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São fármacos que modulam o ritmo cardíaco (modulam canais iônicos existentes na membrana). Classes de fármacos antiarrítmicos: Classe I: bloqueadores de canais de sódio dependentes de voltagem; Classe II: antagonistas dos receptores beta-adrenérgicos (NA); Classe III: bloqueadores de canais de potássio; Classe IV: bloqueadores de canais de cálcio. Como os fármacos atuam no ritmo cardíaco: 1. Podem alterar o potencial diastólico máximo das células marca-passo – potencial de repouso dessa célula (facilitar ou dificultar o início do potencial de ação); 2. Velocidade de despolarização da fase 4; 3. Potencial limiar; 4. Duração do potencial de ação (canais de potássio no potencial de ação). Célula nodal – potencial de ação: Canais de sódio regulados por voltagem expressos no nó SA; 3 fases; Fase 4: fase de despolarização lenta ou espontânea lenta – automaticidade (capacidade de despolarizar espontaneamente); um tipo de canal presente (canal HCN) responsável pela corrente if – ativada por hiperpolarização (permite principalmente entrada de sódio); Fase 0: fase ascendente do PA – devido a corrente de cálcio (canais de cálcio se abrem); Fase 3: repolarização dependente da saída de potássio. Miócito ventricular – potencial de ação: Correntes de sódio são os principais determinantes da velocidade da condução ventricular; Fase 4: potencial de repouso – equilíbrio de correntes; Fase 0: despolarização rápida – corrente de sódio para dentro (determinada a velocidade de condução ventricular – se ele for bloqueado será diminuída a velocidade de condução ventricular); Fase 1: repolarização precoce – canais de potássio transitórios (potássio sai da célula); Fase 2: platô – equilíbrio entre correntes de cálcio (dentro) e potássio (fora); Fase 3: repolarização tardia – corrente de saída de potássio até a célula chegar em seu potencial de repouso (se eles forem bloqueados, dificulta a repolarização – prolongamento do potencial de ação). O que determina a frequência de disparo? A frequência de disparo e, consequentemente, a frequência cardíaca, podem ser determinadas por três fatores: 1. Taxa de despolarização espontânea da fase 4 (inclinação); 2. Potencial limiar mais negativo; 3. Potencial de repouso mais positivo. A estimulação parassimpática afeta os três fatores: 1. Reduz a taxa de despolarização espontânea da fase 4 (reduz a inclinação) – dificulta a despolarização, diminui a FC; 2. Potencial limiar mais positivo – mais tempo demora para chegar ao limiar, diminui a FC; 3. Potencial de repouso mais negativo – demora mais tempo para repolarizar e chegar ao potencial de repouso, diminui a FC. Fisiopatologia da disfunção elétrica: Uma disfunção elétrica pode ocorrer por defeitos na formação do impulso ou defeitos na condução do impulso; Defeitos na formação do impulso, tem-se defeitos por exemplo na automaticidade; Sabe-se que o nó SA é quem determina a FC, quando patologicamente ele se torna lento, algumas outras regiões do coração chamadas de marca-passo latente podem iniciar novos disparos em seu próprio ritmo, originando o chamado ritmo de escape; Em uma outra condição, também patológica, algum marca-passo latente (que não é um nó SA), desenvolve uma frequência intrínseca de disparo, originando o ritmo ectópico. Isso pode acontecer por aumento da atividade simpática ou em situações de isquemia. Outro defeito na formação do impulso é a chamada atividade deflagrada, que envolve pós-despolarizações – são despolarizações que acontecem após uma despolarização normal, ou seja, ela acontece antes do tempo. Existem pós-despolarizações precoces ou tardias; Na pós-despolarização precoce, na fase do platô um outro impulso é gerado, antes do anterior ser terminado. Isso pode acontecer tanto na fase de platô, quanto na fase de repolarização. O problema é que pode originar um tipo de arritmia chamado de Torsades de pointes, potencialmente fatal; A pós-despolarização tardia ocorre depois que terminou a repolarização; Defeitos na condução do impulso, no caso da reentrada, o impulso não consegue prosseguir em uma área, por conta de um bloqueio unidirecional. Isso causa uma condução retrógada anormalmente lenta. Um fármaco pode atuar no circuito de reentrada de duas formas: reduzindo a velocidade de condução de forma suficiente a ponte de abolir esse impulso (se não pode precipitar reentradas); ou aumentar o período refratário (onde o impulso não