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Gestão em Saúde Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof. Dr. João Luiz De Souza Lima Prof.ª Me. Andréia De Carvalho Andrade Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Novos Paradigmas em Gestão da Saúde • Conceitos e Definições de Organização e Administração; • Novos Paradigmas para a Gestão em Saúde. · Conhecer os conceitos e as definições de Organização e Administração; · Apresentar os novos paradigmas em Gestão em Saúde. OBJETIVO DE APRENDIZADO Novos Paradigmas em Gestão da Saúde Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde Conceitos e Definições de Organização e Administração O homem é um animal social com tendência à organização e à administração de seus assuntos; é um animal que se organiza. O termo “social” implica que os seres humanos tendem a estabelecer relações cooperativas e interdependentes. O comportamento humano se orienta para uma meta e, segundo a concepção da história, foi classificado dualisticamente da seguinte forma: 1. O homem é agressivo e competidor; portanto, o homem é mau; 2. O homem tem boa natureza e é cooperador; portanto, o homem é bom. As organizações, por sua vez, são classificadas em: 1. Famílias; 2. Clãs; 3. Grupos não formais (Ad Hoc); 4. Organizações formais; 5. Atividades militares e religiosas. A organização, em termos conceituais, pode ser definida das seguintes formas: 1. “[...] Uma organização existe quando as pessoas interagem entre si para realizar funções essenciais que auxiliem a alcançar uma meta [...]” (Richard Daft); 2. As organizações são: (a) orientadas para uma meta, ou seja, gente com uma finalidade; (b) sistemas psicossociais, gente trabalhando em grupos; (c) sistemas tecnológicos, gente usando conhecimentos e técnicas; (d) uma unificação de atividades estruturadas, gente trabalhando junto; 3. A organização consiste na capacidade que a Empresa tem de criar organismos, estruturas e sistemas integrados. A Figura 1 apresenta a organização e os seus elementos constitutivos. Elementos Constitutivos Materiais e Físicos Financeiros Humanos Mercadológicos Administrativos Operação Organizacional Produto ou Serviços Figura 1 – Elementos Constitutivos da Organização Fonte: LIMA, 1996 8 9 A Organização, conforme apresentado na Figura 2, tem as seguintes variá- veis básicas: 1. Pessoas; 2. Tarefas; 3. Estrutura; 4. Tecnologia; 5. Ambiente. Tarefas Estrutura TecnologiaAmbientePessoas Variáveis Básicas das Organizações Figura 2 – Variáveis Básicas da Organização Fonte: LIMA, 1996 A Administração é o processo pelo qual os recursos (humanos, financeiros, tecnológicos, materiais etc.), não relacionados entre si, são unificados em um Sistema total para alcançar determinado objetivo. Em outras palavras, a Administração visa à união dos diversos elementos, cooperadores e/ou conflitantes. A Administração inclui a coordenação de recursos humanos e outros recursos (materiais, tecnológicos, financeiros, equipamentos etc.), visando a atingir o objetivo. Com freqüência, fala-se de pessoas que dirigem seus negócios, mas, habitualmente, a conotação é de esforço em grupo. Quatro elementos básicos podem ser identificados: (1) voltados para objetivos, (2) por meio de pessoas, (3) por meio de técnicas, e (4) numa Organização. As definições características indicam que a Administração constitui um Processo de Planejamento, Organização, Direção e Controle. Portanto, a Administração consiste num conjunto de técnicas que contribuem para a Empresa, trazendo melhoria nos processos e métodos de trabalho. Cenário da Organização e da Administração A Administração constitui a principal força, dentro das organizações, a coordenar as atividades dos subsistemas e a relacioná-los com o meio ambiente. O estudo da administração é relativamente recente na sociedade contemporânea, derivando, principalmente, do crescimento, nas dimensões e na complexidade, verificado na Empresa e em outras grandes organizações, a partir da Revolução Industrial. O Quadro 1 apresenta a Revolução Industrial, os países precursores e os fatores econômicos envolvidos. 