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1 Clarisse Nunes | Ginecologia e Obstetrícia | 6º período AMENORREIA A amenorreia patológica é caracterizada pela ausência de menstruação em mulheres: ҉ que ainda não tenham menstruado aos 14 anos de idade e não apresentem outras evidências de desenvolvimento puberal ҉ que não tenham menstruado aos 16 anos de idade, mesmo estando presentes outros sinais de puberdade ҉ que já tenham menstruado, mas estejam sem menstruar por um período equivalente a três ciclos consecutivos ou seis meses AMENORREIA PRIMÁRIA define a ausência da menarca com ou sem presença de caracteres sexuais secundários AMENORREIA SECUNDÁRIA define a ausência de menstruação por no mínimo três ciclos consecutivos em mulheres com ciclos menstruais regulares prévios durante a menacme ou ausência de menstruação por seis meses em mulheres com ciclos irregulares. Quando a ausência de menstruação ainda não atingiu este tempo é chamado de atraso menstrual. A amenorreia é fisiológica antes da puberdade, durante a gravidez, lactação e após a menopausa FISIOPATOLOGIA O hipotálamo libera o GnRH (hormônio liberador de gonadotrofinas) que estimula a hipófise a produzir as gonadotrofinas FSH (hormônio folículo estimulante) e LH (hormônio luteinizante). Estas, estimulam o ovário a produzir estradiol, progesterona e testosterona e desencadeiam a ovulação. Os produtos ovarianos agem no endométrio acarretando modificações do tipo proliferativo e secretor com objetivo de preparar o leito de implantação do ovo caso ocorra a concepção. Se a gestação não ocorrer, a produção de estrogênio e progesterona diminui, e o endométrio decompõe-se e é descartado durante a menstruação. Quando há comprometimento desse sistema, ocorre disfunção ovulatória. Há interrupção da produção de estrogênio e das alterações do endométrio, resultando em AMENORREIA ANOVULATÓRIA e o fluxo menstrual pode não ocorrer. Quando há alterações anatômicas genitais que impedem o fluxo menstrual normal, apesar da estimulação hormonal normal, ocorre AMENORREIA OVULATÓRIA. ETIOLOGIA De maneira geral as causas mais comuns são: ҉ Gestação ҉ Atraso constitucional da puberdade ҉ Anovulação hipotalâmica funcional (p. ex. decorrente de esforço excessivo, distúrbios alimentares ou estresse) ҉ Uso ou abuso de drogas (p. ex. contraceptivos orais, depoprogesterona, antidepressivos ou antipsicóticos) ҉ Aleitamento materno ҉ Síndrome do ovário policístico AMENORREIA ANOVULATÓRIA ҉ Disfunção hipotalâmica ҉ Disfunção hipofisária ҉ Insuficiência ovariana primária ҉ Doenças endócrinas que provocam excesso de andrógeno (ex. síndrome do ovário policístico) AMENORREIA OVULATÓRIA ҉ Anormalidades cromossômicas ҉ Alterações anatômicas congênitas dos órgãos genitais que obstruem o fluxo menstrual ANAMNESE ҉ Excluir gestação, amamentação, medicação e casos de ambiguidade sexual ҉ Presença ou ausência de caracteres sexuais secundários ҉ Crescimento estatural ҉ Estresse, alteração de peso, alteração de hábitos alimentares e atividade física, presença de doenças crônicas ҉ Presença de dor pélvica ҉ Fogachos e secura vaginal ҉ Sinais e sintomas de hiperandrogenismo ҉ Secreção nas mamas ҉ Ausência da menstruação pós-parto EXAME FÍSICO ҉ Altura, peso e IMC https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-menstruais/s%C3%ADndrome-do-ov%C3%A1rio-polic%C3%ADstico-sopc https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-menstruais/insufici%C3%AAncia-ovariana-prim%C3%A1ria