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Neoplasia Luiza Barbosa Plasia: formação de um tecido que compõe um órgão. ➢ (Ana)plasia: desdiferenciação; ➢ (Hiper)plasia: proliferação fisiológica; ➢ (Neo)plasia: proliferação anormal; ➢ (Meta)plasia: conversão de tipo celular. Neoplasia é referida como TUMOR – e o estudo dos tumores é chamado de oncologia. Características da neoplasia: • Proliferação local de clones celulares atípicos; • Sem causa aparente; • Crescimento excessivo, progressivo e ilimitado, não coordenado e autônomo; • Com tendência a perda de diferenciação celular; É uma desordem genética, casada por mutações do DNA adquiridas espontaneamente ou induzidas por agressões do ambiente. Não é qualquer mutação, tem que envolver apoptose, vias metabólicas – conjunto de mutações em regiões específicas para que a célula se torne neoplásica. Existem possibilidades de alterações epigenéticas – regiões de regulação da transcrição do gene, que podem sofrer mutações, reduzindo ou induzindo a expressão de determinados genes. Célula tumoral: quando a célula perde o controle da sua divisão. O conjunto de células pode alterar a produção de substâncias, prejudicando o funcionamento do organismo, pressionar uma região, se for maligno pode se soltar e ir para outro tipo de tecido e crescer nele – metástase. Características 2 de todos os tumores, sejam eles benignos ou malignos: • Autossuficiência; • Ausência de resposta aos sinais inibidores de crescimento que controlam as proliferações celulares; • Evasão da morte celular (apoptose); • Potencial replicativo ilimitado; • Desenvolvimento da angiogênese; • Capacidade de invadir tecidos locais e disseminar-se para locais distantes – essa é das malignas; • Reprogramação das vias metabólicas, de forma a otimizar sua formação de energia (Efeito Warburg). TUMOR BENIGNO: ➢ Permanecem localizados (“inocentes”); ➢ Podem produzir mais do que massas localizadas – algumas vezes causam doença grave. TUMOR MALIGNO: ➢ Câncer (“agarram”); ➢ Invadir e destruir estruturas adjacentes; ➢ Disseminar-se para locais distantes (metástase). ESTRUTURA ARQUITETÔNICA: Parênquima são as células funcionais do tecido, com formato clássico, que tem o comportamento biológico do tecido. O Neoplasia Luiza Barbosa estroma é o tecido conjuntivo, a matriz, que dará estrutura ao órgão. Na neoplasia vão ter as células mutadas (parênquima) e as que irão associar às células neoplásicas para dar suporte para o tumor crescer (estroma). Os componentes básicos da neoplasia: parênquima, constituído por células neoplásicas ou transformadas (comportamento biológico) e estroma, constituído por tecido conectivo, vasos sanguíneos e células inflamatórias derivadas do hospedeiro (crucial para o crescimento). NOMENCLATURA – TUMORES BENIGNOS: • Surgidos em tecidos mesenquimais: designação – acrescentar sufixo “oma” ao tipo celular: Tecido fibroso: fibroma; Tecido cartilaginoso: condroma; Tecido adiposo: adipoma; Tecido ósseo: osteoma. • Surgidos em tecidos epiteliais: considerar padrão microscópico e/ou macroscópico e suas células de origem: Adenoma: derivada de glândulas (podem, ou não, formar estruturas glandulares); Papilomas: células de revestimento – produz projeção visível (micro e macroscópicas); Cistoadenomas: formas massas císticas (ex.: ovário). • Pólipos: neoplasia, benigna ou maligna, com projeção visível sobre a superfície mucosa e projeção no lúmen gástrico ou colônico. Geralmente derivado de papiloma. Embora seja um termo utilizado com frequência para tumores benignos, alguns tumores malignos também podem crescer como pólipos, enquanto outros pólipos (como os pólipos nasais) não são neoplásicos, mas têm origem inflamatória. NOMENCLATURA – TUMORES MALIGNOS: • Surgidos em tecidos mesenquimais: o Tumores “sólidos” ou seus derivados: sarcomas; ▪ Tecido fibroso: fibrossarcoma; ▪ Condrócitos: condrossarcoma. o Células mesenquimais sanguíneas: leucemias ou linfomas. • Tecidos epiteliais: o Denominados carcinomas. Neoplasia Luiza Barbosa TUMORES MISTOS: • Diferenciação divergente: Células neoplásicas benignas ou malignas, quase sempre são semelhantes, como se todas tivessem derivado de uma única progenitora, compatível com a origem monoclonal dos tumores. Em alguns casos incomuns, porém, as células tumorais sofrem a diferenciação divergente, criando os chamados tumores mistos. Teratoma: originam-se de células germinativas totipotentes. As células germinativas têm capacidade de se diferenciar em quaisquer tipos celulares no corpo adulto e podem dar origem a neoplasias que simulam, de maneira confusa, porções de osso, epitélio, músculo, gordura, nervo e outros tecidos. Características 3 dos tumores – como caracterizar um tumor benigno ou maligno: 1) Diferenciação vs. Anaplasia; 2) Velocidade de crescimento; 3) Invasão local; 4) Metástase. 1) Célula diferenciada é uma célula com características do tecido – assemelham-se com células normais. Enquanto células anaplásicas se desdiferenciou ou nunca passou por esse processo. As neoplasias benignas possuem células bem diferenciadas (em relação à célula tronco), está igual em formato e função das células do tecido. Enquanto a neoplasia maligna possui células indiferenciadas, as quais não se assemelham com células normais do tecido, ou seja, vão ser pleomórficas (células DIFERENTES, não diferenciadas). Células indiferenciadas – anaplásicas: anaplasia significa formação retrógrada, sugerindo desdiferenciação ou perda da diferenciação estrutural e funcional das células normais. Ex. de neoplasia benigna: ➢ Leiomioma do útero: tumor benigno, bem diferenciado, contém feixes entrelaçados de células musculares lisas neoplásicas que são virtualmente idênticas em aparência às células do músculo liso normal do miométrio. ➢ Lipoma: constituído por células adiposas maduras carregadas com vacúolos lipídicos. ➢ Condroma: constituído por células de cartilagem maduras que sintetizam sua matriz cartilaginosa. Ex. de neoplasia maligna: ➢ Tumor anaplásico do músculo esquelético (rabdomiossarcoma): marcante pleomorfismo celular e nuclear, os núcleos hipercromáticos e as células gigantes tumorais. Neoplasia Luiza Barbosa Apesar das exceções, quanto mais depressa crescer e mais anaplásico for um tumor, menos probabilidade haverá de que tenha atividade funcional especializada. 2) Tumores benignos – crescem lentamente. Tumores malignos – crescem muito mais depressa. Tumores mal diferenciados (anaplásicos) tendem a crescer mais rapidamente que os tumores bem diferenciados, com exceções: A taxa de crescimento dos leiomiomas (tumores benignos da musculatura lisa) do útero é influenciada pelos níveis circulantes de estrógenos. 3) Tumores benignos: • Permanecem localizados em seu sítio de origem; • NÃO tem capacidade de se infiltrar, invadir ou metastatizar para locais distantes; • A maioria desenvolve uma cápsula fibrosa envoltória (nem todos). Tumores malignos: • Infiltração (ampla margem de tecido na excisão cirúrgica); • Destruição; • Penetração do tecido circundante; • Não desenvolvem cápsulas bem definidas. 4) A metástase é o acesso de células em tumor em vias disseminativas, seguidas de transporte e crescimento de massas celulares secundárias. Indica uma neoplasia como maligna. Em geral, quanto mais anaplásica e maior a neoplasia primária, mais provável será a disseminação metastática. Disseminam-se por uma de três vias: • Semeadura nas cavidades corporais: superfície dos espaços peritoneais, pericárdicos ou subaracnóideos. • Disseminação linfática: transporte de células tumorais para linfonodosregionais e de outras partes do corpo (típica dos carcinomas). • Disseminação hematogênica: segue o fluxo venoso (fígado e o pulmão são mais facilmente atingidos – típica de sarcomas). Qual é o risco de uma neoplasia benigna se alterar para maligna? Em geral, a resposta é que não há. Mas, inevitavelmente, existem exceções, e talvez seja melhor dizer que cada tipo de tumor benigno está associado a um nível específico de risco, que vai de alto a praticamente inexistente. Neoplasia Luiza Barbosa ASPECTOS CLÍNICOS: CARCINOGÊNESE: Os carcinógenos podem ser classificados de acordo com o estágio da carcinogênese em que atuam. É qualquer substância que pode contribuir para a formação do câncer: • Oncoiniciadores: induzem o início do processo de carcinogênese; • Oncopromotores: atuam após as células já estarem alteradas e favorecem para que se tornem malignas; • Oncoaceleradores: agem na fase final, em que o câncer já está instalado. Eles podem ser classificados quanto à capacidade carcinogênica. Tempo e intensidade de exposição influenciam no processo de carcinogênese: Mutações que são chave para surgimento de células características de câncer