9 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde Quadro 1 – Revolução Industrial Revolução Industrial País Precursor Fatores Econômicos Século 1ª Inglaterra Ferro, carvão mineral e vapor d’água. XVIII 2ª Estados Unidos e Europa Ocidental Duração: EUA = 1860 até 1930; Europa = 1880 até 1960. Brasil = 1930 até (?) Aço, petróleo e eletricidade. XIX 3ª Países do Norte (G7 e OCDE) Computadores e robótica. XX 4ª Países do Norte e BRIC Biotecnologia. XXI Fonte: LIMA, 1996 As características da Segunda Revolução Industrial são: · Produção em massa; · Tecnologia (máquinas projetadas e fabricadas em função de processos e produtos); · Produtos padronizados; · Custos de fabricação (mão de obra, matérias-primas e energia = 80%); · Pesquisa e desenvolvimento – P&D (funcionalmente separada da produção e descontínua); · Meio ambiente (nenhuma preocupação); · Recursos humanos (empregados especialistas). O processo de trabalho e a capacitação de mão-de-obra na Segunda Revolução Industrial apresentavam as seguintes características: · Tarefas fragmentadas e padronizadas; · Divisão clara entre trabalho mental e manual; · Operários semiqualificados; · Sistema de remuneração por peça ou por tarefa e os salários eram acordados em processo de negociação e barganhas; · Organização e administração por meio do uso de hierarquias organizacionais, centralização do processo de tomada de decisões e a empresa era multidivisionalizada (verticalização). As relações sindicais na Segunda Revolução Industrial apresentavam as seguin- tes características: · Lutas pela redução da jornada de trabalho; · Demissões constantes, quando das épocas de “baixa” demanda, ocasio- nando “atritos” constantes; · Clima constante e propício paragreves. 10 11 A estratégia competitiva das empresas na Segunda Revolução Industrial apresentava as seguintes características: · Competição apoiada em utilização plena de capacidade e por redução de custos; · Ciclo “longo” de vida dos produtos; · Relações imediatistas da Empresa com os seus clientes e fornecedores; · Cadeia de valor da Indústria (visão dos fornecedores e dos clientes/ consumidores fi nais); · Visão de processos (metodologia dos trabalhos). Os mercados consumidores na Segunda Revolução Industrial apresentavam as seguintes características: · Fabricantes mais importantes do que os comercializadores; · Fabricantes mais importantes do que os consumidores; · Relações unidirecionais; · Propaganda em massa; · Fornecedores tratados de maneira restrita e sob rígido controle; · Manutenção de estoques pelo fabricante para emergências (Just-in-Case ou JIC). A Terceira Revolução Industrial ocorreu inicialmente nos países em que: · A Segunda Revolução Industrial levou a sociedade à produção em massa e à distribuição e consumo em massa; · A Educação Básica era universal e de nível elevado; · Havia uma Sociedade apoiada na cultura da cidadania; · Conseguiu-se razoável e coerente distribuição de renda. As características da Terceira Revolução Industrial são as seguintes: · Flexibilidade organizacional; · Alta tecnologia que privilegia o uso da Informação (High-Tech); · Ambiente empresarial competitivo; · Alta taxa de inovação conduzindo a Empresa a uma grande diversidade de produtos e serviços; · Redução no ciclo de vida dos produtos. A Terceira Revolução Industrial promoveu as seguintes alterações nas empresas: · Produção utilizando automação fl exível; · Tecnologia (High-Tech); 11 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde · Produtos inovadores com qualidade e baixo custo; · Processos de trabalho e capacitação de mão-de-obra envolvendo a terceirização; · Sistemas de remuneração utilizando novos conceitos (como a participação do colaborador nos resultados/lucros); Gestão administrativa utilizando o Empowerment (participação do colaborador na tomada de decisões); · Mercados consumidores apresentando novas vias de distribuição com novos atacadistas, novos varejistas e novas cadeias de varejo; · Parceria com os fornecedores (estoques baixos e Just-in-Time/JIT ou Bem-no-Tempo/BET); · Estratégia competitiva