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1 Clínica Médica Tayana Bastos – ATM 23 Fatores de Risco Cardiovascular e Dislipidemia Risco Cardiovascular É o risco do paciente do paciente ter algum desses eventos em 10 anos: - IAM não fatal - Morte por qualquer etiologia cardíaca (arritmias, IC, valvulopatias, DAC..) - AVC fatal ou não fatal, tanto hemorrágico quanto isquêmico. Classificação de Risco - Muito alto* (adicionado recentemente pelas sociedades europeia e brasileira de cardiologia) - Alto * - Moderado - Baixo - Sem risco adicional * Os grupos mais relevantes são o muito alto risco e alto risco, pois terão alvos terapêuticos diferentes e utilizarão medicações específicas. * Só pode utilizar essa classificação em pacientes maiores de 40 anos e menores de 80 anos. Como é estratificado o RCV para a Classificação de risco? 1) Calculadoras RCV (usadas em app) 2) Alto / Muito Alto Risco Automático (existem condições clínicas que automaticamente vão classificar eles nesses grupos, independentemente do resultado que der na calculadora) Calculadoras RCV 1) Framingham: EUA, início da déc. de 90. População branca e idosa. 2) ASCVD calc (AHA/ACC): Sociedade americana.. População afro americanos e brancos (40 – 79 anos) Condições clínicas para reclassificação: se o paciente apresentar irá fazer com que ele eleve 1x o RCV dele. - PCR ultrassensível (>2mg/L) - HF de DAC (H<55 anos e M<65 anos) - ITB < 0,9 - Escore de Cálcio (>300 Agatston) 3) SCORE calc (ESC): Sociedade Europeia População europeia Condições clínicas de reclassificação: HF de DAC (H<55 anos M<65 anos) ITB < 0,9 Escore de Cálcio (>100 Agatston) IMT (espessura do índice médio intimal) > 0,9mm Lipoproteina A elevada Apo B elevada Proteína C reativa elevada Hipertrigliceridemia 4) Calculadora RCV SBC Condições clínicas para Reclassificação → PCR ultrassensível: exame laboratorial, é uma prova inflamatória - Quando um paciente tem um estado inflamatório crônico, persistente, ele tem um risco de formar mais placas de ateromas. - Quando o paciente tem uma PCR ultrassensível alta, ele tem um nível de estresse oxidativo mais elevado, ou seja, ele tem um ponto de inflamação basal mais elevado. - A inflamação e o estresse oxidativo, quando atuam sobre a placa de colesterol deixam ela mais permeável ao colesterol, aumentando as chances de rompimento e de ocorrer um evento cardiovascular → todo estado pró-inflamatório aumenta o risco cardiovascular. → História Familiar de Doença Arterial Coronariana: É válido sempre para parentes de primeiro grau - História familiar de doença coronariana (H<55 anos M<65 anos) é diferente de história pessoal de doença coronariana (H<65 anos M<55 anos) → Índice Tornozelo Braquial (ITB): Se houver uma diferença significativa entre a pressão no braço e na perna quer dizer que já existe um grau de obstrução vascular - Se houver algum ponto de oclusão na artéria abdominal ou na rede arterial do membro inferior o fluxo para parte distal a perna fica reduzido - Pressão arterial da perna / pressão arterial do braço → resultado <1 = pressão perna está muito baixa, logo, tem algum grau de oclusão. → Escore de cálcio: É um cálculo feito por um software no exame de angiotomografia de coronárias. - Quando há presença de placa de colesterol na coronária, com o tempo ela vai inflamando e vai se calcificando, então quanto maiores os pontos de calcificação nas coronárias mais placas de colesterol ele apresenta ali. De acordo com as calcificações o software vai dar um número, chamado Agatston: Se Agatston > 300 (sociedade americana) ou Agatston > 100 (sociedade europeia) significa que o paciente apresenta aterosclerose coronariana e ele pula de classificação. → IMT: Representa a quantidade de gordura na camada média intimal das carótidas - Quanto maior a camada média intimal, significa que mais colesterol está depositado nela, mesmo que não tenha uma placa de colesterol nela, se houver espessura > 0,9mm já indica que o paciente tem depósito de colesterol no sistema vascular. - Essa medida é feita através do exame Eco Doppler de carótidas. 