são chamadas de condutoras – conduzem o desenvolvimento tumoral. Mutações com menores impactos são chamadas de passageiras – ter ou não ter, não influencia no desenvolvimento do câncer. O tumor possui várias características diferentes, podendo ter todas ao mesmo tempo. À medida que vai progredindo, a chance de se ter todas vai aumentando. • Replicação ilimitada; • Inflamação promotora de tumor; • Invasão tecidual e metástase; • Instabilidade genômica; • Angiogênese; • Resistência à morte; • Metabolismo acelerado; Neoplasia Luiza Barbosa • Autossuficiência de sinalização proliferativa; • Evasão imune; • Insensibilidade a sinais de anti-- crescimento. Genes críticos para o câncer: Primeira classe (proto-oncogenes): mutações causam aumento de função e câncer. As formas mutantes hiperativas são denominadas oncogenes. Todos temos proto- oncogenes nas células, que contribuem para sobrevivência e proliferação das células. Quando se tem mutação, eles ficam hiper ativados, sendo denominados oncogenes. Segunda classe (supressores de tumor): quando estão ativos, suprimem a expressão do câncer, param a proliferação da célula. Se tem mutação no supressor, perde o controle do ciclo celular, podendo também induzir o câncer. Dentro dos oncogenes, tem o Myc, que é um fator de transcrição, estando envolvido em 40% dos tumores humanos. As mutações são de amplificação (aumento do número de cópias dos genes) e translocação (quebra um pedaço de cromossomo e insere em outro). Outro gene é o RAS, associado à proliferação celular. Funciona como interruptor, associado ao GDP está desligado, associado ao GTP está ligado. Em uma célula normal, tem-se o fator de crescimento ligando no receptor e o RAS sai de inativo para ativo, acontece toda via bioquímica e a célula prolifera. Se o fator de crescimento para de atuar, o RAS não tem estímulo para se ligar ao GDP e o ciclo para, parando o sinal de proliferação. No câncer a RAS sofre mutação e fica ativa constantemente, então mesmo que o fator de crescimento não se ligue no receptor, o RAS está ativo, induzindo vias de proliferação constantemente. A mutação pontual, aquela que se troca um nucleotídeo por outro, é a mais comum no RAS. Neoplasia Luiza Barbosa CARCINOGÊNESE – CICLO CELULAR: Os complexos CDK-ciclina fosforilam proteínas-alvo circulantes que impulsionam o ciclo celular. Dentro do ciclo, temos pontos de controle, que asseguram que as células com cromossomos danificados não completem a replicação – entram em apoptose ou senescência. Existem genes responsáveis para regular esse ciclo celular: P53, Rb, P21, P27. O Rb se liga a um fator de transcrição e quando se liga ou desliga desse fator, ela também liga ou desliga a transcrição de vários genes envolvidos na replicação celular. Quando se tem um fator de crescimento atuando numa célula, ele atua no receptor, induz a ativação das ciclinas e CDKs, que fosforilam o Rb, que solta o fator de transcrição, o qual se liga nos genes e induz a transcrição de genes relacionados à proliferação celular. Se fosforilar muito o Rb, ele solta o fator de transcrição, que se liga ao promotor de vários genes, induz transcrição gene e então, faz-se proliferação. Se tem um inibidor do crescimento, inibe-se as ciclinas, não fosforilando o Rb, assim, ele fica grudado no fator de transcrição, impedindo que ele funcione, logo, não transcrevo o gene, logo, não se tem proliferação celular. Quando uma célula sofre mutação no Rb e ele para de funcionar, ele não consegue mais grudar no fator de transcrição, que fica constantemente se ligando nos genes e a célula fica em constante proliferação. O P53 é um sensor de alterações intracelulares. Mais de 70% dos cânceres humanos tem mutação no P53 (perda homozigótica – perda da função dos dois cromossomos). Regula questões metabólicas e genéticas. Por exemplo, se tem dano no DNA, manda parar o ciclo para consertar. Se tem quebra no telômero, a p53 manda a célula parar. Caso a célula consiga resolver, a p53 manda continuar, do contrário, induz apoptose. Se a célula perder a p53, não se tem controle da célula, podendo se tornar um tumor. EPIDEMIOLOGIA E DIAGNÓSTICO DAS NEOPLASIAS: Os efeitos sistêmicos são divididos em: Diretos: 1) Localização e compressão de estruturas adjacentes; 2) Atividade funcional (ex. síntese de hormônio); Neoplasia Luiza Barbosa 3) Sangramento e infecções (úlcera em superfícies adjacentes); 4) Ruptura ou infarto; 5) Caquexia (alterações de vias metabólicas – TNF e IL-1). Tanto os tumores malignos como os benignos podem causar problemas decorrentes. Indiretos: 1) Síndrome paraneoplásica: Manifestações em áreas que não são diretamente afetadas pela neoplasia. Sintomas que não podem ser prontamente explicados pela disseminação local ou distante do tumor ou pela elaboração de hormônios não nativos do tecido de origem do tumor. Está mais associada à tumores malignos. DIAGNÓSTICOS: • Rastreamento de neoplasias: Medida de prevenção secundária para o reconhecimento precoce de câncer em uma população assintomática. o Observação (pele, boca, genitália etc.); o Palpação (mama, tireoide, linfonodos etc.); o Exames de imagem (colposcopia, mamografia, US etc.); o Exames laboratoriais (marcadores tumorais). ➢ Observação: olhar com atenção para sinais externos. Está muito relacionada com o câncer de pele. Nas manchinhas, observar o método ABCDE: Neoplasia Luiza Barbosa o Simetria – benignos são simétricos e malignos assimétricos; o Borda – regulares nos benignos e irregulares nos malignos; o Cor – benignos costumam ter uma única cor, enquanto malignos possuem várias cores – anaplasia; o Diâmetro – benignos crescem devagar, costumam se estabilizar em até 5mm, enquanto manchas acima de 5mm já se deve preocupar; o Evolução – benignos crescem lentamente, depois até se estabilizam, malignos crescem mais rápido, mudando rapidamente a mancha, a aparência e a cor. ➢ Palpação: sentir a presença de nódulos em diferentes locais, podendo ser feita pelo próprio paciente. O exame acaba sendo mais efetivo quando realizado por um médico. ➢ Exames e procedimentos laboratoriais: necessita de algum equipamento, como o colposcópio, o exame para mamografia, a endoscopia e colonoscopia. ➢ Marcadores tumorais: exames de sangue podem indicar marcadores funcionais – substâncias naturalmente produzidas pelo corpo indicando variação, e nãonaturalmente produzidas. A vantagem é que muitas vezes se alteram com massas pequenas. Métodos citológicos e histológicos: ➢ Materiais: esfregaços citológicos, biopsia de tecido e aspiração com agulha fina. Exame físico + exame de imagem + exames clínicos laboratoriais + Citopatologia. o Esfregaços citológicos (Papanicolau): exame microscópico de um esfregaço com o propósito de detectar células anormais. Além da avaliação do colo do útero, pode ser realizado para outras secreções orgânicas, incluindo a drenagem do mamilo, lavagens anais, líquido pleural ou peritoneal e lavagens gástricas. ➢ Biópsia de tecido – remoção de uma amostra de tecido para estudo microscópico. o Biópsia de excisão: remoção completa da neoplasia; o Aspiração por agulha fina. ➢ Imuno-histoquímica – marcação com Ac específicos. o Características das neoplasias (ajuda no prognóstico e escolha do tratamento); o Identificar origem das metástases (detecção imunoquímica e antígenos específicos de tecidos ou órgão pode ajudar a identificar a origem da neoplasia). ➢ Microarrays (perfil de expressão genética): nível de expressão de Neoplasia Luiza Barbosa milhares de genes para determinar perfil molecular. o Diagnóstico de malignidade; o Prognóstico e escolha de tratamento; o Detecção de residual (pós tratamento); o Diagnóstico de pré- disposição hereditária. Classificação do câncer: • Graduação: características histológicas ou celulares da neoplasia. Grau I; Grau II; Grau III; Grau IV. Aumento da anaplasia OU perda da diferenciação. • Estadiamento: de acordo com a propagação clínica da doença. Sistema TNM (Classificação de tumores malignos – UICC): T: características (extensão e distribuição) do tumor primário; N: características dos linfonodos drenantes (próximo à neoplasia); M: presença ou ausência de metástases. Determinar o curso da doença e auxiliar na seleção de um plano de tratamento ou de manejo adequados. IMUNOLOGIA DOS TUMORES: Experimentos em animais mostraram que o sistema imunológico tem uma participação importante em tentar controlar o crescimento do tumor. Ao administrar carcinógeno em animais imunodeficientes e em imunocompetentes e observar, foi possível ver que os imunodeficientes desenvolviam câncer. À medida que passa o tempo da administração do carcinógeno, mais tumor surge nos imunodeficientes, enquanto poucos imunocompetentes desenvolvem. Com isso, percebe-se