baseada em inovação, diversificação e reengenharia de processos. A Quarta Revolução Industrial é caracterizada pela Biotecnologia, que consiste na Tecnologia baseada na Biologia, especialmente quando usada na Agricultura, na Ciência dos alimentos e na Medicina. Em outras palavras, a Biotecnologia se define pelo uso de conhecimentos sobre os processos biológicos e sobre as propriedades dos seres vivos, com o fim de resolver problemas, criando, por sua vez, produtos de utilidade. A definição ampla de Biotecnologiase caracteriza pelo uso de organismos vivos ou parte deles, para a produção de bens e serviços. Nessa definição, enquadra-se um conjunto de atividades que o homem vem desenvolvendo há milhares de anos, como a produção de alimentos fermentados (pão, vinho, iogurte, cerveja e outros). Por outro lado, considera-se a Biotecnologia moderna aquela que faz uso da informação genética, incorporando técnicas de DNA recombinante. A Biotecnologia combina disciplinas tais como Genética, Biologia Molecular, Bioquímica, Embriologia e Biologia Celular, com Engenharia Química, Tecnologia da Informação, Robótica, Bioética e Biodireito, entre outras. Antes da década de 1970, o termo Biotecnologia era utilizado principalmente na indústria de processamento de alimentos e na Agroindústria. A partir dessa época, começou a ser usado por Instituições Científicas dos países ocidentais em referência a técnicas de laboratório desenvolvidas em pesquisa biológica, tais como processos de DNA recombinante ou cultura de tecidos. Realmente, o termo deveria ser empregado num sentido muito mais amplo para descrever uma completa gama de métodos, tanto antigos quanto modernos, usados para manipular organismos, visando a atender às exigências humanas. Assim, o termo é também definido como sendo a aplicação de conhecimento nativo e/ou científico para o gerenciamento de (partes de) microorganismos, ou 12 13 de células e tecidos de organismos superiores, de forma que eles forneçam bens e serviços para uso dos seres humanos (LIMA, 2003). Importante! Há muita discussão e recursos fi nanceiros investidos em Biotecnologia, com a esperança de que surjam drogas milagrosas. Embora tenha sido produzida pequena quantidade de drogas efi cazes; no geral, a revolução biotecnológica ainda não aconteceu na Indústria Farmacêutica. Todavia, progressos recentes com drogas baseadas em anticorpos monoclonais sugere que a Biotecnologia pode, fi nalmente, ter encontrado um papel a desempenhar nas vendas da Indústria Farmacêutica. Você Sabia? Empresa contemporânea No cenário contemporâneo da Organização e da Administração, os administrado- res são elementos necessários para transformar em Empresa útil e eficiente os desor- ganizados recursos representados por homens, máquinas, dinheiro, tempo e espaço. A Empresa contemporânea se constitui numa Instituição essencial ao desenvolvimento da sociedade, destinada à produção e à comercialização de bens e serviços. Na administração, os métodos consistem na maneira de se executar uma determinada rotina de trabalho. A Figura 3 e o Quadro 2 apresentam o atual ambiente empresarial vivido pelas organizações e os seus Stakeholders, que consistem nos indivíduos e grupos capazes de afetarem ou de serem afetados pelos resultados estratégicos alcançados e que possuam reivindicações aplicáveis e vigentes a respeito do desempenho da Empresa. Cabe ao gestor estratégico identificar formas de isolar a organização das demandas dos Stakeholders e do controle de recursos críticos. Os Stakeholders são divididos em três grupos básicos, conforme definido no quadro 2, a seguir: Quadro 2 – Stakeholdres Mercado de Produto Mercado de Capitais Setor Organizacional Clientes Fornecedores Comunidade Sindicatos Governo Opinião pública Universidades Acionistas Mercado Financeiro Agentes financeiros Empregados Gerentes Não gerentes Pessoal terceirizado Fonte: LIMA, 1996 13 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde EMPRESA Comunidade Opinião Pública Universidades Sindicatos Intermediários Governo Acionistas Clientes Fornecedores Colaboradores Terceirizados