado no cérebro de ratos e, em 1990, foi clonado o primeiro receptor canabinóide. Após a identificação de um segundo receptor, ficou definida a nomenclatura de CB1 para o primeiro receptor e CB2 para o segundo. O CB1 é o mais abundante receptor GPCR (receptores de membrana ligados-a-proteína G) no cérebro, enquanto o CB2 está presente nas células do sistema imunológico. Os receptores, de acordo com a ordem de descoberta, foram classificados em CB1 e CB2: →CB1 é responsável pela maior parte dos efeitos psicotrópicos – além de serem o de maior abundância no Sistema Nervoso Central (SNC). →CB2 tem sua expressão majoritária no sistema imunológico, na micróglia e em condições patológicas como a dor crônica. O mecanismo de ação de ambos é similares e culmina na hiperpolarização neuronal ocasionando a diminuição da liberação de neurotransmissores na fenda sináptica: • o CB1, quando ativo, inibe a adenilciclase que, por sua vez, leva a um déficit na conversão de ATP em AMPc diminuindo a ação da Quinase A (PKA); com a redução da fosforilação dos canais de potássio – gerando a saída destes íons nas células pré-sinápticas – ocorre a inibição dos canais de cálcio sensíveis à voltagem que leva à dessensibilização neuronal. • Já o CB2 – que apresenta estrutura físico-química homóloga em 44% aos receptores CB1 – possui atividade inibitória das proteínas Gi que, por sua vez, inibem a adenilciclase ativando, assim, a cascata da proteína MAPK. Os receptores CB1 do sistema nervoso central está localizado nos terminais nervosos pré-sinápticos e pós-sinápticos, que são responsáveis pela maioria dos efeitos neurocomportamentais dos canabinoides. Os receptores CB2 são encontrados perifericamente nas células do sistema imunológico e no sistema nervoso central, juntamente com os receptores CB1, porém em menores quantidades. No início da década de 90, foram descobertos dois agonistas endógenos dos receptores canabinóides: a N-aracdonoil etanolamina (Anandamida) e a 2-aracdonoil glicerol (2-AG), sendo atualmente designadas como endocanabinóides (ECB). Os endocanabinoides são uma das exceções à lei da polarização dinâmica, proposta por Ramon e Cajal em 1891, que postula que a comunicação interneural procede dos terminais axonais pré- sinápticos para dendritos pós-sinápticos; diferentemente dos neurotransmissores clássicos, funcionam como mensageiros retrógados extracelulares, sendo liberados do neurônio pós- sináptico para atuar nos CB1 pré-sinápticos de forma autócrina e parácrina As enzimas fosfolipase N-acilfosfatidiletalonamina-seletiva e lipase sn-1diacilglicerol-seletiva são as enzimas que rapidamente hidrolisam a Anandamida e a 2-AG, respectivamente. Os receptores canabinóides, os endocanabinóides e as enzimas que catalisam sua síntese e degradação constituem o Sistema Endocanabinóide (SECB). Maconha O primeiro antagonista específico do receptor CB1 endocanabinóide foi descoberto em 1994, sendo denominado SR141716 ou Rimonabant. Esta substância vem sendo estudada como modulador do apetite e como agente para o controle do tabagismo e, principalmente, para o controle dos fatores de risco ligados à obesidade visceral (discussão adiante). O antagonista específico do receptor CB2, SR144528, futuramente poderá ser usado em pesquisas com a finalidade de modular a resposta imune. O sistema endocanabinóide Os receptores canabinóides pertencem à superfamília dos receptores de membrana-ligados-a-proteína G (GPCR; G- Protein-Coupled-Receptor): A ativação desses receptores, tipicamente, inibe a adenilatociclase com consequente fechamento dos canais de cálcio, abertura dos canais de potássio e estimulação de proteínas quinases. O CB1 é o mais abundante receptor GPCR no cérebro, expresso predominantemente nos neurônios pré-sinápticos, mas também se encontra presente