que o SI é importante no controle do desenvolvimento tumoral e que o SI não é suficiente sozinho para controlar esse desenvolvimento, porque senão, os imunocompetentes não teriam desenvolvido. Pacientes transplantados precisam receber o tratamento com imunossupressores, para que diminuam as chances de possuírem tumores, já que os transplantados possuem mais chances de desenvolverem que um paciente não transplantado. Existe a possibilidade de o SI eliminar um tumor no início de seu desenvolvimento, sendo possível ver, mesmo que de maneira complicada, a célula de memória contra um câncer do passado. As principais células responsáveis por essa eliminação são aa células NK e linfócito T-CD8. À medida que o tumor vai crescendo, se não é eliminado, pode passar por um processo chamado de edição imunológica – se você sofre uma pressão seletiva do sistema imune, algumas células resistentes serão selecionadas. Assim, células, por exemplo, que pararão de Neoplasia Luiza Barbosa expressar MHC de classe I, não apresentando antígenos para linfócito T CD8 citotóxicos ficando mais resistente a morte por esses linfócitos. Se diminui a expressar de MHC estará mais sujeito à morte pelas células NK, mas, além de diminuir a expressão de MHC, libera várias citocinas imunossupressoras, outras moléculas que têm interação com a superfície e suprime resposta imunológica. Quando essas células tumorais passam pela edição e pela imunossupressão, esse tumor pode escapar do SI. Organização imunológica dos tumores: Os tumores podem apresentar: • Pouca infiltração de linfócitos (exclusão imune); • Muita infiltração de linfócitos – quanto mais linfócitos citotóxicos, melhor o prognóstico; • Desenvolvimento de estrutura linfoide terciária (TLS). Tumores quentes: com alta infiltração de linfócitos T-CD8, tem resposta imunológica antitumoral funcional, melhor prognóstico. Podendo variar de paciente para paciente e tumor para tumor. Tumores frios: baixa infiltração de linfócitos, pior prognóstico. Antígenos tumorais: Quando se pensa em tumor, ele expressa vários antígenos, produção de proteínas que serão degradadas e apresentadas para MHC classe I ou II (quando o tumor tiver) – produz proteína X, ela é quebrada e é apresentada. Os tumores são heterogêneos – as células tumorais são heterogêneas quanto à expressão de antígenos, podendo ter células que apresentam antígenos normais na superfície. Esses antígenos possuem alta capacidade de ativar o SI – antígenos novos (produtos de mutação) são mais imunogênicos. Ativação de linfócitos T: Células dendríticas – captação de antígenos tumorais – ativação de linfócitos T. ➢ Apresentação por MHC classe II – ativação de linfócitos CD4+; ➢ Apresentação cruzada por MHC classe I – ativação de linfócitos T CD8+. Linfócitos T reguladores: podem matar células imunológicas e impedir que essas células funcionem, podem gerar energia, fazer com que percam atividade imunológica e produzir citocinas imunossupressoras que diminuem a resposta imunológica como um todo, seja dos linfócitos T, seja das apresentadoras de antígeno, ou seja, provocam imunossupressão no local do tumor. Se fizesse uma imunohistoquímica, visse que tem bastante linfócito T, ao analisar se são citotóxicos ou reguladores e ver que se tem mais regulador, sabe-se que o prognóstico do paciente é ruim. • Linfócitos T CD8 são os principais efetores contra tumores; • Principais funções: o Citotoxicidade; o Produção de citocinas inflamatórias. Neoplasia Luiza Barbosa Células NK: principais funções – • Citotoxicidade; • Produção de citocinas inflamatórias. A principal diferença entre a célula NK e o linfócito T citotóxico é que a NK é ativada quando se tem pouco MHC na superfície da célula alvo. Enquanto a célula T precisa ver o MHC, a NK não precisa ver. Se no início do tumor, ele começar a diminuir a expressão de MHC, eles podem ser sujeitos à morte pelas células NK. É importante contra o tumor principalmente nas fases iniciais. Linfócitos B: são menos eficientes contra os tumores se comparados com os T. Principais funções: • Fagocitose de células tumorais – produz anticorpos que irão opsonizar as células tumorais que vão ser fagocitadas; • Ativa o complemento – o anticorpo pode ativar; • Citotoxicidade ativada pelo anticorpo. Podem contribuir com o desenvolvimento tumoral também, induzindo: • Linfócitos T reguladores; • Macrófagos M2 (supressores); • Células MDSC – célula supressora mieloide (supressoras). Macrófagos: podem ser M1 ou M2. Se é M1 pode ativar os linfócitos, fagocitar células tumorais e matar o tumor. Mas, infelizmente, a maior parte presente nos tumores é M2, porque o ambiente tumoral converte de M1 para M2. O M2 tem várias funções supressoras, libera fatores de crescimento, fatores que estimulam a célula a invadir tecidos e fazer metástase, então, ele é ruim no tumor. Células MDSC: células mieloides, supressoras, vão suprimir a resposta imune. Podem bloquear linfócito T efetor, células NK, induzem a conversão de macrófago M1 a M2, indução de diferenciação do linfócito T regulador. Evasão imune e progressão tumoral: Os tumores possuem mecanismos de evasão imune: • Exclusão de linfócitosT; • Seleção de células tumorais pouco imunogênicas – baixa capacidade de ativar o SI. • Inibição de ativação de células imunes; • Inibição de recrutamento de células imunes; • Indução de apoptose de células imunes; • Perda da expressão de antígenos; • Perda da expressão de MHC; • Expressão de moléculas imunossupressoras, como o PD-L1. Imunoterapia – bloqueadores de checkpoint: Boa parte dos pacientes não respondem bem, justamente por os tumores serem heterogêneos. Pode-se usar anticorpos para bloquear a interação de PD-L1 das células tumorais com PD-1 dos linfócitos T, diminuindo a chance do tumor impedir que as células T funcionem. Então, se administrar anti PD-1 ou anti PD- L1, ajuda o paciente a reverter o crescimento tumoral, ou bloqueá-lo, Neoplasia Luiza Barbosa Do outro lado, tem-se o anti CTLA-4, molécula importante para ativação das T naives durante a apresentação de antígeno pelas células apresentadoras. Então, se põe um anticorpo contra o CTLA-4, impede que ele funcione e favorece a ativação dos linfócitos T naive, podendo mais facilmente se tornar células efetoras e matar aquele tumor. O problema dessas terapias é a possibilidade de gerar uma doença autoimune no paciente. Vacinas de neoantígenos: ao usar pacientes com melanoma, cada um teve a biopsia com seu tumor e fizeram sequenciamento gênico, vendo que cada paciente tinha mutações especificas no seu tumor. Os pesquisadores geraram as proteínas mutadas que correspondiam aos genes mutados dos pacientes, a partir das proteínas, selecionaram os peptídeos e fizeram uma formulação vacinal. As vacinas eram compostas de peptídeos, representando as regiões mutadas do câncer de cada paciente, isso é medicina de precisão. Terapia por CAR T CELL: modifica uma célula T de forma que reconheça os antígenos sem o MHC. TERAPIA ANTICANCERÍGENA: Uma célula, aparentemente normal, sofre influência de um agente carcinogênico, causando uma alteração no DNA, nos mecanismos de reparo e na sequência, prejudicando a regulação do ciclo celular, fazendo com que a célula perca o controle do ciclo, se dividindo sem parar, formando a massa tumoral. Como a massa é um tecido, precisa de nutrição e oxigenação, tendo a formação de vasos, criando uma comunicação com o resto do corpo, aumentando a chance da massa tumoral se desprender do tumor e criar um êmbolo, cair na corrente sanguínea e parar em um outro tecido. Em termos de combate ao tumor, existem estratégias de combate. 