Figura 3 – Visão Institucionalizada dos Stakeholders Fonte: Adaptado de LIMA, 1996 A Figura 4 apresenta uma Empresa que tem uma situação ideal, dentro do atual ambiente empresarial, ou seja, parte do lucro gerado retorna à Empresa na forma de investimentos na produção. Por sua vez, o incremento dos investimentos na produção tende a incrementar a geração de novos empregos. A Empresa compra Recursos Humanos e Suprimentos Produz Bens e Serviços Vende os Bens e Serviços Produzidos Paga os Recursos Humanos e Suprimentos Paga Dividendos aos Acionistas Investe na Produção Recebe um Valor pela Venda dos Produtos Gera o Lucro Figura 4 – Visão da Empresa Ideal Fonte: Adaptado de LIMA, 2003 14 15 Novos Paradigmas Para a Gestão em Saúde Contexto Mundial – Ondas da Humanidade O cenário mundial se caracteriza, hoje, por fortes e impactantes mudanças que influenciam a vida dos países, das organizações, das empresas e, principalmente, das pessoas. Pode-se afirmar que vivemos em uma sociedade em constante e rápida transformação. (CHIAVENATO, 2008) Figura 5 – Evolução do homem até a Era da informação. Fonte: iStock/Getty Images A Humanidade, ao longode toda a sua História, vem lidando com grandes movimentos que orientam suas atividades econômicas, sociais, educacionais e tecnológicas, entre várias outras. De acordo com Tajra (2010) e Mussak (2003) a Humanidade constituiu o que os autores chamam de “ondas”, como: · Onda agrícola (Era agrícola) – Caracterizada pelas conquistas territoriais. Nesse cenário, as civilizações eram classifi cadas como grandes, ricas e detentoras do poder em função dos territórios conquistados e das produções agrícolas. Quem nunca ouviu falar do coronelismo, em que os coronéis impunham suas leis, a partir do poder que lhes era atribuído pela quantidade de terras que tinham. Já o trabalho humano nesse período era caracterizado pelo trabalho braçal e não existia o consumidor, como nos dias atuais. Na maioria das vezes, o consumidor era o próprio produtor (TAJRA, 2010); · Onda Industrial (Era industrial) – Para Mussak (2003), esse período tem 15 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde seu início após a Segunda Guerra Mundial, em que as máquinas passaram a ser as grandes responsáveis pela produção, substituindo a força humana. A eletricidade e o motor à combustão são os grandes responsáveis pela Revolução Industrial e, consequentemente, o início da Administração como Ciência, que surge para atender à necessidade de organização das Empresas Industriais, que precisavam otimizar a produção, mas esse é um assunto que será mais detalhado na próxima Unidade de conhecimento. Figura 6 – Era industrial Fonte: iStock/Getty Images Na Era industrial, o homem do campo saiu de casa para assumir o papel pela produção serial e assumir seu papel na sociedade; consequentemente, a população rural migrava para a zona urbana, mas essa população não possuía os pré-requisitos necessários para atuar na Sociedade Industrial, ou seja, não estava acostumada às relações tempo x dinheiro e tempo x capacidade produtiva das máquinas. Princípios importantes como padronização, especialização, concentração, maximização e centralização foram discutidos para lidar com todas as problemáticas oriundas da industrialização. Essas discussões proporcionaram a expansão da Administração como Ciência (TAJRA, 2010). Com o passar dos tempos, os proprietários tiveram de delegar poderes aos integradores (presidentes, diretores, gerentes, coordenadores); assim, os proprietários perderam a visão de todo o processo, o que favoreceu o surgimento 16 17 de uma nova elite, a dos diretores, dos altos executivos, que direcionavam as ações de uma Empresa ou Corporação. As indústrias tornavam-se mais complexas e difíceis de ser controladas. O poder estava hierarquizado em várias camadas dentro das Corporações e a integração das áreas de uma organização necessitava criar mecanismos de controle para o direciona- mento da própria organização (TOFFLER, 1980; TAJRA, 2010; MUSSAK, 2003). Nesse cenário, para o controle das Organizações, surgiu a informação. · Onda