2 Clínica Médica Tayana Bastos – ATM 23 Como estratificar Alto / Muito Alto Risco Automático → Diabéticos: - Muito Alto Risco = Com lesão a órgão alvo → retinopatia ou nefropatia diabética → proteinúria, infarto, AVC. - Alto Risco = Sem lesão a órgão alvo. → Doença renal crônica - Muito Alto Risco = TFG < 30ml/min (estágio 4 de DRC) - Alto Risco = TFG 30-50ml/min (estágio 2 e 3 de DRC) → Aterosclerose - Muito Alto Risco = Evento cardiovascular (CV): presença de placa de colesterol e já teve IAM/AVC/vasc. - Alto Risco = Aterosclerose subclínica (presença de placa de colesterol, mas sem evento CV). Fatores Comportamentais no RCV → Tabagismo - O tabaco aumenta muito o risco cardiovascular (independente da carga tabágica), pois além de aumentar o perfil lipídico do paciente (perfil LDL), ele também aumenta o estresse oxidativo, deixando-o em estado inflamatório crônico. - Não tem muito estudo sobre o uso do cigarro eletrônico, mas existem alguns casos nos EUA em que os pacientes apresentaram fibrose pulmonar aguda devido ao uso desse cigarro, mas não se sabe a relação específica entre eles. → Dieta - Dieta DASH x Dieta Mediterrâneo* (Baseadas em peixes, grãos, frutas... sendo a dieta do mediterrâneo indicadora do uso de azeite de oliva) - Nenhuma delas teve grande redução do risco de mortalidade, mas ambas tiveram redução do RCV, sendo a dieta do mediterrâneo mais efetiva. - Estudo “Pure”, foi lançado em 2018, indicou que quem tinha dieta com restrição de carboidratos morria menos do que quem tinha restrição de gordura → Atividade física - Para o paciente não ser considerado sedentário ele deve fazer no mínimo 3h de exercício físico de moderada intensidade por semana e recomenda-se que não ultrapassem 7h - Existem doenças cardiológicas relacionadas a grande carga e intensidade de exercício (dilatação ventricular) - Alguns atletas de alta intensidade pode ter risco de fazer IC por sobrecarga cardíaca. → Controlar o peso corporal - IMC entre 20-25 → Controle de pressão arterial Lipoproteínas e lipídeos no RCV → LDL: é usado como alvo terapêutico! - Partícula presente em maior quantidade na ApoB - É a partícula mais aterogênica, ou seja, é a que forma mais placa de colesterol - Não existe um exame altamente confiável para dosagem de LDL, então se utiliza um cálculo: LDL = CT – HDL – (TGA/5) - Quando os TGA forem maior que 400, essa fórmula não poderá ser utilizada / se for maior que 400 se dosam outras partículas. • Perfil lipídico do paciente diabético = LDL baixo ou normal (subestimado), HDL baixo, TGA bastante altos e CT normal. - Se eu tenho bastante TGA, a proporção do LDL, de acordo com a fórmula deve ser pequena. Logo, o LDL em diabéticos é baixo porque os TGA são altos. Nas evidências recentes existe um estudo de metanálise (avaliação estatística de vários ensaios clínicos sobre o mesmo assunto) comparando os LDL dos pacientes. Se vê como resultado que quanto maior os níveis de colesterol maior a incidência/ocorrência de eventos cardiovasculares, sendo uma relação linear → significa que o LDL alto mata mais! → Triglicerídeos (TGA) - Partícula rica em VLDL - Sua mensuração é mais importante por refletir os níveis de ApoB circulante do que pela sua mensuração quantitativa (especialmente em diabéticos), porque quanto mais TGA eu tiver, mais ApoB eu tenho e mais LDL, Lp A eu terei juntamente - os TGA não são mais alvos terapêuticos! Ele só vira alvo terapêutico se estiveres extremamente altos e ainda com ressalvas. → HDL - o HDL antigamente era usado como alvo terapêutico, porque quanto mais ApoA tu forma, menos ApoB tu teria, porém com alguns estudos se viu que a incidência de eventos cardiovasculares não se modificaem relação ao aumento de HDL - Atualmente não é usado como alvo terapêutico, não há evidência de redução RCV com aumento nos níveis de HDL → Lipoproteína A (Lp A) - É uma partícula do LDL e, assim como o LDL, atravessa livremente a barreira endotelial e é carregada pelo ApoB. - Estrutura molecular semelhante ao plasminogênio (ele é um dos últimos fatores que ativam a cascata de coagulação, possui efeito inflamatório e pró coagulante quando em altos níveis sanguíneos) - Perfil de aterogeneidade tão grande quanto o LDL - Não há evidências de que sua redução reduza a taxa de eventos cardiovasculares (visto que os estudos ainda são bem recentes). - É um alvo secundário no controle das dislipidemias (níveis Lp A>180mg/dL), não se usa ele como alvo terapêutico, ele simplesmente é um marcador de risco cardiovascular aumentado - Alto níveis de Lp A → mais placa de colesterol → mais inflamação → maior risco de eventos cardiovasculares. Só existe placa de aterosclerose em artéria, o que obstrui veia é trombo. 