3 abordagens principais: • Excisão cirúrgica; • Irradiação; • Tratamentos fisiológicos. Essas 3 abordagens possuem 3 objetivos, de prejudicar a: • Sobrevivência; • Migração; • Proliferação. Quais são os tipos de terapia contra o tumor? • Curativa: consegue controlar completamente o tumor; • Adjuvante: após o procedimento cirúrgico, com o objetivo de esterilizar células residuais locais ou circulantes – geralmente é para evitar novos focos, metástase; • Neoadjuvante ou prévia: indicada para reduzir o tumor, visando uma complementação terapêutica ou radioterápica – por exemplo, tem casos que se faz a cirurgia e depois entra com a quimioterapia, e tem casos que se faz o contrário, depende do tumor, tamanho, local; Neoplasia Luiza Barbosa • Paliativa: não tem finalidade curativa. Usada para melhorar a qualidade da sobrevida do paciente – já não tem mais chance de cura. Em relação à ação: 1- Ciclo inespecífico: agem nas células independentes de estar no ciclo proliferativo; 2- Ciclo específico: agem nas células que se encontram em proliferação; 3- Fase específico: agem em fases específicas do ciclo celular. Como podemos classificar – em relação às classes: 1- Agentes alquilantes e compostos relacionados; 2- Antimetabólitos e inibidores da dihidrofolato redutase; 3- Agentes antimitóticos; 4- Inibidores das topoisomerases; 5- Inibidores da atividade hormonal e agentes correlatos; 6- Novos fármacos. Como agem geralmente: A maioria dos fármacos anticâncer, sobretudo os citotóxicos, afetam apenas um aspecto característico da biologia da célula cancerosa – a divisão celular. Não tem nenhum efeito inibidor específico na invasividade, na perda de diferenciação ou na tendência para criar metástases. Em muitos casos, a ação antiproliferativa deriva de ação durante a fase S do ciclo celular, e o dano resultante ao DNA inicia a apoptose. Quais os efeitos tóxicos derivados da terapia antiproliferativa? Alvo: tecidos normais em divisão rápida; • Toxicidade à medula óssea (mielossupressão), com queda na produção de leucócitos e, portanto, queda na resistência a infecções; • Comprometimentos da cicatrização; • Perda de pelos/cabelos (alopecia); • Dano ao epitélio gastrointestinal (incluindo membranas da mucosa oral); • Depressão do crescimento em crianças; • Esterilidade; • Teratogenicidade; • Carcinogenicidade – porque muitos fármacos citotóxicos são mutagênicos. Agentes alquilantes e compostos relacionados: Principal mecanismo é de prejudicar a ligação de DNA. Neoplasia Luiza Barbosa Mostardas nitrogenadas – representantes: Todos esses medicamentos possuem um grupo em comum, N ligado a, pelo menos, 2C. Têm medicamentos com o mesmo mecanismo de ação, porque as moléculas têm o grupo farmacofórico, que é aquele que se repete nas moléculas e é como o esqueleto central, importante para a ação da molécula. A reação química ocorre da seguinte forma: o nitrogênio vai atrair os elétrons, quebrando e liberando o cloro, que é eletronegativo. Com isso, precisa estabilizar o N, fazendo 3 ligações, mas as ligações são instáveis, precisando de elétron. Ele vai atras do elétron nos H das bases nitrogenadas do DNA, prejudicando a ligação dessas bases entre si, prejudica a constituição do DNA. Mecanismo de ação das mostardas nitrogenadas e nitrosureia: • Os agentes alquilantes têm grupos que formam ligações covalentes com substituintes celulares; • Um íon carbono é o intermediário reativo; • A maioria tem dois grupos alquilantes e pode entrecruzar o DNA; • Isso provoca replicação defeituosa e quebra da cadeia. Ativação da ciclofosfamida: Como muitos medicamentos, ela é metabolizada pelo fígado. A CYP’s hepática são cadeias de enzimas que ajudam a metabolizar fármacos, ajudam a transformar os fármacos. Quando se tem uma mostarda nitrogenada, como a ciclofosfamida, sofre uma ação hepática e pode se isomerizar e dar origem a outras moléculas, que são outros metabolitos. Uma molécula de ciclofosfamida pode ter vários caminhos no corpo e dar origem a várias moléculas, como a mostarda de fosforamida, que é toxica, que vai causar a ação nas células. Mas, em compensação, existem metabolitos que serão inativos, como o 4- cetociclo-fosfamida e carboxi-fosfamida. São vários que caminhos que podem levar a inativação da molécula, que causam prejuízos, como ter que aumentar a dose, não chegar aonde quer no tratamento, não ter a eficácia desejada. Neoplasia Luiza Barbosa Problemas dos agentes alquilantes: • Todos os agentes alquilantes deprimem a função da medula óssea e causam perda de cabelo, transtornos gastrointestinais e cistite hemorrágica; • Com o uso prolongado, ocorrem dois outros efeitos adversos: depressão da gametogênese (sobretudo nos homens), levando à esterilidade, aumento no risco do desenvolvimento de leucemia não linfocítica aguda e outas malignidades. Outro agente alquilante são os compostos de platina. O mecanismo é basicamente o mesmo. O problema é que platina em excesso é tóxico, nosso corpo não tem platina, podendo ter acúmulo em altas doses e causar complicações, nas regiões de gametas, tumor pulmonar,no ovário e bexiga. Pode causar nefrotoxicidade – prejudica o rim, além da parte endócrina, a porção excretora – moléculas que eram para ser excretadas são acumuladas, complicando mais ainda a vida do paciente. Antimetabólitos e inibidores da dihidrofolato redutase: O folato é importante para síntese de DNA, por isso a reposição de ácido fórico na gestante, já que ajuda no desenvolvimento e fechamento do tubo neural. O ácido fórico precisa ser obtido de 2 formas: dieta ou através de bactérias intestinais. É importante para manutenção do tamanho das hemácias. Quando se tem deficiência de folato e b12, tem-se uma hemácia muito maior, um mega eritrócito, que se chama anemia megaloblástico – não é causada pela deficiência de ferro, mas pela ausência de folato. O folato é obtido e, ao entrar na célula, para incorporar no DNA e ajudar na síntese de nucleotídeos precisa ser metabolizado em 2 moléculas pela mesma enzima, que é a dihidrofolato. Sem a dihidrofolato não se tem a formação do tetrahidrofolato, que é importante para ajudar na síntese dos nucleotídeos que serão incorporados no DNA. O metotrexato inibe a dihidrofolato redutase, não tendo tetrahidrofolato, prejudicando a síntese de importantes nucleotídeos para o DNA, por isso o metotrexato é o antimetabólito. Problemas – metotrexato: • Via oral, via intramuscular, via intravenosa, subcutâneo ou intratecal (consiste na injeção de substâncias no canal raquideano, diretamente no espaço subaracnoide, evitando assim a barreira hematoencefálica); • O fármaco apresenta baixa lipossolubilidade e, assim, não atravessa prontamente a barreira hematoencefálica – menos chance de trazer efeitos adversos a nível de SNC, em compensação, redução da eficácia em tumores de SNC; • Captado, de forma ativa, nas células pelo sistema de transporte do folato e é metabolizado em derivados de poliglutamato, que ficam retidos na Neoplasia Luiza Barbosa célula por semanas (ou até mesmo meses) na ausência do fármaco extracelular – aumento de um metabolito toxico que pode ficar retido na célula, mas pode-se ter excesso de poliglutamato sendo formado em tecidos saudáveis e aumentar a toxicidade nesses tecidos e aumentar os efeitos adversos desse metotrexato. Outros antimetabólitos: • Análogos das purinas: mercaptopurina, tioguanina, cladribina, clofarabina, fludarabina, pentostatina e nelarabina; o Mercaptopurina: convertida em nucleotídeo falso; o Trifosfato de fludarabina: inibe a DNA polimerase e é mielossupressora; o Pentostaina: inibe a adenosina desaminase – uma via crítica no metabolismo da purina; o Prejudica a produção de energia e formação de DNA. • Análogos das pirimidinas: flouracila, gencitabina, citarabina. o Citarabina inibe a DNA polimerase. DNA polimerase serve para formar a cadeia do DNA, se prejudicar essa enzima, já prejudica o processo todo. Mecanismos de ação: incorporação ao DNA e RNA: • Interferência na transcrição do RNA; • Quebra de fitas de DNA; • Interferência no alongamento da cadeia; • Interferência na síntese do DNA. Agentes antimitóticos: Inibem a mitose, basicamente a produção da fibra do fuso mitótico. No processo de divisão celular, na metáfase, tem-se a separação desse material genético, que se dá pela formação das fibras do fuso mitótico. Então, os medicamentos, no caso esses alcaloides da vinca são extraídos da flor. Vários alcaloides que inibem a formação do microtúbulo ou o microtúbulo será disponibilizado, mas não conseguirá ser despolimerizado. Ou seja, alguns medicamentos inibem a polimeração dos microtúbulos e outros inibem a despolimerização dos microtúbulos. Os alcaloides da vinca: • Derivam da Catharanhus roseus; • Os principais membros do grupo são vincristina, vimblastina e vindesina; • A vinflumina (um alcaloide da Vinca fluorado) e a vinorelbina são alcaloides de vinca semissintéticos com propriedades semelhantes; Mecanismos de ação: • Ligam-se à tubulina e inibem a polimerização dos microtúbulos; • Impedem a formação do fuso nas células em divisão; • Originam a parada na metáfase; • Seus efeitos manifestam-se apenas durante a mitose; • Também inibem outras atividades celulares que requerem o Neoplasia Luiza Barbosa funcionamento microtubular, como a fagocitose de leucócitos e a quimiotaxia, bem como o transporte axonal em neurônios. Problemas: Vincristina: atividade mielossupressora muito leve, neurotóxico, comumente causa parestesias (alterações sensoriais), dor abdominal e fraqueza. Vimblastia: menos neurotóxica, mas causa leucopenia; Vindesina: mielotoxicidade e neurotoxicidade moderadas; Todos os membros do grupo podem causar alopecia reversível. Inibidores da topoisomerase: Topoisomerase (ou DNA girasse) são enzimas que reduzem o estresse de tensão do DNA espiralado, permitindo que regiões