da Informação (Era da Informação) – Vai do início da segunda metade do século XX até o fi m dos anos 1980, caracterizada pelo aumento da publicação de revistas e de livros e também pela chegada de um fenômeno ainda mais impactante – a Televisão (o primeiro televisor surgiu em 1925, em Londres). Na Administração, são referências surgidas nesse período Peter Senge, Tom Peters, “pai da empresa pós-moderna” e Peter Drucker, grande filósofo do mundo corporativo no século XX. Paralelamente à necessidade de controle das organizações, cresce uma nova tecnologia, que podia integrar as informações – O computador, o que veio a ser a ferramenta de maior importância na Era da informação (MUSSAK, 2003). A Era da informação é caracterizada pela informação como insumo necessário para gerir as organizações empresariais públicas ou privadas, as informações infiltram em todos os ramos da sociedade e a rapidez ao acesso à informação passa a ser tornar um diferencial e uma oportunidade para todos, dando origem à Era do Conhecimento (MUSSAK, 2003; TAJRA, 2010) Analisando a Figura 5, é possível entender toda a evolução, desde a Era agrícola até a Era da informação, com o uso do computador. · Era do Conhecimento – Alguns autores se referem à Era da Informação e do Conhecimento como a terceira onda, chamada também de Era da Pós-informação. A Era do conhecimento está marcada pela chegada da Internet. O mundo virtual torna-se tão presente em nossa vida quanto o mundo concreto e palpável, mas qual a principal diferença entre a Era da Informação e a do Conhecimento, visto que são dois termos interligados, mas com significado profundamente diferente? De acordo com Tajra (2010), a informação passa a ser um dos insumos para a produção do conhecimento, já a Era do Conhecimento é caracterizada pela informação tratada, trabalhada, gerada em algo, em alguma oportunidade, ou seja, não basta ter a informação, é preciso saber utilizá-la em prol de alguma finalidade. A transformação de uma informação numa oportunidade é o conhecimento. O ser humano passa a ocupar o seu lugar, o de analista de processos e solucionador de problemas, a usar mais a sua inteligência, sua capacidade de pensar 17 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde e o seu conhecimento passam a ser o seu diferencial. Atualmente, grande parte da população tem acesso à informação, deixando de ser exclusividade de poucos, chamada de uma espécie de commodity. Todo mundo pode ter, basta descobrir o caminho para obtê-la (MUSSAK, 2003). Figura 7 – Era do conhecimento Fonte: iStock/Getty Images Nessa nova Era, quanto mais poderosa for a Tecnologia da Informação, tanto mais informado e tanto mais poderoso irá ser tornar o seu usuário, que pode ser uma pessoa, uma Empresa ou um país. Na Era do conhecimento, as coisas mudam rápida e incessantemente. O gerenciamento em uma economia globalizada torna-se um artigo de primeira necessidade (CHIAVENATO, 2008) Ex pl or A velocidade da inovação tecnológica passa a atropelar a Economia, a So- ciedade e a Cultura, criando novas necessidades e novos padrões de comporta- mento e de negócio. Na Era do Conhecimento, nunca a informação fez tanta diferença nos negócios das Empresas, pois com a moderna Tecnologia, a informação dá uma volta completa ao mundo em apenas um milésimo de segundo. Uma rapidez incrível e a globalização da Economia é uma das consequências dessa globalização da informação (CHIAVENATO, 2008). 18 19 Agricultura • Início da Humanidade; • Até a Revolução Industrial (1776). Artesanato • Início em 1776 – Primeira fase da Revolução Industrial; • Finalização em 1860. Industrialização • Início da Segunda fase da Revolução Industrial, a partir de 1860; • Até a metade do século XX – 1950. Informação • Metade do Século XX; • Início do uso da Internet. Figura 8 - Era do Conhecimento (uso da Internet) Para Tajra (2010), as Empresas estão no contexto mundial da Sociedade do Conhecimento. As Empresas de Saúde fazem parte desse Sistema Complexo e estão num mercado globalizado. As Operadoras de Plano de Saúde, Hospitais, Laboratórios, Clínicas de