no sistema nervoso periférico. Já os receptores CB2 estão presentes nas células do sistema imunológico. Há evidências farmacológicas e fisiológicas sugerindo a existência de outros subtipos de receptores, ainda não clonados. Principais agonistas endógenos: a anandamida e a 2-AG; são derivados de ácidos graxos poli-insaturados de cadeia longa, principalmente do ácido aracdônico. Os endocanabinóides agem como mensageiros cerebrais retrógrados. O estímulo começa no neurônio pós-sináptico e a excitação neuronal leva à despolarização e ao influxo de íons cálcio que estimulam várias fosfolipases, iniciando assim a síntese dos endocanabinóides. Para a produção de anandamida ocorre a ativação da N- aciltransferase (NAT) que converte a fosfatidiletanolamina e fosfatidilcolina em N-araquidonilfosfatidiletanolamina (NAPE) levando à hidrólise do NAPE pela N-araquidonil-fosfatidil- etanolamina-fosfolipase-D (NAPE-FLD), gerando anandamida; já no caso do 2-AG, a principal via é a da fosfolipase-C-beta- diacilglicerol-lipase: a FLCβ converte fosfoinositídeos membranares em 1,2-diacilglicerol que ao sofrer hidrólise pela DAGL forma o endocanabinóide. Esses são liberados na fenda sináptica e se difundem livremente para estimular os receptores CB1 nos terminais pré-sinápticos neuronais. O aumento do cálcio intracelular é fator desencadeante para que o precursor de endocanabinóide acoplado à membrana seja sintetizado, clivado e liberado. Os endocanabinóides agem como mediadores locais de forma parácrina e autócrina, sendo captados por células neuronais através de transportadores e metabolizados rapidamente. Assim, são rapidamente hidrolisados pelas enzimas fosfolipase N- acilfosfatidiletalonamina-seletiva (FAAH) e lipase sn-1- diacilglecerol seletiva. É importante ressaltar que os ECB não ficam armazenados nas vesículas lisossômicas, mas são prontamente sintetizados e liberados para as células, onde e quando forem necessários. Isto corrobora dados em animais que apontam para uma hiperatividade do SECB em estados de obesidade. Jack e cols. demonstraram que a mesma mutação no gene da FAAH pode estar relacionada a um maior risco de uso de drogas ilícitas e alcoolismo, sugerindo também uma relação entre SECB e abuso e dependência de drogas Além de seus efeitos no balanço energético, o SECB tem um importante papel na regulação da secreção hormonal, através da sua ação primária no hipotálamo e direta na hipófise. A expressão dos receptores CB1 e a síntese de ECB nas células hipofisárias, além da habilidade dos ECB em inibir a secreção de prolactina e de GH e em aumentar a de ACTH, foram recentemente descritos. Além disso, são capazes de modular a resposta imune e inflamatória e várias funções fisiológicas, como a cardiovascular (alteração da frequência cardíaca e vasodilatação), a respiratória (hiper ou hipoventilação e broncodilatação), a reprodutiva (inibição da secreção de testosterona e relaxamento uterino) e a ocular (diminui a pressão intraocular). Cannabis 1) Absorção imediata da droga pela rede capilar pulmonar. 2) Dos pulmões, a droga atinge o lado esquerdo da circulação cardíaca. 3) Sendo lipofílica, é rapidamente absorvida por órgãos como o cérebro, atravessando a barreira hematoencefálica. 