do DNA se desenrolem tornando-se disponíveis para a ocorrência dos processos celulares (replicação, recombinação, reparo e transcrição do DNA); Elas podem ser do tipo I ou II; Fármacos antineoplásicos podem agir formando um complexo DNA- fármaco-topoisomerase, inibindo a ação da enzima e induzindo roturas na sequência de DNA. Estes fármacos podem ser divididos em: • Inibidores da topoisomerase I: camptotecinas; o Ex: topotecano, irinotecano; o A camptotecina foi isolada da árvore Camptotcheca acuminata; o Ligam-se ao complexo DNA- topoisomerase I impedindo a ação da enzima topoisomerase I; o Efeitos adversos: diarreira grave, disfunção hepática. • Inibidores da topoisomerase II: antraciclinas e epipodofilotoxinas. Inibidores da atividade hormonal e agentes correlatos: Muito utilizados em câncer de mama, de testículo e usam muito de forma inadequada, sem indicação médica, causando muitos problemas. São três grupos: • Análogos aos hormônios: substituição da molécula, mas como não é a molécula, causam problemas; • Antagonistas: faz papel contrário do hormônio; • Inibidores da aromatase: prejudica o ciclo hormonal, ação antitumoral. Essa terapia é feita em tecidos sensíveis a hormônios (mama, útero, próstata), podem ser hormonodependentes. Raramente levam à cura, mas de fato retardam o crescimento do tumor. Presença de receptores de esteroides nas células malignas, Neoplasia Luiza Barbosa crescimento inibido por agonistas ou antagonistas hormonais, hormônios ou seus análogos, que possuem ações inibidoras em tecidos específicos, podem ser usados no tratamento de tumores desses tecidos. Glicocorticoides (prednisona, prednisolona, dexametasona): ajuda a prejudicar a proliferação de linfócitos, usada no tratamento de leucemias. É utilizado também como anti-inflamatório, mas dependendo da dose, tem efeito imunossupressor. Dexametasona: diminuição da pressão intracraniana (ação anti-inflamatória). Tratamento de pacientes com tumores cerebrais. Atenuam alguns dos efeitos secundários dos fármacos anticâncer, tais como náuseas e vômitos. O mecanismo não é totalmente compreendido, inibição da síntese das prostaglandinas e/ou inibição da liberação de opioides endógenos, da inibição serotoninérgica no trato gastrointestinal e diminuindo impulsos parassimpáticos. Estrógenos: dietilestilbestrol e etinilestradiol. Tratamento paliativo de tumores prostáticos andrógenos-dependentes. Estrógenos aumentam o SHBG (globulina ligadora de hormônios sexuais), que é uma molécula que se prende à testosterona, reduzindo as taxas desses hormônios livres no sangue. Andrógenos: precursores de estrógenos, os hormônios sexuais femininos. O primeiro e mais bem conhecido andrógeno é a testosterona. Progestógenos: megestrol, noretisterona e medroxiprogesterona. São moduladores seletivosdos receptores da progesterona (MSRP). Utilizados no tratamento do câncer do endométrio. Assim como a progesterona, têm efeito antiproliferativo possivelmente devido à inibição da expressão gênica do receptor estrogênico (B) e pela supressão de fatores de crescimento, da angiogênese e por promoverem a apoptose. Mecanismo de ação não completamente elucidado. Análogos do hormônio liberador de gonadotrofina: pode fazer uma ação muito menor que a do hormônio original. Pode ou não acontecer, porque nos mecanismos de feedback inibe-se quando se há excesso hormonal, se usa-se análogos do hormônio, gera excesso da estrutura, avisando a hipófise que não precisa mais produzir, dessensibilizando a hipófise. Prejudicando a secreção de LH, mexendo na secreção de estrógeno, progesterona. Indicação para câncer de próstata – dependente de testosterona. Análogos da somatostatina: importante na proliferação celular, se tem falta, prejudica a proliferação. Possuem boa ação no pâncreas, em tumores gástricos. O tamoxifeno é competidor de estrógeno, então ele vai antagonizar o estrógeno, principalmente no tecido mamário. Tendo, assim, uma redução do tumor. A aromatase é importante na síntese de colesterol e hormônios sexuais, se inibe ela, inibe a síntese de vários hormônios, tendo Neoplasia Luiza Barbosa uma ação mais sistêmica, mas tem prejuízos porque afeta mais hormônios, tendo mais efeitos adversos proeminentes. O antiandrógenos é muito importante para controlar testosterona, porque prejudica a ação, importante para câncer de próstata. Pode ser usado em monoterapia ou em combinação. Novos fármacos: São os anticorpos monoclonais, que são proteínas produzidos em laboratório. • Ligação do anticorpo com seu alvo ativa o mecanismo imune do hospedeiro; • Lise celular mediada pelo complemento ou por células T killer; • Outros anticorpos monoclonais fixam-se e inativam os fatores de crescimento ou seus receptores nas células cancerosas; • Inibindo, assim, a via de sobrevivência e promovendo apoptose; • Prospecto de terapia altamente específica, sem muitos dos efeitos adversos da quimioterapia convencional; • Alto custo. Exemplos: Rituximase, se liga ao CD20, que está presente no linfócito B, então, quando se tem problemas dos linfócitos, a rituximase se liga e ajuda na eliminação do linfócito B. Mecanismos de resistências aos antineoplásicos: • Deleção ou hiperexpressão de uma enzima chave no processo; • Inativação do processo de apoptose (perda do gene p53); • Hiperexpressão de uma bomba de efluxo geral dos fármacos. NEOPLASIAS PULMONARES: TBL neoplasias pulmonares: 1) Letra D – apenas I e III. I: As neoplasias pulmonares podem ser agrupadas em 2 grandes grupos, sendo eles: câncer de pulmão de células não pequenas e câncer de pulmão de células pequenas. II: O câncer de pulmão de células pequenas é o mais frequente dentre os cânceres de pulmão na população mundial – está errado, porque o câncer mais frequente de todos os pulmonares são os de não pequenas, em particular o adenocarcinoma. III: Pessoas diagnosticadas com câncer de pulmão de células pequenas tem uma grande chance de apresentarem metástase no momento do diagnóstico. A incidência de câncer de pulmão varia em todo o mundo, algumas regiões, como a América do Norte, Europa, China, são locais com alta incidência, se comparada com outras regiões. Isso provavelmente acontece devido à alguns hábitos, como tabagismo, principalmente na Europa, na França, que é uma região com o tabagismo bem acentuado. Cerca de 80% a 85% dos cânceres de pulmão são NSCLC. Os principais subtipos do NSCLC são adenocarcinoma, carcinoma Neoplasia Luiza Barbosa celular escamoso e carcinoma de células grandes. Esses subtipos, que partem de diferentes tipos de células pulmonares, são agrupados como NSCLC porque seu tratamento e prognóstico (perspectiva) são muitas vezes semelhantes. Cerca de 10% a 15% de todos os cânceres de pulmão são SCLC. Esse tipo de câncer de pulmão tende a crescer e se espalhar mais rápido que o NSCLC. Cerca de 70% das pessoas com SCLC apresentam metástase no momento em que são diagnosticadas. Uma vez que esse câncer cresce rapidamente, ele tende a responder bem à quimioterapia e radioterapia. Infelizmente, para a maioria das pessoas, o câncer voltará em algum momento. 2) Letra D – todas estão corretas. I: O adenocarcinoma é o tipo de câncer de pulmão de células não pequenas mais comum em não fumantes. II: O carcinoma de células escamosas é frequentemente associado ao tabagismo. III: O carcinoma de células grandes apresenta aspecto indiferenciado e rápida progressão. Subcatergorias de câncer de pulmão de células não pequenas (NSCLC): • Exposição à fumaça de cigarro – modificações em série vistas principalmente no carcinoma de células escamosas: hiperplasia – metaplasia – displasia – carcinoma. • O adenocarcinoma acomete fumantes e é o mais frequente em não fumantes. A progressão do adenocarcinoma é menos compreendida. Surgimento a partir de hiperplasia adenomatosa atípica. • Carcinoma de células grandes apresenta aspecto indiferenciado. Tende a crescer e se espalhar rapidamente, o que pode dificultar no tratamento. 3) Letra B – o câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer entre homens e mulheres, representando cerca de 25% de todas as mortes por câncer no mundo. A letra C poderia confundir, mas a poluição não é o principal fator de risco para câncer de pulmão, mas o tabagismo sim. Porém, está existindo uma queda no número de fumantes, o que, consequentemente, faz com que o número de casos e mortes também diminuam. Sobre a letra D, a idade frequente de se ver câncer de pulmão é, em média, 70 anos – à medida que se vai Neoplasia Luiza Barbosa envelhecendo e entrando em contato com a fumaça do cigarro, por exemplo, pode-se ter um acúmulo de mutações, além disso, as células imunológicas começam a perder a sensibilidade, o SI vai perdendo a eficiência. Números do câncer de pulmão: • O câncer de pulmão é o segundo câncer mais comum em homens e mulheres (perde apenas para o câncer de pele); • Um número muito pequeno de pessoas diagnosticadas tem menos de 45 anos. A idade média das pessoas quando diagnosticadas é de cerca de 70 anos; • O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer entre homens e mulheres, sendo responsável por quase 25% de todas as mortes por câncer. A cada ano, mais pessoas morrem de câncer de pulmão do que câncer de cólon, mama e próstata combinados; • Novos casos de câncer de pulmão continuam a diminuir, em parte porque as pessoas estão parando de fumar. O número de mortes também vem diminuindo devido às pessoas pararem de fumar e pelos avanços na detecção e tratamentos precoces. 