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AV1 - 01 - MATERIAL DIDÁTICO - DISPOSICOES GERAIS - LRE

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MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 1 
 
 
 
 
 
 
FALÊNCIA E RECUPERAÇÃO DE 
EMPRESAS 
Raquel Damasceno de Aragão 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GRADUAÇÃO 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 2 
 
2017.2 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
1. NOÇÕES GERAIS. 2. CRISES. 3. DISPOSIÇÕES GERAIS. 3.1. Institutos. 3.2. Conceito de 
Empresário. 3.3. Não abrangidos pelo conceito de empresário. 3.4. Situações Especiais. 
3.4.1 Sociedades por ações. 3.4.2 Empresários rurais. 3.4.3 Sociedade cooperativa. 3.4.4 
Sociedade em conta de participação. 3.4.5 Empresários irregulares. 4. A QUEM ESTA LEI 
NÃO SE APLICA. 5. JUÍZO COMPETENTE. 6. BIBLIOGRAFIA 
 
 
 
 
1. NOÇÕES GERAIS 
Deterioração das condições econômicas da atividade, bem como uma dificuldade de 
ordem financeira para o seu prosseguimento. 
 
2. CRISES 
a) Rigidez 
A crise de rigidez ocorre quando a atividade não se adapta ao ambiente externo, 
demonstrando uma incapacidade de reação em face de mudanças. A evolução da economia 
moderna exige certa flexibilidade, cuja ausência pode representar problemas sérios para a 
atividade empresarial, inclusive a geração de novas crises. 
Ela tem origem normalmente em causas externas ao empresário, especialmente a 
evolução tecnológica, como no caso em que ele põe no mercado novos produtos ou 
procedimentos, tornando obsoletos os já existentes em abundância. 
 
b) Eficiência 
As crises de eficiência se manifestam quando uma ou mais áreas da gestão 
empresarial operam com rendimentos que não são compatíveis com a sua potencialidade,4 
isto é, rendem menos do que poderiam render. 
Rende menos do que poderiam - causas internas, como conflitos pessoais entre os 
sócios e administradores. 
 
c) Econômica 
A crise econômica é “a retração considerável nos negócios desenvolvidos”6 pelo 
titular da empresa. Em outras palavras, a atividade tem rendimentos menores do que seus 
custos, isto é, trabalha no prejuízo. Ela, a princípio, só interessa ao próprio empresário, 
porém, seus desdobramentos podem gerar outras crises que afetam outros sujeitos. 
Rendimentos menores do que os seus custos. A lei 11.101/05 teve preocupação 
direta com essa crise, conforme se observa no art. 47 da citada lei. 
 
d) Financeira 
A crise financeira é “a constante incapacidade de a empresa fazer frente às próprias 
dívidas, com os recursos financeiros à disposição”. Trata-se de uma crise de liquidez, que 
LEI 11.101/2005 – LEI DE RECUPERAÇÃO DE EMPRESAS 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 3 
 
inviabiliza o pagamento dos compromissos do dia a dia. 
Tal crise já é mais preocupante, na medida em que a empresa em crise financeira tem 
dificuldade de manter os contratos com fornecedores e com o sistema de crédito, atingindo 
terceiros que circundam a atividade. Tal crise é a que gera mais preocupação no âmbito do 
direito empresarial, tendo em vista que a tutela do crédito é a justificação fundamental desse 
ramo do Direito. 
Risco para os credores, redução de empregos, comunidade e fisco. 
 
e) Patrimonial 
Por fim, há a crise patrimonial, que representa o patrimônio insuficiente para arcar 
com as dívidas, vale dizer, “a insuficiência de bens no ativo para atender a satisfação do 
passivo”, isto é, trata-se da insolvência, em seu sentido mais econômico. 
Tal crise não é necessariamente perniciosa, na medida em que pode decorrer de 
grandes investimentos realizados para expansão de um parque industrial, cujos resultados 
podem ser mais que suficientes para restabelecer o equilíbrio patrimonial. Apesar disso, tal 
crise pode gerar algumas preocupações, na medida em que pode aumentar o risco de 
crédito. 
Patrimônio insuficiente para arcar com as dívidas. 
Ativo > Passivo (insolvência) 
 