qualquer especialidade, estão presentes num Mercado Global; existem grandes grupos de diferentes áreas empresariais que diversificam seus negócios em busca de novas oportunidades. Nos dias atuais, ainda existe tabu em considerar a Saúde um Segmento Empresarial como qualquer outro, pois se considera a Saúde um dever do estado, que não deve ser explorado economicamente. Entretanto, o que se pode identificar é que o estado não consegue fornecer toda a infraestrutura necessária para a população, criando espaço para a iniciativa privada (TAJRA, 2010; CHIAVENATO, 2008). A saúde é uma grande oportunidade, que talvez ainda não se profissionalizou tanto como Empresas de outros segmentos, mas é necessário que se tornem tãocompetitivas e lucrativas como qualquer outra Empresa (TAJRA, 2010). Desafi os da atualidade e do futuro – Era do Conhecimento Competir nessa nova Era torna-se cada vez mais complexo, pois a necessidade de conhecimento e de autoaprendizagem são fatores determinantes para favorecer 19 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde a sobrevivência das empresas, em médio e longo prazo. Para tanto, é necessário que a alta direção da organização seja ativa e favoreça ambiente propício para o desenvolvimento de competências (TAJRA, 2010). Para Chiavenato (2008), o mundo mudou; tudo ficou diferente e será ainda mais diferente, mudança essa que afeta diretamente a vida de todos. Atualmente, as pessoas têm mais conhecimento; devido à velocidade em que as informações chegam, as pessoas conhecem seus direitos e, por isso, são mais exigentes. Cliente Valor Agregado ao Produto ou Serviço Qualidade do Serviço ou Produto Comparação de Preço Figura 9 – Fatores de exigência do cliente Na Figura 9, é possível identificar que, a partir do aumento exagerado da competição e dos clientes, fatores como a qualidade do serviço ou do produto, valor agregado e a preocupação em comparar preços, constituem os três grandes fatores que estão levando as empresas rumo ao sucesso ou ao fracasso (CHIAVENATO, 2008). Assim, as Empresas, inclusive as Empresas de Saúde bem sucedidas devem estar abertas às mudanças e totalmente voltadas para o cliente. Para tanto, essas Empresas devem contar com as pessoas que se encarregam dessas tarefas. Mudança, concorrência e focalização no cliente passam a ser as oportunidades e não as ameaças, restrições ou limitações que podem fazer a grande diferença para as Empresas, tratando-se da mudança proativa (MUSSAK, 2003; CHIAVENATO, 2008). As Organizações na área do conhecimento devem provocar mudanças quebrando paradigmas, substituindo por paradigmas novos, não necessariamente melhores, como apresentado na Figura a seguir: 20 21 MACROAMBIENTE Ambiente de Tarefa EmpresaFornecedores Econômicas Sociais Demográ�cas Ecológicas Culturais Tecnológicas Concorrentes Clientes Figura 10 – Os principais fatores externos de mudança Fonte: Adaptado de Chiavenato (2008) A Economia globalizada significa que a concorrência pode estar do outro lado da rua, da cidade, ou do outro lado do mundo; que as Organizações já estabelecidas precisam se defender tanto das concorrentes tradicionais, que desenvolvem novos produtos e serviços, quanto das empresas empreendedoras, que surgem com ofertas inovadoras. Chiavenato (2008) alerta que as Empresas devem mudar internamente para se adaptar às mudanças que acontecem do lado de fora a todo o momento, pois clientes mudam seus hábitos de compra e de preferência, fornecedores mudam características e preços de matérias-primas, prestadores de serviço impõem diferentes condições e esquemas de trabalho, concorrentes mudam suas estratégias e seus produtos ou serviços, sindicatos iniciam novas reivindicações, o governo impõe alterações nas leis e nos impostos. Do lado de dentro da Empresa, os processos de trabalho precisam ser melhorados, máquinas e equipamentos devem ser substituídos por outros novos, os padrões de qualidade sofrem melhorias, os produtos/serviços são melhorados, as estratégias devem ser aperfeiçoadas, por último, as pessoas precisam aprender novos conhecimentos, habilidades e competências. Gestão das Empresas de Saúde No âmbito da saúde, as organizações prestadoras de serviço de saúde precisam adaptar-se a esse novo momento, tornar-se flexível, adotando estratégias que atendam às expectativas dos usuários internos (colaboradores dos vários setores e profissionais da equipe multidisciplinar) e externos (pacientes, fornecedores e Operadoras de Planos de Saúde, entre outros). 