4) Letra A – apenas a I está correta. I: O tabagismo é o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de pulmão, principalmente o de células pequenas. II: A exposição ao gás radônio não pode ser considerada um fator de risco, visto que a concentração desse gás na atmosfera é muito baixa. III: A poluição atmosférica pode ser considerada um fator de risco muito alto, visto que a frequência de câncer de pulmão em indivíduos que moram em cidades poluídas é muito maior do que em indivíduos de cidades menos poluídas. Alguns fatores de risco para câncer de pulmão: • O tabagismo é o principal fator de risco para câncer de pulmão. Acredita-se que cerca de 80% das mortes por câncer de pulmão resultam do tabagismo e esse número é provavelmente ainda maior para o câncer de pulmão de pequenas células (SCLC). É muito raro alguémque nunca fumou ter SCLC. • Exposição ao gás radônio é a segunda principal causa de câncer de pulmão, e é a principal causa entre não fumantes. Dentro de caso, o gás pode ser mais concentrado, isso pode aumentar o risco de câncer de pulmão. • Nas cidades, a poluição do ar (especialmente perto de estradas fortemente traficadas) parece aumentar ligeiramente o risco de câncer de pulmão. Estima-se que cerca de 5% de todas as mortes de câncer de pulmão podem ser devido à poluição atmosférica. 5) Letra C – mudanças genéticas relacionadas ao câncer de pulmão são geralmente adquiridas durante a vida, em vez de herdadas. A letra A e B estão erradas, porque mutações que super ativam os proto oncogenes, que passa a ser considerado um Neoplasia Luiza Barbosa oncogênese e dessa forma que pode virar câncer. A perda de função dos genes que pode levar ao câncer. Sobre a letra D, pode- se ter mutações por erro de replicações, causando câncer. 6) Letra B – um diagnóstico precoce contribui para uma melhor sobrevida dos pacientes, aumentando a chance de que os tumores sejam detectados antes de sofrerem metástase. A letra A está errada, porque o câncer não causa sintomas frequentes e nem bem determinados. A Letra C diz sobre dor óssea, mudanças no sistema nervoso e icterícia – tais não são sintomas frequentes em pacientes precoces, isso já está relacionado à metástase. Quanto à letra D, se são cânceres de células pequenas, no diagnóstico já apresenta metástase na grande maioria dos pacientes. Métodos de diagnóstico: RX, tumografia, pet scam. Sinais e sintomas: • A maioria dos cânceres não causam sintomas até se espalharem. Sintomas notados precocemente ajudam no diagnóstico do câncer em um estágio mais inicial, quando é mais provável que o tratamento seja eficaz. • Sintomas mais comuns: tosse que não cessa ou piora, tossir sangue ou apresentar catorro cor de ferrugem, dor no peito que muitas vezes é pior com respiração profunda, tosse ou riso, rouquidão, perda de apetite, perda de peso inexplicável, falta de ar, cansaço ou fraqueza, bronquite e pneumonia recorrente. • Cerca de 70% das pessoas com SCLC apresentam metástase no momento em que são diagnosticadas. Dor óssea, mudanças no SN e icterícia estão associados a processos metásticos do câncer de pulmão. 7) Letra A – apenas a I está correta. I: Tumor localizado: não há sinais de que o cânccer tenha se espalhado para fora do pulmão. A taxa de sobrevivência relativa é boa. II: Tumor distante: o câncer se espalhou para fora do pulmão, para os linfonodos. A taxa de sobrevivência é mediana. III: Tumor regional: o câncer se espalhou para partes do corpo como cérebro, ossos, fígado ou outro pulmão. A taxa de sobrevivência relativa é bem reduzida. As definições da II e III foram trocadas de nome, no lugar da II, apresenta-se a definição de tumor regional e na III a definição de tumor distante. Taxa de sobrevida: • Tumor localizado: não há sinais de que o câncer tenha se espalhado para fora do pulmão. • Tumor regional: o câncer se espalhou para fora do pulmão, para estruturas próximas ou linfonodos. • Tumor distante: o câncer se espalhou para partes distantes do corpo, como o cérebro, ossos, fígado ou outro pulmão. Neoplasia Luiza Barbosa 8) Letra B – apenas a II está correta. I: A presença de metástase é um fator decisivo para a sobrevida dos pacientes e não pode ser influenciada por outros fatores – a metástase é um ponto muito importante, mas idade, estado imunológico e estado nutricional também podem contribuir. II: Pacientes com tumores apresentando diferentes tipos de mutações podem apresentar sobrevidas diferentes, mesmo que tenham metástase. III: A melhora na eficiência dos tratamentos pode contribuir para o aumetno na taxa de sobrevivência de pacientes com câncer de pulmão, exceto para aqueles que apresentam metástase – tem melhorado a qualidade de vida de todos os pacientes, independente da presença ou não da metástase. Tratamentos possíveis para câncer de pulmão: • Remoção cirúrgica (mais indicada para NSCLC); • Radioterapia; • Quimioterapia; • Terapia direcionada (ex.: bloqueadores de EGFR para adenocarcinoma); • Imunoterapia com anti-CTLA4 e anti-PD1 (testes clínicos com resultados promissores). Além de retardar a progressão tumoral, os tratamentos tem como objetivo melhorar a qualidade de vida do paciente. Surgimento de resistência ao tratamento é comum nos pacientes – combinações ou trocas de tratamentos podem ser testadas. NEOPLASIAS RENAIS: Neoplasias renais – caso clínico: Parte 1: Uma mulher obesa de 56 anos de idade apresenta-se ao pronto socorro com história sugestiva de cólica biliar, incluindo desconforto epigástrico após uma refeição pesada. A história médica pregressa inclui colelitíase, hipertensão (tratada com um inibidor da enzima conversora da angiotesina – ECA) e dislipidemia (tratada com uma estadina). Ela é ex-fumante, consome bebidas alcoólicas socialmente e não tem nenhuma história familiar significativa. Durante a palpação do abdome, ela apresenta dor no quadrante superior direito, mas não há outros achados relevantes no exame físico. Existem sinais/sintomas específicos para suspeita de neoplasias renais? Os sintomas descritos e o exame físico não dá nenhum indicativo de neoplasia renal, sendo mais propenso a conduzir o diagnóstico para confirmar suspeita de litíase. Nesse caso, para concluir o Neoplasia Luiza Barbosa diagnóstico, solicita-se exame de imagem (ultrassonografia abdominal, ressonância magnética etc.) e dosagem de marcadores tumorais. • A maioria dos CCRs é descoberta incidentalmente em exames de imagem realizadas por razões urológicas ou não. Houve um aumento na disponibilidade e no aperfeiçoamento dos métodos de imagem ajudando a detectar precocemente os tumores renais. • Há um nítido predomínio do gênero masculino, que representa cerca de 2/3 dos casos. • A falta de sintomas apresentados levaram a um aumento na porcentagem de tumores renais incidentais. • Alterações laboratoriais mais comuns também são observadas, como: elevação da velocidade de hemossedimentação (VHS), hipercalcemia, hemoglobina < 10 em mulheres e >12 em homens, eritrocitose, trombocitose e fosfatase alcalina elevada. Apesar das grandes ocupações terapêuticas, as doenças renais ainda apresentam elevada taxa de morbimortalidade. Os sinais e sintomas mais comuns apresentados são: • Hematúria; • Dores lombares ou nos flancos; • Massa palpável; • Emagrecimento; • Febre; • Sudorese noturna; • Hipertensão. As síndromes paraneoplásicas e alterações sistêmicas ocorrem em 20% dos pacientes com CCR, tendo como características, disfunção hepática, anemia, caquexia e perda de peso. O diagnóstico pode ser obtido por exames de imagem simples, como radiogafia e urografia excretora (UE). Na radiografia simples quando observad a presença de uma mass renal parenquimatosa calcificada, ocorre a suspeita de uma possível neoplasia maligna. É importante ressaltar que, para a detecção de tumores renais e de qualquer alteração parenquimatosa deve-se usar: • A TC, pela capacidade de acessar a densidde tecidual e vascularização de massas renais, possibilita a diferenciação entre cistos