3. DISPOSIÇÕES GERAIS 
Esta Lei veio para substituir a antiga legislação brasileira sobre as empresas em crise, 
alterando a orientação predominante para a busca da recuperação das empresas ao invés da 
busca da sua liquidação. Nesta legislação, há disposições gerais aplicáveis aos três institutos, 
disposições comuns à falência e à recuperação judicial e disposições específicas para cada 
um deles. Dentro dessa organização, vale a pena destacar, inicialmente, as disposições gerais 
da Lei no 11.101/2005. 
A falência, a recuperação judicial e a recuperação extrajudicial são institutos gerais 
do direito das empresas em crise. A generalidade desses institutos significa uma aplicação 
mais ampla do que a dos regimes especiais (intervenção, regime de administração especial 
temporária e liquidação extrajudicial), mas não uma aplicação indiscriminada. 
No Brasil, só são submetidos a esta disciplina os sujeitos que exercem atividade 
econômica que se enquadre como empresa, isto é, atividade econômica organizada para a 
produção ou circulação de bens ou serviços para o mercado. 
Quando a lei se reporta a empresário, deve-se entender uma referência ao 
empresário individual, que é a pessoa física que exerce a empresa em seu próprio nome, 
assumindo todo o risco da atividade. É a própria pessoa física que será o titular da atividade. 
Ainda que lhe seja atribuído um CNPJ próprio, distinto do seu CPF, não há distinção entre a 
pessoa física em si e o empresário individual. Com a Lei no 12.441/2011 também devem ser 
abrangidas as Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELIs) que são uma 
pessoa jurídica criada como centro autônomo de direitos e obrigações para o exercício 
individual da atividade empresarial. Independentemente da natureza, o fato é que EIRELI 
poderá ser usada para exercer atividade empresarial e, por isso, se enquadra no conceito de 
empresário. 
 
 
 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 4 
 
3.1. Institutos 
Art. 1º. Esta lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial, a 
falência do empresário e da sociedade empresária, doravante referidos simplesmente como 
devedor. 
 
Noções introdutórias de cada instituto: 
a) Recuperação judicial – negociação se dá em juízo, a partir de uma proposta do devedor, o 
qual é livre para estabelecer os termos do plano de recuperação, o qual dependerá da 
aprovação direta ou indireta dos credores. 
 
b) Recuperação judicial do plano especial – aplicada às ME e EPP – obtida em juízo, no 
entanto tem um formato preestabelecido na lei, dispensada a aprovação dos credores 
atingidos. A partir de 2014, com a LC 147/2014, todos os credores e não apenas os 
quirografários participarão do processo de recuperação judicial especial. 
 
c) Recuperação extrajudicial – a negociação se dá diretamente entre o devedor e seus 
credores e, uma vez elaborado os termos do acordo e assinado, é submetido à homologação 
judicial (esta pode ser obrigatória ou facultativa). 
 
d) Falência – processo judicial de execução coletiva contra o empresário. 
 
3.2. Conceito de Empresário 
A empresa é uma atividade e, como tal, deve ter um sujeito que a exerça, o titular da 
atividade, denominado de empresário. Este é, portanto, quem exerce profissionalmente 
atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou serviços 
(conceito do Código Civil de 2002, art. 966 – no mesmo sentido do art. 2.082 – Código Civil 
italiano), vale dizer, o empresário é o sujeito de direito que exerce a empresa. Dentro desse 
conceito, temos três realidades: os empresários individuais (pessoas físicas), EIRELI e as 
sociedades empresárias (pessoas jurídicas ou não). Apesar das diferenças que existem entre 
as três realidades, todas se inserem no mesmo conceito e, por isso, falaremos genericamente 
de empresário, abrangendo todas elas. 
 
3.3. Não abrangidos pelo conceito de empresário 
O artigo 966, parágrafo único, do Código Civil de 2002 afirma que não são 
empresários aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou 
artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores. Embora tais atividades 
também sejam econômicas, isto é, tambémproduzam novas riquezas, é certo que seu 
tratamento não deve ser dado pelo direito empresarial e, consequentemente, não se pode 
falar em aplicação da Lei no 11.101/2005. 
O Enunciado 194 da III Jornada de Direito Civil promovida pelo CJF, afirma que “Os 
profissionais liberais não são considerados empresários, salvo se a organização dos fatores 
da produção for mais importante que a atividade pessoal desenvolvida”. 
Entretanto, o próprio artigo 966, parágrafo único, do Código Civil afirma que aqueles 
que exercem profissão de natureza intelectual, científica, literária ou artística serão 
empresários, se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, isto é, se o exercício 
dessas atividades for parte de uma atividade maior, na qual sobressai a organização. Neste 
caso, a natureza pessoal do exercício da atividade cede espaço a uma atividade maior de 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 5 
 
natureza empresarial, é exercida a atividade intelectual, mas ela é apenas um elemento 
dentro da atividade empresarial exercida. 
 
