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Semiologia Cardiovascular

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EXAME CLÍNICO: ANAMNESE 
- A naturalidade e o local da residência relacionam-se com as doenças 
endêmicas. 
- Dentre os antecedentes pessoais, destacam-se a relação entre 
infecções estreptocócicas, principalmente da bucofaringe, e lesões 
orovalvares de etiologia reumática. 
- A influência de fatores genéticos pode ser avaliada pela análise dos 
antecedentes familiares, sendo indiscutível sua importância na 
hipertensão arterial essencial e na cardiopatia isquêmica. 
- Dentre os hábitos de vida, destacam-se o tabagismo, o alcoolismo 
e o sedentarismo, relacionados com o aparecimento de aterosclerose 
e hipertensão arterial. 
- As condições socioeconômicas e culturais, as quais quase sempre 
estão associadas, também influem nas doenças do coração. Assim, a 
doença reumática é mais frequente em pessoas de renda mais baixa, 
seja em consequência das más condições alimentares e habitacionais 
ou por falta de tratamento precoce e adequado das infecções 
estreptocócicas. 
EXAME CLÍNICO: SINAIS E SINTOMAS 
 Dor precordial 
- Dor precordial não é sinônimo de dor cardíaca, pois pode ter origem 
no coração e em outros órgãos ou estruturas como pleura, esôfago, 
aorta, mediastino, estômago e na própria parede torácica. 
- A dor relacionada com o coração e com a aorta compreende a de 
origem isquêmica, a pericárdica e a aórtica. 
-Na avaliação semiológica da dor precordial, todas as características 
são importantes: localização, irradiação, caráter, intensidade, 
duração, frequência, fatores desencadeantes ou agravantes, 
fatores atenuantes e sintomas concomitantes, os quais podem 
preceder, acompanhar ou suceder a dor. 
- Características semiológicas da dor cardíaca: 
>> Localização: a localização mais típica é a retroesternal, podendo 
ser sentida à esquerda ou, mais raramente, à direita da linha 
esternal; pode ser restrita a uma pequena área ou ocupar toda a 
região precordial. 
>> Irradiação: está relacionada com sua intensidade. Quanto mais 
intensa, maior a probabilidade de irradiar-se. 
>> Duração 
>> Intensidade: varia de acordo com o grau de comprometimento 
isquêmico, podendo ser classificada em leve, moderada e intensa. 
>> Fatores desencadeantes ou agravantes. 
>> Fatores atenuantes da dor 
 Palpitações 
- Palpitações significam percepção incômoda dos batimentos 
cardíacos, sendo relatadas pelos pacientes como “batimentos mais 
fortes”, “falhas”, “arrancos”, “paradas”, “tremor no coração”, 
“coração deixando de bater”, “coração aos pulos”. 
- As palpitações são contrações cardíacas mais fortes e mais 
intensas, lentas ou rápidas, rítmicas ou arrítmicas, decorrentes de 
distúrbios do ritmo ou da frequência cardíaca. 
- Há três tipos principais de palpitações: as palpitações de esforço, 
as que traduzem alterações do ritmo cardíaco e as que acompanham 
os transtornos emocionais. 
- Causas da palpitação: 
>> Cardíacas: arritmias, insuficiência cardíaca, miocardite, 
miocardiopatias 
>> Não cardíacas: hipertensão arterial, hipertireoidismo, anemia, 
esforço físico, emoções, síndrome do pânico, medicamentos, café, 
tabaco, drogas ilícitas 
 Dispneia 
- A dispneia é um dos sintomas mais importantes dos pacientes com 
cardiopatia e significa a sensação consciente e desagradável do ato 
de respirar. 
- Semiologicamente, apresentasse de duas maneiras: uma subjetiva, 
que é a dificuldade respiratória sentida pelo paciente, e outra 
objetiva, que se evidencia pela aceleração dos movimentos 
respiratórios (taquipneia) e pela participação ativa da musculatura 
acessória da respiração (músculos do pescoço na inspiração e 
músculos abdominais na expiração). 
- A dispneia em paciente com uma cardiopatia indica congestão 
pulmonar. 
- A dispneia da insuficiência ventricular esquerda apresenta 
características quanto ao tempo de duração, evolução, relação com 
esforço e posição adotada pelo paciente 
 Cianose 
- Significa coloração azulada da pele e das mucosas, em razão do 
aumento da hemoglobina reduzida no sangue capilar; A cianose é um 
sinal importante de enfermidade cardíaca, principalmente na infância. 