e nódulos sólidos, além de euxiliar na progamação cirúrgica de tumores. • A RM consiste em um método de diagnóstico alternativo à TC, sendo especialmente indicada em casos em que haja lesões duvidosas em pacientes com rim único ou com necessidades de repetidos exames de seguimento. Parte 2: A paciente realizou uma ultrassonografiaabdominal e retornou com o seguinte resultado: Exame de imagem: uma ultrassonografia abdominal demonstra a presença de cálculos Neoplasia Luiza Barbosa na vesículo biliar sem obstrução e uma massa renal incidental de 5cm no lado esquerdo. Qual o próximo passo para definição do diagnóstico? Agora, realiza-se uma biópsia por agulha fina. Os carcinomas renais podem se apresentar em diferentes subtipos histológicos. Esse tipo de neoplasia renal é constituída por um grande número de subtipos histológicos associados a mutações genéticas, com diferentes características clínicas e que apresentam sensibilidade ao tratamento. As neoplasias renais são um dos exemplos de doenças heterogêneas. A classificação histológica das CCR é de extrema importância, uma vez que a determinação dos subtipos histológicos tem significativas implicações prognósticas e terapêuticas. • Carcionama Renal Medular (1% dos casos): Trata-se de um tumor também mais raro, mas agressivo, com características bem similares as do Carcinoma Renal de Células Claras. Macroscopicamente: lesões infiltrativas que promovem obstrução e dilatação de cálices. São lesões hipovascularizadas. Histologicamente: arranjo de células irregulares, acentuado pleomorfismo e núcleos hipercromáticos. ➢ Altamente agressivo. • Carcinoma Papilar (10 a 15% dos casos): É pequeno e pouco palpável. Tem a possibilidade de bloquear a urina, obstrução das vias urinárias e causar dor. Macroscopicamente: lesões neoplásicas císticas, usualmente com conteúdo hemorrágico e projeções sólidas papilíferas murais hipovascularizadas. Histologicamente: células organizadas em arranjo fusiforme, podendo apresentar áreas de hemorragia interna e alterações císticas. ➢ Melhor prognóstico que CCRcc. • Carcinoma Renal Cromófobo (4 a 5% dos casos): São células cancerígenas que levam esse nome por não aparecer nos exames sem cor alguma. Macroscopicamente: lesões são hipervascularizadas em relação ao córtex renal, possuem pseudocápsula e área de cicatriz central. Necrose pode ocorrer nas lesões volumosas. Histologicamente: grandes células pálidas, com citoplasma reticulado e halos perinucleares (só observadas se coradas). Neoplasia Luiza Barbosa ➢ Menos agressivo que CCRcc e melhor prognóstico de todos os subtipos. • Ductos Coletores (1% dos casos): É tipo de câncer raro que se origina em uma das estruturas do rim, chamado Tubo de Bellini. Macroscopicamente: lesões heterogêneas, hipovascularizadas, com sinal de hemorragia, necrose, componente cístico e calcificação. Histologicamente: arranjo de células irregulares, infiltrativas, na parede dos ductos coletores, com acentuada desmoplasia. ➢ Altamente agressivo e prognóstico ruim. • Carcionam Renal de Células Claras (70 a 90% dos casos): Originado geralmente no tubo contorcido proximal. Macroscopicamente: lesão sólida, amarelada, com graus variáveis de necrose, hemorragia e degenaração cística internas. Calcificações tumorais também podem ser encontradas. Histologicamente: lesões apresentam células claras devido ao seu conteúdo citoplasmático rico em lipídios e glicogênio. ➢ Variante mais comum dos CCR. Na maioria dos casos é do tipo esporádico (95%). ➢ Se origina no epitélio dos túbulos contornados proximais (córtex renal) e apresenta crescimento predominantemente expansivo. Parte 3: A paciente foi encaminhada para fazer uma biópsia da massa tumoral encontrada na ultrassonografia e laudo anatomopatológico revelou: lesão sólida, amarelada, com graus variáveis de necrose, hemorragia e degeneração cística internas. Histologicamente as lesões apresentam células claras devido ao seu conteúdo citoplasmático rico em lipídeos e glicogênio. Qual o subtipo histológico que a paciente apresenta? Carcinoma Renal Convencional (de Células Claras). Parte 4: A paciente retorna ao atendimento já com os exames de imagem e anatomopatológicos realizados. Qual o próximo passo para manejo dessa paciente? Realizar o estadiamento clínico, podendo ser usado o sistema TNM. O estadiamento clínico é estabelecido a partir de dados do exame físico e dos exames complementares pertinentes ao caso. É uma estimativa da extensão da doença com base nos resultados do exame físico, exames de imagem (raios X, tomografia computadorizada etc) e biópsia de tumor. Para alguns tipos de câncer, os Neoplasia Luiza Barbosa resultados de outros exames, tais como os de sangue, também são utilizados no estadiamento. O estágio clínico é uma parte fundamental do diagnóstico para decidir o melhor tratamento a ser iniciado. É também a linha de base utilizada comparativa para ver se a doença responde ao tratamento. O estadiamento patológico baseia-se nos achados cirúrgicos e no exame anatomopatológico do órgão. É estabelecido após o tratamento cirúrgico e determina a extensão da doença com maior precisão, podendo ou não coincidir com o estadiamento clínico e não é aplicável a todos os tumores. Estadiar uma neoplasia maligna necessita de conhecimentos básicos sobre o comportamento biológico do tumor. Um processo de estadiamento bem conduzido leva a condutas terapêuticas corretas e favoráveis ao paciente. O critério de estadiamento preconizado pela UICC é denominado sistema TNC de classificação dos tumores malignos: Estágios do CCR: ➢ Estágio I: Tumor confinado ao rim com até 7cm. ➢ Estágio II: Tumor confinado ao rim >7cm. ➢ Estágio III: Tumor com invasão de grandes veias ou suprarrenal, ou todos os tecidos perirrenais, ou com metástase em linfonodos regionais. ➢ Estágio IV: Tumor que atravessa a fáscia de Gerota ou metástase a distância, ou extensão para órgãos vizinhos (exceto suprarrenal). Parte 5: O estadiamento da paciente foi realizado pelo sistema TNM e concluiu-se: T2, N1, M0. Utilizando o material “BMJ: Carcinoma de células renais”, em qual classificação do estágio a paciente se encontra? No estágio III. Parte 6: Após o estadiamento clínico da paciente pelo sistema TNM, qual o tipo de tratamento sugerido? Utilize o artigo da BMJ para consulta. Nefrectomia total (radical). Tratamento: O carcionam de células renais é tratado principalmente com cirurgia – NEFRECTOMIA (radical ou parcial). • A cirurgia ainda é a base para doença localizada e as taxas de cura podem ser muito altas para tumores de estágio 1 (>90%). Fatores de risco nas neoplasias renais: • Tabagismo; • Sexo masculino; • Idade (55-84 anos); • Afrodescendentes; • Obesidade; • Hipertensão; • Histórico familiar de CCRs. CÂNCER COLORRETAL: Neoplasia Luiza Barbosa Pólipos intestinais, são estruturas teciduais mais comuns no cólon, embora possam ocorrer no esôfago, estômago ou intestino delgado. Tudo que é pólipo ainda é considerado benigno. ➢ Podem ser pedunculados ou sésseis; ➢ Podem ser classificados em neoplásicos ou não neoplásicos. Pólipos colônicos não neoplásicos podem ser classificados como inflamatórios, hamartomatosos ou hiperplásicos. • Pólipos inflamatórios: se forma devido a ciclos crônicos de lesão e cicatrização (tecido mucosal inflamado); • Pólipos hamartomatosos: crescimento desorganizado, semelhantes a tumores, compostos de células maduras. o Os pólipos juvenis são o tipo mais comum de pólipos hamartomatosos. Eles podem ser esporádicos ou sindrômicos (maior susceptibilidade ao desenvolvimento de adenocarcinoma de cólon). • Pólipos hiperplásicos colônicos: são proliferações epiteliais comuns tipicamente descobertos na sexta e sétima décadas de vida. O pólipo neoplásico mais comum é o adenoma,que tem o maior potencial de evoluir para câncer. Adenomas: ➢ São pólipos benignos que dão origem à maioria dos adenocarcinomas colorretais; ➢ A maioria dos adenomas não evolui para adenocarcinoma; ➢ São caracterizados pela presença de displasia epitelial; ➢ 50% dos adultos ocidentais acima dos 50 anos podem apresentar adenomas – colonoscopia de vigilância é importante; ➢ Podem ser pedunculados ou sésseis; ➢ Pequena proporção pode abrigar câncer invasivo no momento da detecção; ➢ Tamanho (0,3 – 10cm de diâmetro) – característica mais importante que se correlaciona com o risco de malignidade; ➢ Displasia de alto grau é fator de risco para o câncer. Polipose Adenomatosa Familiar: Polipose adenomatosa familiar (PAF) – doença autossômica dominante. Surgimento de inúmeros adenomas colorretais na adolescência. ➢ Causada por mutações do gene de polipose adenomatosa coli (APC); ➢ 10% dos casos – mutação em genes de reparo de DNA; ➢ Maior parte dos pacientes com PAF