4) Só mais tarde a droga atinge órgãos como o fígado, para ser metabolizada. Hipocampo→dificulta na memória a curto prazo Córtexfrontal→euforia Núcleo accumbens→dependência 5) A substância ativa da maconha reage durante uma fração de segundo com um receptor, nas células cerebrais. Começa uma série de transformações, em nível molecular. Através das proteínas, a células se comunica com outras células. Os canabinóides endógenos parecem participar da mediação de vários comportamentos apetitivos (de reforço e consumo), incluindo alimentos, cigarros e álcool. O uso de canabinóides causa uma onda imediata e generalizada caracterizada por euforia, riso, instabilidade e despersonalização. Após 1-2 horas, funções cognitivas como memória, tempo de reação, coordenação e alerta são comprometidas, e o usuário tem dificuldade de concentração. Esse efeito corresponde a uma fase de declínio, que provoca relaxamento e até mesmo sono. Em ratos, a administração de canabinóides naturais e sintéticos causa liberação de dopamina no nucleus accumbens da via de recompensa encefálica, embora ainda não seja conhecida a via específica relacionada. O uso de maconha induz tolerância; o mecanismo desse efeito ainda é desconhecido. A interrupção do uso é seguida por síndrome de abstinência que inclui inquietação, irritabilidade, agitação, insônia e náusea. Tetrahidrocanabinol Sendo um agonista CB1, o Δ9-THC mimetiza as ações dos endocanabinoides, mas o faz difusamente (violando a especificidade espacial), inibindo a transmissão sináptica por meio da ativação indiscriminada dos receptores. A absorção do ∆ 9 -THC acontece de forma rápida devido as condições anatômicas do pulmão e também devido às suas propriedades físico-químicas, sendo distribuído para os tecidos com uma alta vascularização como o cérebro e fígado. Quando a Cannabis é usada, ∆ 9 -THC como um agonista parcial se liga ao CB1 e atua de forma menos seletiva na inibição da liberação de neurotransmissores, e também pode aumentar a liberação de dopamina, glutamato e acetilcolina em certas regiões cerebrais, possivelmente inibindo a liberação de um neurotransmissor inibitório como GABA. Dependendo da região do cérebro onde ocorrem as ligações, estes podem produzir efeitos fisiológicos muitos diferentes e complexos, como por exemplo os efeitos de analgésicos, sedação e catalepsia. Os receptores são ativados quando estão na presença de ligantes endógenos, ou quando existem outros canabinoides presente, como o ∆ 9 -THC, e a partir desta interação ocorre uma série de reações que causam um decréscimo na inibição de liberação de neurotransmissores. Canabidiol Embora as quantidades relativas de fitocanabinoides em preparações de Cannabis sejam altamente variáveis, a concentração de CBD constitui até 40% de seu extrato. O perfil farmacológico do CBD tem sido investigado, extensivamente, in vivo e in vitro, provando que, mesmo uma ampla gama de concentrações, o mesmo não apresenta efeitos tóxicos. A administração aguda desse canabinoide, por diferentes vias, não induziu efeitos tóxicos significativos em seres humanos. Mais ainda, o mesmo grupo de pesquisadores demonstrou que o CBD é bem tolerável até doses de 1500 mg/dia, considerando, ainda, humanos. Diante disso, está claro que o CBD é uma droga considerada segura. É sabido que o CBD não causa efeitos psicomiméticos, como os gerados pelo Δ 9 -THC, por exemplo. Por meio de suas biossínteses, estas substâncias presentes na cannabis são primeiramente sintetizadas pela planta sob a forma de ácidos carboxílicos e, somente após a influência da luz e calor, são convertidas nos canabinoides, com a perda do grupo carboxílico sob a forma de dióxido de carbono. A maioria do THC encontrado na planta está na forma de seu ácido carboxílico THCA, o processo descarboxilação ocorre parte na planta e parte no seu modo de consumo, principalmente na forma de fumo, na presença de calor sendo o ácido carboxílico convertido em THC. Alimentação x cannabis No homem, é reconhecido o efeito do uso recreacional da Cannabis, induzindo a procura por alimentos, notadamente alimentos palatáveis (este efeito é popularmente denominado de “larica”). Anatomicamente, esta relação parece se confirmar, ao se demonstrar que os endocanabinóides e o receptor CB1 estão presentes em altas concentrações em áreas hipotalâmicas que estão envolvidas