3 Clínica Médica Tayana Bastos – ATM 23 Metabolismo dos Lipídeos Essa figura mostra toda a vida metabólica dos lipídeos até se tornarem colesterol ou serem eliminados. - Primeiro os lipídeos são absorvidos no intestino, onde existem células com borda em escova, específicas para absorção. - No plasma, esses lipídeos são transformados em quilomícrons. Dentro do próprio plasma e nos tecidos periféricos existe a enzima lipase lipoproteica quebra os quilomícrons transformando parte em gordura (que se deposita no tecido subcutâneo) e parte ficará remanescente, sendo oferecida ao fígado. - No fígado, o quilomícron tem duas vias: ser transformado em colesterol de alta densidade (HDL) ou ser transformado em colesterol de baixa densidade (LDL) - Parte do colesterol LDL vai ser liberada para corrente sanguínea e outra parte vai se transformar em sais ou ácidos biliares, os quais irão para bile e em seguida voltarão ao intestino para realizar a emulsificação de gorduras. - A enzima proteína transportadora de éster de colesterol (CETP) transforma o HDL em VLDL. A atuação de medicamentos ocorre por todo esse ciclo. → LDL (colesterol de baixa densidade): é o alvo terapêutico - É o colesterol que temos que cuidar, somado ao VLDL e IDL - Ele possui duas possibilidades metabólicas: 1. LDL → hepatócito → sais biliares 2.LDL → ApoB (proteína transportadora) → corrente sanguínea → Apolipoproteínas transportadoras: Qualquer um dos lipídeos precisa de transportadores. Existem 2 tipos de transportadores no nosso sangue: ApoA: transporta HDL ApoB: transporta VLDL, LDL, Lp A (lipoproteína A) e TGA (triglicerídeos), ou seja, fração não HDL (todas são transportadas por ApoB). - Quanto mais ApoA tu tem menos ApoB tem e vice-versa. Como o LDL age na circulação periférica - O LDL vem sendo transportado pela ApoB. - No endotélio dos tecidos existe um receptor para ApoB, permitindo que a ApoB unida a triglicerídeos/LDL/Lp A seja endocitada para dentro do tecido. O receptor da ApoB será liberado para voltar a superfície e o colesterol será liberado dentro da célula - O LDL também é capaz de entrar sozinho na célula, ele é carregado pela ApoB pela corrente sanguínea, mas quando passa perto dos tecidos o LDL é despejado por ela. Ao ficar livre na corrente sanguínea o LDL ele se une a nossas células inflamatórias. Por isso, o estado pró-inflamatório é tão prejudicial ao sistema cardiovascular. Os macrófagos vão endocitar esse colesterol, enchendo-se de LDL e transformando-se em células espumosas, as quais se unem devido a quimiotaxia na camada média intimal das artérias, começando a formar a placa de gordura rica em colesterol. - A Lp A também é capaz de atravessar a membrana sozinho, assim como o LDL. - Toda placa de colesterol/de aterosclerose possui o núcleo lipídio, constituído por colesterol (LDL) e uma capa fibrosa que a protege. Quanto + se enche a placa, + fina fica a capa fibrosa. - Todos os fatores de risco cardiovascular visto anteriormente promovem a inflamação dessa placa, quando ela inflama torna- se mais permeável, sendo mais fácil a entrada de colesterol no núcleo. Por isso HAS, tabagismo, estresse oxidativo e a hiperglicemia aumentam o risco cardiovascular, porque fazem a inflamação dessa capa fibrosa. - Na medida em que a placa de colesterol vai crescendo, a capa fibrosa vai tornando-se cada vez mais fina, porém ela nunca irá ocluir a luz do vaso enquanto estiver íntegra. - O grande problema ocorre quando a capa fibrosa rompe, pois ela libera o conteúdo lipídico para corrente sanguínea e o sangue não o reconhece como algo próprio, iniciando um estado inflamatório, ativando a cascata de coagulação e consequentemente ocorre oclusão (parcial/completa) do vaso. - Os eventos cardiovasculares como infarto, AVC, oclusão arterial aguda periférica ocorrem quando tem rompimento da placa de colesterol, o que é chamado de INSTABILIDADE DA PLACA. O que entope o vaso é o trombo, o coágulo formado, por isso quando as pessoas infartam se usa AAS, que é um anti agregante plaquetário. Como o LDL age no hepatócito - No hepatócito existem receptores na superfície de LDL e é positivo que existam muitos desses receptores, porque o hepatócito irá funcionar como uma descarga de LDL, tirando-o da circulação sanguínea e transformando-o em sair biliares - Existe uma enzima, a PCSK9, que faz a inibição competitiva com o receptor do hepatócito, impedindo que o LDL seja retirado da corrente sanguínea. É interessante então ter pouca enzima PCSK9 e bastante receptor de LDL no hepatócito.
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