não tratada evoluem para adenocarcinoma colorretal. Câncer Colorretal Não Polipose Hereditário: ➢ Também conhecido como síndrome de Lynch; Neoplasia Luiza Barbosa ➢ Indivivíduos apresentam maior incidência de câncer quando jovens: cólon, endométrio, estômago, ovário, ureteres, cérebro, intestino delgado, trato hepatobiliar e pele; ➢ Mutações herdadas em genes relacionados ao reparo DNA; ➢ Adenomas serrilhados sésseis evoluem para adenocarcinoma mucinoso – produz muco. Adenocarcinoma Colorretal: ➢ 1,8 milhões de novos casos e 900.000 mortes em 2018; ➢ Terceiro câncer mais diagnosticado (câncer de pele e pulmão são os mais frequentes) e segundo que mais mata (perde para o câncer de pulmão) Incidência e mortalidade: • Neoplasia maligna mais comum no trato gastrointestinal; • Incidência tem seu pico aos 60-70 anos de idade; • Menos de 20% dos casos ocorrem antes dos 50 anos. Fatores que contribuem para incidência: • Dieta inadequada (carne processada e pouca fibra); • Gordura visceral – obesidade; • Susceptibilidade genética; • Maior expectativa de vida; • Bebida alcoólica; • Fumo; • Sedentarismo. Principais sinais e sintomas: • Sangramento oculto nas fezes; • Mudanças nos hábitos intestinais; • Cólicas; • Perda de peso; • Anemia ferropriva. ➢ Os dois fatores prognósticos mais importantes são profundidade de invasão e presença ou ausência de metástases linfonodais. As metástases podem envolver linfonodos regionais, pulmões e os ossos, mas, por causa da drenagem portal, o fígado é o local mais comum de lesões metastáticas. A principal forma de evolução é a partir de adenomas que são esporádicos, ou seja, surgiram novas mutações no indivíduos. Entre iniciar e evoluir pode demorar de 10 a 20 anos, mas a partir do momento que se transforma em câncer, o tempo diminui, por isso a colonoscopia é tão importante. Pode vir a partir do pólipo hiperplásico, ou a partir de uma inflamação, como a colite, podendo induzir displasia que evolui para um câncer – é muito menos frequente, mas pode acontecer. No cólon normal, pode-se ter mutação no gene APC, podendo ter mutação. Pode ter perda homozigota de genes supressores de tumor, ou seja, ter mutação no outro alelo do APC, se tem mutação nos 2 alelos, pode- se ter carcinoma. Pode-se ter mutação em vários genes. ➢ Sequência adenoma-carcinoma: responde por até 80% dos tumores de cólon esporádicos. Neoplasia Luiza Barbosa ➢ Principal causa – inativação do gene APC por mutação e/ou epigenética. ➢ Inativação de p53 está presente em 70-80% dos cânceres de cólon (fases tardias). NEOPLASIAS HEPÁTICAS: TBL neoplasias hepáticas: 1) Letra A – apenas a I está correta. I: Hemangiomas cavernosos são tumores benignos que podem apresentar risco ao paciente quando perfurados. II: A hiperplasia nodular focal pode aparecer principalmente em mulheres, em resposta ao estrógeno e apresenta risco de malignidade – não é a principal das mulheres nos benignos, seria o adenoma de células hepáticas. E não tem malignidade. III: O adenoma de células hepáticas são mais comuns em homens e não apresentam risco de malignidade – é mais comum em mulheres e podem evoluir, podendo ter risco. As lesões benignas mais comuns no fígado são os hemangiomas cavernosos. Sua perfuração em um procedimento de biópsia percutânea cega pode causar hemorragia intraperitoneal grave. Hiperplasia nodular focal: ➢ Mais comum em mulheres em idade reprodutiva, nas quais há proliferação celular em resposta aos estrógenos; ➢ Não apresentam risco de malignidade. Adenomas: ➢ Tumores benignos que geralmente ocorrem em mulheres em idade fértil (adenomas inflamatórios), associação com o uso da pílula anticoncepcional; ➢ Podem se romper e causar hemorragia intraperitoneal grave; ➢ Adenomas com mutação em B- catenina (10-15%) são mais comuns em homens e tem potencial de se tornar um carcinoma hepatocelular. 2) Letra B – A alteração de pequenas células é uma forma de displasia hepática e pode ser considerada uma lesão pré-maligna. A letra A está errada, porque não apresentam diferentes características. A letra D é na verdade a hepatite viral crônica. 3) Letra C – apenas I e III estão corretas. I: Nódulos displásicos podem ser considerados a principal via para o surgimento de carcinoma hepatocelular. II: Nódulos displásicos são mais comuns em doença hepática aguda – é a crônica. III: Uma forma inicial de diferenciação entre nódulos displásicos e cirróticos é o tamanho dos mesmos. Formas de displasia hepatocelular: • Alteração de grandes células; • Alteração de pequenas células (diretamente pré-malinga). Neoplasia Luiza Barbosa Mais comuns no contexto de hepatite viral crônica. Nódulo displásico: ➢ Principal precursor do carcinoma hepatocelular; ➢ Maior do que nódulos cirróticos (1- 2cm de espessura). 4) Letra D – A maior parte dos casos de carcinoma hepatocelular em países ocidentais acontece no contexto da cirrose. Letra A – carcinoma hepatocelular é em paises em desenvolvimento, por apresentarem maior número de epidemias de hepatites virais e HIV. Letra B, a incidência está em pessoas mais novas. Letra C as hepatites virais que são mais comuns em países africanos. 5) Letra B – apenas I e II estão corretas. I: O carcinoma hepatocelular pode se desenvolver a partir de nódulos displásicos de alto grau em fígados cirróticos. II: Infecção crônica por HBV ou HCV e exposição à aflatoxina são os principais fatores de risco para o carcinoma hepatocelualr em indivíduos mais novos. III: Uma característica importante do carcinoma hepatocelular é a sua estabilidade genômica, representada pela presença de anomalias cromossômicas númericas e estruturais – uma característica do carcinoma hepatocelular é a INStabilidade e alterações pontuais nos genes, não nos cromossomos. 6) Letra C – Mutações no oncogene B- catenina podem contribuir para o surgimento do carcinoma hepatocelular ao aumentar a proliferação celular. Carcinoma hepatocelular – segunda maior causa de morte por câncer no mundo. Principais fatores de risco: ➢ Infecção crônica por HBV e HCV; ➢ Abuso de álcool; ➢ Síndrome metabólica; ➢ Doença hepática gordurosa não alcoólica (esteato-hepatite não alcoólica); ➢ Cirrose (pode ser causada por fatores acima + inflamação). Principais mutações: ➢ Ativação constante da telomerase; ➢ Ativação constante da B-catenina; ➢ Inativação de p53. Principais tratamentos: ➢ Ressecção cirúrgica; ➢ Abalação por radiofrequência; ➢ Quimioembolização (micropartículas com quimioterápico); ➢ Inibidor de quinases(sorafenibe); ➢ Transplante. 7) Letra D – todas estão corretas. I: O carcinoma hepatocelular pode se apresentar como tumor isolado, multifocal e difusamente infiltrante. Neoplasia Luiza Barbosa II: O carcinoma hepatocelular tem forte propensão a invadir canais vasculares. III: O carcinoma hepatocelular pode se apresentar histoloficamente com células bem diferenciadas ou indiferenciadas. 8) Letra C – A cirurgia pode ser curativa em casos de tumores pequenos, embora não previna o surgimento de novos tumores em fígados cronicamente doentes. Diagnóstico do carcinoma hepatocelular: 1- Ultrassom; 2- Exame radiológico (hipervascularização atrial); 3- Biópsia. Estadiamento: Barcelona Clinic Liver Cancer (BCLC) algorithm. Leva em consideração aspectos tumorais e função hepática. O TNM aqui não é uma boa ideia, porque é necessário observar a funcionalidade hepática, por isso se usa o BCLC, acrescentando mais uma observação. Carcinoma hepatocelular: • Sintomas em fases mais tardias (limita sobrevida dos pacientes); • Tumores pequenos apresentam grande chance de cura por cirurgia; • Quimioembolização e ablação também podem curar o paciente; • Pacientes em risco (cirróticos) – vigilância por ultrassom. Metástases intra-hepáticas extensas são características e, ocasionalmente, longas massas semelhantes a serpentes de tumor invadem a veia porta (com oclusão da circulação portal) ou a veia cava inferior, estendendo-se até o lado direto do coração. Prevenção: • Instrução sobre consumo excessivo de álcool; • Instrução sobre dieta e exercícios físicos; • Instrução sobre o uso de preservativos; • Vacinação contra HBV; • Tratamento contra HCV. Outros fatores que podem levar ao carcinoma hepatocelular: • Hemocromatose hereditária (autossômica recessiva): Acúmulo de ferro – toxicidade hepática – cirrose – carcinoma hepatocelular. Pode ser tratada por flebotomia e uso de quelantes de ferro – diminui acúmulo de ferro e progressão da doença. • Deficiência de a-antitripsina (inibidor de protease) (autossômica recessiva): Mutação – a-antitripsina mal formada – acúmulo nos hepatócitos – tóxico. Deficiência de a-antitripsina no sangue causa enfisema pulmonar (proteases geram dano pulmonar).
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