21 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde A partir da década de 1990, as Organizações Prestadoras de Serviço da Saúde se depararam com um novo Modelo de Gestão – Gestão da Qualidade, que imprimiu novos desafios aos Gestores, gerando busca incessante de novas formas de tornar o negócio sustentável e com melhor visibilidade no mercado (CHIAVENATO, 2008). Na última década, o Setor de Saúde foi um dos que apresentou maior taxa de crescimento de oferta de trabalho, chegando a aumentar em torno de 81% as novas oportunidades de ocupações para o período de 1996 a 2008. Para Tajra (2010), o segmento da Saúde gerará cada vez mais trabalhos; porém, a posição que cada indivíduo ocupará dependerá, de forma crescente, do conhecimento que ele construiu ao longo de toda a sua vida; assim, os Estabelecimentos de Saúde necessitam desenvolver uma administração cada vez mais profissionalizada. A Empresa Hospitalar é um Sistema Complexo, pois é formado por “miniempresas”, superespecializadas, como, por exemplo: Serviço de Nutrição e Dietética (SND), limpeza hospitalar, lavanderia, serviços de imagens, laboratórios, manutenção, serviço de hotelaria e setores complexos como Unidade de Terapia Intensiva (UTI), Centro Cirúrgico, Central de Material e Esterilização (CME), como apresentado na Figura 11 (TAJRA, 2010). Serviços de Nutrição e Dietética (SND); Laboratórios; Manutenção. Limpeza Hospitalar; Lavanderia; Serviço complexo de Hotelaria. Centros Cirúrgicos; Central de Esterilização; UTIs. Clínicas de Imagem; Serviços de Remoção; Segurança. Empresa Hospitalar Figura 10 – Empresa Hospitalar A autora complementa que, para administrar eficiente e eficazmente as Organizações de Saúde, é necessário entender a complexidade do Sistema desse segmento, ou seja, participam diversos autores com diferentes papéis complementares, às vezes, em direções diferentes e conflitantes, autores como, profissionais da saúde, consumidores, fornecedores, prestadores de serviço, fabricantes, entre outros. Cabe reforçar que, com a globalização, as Empresas de Saúde também devem desenvolver uma Gestão focada no conhecimento. 22 23 Para Mussak (2003), o conhecimento é a principal vantagem competitiva, pois se trata da informação com significado, capaz de criar movimento, modificar fatos, encontrar caminhos, enfim, construir utilidades. Assim, para um serviço que deseja desenvolver uma gestão focada no conhecimento, deve-se fi car atento a sete questões: · Novo papel da alta direção; · Cultura organizacional; · Estrutura organizacional; · Gestão de recursos humanos; · Sistema de informação; · Mensuração de resultados; · Aprendizado com o ambiente. Neste momento, discutiremos, de forma sucinta, sobre cada uma delas, de acordo com Tajra (2010), pois são assuntos que serão detalhados em conteúdos futuros. · Novo papel da alta direção – A alta direção deve identifi car claramente para toda a Organização quais são as áreas de conhecimento que devem ser exploradas, ou seja, identifi car suas efetivas vantagens competitivas e suas oportunidades de melhorias para melhor atuar no Mercado; · Cultura organizacional – A alta direção deve comandar estrategicamente a Organização numa nova cultura organizacional, estimulando sua equipe para uma fl exibilização na resolução dos problemas, disponibilizando tempo para planejamento, favorecendo um ambiente participativo para troca de ideias; · Estrutura organizacional – O modelo de estruturas no paradigma industrial era focado na especialização, na produção em massa, nos padrões de procedimentos. Na Sociedade do Conhecimento, as estruturas são mais fl exíveis e voltadas para o trabalho em equipe, as análises são referenciadas em