consegue prosseguir, pois o tecido é refratário). Classes de fármacos antiarrítmicos: Classe I - Bloqueadores de canais rápidos de sódio: Todos eles bloqueiam os canais de sódio voltagem- dependentes; Vão afetar a fase zero do potencial de ação ventricular; Quando eles bloqueiam esses canais de sódio, dificulta-se a fase zero (despolarização mais lenta); Redução da velocidade de condução; A classe IA exerce bloqueio moderado; A classe IB tem bloqueio leve (bloqueia menos canais de sódio, logo bloqueia com menos intensidade); A classe IC tem a maior intensidade de bloqueio – acentuada (menos canais ainda disponíveis para serem usados); Estratégia de redução da reentrada; Se a redução não for reduzida suficientemente pode precipitar arritmias; O bloqueio de canais rápidos de sódio também age afetando a automaticidade do tecido (depende das células marca-passo) – canais HCN; Determinam um potencial limiar mais positivo e reduz a inclinação da fase 4; Reduzem a frequência cardíaca; Presença de canais de sódio voltagem-dependentes presentes no tecido nodal. Classe IA: Exerce bloqueio moderado; Dificulta a despolarização da fase zero de forma moderada; Bloqueando esses canais de sódio a ascensão da fase zero será menor, consequentemente menor velocidade de condução, reduzindo reentradas; Existe outro efeito: além de dificultar a fase zero, eles prolongam o potencial de ação – prolongamento do período de repolarização; A repolarização é dependente de canais de potássio, onde é necessário uma corrente de potássio para fora da célula para que ocorra a repolarização da membrana; Uma vez que os canais de potássio são bloqueados, na fase 3, menos potássio sai da célula, dificultando a repolarização, o que prolonga o potencial de ação; Isso prolonga o período refratário do tecido (as duas formas de redução de reentradas é aumentar o período refratário e reduzir velocidade de condução); Portanto, a primeira particularidade desses bloqueadores de canais de sódio da classe IA é que além de bloquear canais de sódio, eles bloqueiam também canais de potássio (prolonga repolarização – efeito duplo). Exemplos de fármacos da classe IA: Quinidina: protótipo da classe; efeito anticolinérgico (antagonista da acetilcolina – principalmente em receptores muscarínicos. A acetilcolina atua reduzindo a velocidade de condução pelo nodo AV) – maior velocidade de condução atrioventricular; pode causar cefaleia, tontura, diarréia e náuseas; contra-indicada no prolongamento do intervalo QT (prolongamento do potencial de ação aumenta chance de pós- despolarizações precoces). Procainamida: pouco efeito anticolinérgico; pode causar síndrome like lúpus (semelhante ao lúpus); possui metabólito ativo (NAPA); efeitos da classe III; Disopiramida: maior efeito anticolinérgico do que quinidina; pode causar retenção urinária e boca seca; possui efeito inotrópico negativo – diminui a força de contração cardíaca; contra-indicada na IC descompensada. Classe IB: Bloqueio leve de canais de sódio; Redução da velocidade de condução; Não prolongam a repolização, mas sim, encurtam-na; Alguns canais de sódio de inativação lenta podem ser bloqueados – reduzindoo influxo de sódio, facilitando a repolarização; Esses fármacos tem preferência por bloqueio de canais de sódio no estado aberto e inativado – bloqueio dependente de uso; Ligam-se preferencialmente aos canais abertos e inativados – implicação: células que estão em estado de lesão celular despolarizam com mais frequência e, por estarem mais despolarizadas, o potencial favorece o estado aberto ou inativado. Esses fármacos por terem mais afinidade com esses canais tem maior afinidade para regiões com lesão do miocárdio; Exemplos de fármacos da classe IB: Lidocaína: protótipo da classe; metabolizada no fígado; pode causar tontura, confusão; não prolonga intervalo QT; Mexitetina: análogo da lidocaína; não prolonga intervalo QT; não tem efeito vagolítico; pode causar náuseas e tremor; eficácia semelhante à quinidina; Fenitoína: efeito antiarrítmico limitado; indutor das enzimas CYPP450 3A4; Classe IC: Maior intensidade de bloqueio de canais de sódio; Bloqueio acentuado; Não afetam em nada a repolarização; Redução acentuada da velocidade de condução e ascensão da fase zero; Esses fármacos tem efeito depressor cardíaco; Flecainida: protótipo. Classe II - antagonistas beta-adrenérgicos: Receptores beta-adrenérgicos são subtipos de receptores da noradrenalina (principal NT