no controle alimentar como a ventromedial, a dorsomedial, a lateral, os núcleos arqueados e os paraventriculares. Uma interessante característica do sistema endocanabinóide é o fato de agir “sob demanda”. Isto significa que é acionado apenas quando necessário e funciona para reparar ou modular a função de outros mediadores. Diversos sítios de produção de neurotransmissores relacionados ao comportamento alimentar, como CRH (Corticotropin Releasing Hormone), MCH (Melanin Concentrating Hormone), CART (Cocaine-Amphetamine Related Transcript) e a pré-pró-orexina estão localizados próximos aos receptores CB1. De outra forma, a administração central e periférica de anandamida (AEA) aumenta a ingesta alimentar em roedores. Jamshidi e cols. injetaram anandamida no hipotálamo de ratos pré-saciados e observaram um grande e significativo aumento da ingesta alimentar após três horas do procedimento. Sugere-se, deste modo, que uma deficiência da sinalização da leptina proporcionaria o aumento dos níveis de EC e que, na obesidade, este sistema estaria hiperativo. Di Marzo e cols. demonstraram, assim, que o SECB e a leptina fazem parte do sistema homeostático que regula a ingestão alimentar e o peso corporal. Os receptores CB1 estão presentes no trato gastrointestinal, nas mesmas regiões onde se expressam peptídeos envolvidos no controle alimentar, sugerindo um possível papel do SECB na modulação da alimentação através de uma sinalização intestino- cérebro. Já foi demonstrado que o jejum aumenta os níveis de anandamida no intestino delgado, o que se relacionaria ao estímulo da ingesta alimentar. A grelina é um peptídeo sintetizado pela mucosa do fundo gástrico, que age como um potente orexígeno, sinalizando o início da alimentação. Cani e cols. demonstraram que a administração do antagonista do receptor CB1, o Rimonabant, inibiu a ingesta alimentar nos ratos em jejum, o que se associou a redução significativa dos níveis de grelina. Uma forma de demonstrar o papel do SECB no controle do balanço energético é, naturalmente, a sua inativação. Isto pode ser feito inativando geneticamente o seu principal receptor (CB1) ou utilizando um antagonista CB1 específico. Assim, foi demonstrado que camundongos nocauteados para o gene do receptor CB1 consomem significativamente menos comida. Cota e cols. demonstraram também que os animais nocauteados (KO) para o gene do receptor CB1 ganhavam menos peso do que os animais primitivos. (lipogênese) Evidências do papel do sistema ECB na SM em modelos animais O tecido adiposo é fundamental para a fisiopatologia da SM devido à função armazenadora de energia, à função endócrina do adipócito, ao conceito da deposição ectópica de gordura e ao papel do sistema PPAR, entre outros. Só recentemente, porém, conhecimentos da relação do sistema ECB com o tecido adiposo surgiram e, naturalmente, as inferências sobre o seu papel na SM são uma questão lógica. O primeiro achado, na verdade, vem de longa data, quando ficou demonstrado que o canabinóide ∆9-Tetrahidrocanabinol (THC) era lipossolúvel. Mais importante, porém, foram os estudos de Cota e cols. e de Bensaid e cols., que demonstraram em camundongos e ratos, respectivamente, a presença de receptores CB1 no tecido adiposo. Ainda mais, foi demonstrado que o uso de um agonista do receptor CB1 (WIN-55,212) estimulava de maneira dose- dependente a lipase lipoprotéica e a lipogênese em cultura de células adiposas. Um outro achado que liga o sistema ECB com o tecido adiposoe a SM foi publicado por Bensaid e col. Estes investigadores demonstraram que o Rimonabant induzia um aumento da expressão da proteína exclusiva do adipócito, a Acrp30 (adiponectina), no tecido adiposo de ratos Zucker obesos. O mesmo se observou em cultura de adipócitos, realçando um efeito direto no adipócito. O