3.4. Situações Especiais 
3.4.1 Sociedades por ações 
Com o Código Civil de 2002 surge uma nova distinção das sociedades, qual seja, entre 
sociedades empresárias e sociedades simples. Ambas exercem atividades econômicas, mas 
diferenciam-se pela natureza da atividade exercida, conforme já mencionado. Todavia, em 
certos casos, a forma utilizada é determinante, como no caso das sociedades por ações. 
As sociedades anônimas e comandita por ações são sempre empresárias, não importa 
a atividade exercida por elas (CC – art. 982, p. único). A organização e o elemento pessoal 
passam a não ter relevância. A forma irá determinar a natureza empresarial de tais 
sociedades. Em razão dessa natureza, elas estão sujeitas à falência, à recuperação judicial e 
à recuperação extrajudicial. 
 
3.4.2 Empresários rurais 
A princípio, as atividades rurais voltadas para o mercado são dotadas de um mínimo 
de organização, podendo ser enquadradas como empresa. Logo, os exercentes de tais 
atividades podem ser denominados empresários rurais. Todavia, as atividades rurais sempre 
foram dotadas de um regime diferenciado no direito brasileiro, tendo em vista a própria 
condição de boa parte dos sujeitos envolvidos. Diferente não foi a orientação do Código Civil. 
Os empresários rurais – sejam pessoas físicas, sejam sociedades que desempenham 
tal atividade – podem se sujeitar ao regime empresarial ou não, dependendo de uma opção 
do próprio empresário, de acordo com o seu registro. 
Em relação às atividades empresariais rurais, não há obrigatoriedade do registro na 
junta comercial (CC – art. 971), mas uma faculdade, em virtude do verbo poder, que consta 
do citado dispositivo. Em função disso, o empresário rural que se registrar no registro de 
empresas (junta comercial) estará sujeito ao regime empresarial e o que não se registrar 
ficará sujeito ao regime civil. Desse modo, o empresário rural que está registrado na junta 
comercial está sujeito à falência, à recuperação judicial e à recuperação extrajudicial. De 
outro lado, aquele que não estiver registrado na junta não se submete a esse regime. 
 
3.4.3 Sociedade cooperativa 
Assim como as sociedades por ações, as sociedades cooperativas possuem sua 
natureza definida pela lei, independentemente da atividade exercida. As cooperativas são 
sempre sociedades simples, independentemente da atividade exercida (CC – art. 982, p. 
único). Em razão disso, elas não se sujeitam à falência, à recuperação judicial ou à 
recuperação extrajudicial. 
 
3.4.4 Sociedade em conta de participação 
A sociedade em conta de participação é uma sociedade oculta, que não aparece 
perante terceiros, sendo desprovida de personalidade jurídica. O que a caracteriza é a 
existência de dois tipos de sócio, quais sejam, o sócio ostensivo, que aparece e assume toda 
responsabilidade perante terceiros, e o sócio participante (também denominado sócio 
oculto), que não aparece perante terceiros e só tem responsabilidade perante o ostensivo, 
nos termos do ajuste entre eles. 
O sócio ostensivo, que pode ser um empresário individual ou uma sociedade, é 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 6 
 
aquele que exercerá a atividade em seu próprio nome, vinculando-se e assumindo toda a 
responsabilidade perante terceiros. A sociedade em conta de participação não firmará 
contratos. Quem firmará os contratos necessários para o exercício da atividade é o sócio 
ostensivo, usando tão somente seu próprio crédito, seu próprio nome. Quando ele age, não 
age como um administrador de uma sociedade, mas como um empresário, seja ele 
individual, seja uma sociedade. 
De outro lado, há o sócio participante, que não aparece perante terceiros, não 
assumindo qualquer responsabilidade perante o público, daí a denominação como sócio 
oculto. A responsabilidade dele é apenas perante o sócio ostensivo, nos termos combinados 
entre os dois. 
Pelo exposto, vê-se que a sociedade em conta de participação não é enquadrada 
como empresária, porquanto ela não exerce qualquer atividade. Assim sendo, a sociedade 
em conta de participação não está sujeita à falência, à recuperação judicial e à recuperação 
extrajudicial. Quem exerce atividade é o sócio ostensivo e, por isso, ele sim pode ser um 
empresário e nessa condição estará sujeito a estes regimes. Do mesmo modo, o sócio oculto, 
caso seja um empresário, também estará sujeito a esses regimes, por sua eventual atividade 
e não pela condição de sócio oculto. 
 