https://www.msdmanuals.com/pt-pt/profissional/ginecologia-e-obstetr%C3%ADcia/anormalidades-menstruais/s%C3%ADndrome-do-ov%C3%A1rio-polic%C3%ADstico-sopc 2 Clarisse Nunes | Ginecologia e Obstetrícia | 6º período ҉ Estágio de desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários (estágios de Tanner) ҉ Presença de estigmas genéticos ҉ Presença de hirsutismo ҉ Exame genital: hímen imperfurado, vagina curta, atrofia genital, outras más formações vaginais e do colo EXAMES LABORATORIAIS ҉ Beta hCG: descartar gravidez ҉ FSH e Estradiol: hiper ou hipogonadismo gonadotrófico ҉ Prolactina: hiperprolactinemia ҉ TSH: doenças tireoidianas TESTE DA PROGESTERONA Verifica a permeabilidade do trato genital e a presença de estrogênio. Deve ser realizado após a investigação inicial do TSH e da prolactina. É administrado o acetato de medroxiprogesterona 10mg/dia, por 5 a 10 dias. POSITIVO - ocorre sangramento de privação Trato genital competente; ovário funcionante; eixo HHO adequado → diagnóstico de anovulação NEGATIVO - não ocorre sangramento de privação Produção de estrogênio deficiente; resposta endometrial inadequada ou fator obstrutivo do trato de saída TESTE DE ESTROGÊNIO E PROGESTOGÊNIO Avalia a resposta endometrial e a patência do trato de saída. É feito quando o teste da progesterona dá negativo. Usa-se 1,25mg de estrogênios conjugados por 21 dias com adição de 10mg de acetato de medroxiprogesterona nos últimos 10 dias. Se não ocorrer o sangramento, a causa da amenorreia é uterina/primária. Se houver, fica confirmada a cavidade endometrial normal e o hipoestrogenismo. EXAMES DE IMAGEM ҉ USG pélvica transvaginal ou por via abdominal: ausência de útero, más formações uterinas ou obstruções, síndrome dos ovários policísticos ҉ RNM pélvica: malformação de órgãos genitais ҉ RNM sela túrcica ou crânio: tumores CARIÓTIPO Indicado nas amenorreias hipergonadotróficas (níveis de FSH elevados) que se manifestem como amenorreia primária, nas que se manifestam como amenorreia secundária em mulheres com menos de 30 anos e nas amenorreias primárias com ausência de útero e FSH normal TRATAMENTO É direcionado para a doença de base HIPERPROLACTINEMIA: tratamento com agonistas dopaminérgicos - cabergolina 0,5 mg 1x/semana HIPOESTROGENISMO: na amenorreia primária sem desenvolvimento dos caracteres sexuais secundários, começar o tratamento com pequenas doses de estrogênio e, posteriormente, aumentar a dose até o desenvolvimento mamário, com posterior inclusão de progestagênio Na deficiência estrogênica na mulher adulta, reposição com estrogênios conjugados ou estradiol. Nas mulheres com útero, a adição de progestagênio é necessária para evitar o câncer de endométrio ANOVULAÇÃO HIPERANDROGÊNICA: hiperandroge- nismo iatrogênico, por uso de androgênio, orientar a interrupção do fármaco. Na deficiência enzimática da suprarrenal o tratamento é feito com prednisona ou dexametasona. Na síndrome dos ovários policísticos é usado progestagênios cíclicos ou anticoncepcional hormonal combinado oral TRATAMENTO CIRÚRGICO Está indicado nas neoplasias ovarianas e de suprarrenal, na síndrome de Cushing com presença de tumor, nas sinequias intrauterinas, más-formações müllerianas e na síndrome de Rokitansky RESTAURAÇÃO DA FERTILIDADE Nas mulheres com insuficiência ovariana prematura é possível a gravidez com óvulo de doadora. Nas amenorreias centrais (hipotalâmicas e hipofisárias) ou nas causadas por doenças que levam à anovulação crônica é feita a indução da ovulação com citrato de clomifeno, letrozol ou gonadotrofinas.
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