fígado é um importante sítio de metabolismo da glicose e de lipídeos. Seu envolvimento na SM está bem estabelecido. De fato, a esteato-hepatite não alcoólica é um constituinte dos estados de obesidade e resistência à insulina. Como sobejamente conhecido, a resistência periférica à ação da insulina está relacionada de forma independente com a obesidade visceral. Da mesma forma, a resistência hepática à ação da insulina relaciona-se com o teor de gordura hepática, que por sua vez está relacionado com o depósito de gordura visceral. Ainda mais, a oferta de ácidos graxos para o fígado, avaliada pela sua concentração no território venoso esplâncnico, está diretamente relacionada com o teor de gordura visceral. Mediadores moleculares como o SREBP-1 (Steroid Regulator Element Binding Protein 1) estão envolvidos na fisiopatologia da esteatose e da injúria hepática nos estados de obesidade e resistência à insulina. Este é um fator de transcrição que atua na cascata da lipogênese hepática, via transcrição dos genes de enzimas-chave como a acetil-CoA-carboxilase-1 (ACC1) e a sintetase de ácidos graxos (FAS). Recentemente, foi demonstrado que o fígado também expressa receptores CB1, através dos quais há a indução do SREBP- 1 e, consequentemente, indução da lipogênese hepática. Em animais com obesidade induzida por dieta, estes autores demonstraram um aumento do endocanabinóide anandamida, da expressão do receptor CB1 e de esteatose hepática. Mais ainda, mostraram que o tratamento destes animais com Rimonabant diminuiu a síntese hepática de ácidos graxos. Interessantemente, os animais KO para o receptor CB1 não só se mostraram resistentes ao ganho de peso, como também à esteatose. Papel do antagonismo do receptor CB1 na dependência de nicotina De acordo com a OMS, atualmente cerca de 47% dos homens e 12% das mulheres são tabagistas em todo o mundo. A relação entre tabagismo e mortalidade cardiovascular é bem definida, e o tabagismo permanece como a mais prevenível causa de morte cardiovascular. A nicotina, presente no cigarro, é a substância responsável pelo desenvolvimento da dependência. O consumo de nicotina é motivado pela liberação de dopamina no nucleus accumbens. O uso crônico de nicotina resulta em hiperestimulação persistente do SECB no nucleus accumbens, com reforço da liberação de dopamina e abuso da nicotina. O bloqueio seletivo do receptor CB1 tem demonstrado ser eficaz no tratamento da dependência à nicotina. O estudo STRATUS (STudies with Rimonabant And Tobacco USe), envolvendo 6.500 pacientes em todo o mundo, foi desenvolvido para avaliar o papel do antagonista seletivo de CB1 (Rimonabant) na interrupção do tabagismo, abstinência a longo prazo e prevenção de ganho de peso (após o paciente parar de fumar). O projeto engloba 2 estudos fase III de 10 semanas de duração seguidas de 10 semanas de follow-up (STRATUS–US nos Estados Unidos e STRATUS–EU na Europa) e um estudo de 1 ano de tratamento seguido por 1 ano de seguimento (STRATUS–WW – estudo mundial). Resultados preliminares do STRATUS–US demonstraram que a taxa de abandono do tabagismo foi significativamente maior com Rimonabant 20 mg ao dia quando comparado ao placebo, com também significativa redução do ganho de peso após a interrupção do tabagismo. O perfil de segurança do Rimonabant foi favorável neste estudo. Considerando o papel do tabagismo como expressivo fator de risco cardiovascular, aliado ao ganho de peso associado à interrupção do tabagismo e ao possível desenvolvimento da SM, estes estudos orientam para o potencial terapêutico do bloqueio do SECB nesta situação. Efeitos agudos mais importantes da maconha No Sistema Nervoso Central (depende da dose, experiência, expectativa, ambiente): ✓ Leve estado de euforia; ✓ Relaxamento (redução da ansiedade); ✓ Afeta