3.4.5 Empresários irregulares 
Os empresários irregulares são aqueles que não cumprem suas obrigações 
decorrentes do regime jurídico empresarial, especialmente o registro na junta comercial. 
Assim, são irregulares os empresários individuais e as sociedades empresárias não 
registradas (sociedades em comum). Da mesma forma, são irregulares aqueles empresários 
que são impedidos de exercer a atividade empresarial (servidores públicos federais, 
membros da magistratura e do ministério público, militares da ativa e falidos), mas mesmo 
assim o fazem. Apesar da irregularidade, eles se inserem no conceito de empresário e, por 
isso, a eles se aplica a Lei no 11.101/2005, uma vez que o artigo 1º da referida Lei não exige 
o exercício regular da atividade para a sua incidência. 
Todavia, tal afirmação não é totalmente correta, porquanto para a recuperação 
judicial e para a recuperação extrajudicial um dos requisitos é o exercício regular da atividade 
há pelo menos 2 anos (Lei no 11.101/2005 – art. 48). Logo, não há como cogitar de aplicação 
da recuperação de empresas aos empresários irregulares. 
No que tange à falência, efetivamente não se exige a regularidade e, por isso, os 
empresários irregulares estão sujeitos à falência. Em tais situações, é possível até a 
autofalência, porquanto a lei exigiria apenas um devedor em crise que não cumpre as 
condições para a recuperação judicial. Ademais, quando a lei exige a prova da condição de 
empresário para autofalência, ela requer a juntada de “contrato social ou estatuto em vigor 
ou, se não houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens 
pessoais” (Lei no 11.101/2005 – art. 105, IV). Ora, se a própria Lei admite expressamente a 
ausência de contrato social em uma sociedade que requer autofalência, está admitindo o 
pedido de autofalência por empresários irregulares. 
 
Art. 97. Podem requerer a falência do devedor: 
IV – qualquer credor. 
§ 1º O credor empresário apresentará certidão do Registro Público de Empresas que 
comprove a regularidade de suas atividades. 
 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 7 
 
Art. 105. O devedor em crise econômico-financeira que julgue não atender aos requisitos 
para pleitear sua recuperação judicial deverá requerer ao juízo sua falência, expondo as 
razões da impossibilidade de prosseguimento da atividade empresarial, acompanhadas dos 
seguintes documentos: 
IV– prova da condição de empresário, contrato social ou estatuto em vigor ou, se não 
houver, a indicação de todos os sócios, seus endereços e a relação de seus bens pessoais. 
 
4. A QUEM A LEI NÃO SE APLICA 
Art. 2º Esta Lei não se aplica a: 
I – empresa pública e sociedade de economia mista; 
II – instituição financeira pública ou privada, cooperativa de crédito, consórcio, 
entidade de previdência complementar, sociedade operadora de plano de assistência à 
saúde, sociedade seguradora, sociedade de capitalização e outras entidades legalmente 
equiparadas às anteriores. 
 
Nos termos do artigo 1º da Lei no 11.101/2005, os empresários estão sujeitos à 
falência, à recuperação judicial e à recuperação extrajudicial. Todavia, a própria lei faz certas 
exclusões, vale dizer, certas pessoas, embora sejam empresárias, não são sujeitas 
integralmente à Lei no 11.101/2005. Tais exclusões se justificariam pela importância 
estratégica de certas atividades para a economia. 
O artigo 2º da Lei no 11.101/2005 afasta alguns sujeitos da sua própria incidência e, 
consequentemente, dos procedimentos regidos por ela. Todavia, nem sempre essa exclusão 
é absoluta, vale dizer, em alguns casos, os excluídos podem se submeter ao menos à falência. 
Em outras palavras, temos casos de exclusão absoluta e casos de exclusão relativa. 
Nos casos de exclusão absoluta, o empresário excluído está afastado completamente 
dos procedimentos previstos na Lei no 11.101/2005. Não haverá espaço para a falência, para 
a recuperação ou para a recuperação extrajudicial, mas apenas para procedimentos 
específicos para a solução das crises. Assim, a título exemplificativo, estão as empresas 
públicas que prestam serviços públicos, as quais, em nenhuma hipótese, poderão falir ou 
pedir recuperação judicial e extrajudicial. 
De outro lado, na exclusão relativa, o afastamento dos regimes da Lei no 11.101/2005 
não é completo. Também há procedimentos especiais para os relativamente excluídos, mas 
a legislação que rege tais procedimentos admite a submissão desses sujeitos, ao menos, à 
falência. Essa legislação especial é ressalvada pelo artigo 197 da Lei no 11.101/2005 e, 
mantendo-se em vigor, permite a aplicação da falência a tais entes, mas não admite a 
submissão de empresários ao regime da insolvência civil. 
As empresas públicas são “pessoas jurídicas de direito privado, integrantes da 
Administração Indireta do Estado, criadas por autorização legal, sob qualquer forma jurídica 
adequada a sua natureza, para que o governo exerça atividades gerais de caráter econômico 
ou, em certas situações, execute a prestação de serviços públicos”. São sociedades de capital 
exclusivamente público que servirão para cumprir certas funções estatais. A título 
exemplificativo, podemos citar a CEF, a EMBRAPA e a CONAB. 
O ilustre Prof. Gabriel de Britto Campos conceitua a sociedade de economia mista 
como “integrante da Administração Pública indireta, dotada de personalidade de Direito 
Privado, criada após a autorização por Lei específica, com patrimônio próprio e capital misto 
(público e privado), organizada sob a forma de sociedade anônima, sendo a maioria do 
capital com direito a voto pertencente ao Estado ou à entidade da Administração indireta, 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 8 
 
