Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 Clarisse Nunes | Pediatria | 6º período Hepatite B congênita CONCEITO É uma doença infeciosa adquirida pelo feto de forma vertical, causada pelo vírus da hepatite (VHB), que atinge o fígado. ETIOLOGIA É causada pelo VHB da família Hepadnaviridae, um vírus envelopado com genoma de DNA que possui tropismo pelas células hepáticas. PERÍODO DE INCUBAÇÃO varia de 30 a 180 dias, mas a replicação começa com a ligação do vírion ao hepatócito, e por isso, o PERÍODO DE TRANSMISSIBILIDADE começa muitas semanas antes do início dos sintomas e vai até enquanto persistirem os antígenos de superfície. EPIDEMIOLOGIA É um problema de saúde pública mundial. Estima- se que há mais de 400 milhões de carreadores do VHB no mundo, e desses, 15 a 40% falecem anualmente decorrente de doenças hepáticas relacionadas a ação do vírus. No Brasil, segundo o MS, de 1999 a 2018 foram notificados 233.027 casos da doença, sendo a maior concentração da região sudeste. No geral, o país é classificado como baixa-intermediária prevalência, porém os estados da Amazônia ocidental (AM, AC, RR, RO) têm alta prevalência. TRANSMISSÃO VERTICAL ҉ Via intrauterina o Mais rara ҉ Via perinatal o 95% dos casos o Exposição a fluidos e sangue contaminado durante o trabalho de parto ou no pós- parto ҉ Mecanismo de infecção o Microtransfusões o Infecção após ruptura de membrana o Contato direto com secreções ou sangue infectado ҉ Risco de transmissão para o feto o 1º trimestre: 10% o 2º ou 3º trimestre: 60% ҉ Aleitamento materno: não há contraindicação MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS ҉ Baixo peso ao nascer, prematuridade, morte fetal ou perinatal quando relacionada ao uso de drogas ҉ Assintomáticos ҉ Hepatite fulminante ҉ QUADRO CLÍNICO AGUDO o Icterícia o Febre o Letargia o Dificuldade para ganhar peso o Distensão abdominal o Fezes terrosas ҉ QUADRO CLÍNICO CRÔNICO o Assintomáticos o Manifestações extra-hepáticas DIAGNÓSTICO ҉ Aguda o Detecção de HBsAg e IgM anti-HBc ҉ Crônica o Persistência de HBsAg por mais de 6 meses, sendo IgM anti-HBc positivo e o IgG anti-HBc negativo Se a gestante for portadora crônica da infecção pelo VHB sendo HBsAg/HBeAg reagentes, e a imunoprofilaxia não é realizada, mais de 90% das crianças irão desenvolver infecção aguda pelo VHB e poderão progredir para a infecção crônica Deve ser feita a pesquisa do HBsAg em todas as gestantes no 1º trimestre da gestação ou no início do pré-natal. Gestantes que não fizeram a pesquisa durante o pré-natal, devem realizá-la no momento da admissão hospitalar para o parto. 2 Clarisse Nunes | Pediatria | 6º período MARCADOR SOROLÓGICO SIGNIFICADO CLÍNICO HBsAg antígeno de superfície do vírus da hepatite B Primeiro marcador detectado, aparece de 1 a 3 semanas antes do início dos sintomas. Persistindo por mais de 6 meses indica infecção crônica; Anti-HBc IgG anticorpo IgG contra o antígeno nuclear da hepatite B A presença do Anti-HBc e do HBsAg indica a presença de infecção. Marca o contato prévio com o VHB, mas não indica imunidade. Anti-HBc IgM anticorpo IgM contra o antígeno nuclear da hepatite B Aparece com o início dos sintomas, marca a presença de infecção aguda recente, podendo persistir por 6 meses HBeAg antígeno pré-nuclear de replicação viral Indica replicação viral, independentemente se a doença está na fase aguda ou crônica. Normalmente aparece pouco antes do início dos sintomas. Anti-HBe anticorpo contra o HBeAg Aparece poucas semanas após a perda sorológica do HBeAg, indicando declínio da infectividade. Anti-HBs anticorpo contra o HBsAg Indica imunidade à hepatite B. Aparece 1 a 3 meses após a vacinação ou após a recuperação de uma infecção aguda. TRATAMENTO ҉ Cuidados sintomáticos ҉ Nutrição adequada PREVENÇÃO DA CRIANÇA ҉ Vacinação ҉ Imunoglobulina humana PREVENÇÃO DA MÃE ҉ Lamivudina ou telbivudinna: usadas no final da gestação para reduzir a viremia, porém não há consenso sobre esse tipo de tratamento ҉ Parto: não há diferença entre normal e cesárea RECÉM-NASCIDOS CUJAS MÃES SÃO HBSAG POSITIVAS ҉ Vacinar nas primeiras 24 horas de vida ҉ Administrar 0,5 ml HBIG nas primeiras 12 horas de vida até 7 dias ҉ Esquema de vacinação: 0/1/6 meses ҉ RN < 2 kg deve-se administrar uma 4ª dose: 0/30 dias/1 a 2/6 meses após a dose dos 30 dias RECÉM-NASCIDOS CUJAS MÃES SÃO HBSAG DESCONHECIDO ҉ Vacinar nas primeiras 12 horas de vida ҉ RN < 2kg devem receber 0,5 ml de HBIG concomitantemente ҉ RN > 2 kg pode aguardar o resultado do teste da mãe em até 7 dias ORIENTAÇÕES PARA O PRÉ-NATAL ҉ Realizar sorologia para Hepatite B para todas as gestantes. ҉ Indicar a vacina para as gestantes susceptíveis a infecção pelo VHB ҉ Gestantes imunizadas com esquema vacinal completo de três doses, não necessitam de dose de reforço. ҉ Aquelas não imunizadas ou com esquema vacinal incompleto, devem receber três doses da vacina ou completar o esquema já iniciado. ҉ Gestantes com AgHBs reagente são portadoras da doença e não devem ser vacinadas. Recomenda-se testar o HBsAg e anti-HBs aos 9 e 15 meses para todos os neonatos nascidos de mães positivas para HBsAg
Compartilhar