sensações ligadas à música, ao paladar e ao sexo; ✓ Prolonga a percepção de tempo; ✓ Pode causar risos imotivados; torna o usuário mais falante e sujeito a delírios No resto do corpo ✓ Olhos avermelhados, boca seca e taquicardia. Intoxicação (dose: 1000 vezes maior que a usual) ✓ O risco real para a saúde é mínimo: não há registro de morte por intoxicação. Tolerância | Dependência | Síndrome de Abstinência ✓ Tolerância: observada apenas em casos de consumo elevado; ✓ Dependência: cerca de 10% dos usuários crônicos apresenta fissura e centralidade na droga; ✓ Síndrome de abstinência (fracamente definida e de baixa intensidade; somente para altas doses e em períodos prolongados de uso); ansiedade; insônia; perda do apetite; tremor das mãos; sudorese; reflexos aumentados; bocejos; humor deprimido. O uso regular de maconha, por períodos muito longos, está associado com: ✓ Ansiedade, paranoia, pânico, depressão; 9 Prejuízo da memória e da habilidade de resolver problemas; ✓ Redução da testosterona (redução transitória da fertilidade masculina); 9 Pressão arterial alta; ✓ Asma, bronquite; ✓ Psicose entre as pessoas com histórico familiar de esquizofrenia. O uso de maconha na adolescência aumenta a probabilidade de sintomas psicóticos após os 26 anos de idade; ✓ Doença do coração e doenças crônicas obstrutivas das vias aéreas; ✓ Cânceres (propriedades carcinogênicas são superiores às do tabaco); ✓ Problemas de atenção e motivação (síndrome amotivacional); ✓ Prejuízo na memória/concentração: compromete desempenho de tarefas complexas e rendimento intelectual. Efeitos terapêuticos potenciais da maconha ✓ Redução do vômito e aumento do apetite em quimioterapia e tratamento da AIDS; ✓ Alivia a dor neuropática, podendo ser usada como adjunta no tratamento de pacientes com AIDS, câncer e diabetes; ✓ Efeito antiespástico em pacientes com esclerose múltipla; ✓ Uso no tratamento de glaucoma, por diminuir a pressão intraocular. Há a necessidade de mais estudos controlados para comprovar sua eficácia por outras formas de administração diferente da fumada (a ser evitada pelos efeitos lesivos desta via de administração). Referências: LUCIA, maria. Efeitos das substâncias psicoativas, módulo 2. 7ª Edição, Brasília 2014. PÔRTO, victória. PAPEL DOS ENDOCANABINOIDES NO DESENVOLVIMENTO DA RETINA, BACHARELADO EM PESQUISA CIENTÍFICA: FISIOLOGIA E FARMACOLOGIA. Niterói, 2019. UFF MIGUEL, Luís. Determinação de Tetrahidrocanabinol e principais metabolitos em amostras de plasma com recurso à microextração em seringa empacotada e análise por cromatografia gasosa acoplada a um detetor de espectrometria de massa em tandem. Relatório de Estágio para a obtenção do Grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas. Covilhã, outubro de 2013. PUPIN, angélica. “EFEITOS INTERATIVOS DO CANABIDIOL SOBRE O COMPORTAMENTO COGNITIVO, COMPORTAMENTO EMOCIONAL E NEUROPLASTICIDADE HIPOCAMPAL DE CAMUNDONGOS, UEM. Maringá, 23 de maio de 2014. PEREIRA, yago. Sínteses e Aplicações Recentes do ∆ 9 - Tetraidrocanabinol (THC) e seus Derivados em Química Medicinal. Universidade Federal de São João del-Rei. 2017. Abuso e dependência da maconha, Rev. Assoc. Med. Bras. vol.51 no.5 São Paulo Sept./Oct. 2005. Efeitos cerebrais da maconha – resultados dos estudos de neuroimagem. Rev Bras Psiquiatr. 2005. neurobiologia da Cannabis: do sistema endocanabinoide aos transtornos por uso de Cannabis. J Bras Psiquiatr. 2011 O Sistema Endocanabinóide: Novo Paradigma no Tratamento da Síndrome Metabólica. Arq Bras Endocrinol Metab vol 50 nº 2 Abril 2006. Exploraçãofarmacológica do sistema endocanabinoide: novas perspectivas para o tratamento de transtornos de ansiedade e depressão?. Revista Brasileira de Psiquiatria • vol 32• Supl I • mai2010
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