 Edema 
- O resultado do aumento do líquido intersticial, proveniente do plasma 
sanguíneo. Embora possa haver edema intracelular, do ponto de vista 
semiológico, este termo refere-se ao extracelular ou intersticial. 
EXAME FÍSICO GERAL: INSPEÇÃO E PALPAÇÃO 
- Realizam-se a inspeção e a palpação simultaneamente porque os 
achados semióticos tornam-se mais significativos quando analisados 
em conjunto. 
- Os seguintes parâmetros devem ser sistematicamente analisados: 
pesquisa de abaulamento, análise do ictus cordis ou choque da ponta, 
análise de batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis e pesquisa 
de frêmito cardiovascular. 
 Abaulamento 
- Para facilitar o reconhecimento de abaulamento, a observação da 
região precordial deve ser feita em duas incidências: tangencial, com 
o examinador de pé do lado direito do paciente, e frontal, o 
examinador fica junto aos pés do paciente, que permanece deitado. 
- Abaulamento desta região pode indicar a ocorrência de aneurisma 
da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alterações da própria 
caixa torácica. 
- É importante diferenciar os abaulamentos por alterações da 
estrutura osteomuscular dos causados pelo crescimento do 
ventrículo direito. O elemento que os distingue é a ocorrência de 
impulsão do precórdio, que aparece nos casos de hipertrofia. 
 Ictus cordis 
- O ictus cordis, ou choque da ponta, é analisado pela inspeção e 
palpação, investigando-se localização, extensão, mobilidade, 
intensidade e tipo da impulsão, ritmo e frequência 
- A localização do ictus cordis varia de acordo com o biotipo do 
paciente. 
- Nos mediolíneos, situa-se no cruzamento da linha hemiclavicular 
esquerda com o 5o espaço intercostal; nos brevilíneos, desloca-se 
aproximadamente 2 cm para fora e para cima, situando-se no 4o 
espaço intercostal; nos longilíneos, costuma estar no 6o espaço, 1 ou 
2 cm para dentro da linha hemiclavicular. 
-O deslocamento do ictus cordis indica dilatação e/ou hipertrofia do 
ventrículo esquerdo, como ocorre em estenose aórtica, insuficiência 
aórtica, insuficiência mitral, hipertensão arterial, miocardiosclerose, 
miocardiopatias e algumas cardiopatias congênitas. 
- A hipertrofia do ventrículo direito pouco ou nada repercute sobre 
o ictus cordis, pois esta cavidade não participa da ponta do coração. 
- Avalia-se a extensão do ictus cordis procurando-se determinar 
quantas polpas digitais são necessárias para cobri-lo. Em condições 
normais, corresponde a 1 ou duas polpas digitais. Nos casos de 
hipertrofia ventricular, são necessárias três polpas ou mais. Quando 
há grande dilatação e hipertrofia, o ictus cordis pode chegar a 
abarcar toda a palma da mão. 
- A intensidade do ictus cordis é avaliada mais pela palpação do que 
pela inspeção. Para fazê-la corretamente, repousa-se a palma da 
mão sobre a região dos batimentos. 
- É na hipertrofia ventricular esquerda que se constatam os choques 
de ponta mais vigorosos. Quando a hipertrofia ventricular esquerda 
é consequência da insuficiência aórtica, encontra-se ictus cordis de 
grande intensidade. 
- As hipertrofias ventriculares impulsionam as polpas digitais com 
maior vigor que as dilatações. Contudo, cumpre lembrar que, na 
maioria das cardiopatias, a hipertrofia e a dilatação estão combinadas. 
- Fala-se em ictus cordis difuso quando sua área corresponde a 
três ou mais polpas digitais; e ictus cordis propulsivo, quando a mão 
que o palpa é levantada a cada contração, a primeira indicando 
dilatação e a segunda, hipertrofia. 
 Batimentos ou movimentos 
- Além do ictus cordis, podem ser encontrados no precórdio e áreas 
vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis, ou seja, retração 
sistólica, levantamento em massa do precórdio, choques valvares, 
cliques, pulsação epigástrica e pulsação supraesternal. 
- O levantamento em massa do precórdio, também denominado 
impulsão sistólica,ocorre na hipertrofia do ventrículo direito. Quando 
as bulhas cardíacas se tornam hiperfonéticas, podem ser sentidas 
pela mão como um choque de curta duração. A este fenômeno, 
denomina-se choque valvar. 
 Frêmito cardiovascular 
- Frêmito cardiovascular é a designação aplicada à sensação tátil 
determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. 