destinada ao desempenho de atividade econômica ou prestação de serviços públicos”. Ao 
contrário das empresas públicas, nas sociedades de economia mista há uma conjugação de 
capital público e privado, com o controle da entidade nas mãos do poder público. Como 
exemplos de sociedades de economia mista temos a Petrobras, a Eletrobras e a Companhia 
Energética de Brasília (CEB). 
 
Regimes Especiais: 
Intervenção 
Liquidação extrajudicial 
RAET – Regime de Administração Especial Temporária – não é possível pedido de falência, 
mas poderá conduzir à liquidação extrajudicial. 
 
5. JUÍZO COMPETENTE 
Art. 3º É competente para homologar o plano de recuperação extrajudicial, deferir a 
recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local do principal estabelecimento do 
devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do Brasil. 
 
Além do âmbito de incidência comum, a falência, a recuperação judicial e a 
recuperação extrajudicial também têm em comum a definição do juízo competente para 
conhecer dos respectivos pedidos. 
O artigo 3º da Lei no 11.101/2005 diz que “É competente para homologar o plano de 
recuperação extrajudicial, deferir a recuperação judicial ou decretar a falência o juízo do local 
do principal estabelecimento do devedor ou da filial de empresa que tenha sede fora do 
Brasil”. Diante de tal dispositivo, vemos que há uma dupla regra de competência: o local da 
filial no país para empresários estrangeiros e o local do principal estabelecimento para os 
empresários brasileiros. 
 
5.1. Natureza da Competência 
Os dois critérios para fixação da competência, indicados pelo artigo 3º da Lei no 
11.101/2005, levam em conta aspectos territoriais – principal estabelecimento e filial do 
empresário estrangeiro. Em razão disso, seria factível concluir que se trata de uma hipótese 
de competência territorial e, por conseguinte, de competência relativa. Luiz Antonio Guerra 
reconhece tratar-se de uma hipótese de competência territorial relativa, mas que se tornaria 
absoluta a partir do trânsito em julgado da sentença homologatória da recuperação judicial, 
da sentença que decreta a falência ou da decisão de processamento da recuperação judicial. 
Gladston Mamede fala que não há na legislação falimentar qualquer dispositivo que permita 
a conclusão de tratar-se de competência absoluta, uma vez que o dispositivo fala na 
competência do juízo do local, ou seja, uma competência territorial. Apesar disso, ele 
reconhece a existência de orientação no STJ no sentido de tratar-se de competência 
absoluta, o que, para ele, só se justifica para afastar a possibilidade de conluio e fraude 
processual. 
Com efeito, o STJ já afirmou que a competência para pedidos de falência é absoluta. 
Não se trataria de uma competência territorial, mas de uma competência em razão da 
matéria específica. Assim, a incompetência poderia ser reconhecida de ofício e não 
dependeria de exceção para ser alegada. Ademais, não seria possível a prorrogação da 
competência. 
 
MATERIAL DIDÁTICO – EMPRESARIAL IV – PROFESSORA RAQUEL ARAGÃO 9 
 
6. BIBLIOGRAFIA 
 
Tomazette, Marlon Curso de direito empresarial: Falência e recuperação de empresas, v. 3 / 
Marlon Tomazette. – 5. ed. rev. e atual. – São Paulo : Atlas, 2017.

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