resultados dos processos, os sistemas de avaliações valorizam as opiniões das pessoas e as responsabilidades vão além das especializações de cada área e cargo; · Gestão de recursos humanos – Para esse item, deve-se prestaratenção especial a três itens: recrutamento e seleção, treinamento e sistema de recompensa. O recrutamento e seleção necessitam de uma decisão estratégica, pois tem a missão de captar pessoas que irão afetar diretamente o desempenho organizacional. As organizações focadas no conhecimento recrutam pessoas com personalidade forte e que saibam discutir opiniões divergentes. Ainda nesse item,o sistema de recompensa e carreira tende a mudar para a valorização das competências e não para os cargos, sendo 23 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde indispensável saber trabalhar com equipes multidisciplinares, experiências diversas, saber lidar com situações inesperadas e postura autônoma, itens indispensáveis para a obtenção de resultados; · Sistema de informação – Para a geração do conhecimento, o acesso às informações é a base. Nas Organizações de Saúde, os sistemas informatizados são um dos meios para a geração do conhecimento, por meio deles, os gestores conseguem saber o que está acontecendo em suas empresas e projetar situações futuras, ganhando competitividade no Mercado. Melhoram-se os sistemas de comunicação, facilitando o trâmite de informações na Empresa. Como já apresentado, a Internet possibilita às empresas de saúde, a criação de espaços virtuais para trocas de informações com sua cadeia produtiva, interligando e aproximando clientes e fornecedores; · Mensuração de resultados – As organizações de saúde na gestão do conhecimento devem avaliar uma Empresa a partir do seu capital intelectual, visto que elas estão diretamente relacionadas ao conhecimento de seus colaboradores; · Aprendizado com o ambiente – Nessa nova Era, compete às organizações desenvolver ambientes de trabalho cada vez mais oportunos para a criação de novas ideias e melhoria contínua como forma determinante para a manutenção da Empresa num mercado altamente competitivo. Nessa dimensão, são consideradas e utilizadas as relações de aprendizagem entre clientes, fornecedores e a própria Empresa numa tentativa de troca de informações e experiências entre todos os envolvidos no processo. Em síntese: Administrar Empresas de Saúde, ou qualquer segmento empresarial, significa harmonizar e coordenar as pessoas quanto à utilização dos recursos financeiros, materiais e informacionais a partir de técnicas administrativas de planejamento, organização e controle, sempre conduzidos por um modelo de liderança gerencial (TAJRA, 2010; CHIAVENATO, 2008). 24 25 Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Gestão do conhecimento ou gestão de organizações da Era do Conhecimento? Um ensaio teórico-prático a partir de intervenções na realidade brasileira https://goo.gl/j5UU7C Experiência da implantação de um modelo de gestão de saúde ocupacional e suas contribuições para elaboração de um guia prático https://goo.gl/Szfn3a Vídeos APIX 2016 – Inovação e transformações digitais https://youtu.be/jHRQe8Rn-4s O futuro das profissões https://youtu.be/aPIPQ3Jfohk 25 UNIDADE Novos Paradigmas em Gestão da Saúde Referências CHIAVENATO, I. Os novos paradigmas: como as mudanças estão mexendo com as empresas. 5.ed. São Paulo Manole, 2008. DRUCKER, P. F. A Sociedade Pós-Capitalista. São Paulo: Pioneira, 1996. LIMA, J. S. L. Proposta Metodológica para a Implementação da Reengenharia de Processos em Empresas dos Segmentos Químico e Petroquímico Brasileiro. 1996. (Dissertação de Mestrado) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 1996. LIMA, J. S. L. Tecnologia, Novas Formas de Gerenciamento e Desemprego Industrial. 2003 (Tese de Doutorado) Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. São Paulo, 2003. MUSSAK, E. Metacompetência – uma nova visão do trabalho e da realização pessoal. 5.ed.. São Paulo: Gente, 2003. TAJRA, S. F. Gestão estratégica na saúde. São Paulo: Látria, 2010. 26
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