do sistema nervoso autônomo simpático); No coração, há predominância do receptor beta-1 adrenérgico; O SNA simpático tem vários efeitos sobre o coração: aumenta o débito cardíaco; aumenta a contratilidade cardíaca; aumenta a frequência cardíaca; aumenta a automaticidade (aumenta frequência de disparo do nó SA); Efeitos da NA sobre os tecidos nodais: aumento da corrente If (nó SA) – aumenta inclinação da fase 4 - e aumento da velocidade de condução AV (nó AV); Se um fármaco é um antagonista adrenérgico, ele vai se ligar no receptor no lugar da NA, não ativando o receptor; Um fármaco que faz esse antagonista vai impedir os efeitos da NA: redução da condução da corrente If e redução da velocidade de condução AV; Antagonistas Beta-1-adrenérgicos: reduzem a taxa de despolarização da fase 4 (reduzem a automaticidade) e prolongam a repolarização AV; Esses fármacos são úteis em arritmias causadas por estimulação simpática; 3 gerações de fármacos: propranolol (antagonista não seletivo – age tanto em beta-1 quanto em beta-2); atenolol e metoprolol (relativamente seletivos para beta- 1); labetalol, carvedilol (antagonista beta e vasodilatação). Classe III: bloqueadores de canais de potássio Maior corrente de K: retorno mais rápido ao potencial de repouso; Manor corrente de K: retorno mais lento ao potencial de repouso; São fármacos que bloqueiam a corrente de potássio (menor corrente de potássio), assim o K não vai sair da célula como em célula normal. Por isso, o potencial de repouso ocorre de forma mais lenta (prolongamento do potencial de ação); Repolarização prolongada. Bloqueio de canais de potássio menor corrente hiperpolarizante de potássio fase platô mais longa repolarização prolongada o aumento do período refratário reduz reentradas e tem efeito benéfico porém, possui maior probabilidade de pós- despolarizações precoces (efeito adverso); Fármacos que prolongam o potencial de ação têm como efeito adverso arritmias do tipo torsades de pointes; Exemplo de fármaco: sotalol – classe II: beta-bloqueador (antagonista não seletivo do receptor beta-adrenérgico, redução da FC – efeito colateral: bradicardia) e classe III: bloqueio de canais de potássio, prolongamento do potencial de ação – efeito colateral: torsades de pointes; Outro exemplo: amiodarona – 1. Classe III: aumento do período refratário efetivo (efeito colateral: possível incidência de torsades de pointes); 2. Classe II: antagonismo receptores alfa e beta-adrenérgicos (efeitos colaterais: bradicardia, hipotensão, inotropismo negativo); 3. Classe IV: bloqueio de canais de cálcio (efeitos colaterais: redução da função dos nodos SA e AV; 4. Classe I: redução da frequência de disparo das células marca passo; A amiodarona é utilizada na prevenção de arritmias ventriculares graves em pacientes com IC ou IAM recente e apresenta diversos efeitos colaterais, como pneumonite, hipotireoidismo, hipertireoidismo e elevação das transaminases hepáticas; Os efeitos adversos da amiodarona variam com o tempo e dose e é contra-indicada para pacientes em choque cardiogênico e bloqueio cardíaco. Classe IV: bloqueadores de canais de cálcio Redução da função dos novos SA e AV (lenta ascensão do PA no nó AV – bloqueio da fase inicial da despolarização); Útil em arritmias que envolvem reentrada através do nó AV; Exemplos: verapamil e diltiazem; Apresentam riscos de bloqueio cardíaco, uma vez que eles lentificam os tecidos nodais; O bloqueio dos canais de cálcio dificultam o potencial de ação; Os canais que esses fármacos bloqueiam são canais do tipo L (presentes no m. cardíaco); Outra classe de bloqueadores de canais de cálcio são as dihidropiridinas (DHPs) – seletivas para canais do tipo L presentes no m. liso; Relaxamento de longa duração do m. liso; Redução da contratilidade cardíaca; Redução da frequência de despolarização do nó SA; Redução da velocidade de condução do nó AV; Por isso, existe um risco grande de interação medicamentosa com beta-bloqueadores com bloqueadores de canais de cálcio, uma vez que ambos que lentificam o coração; Outros antiarrítmicos - Adenosina: Abertura de canais de potássio; Outro tipo de canal de potássio; Inibição da condução nodal e atrial; Hiperpolarização do potencial de ação (dificulta-o); Inibição excessiva dos nós SA e AV – cefaleia e dor torácica; Conversão da taquicardia supraventricular paroxística de complexo estreito em ritmo sinusal normal.
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