- Características a serem investigadas no frêmito: localização, 
usando-se como referência as áreas de ausculta; situação no ciclo 
cardíaco, diferenciando-se, então, pela coincidência ou não com o 
ictus cordis ou o pulso carotídeo, os frêmitos sistólico, diastólico e 
sistodiastólico; e intensidade, avaliada em cruzes (+ a ++++). 
- Os frêmitos correspondem aos sopros e a sua ocorrência têm 
grande importância no raciocínio clínico. 
EXAME FÍSICO GERAL: AUSCULTA 
- Os focos de ausculta não correspondem às localizações anatômicas 
das valvas que lhes emprestam o nome. 
- A projeção das valvas e dos anéis orovalvares concentra-se na 
região correspondente à metade inferior do esterno, enquanto os 
focos ou áreas de ausculta localizam-se em diferentes regiões. 
>> O foco ou área mitral situa-se no 5o espaço intercostal esquerdo 
na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis ou ponta do 
coração. 
- Nos pacientes com cardiomegalia acentuada, este foco desloca-se 
lateralmente na direção da linha axilar anterior. 
- Antes de começar a ausculta do coração, é indispensável localizar 
o ictus cordis, pois, nesta área, melhor serão percebidos os 
fenômenos estetoacústicos (alterações de bulhas, estalidos, sopros, 
originados em uma valva mitral estenótica e/ou insuficiente). 
>> O foco ou área pulmonar localiza-se no 2o espaço intercostal 
esquerdo, junto ao esterno. É neste foco em que se têm as condições 
ideais para a análise dos desdobramentos da 2a bulha pulmonar. 
- Os fenômenos acústicos originados nas valvas pulmonares, normais 
ou lesadas, são audíveis apenas nesta área, pouco ou nada se 
irradiando para os demais focos 
>> O foco ou área aórtica situa-se no 2o espaço intercostal direito, 
justaesternal. No entanto, deve-se estar consciente de que, muitas 
vezes, o melhor local para perceber os fenômenos acústicos de 
origem aórtica é a área compreendida entre o 3o e o 4o espaço 
intercostal esquerdo, nas proximidades do esterno, à qual se dá a 
denominação de foco aórtico acessório. 
>> O foco ou área tricúspide corresponde à base do apêndice xifoide, 
ligeiramente para a esquerda. 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Para fazer uma boa ausculta do coração, o examinador deve levar 
em conta os seguintes aspectos: estetoscópio, ambiente em que se 
faz ausculta, posição do paciente e do examinador, orientação do 
paciente, escolha do receptor adequado, aplicação correta do 
receptor, manobras especiais. 
- A posição padrão é o decúbito dorsal com a cabeça apoiada em um 
pequeno travesseiro, com o tórax completamente descoberto. O 
médico fica do lado direito, de pé ou sentado, conforme a altura da 
cama ou da mesa de exame. 
- Outra posição de rotina é com o paciente de pé ou sentado na 
beira do leito ou em uma cadeira, com o tórax ligeiramente inclinado 
para frente. O examinador põe-se de pé do lado direito do doente. 
Esta última posição é mais propícia para a ausculta dos fenômenos 
estetoacústicos originados na base do coração. 
- Uma terceira posição é a do paciente deitado em decúbito lateral 
esquerdo com a mão esquerda na cabeça (desse modo, evita-se que 
o braço fique acolado ao tórax, impedindo livre acesso ao precórdio). 
O médico continua de pé do lado direito. Esta posição é mais adequada 
para auscultar os fenômenos da área mitral. 
- Quando há hipofonese das bulhas ou quando se quer tornar mais 
nítidos os sons originados na base do coração, solicita-se ao paciente 
que assuma a posição de pé, debruçando-se sobre a mesa de exame. 
Assim postado, obtém-se maior aproximação do coração à parede 
torácica, tornando as bulhas e os outros sons mais audíveis. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
- Ao se auscultar o coração, os seguintes aspectos devem ser 
sistematicamente considerados: bulhas cardíacas, ritmo e frequência 
cardíaca, ritmos tríplices, alterações das bulhas cardíacas, cliques ou 
estalidos, sopros, ruído da pericardite constritiva, atrito pericárdico 
e rumor venoso. 
⇨ BULHAS CARDÍACAS 
> Primeira bulha: o principal elemento na formação da 1a bulha 
cardíaca é o fechamento das valvas mitral e tricúspide, o 
componente mitral (M) antecedendo o tricúspide (T). 
- A bulha cardíaca (B1) coincide com o ictus cordis e com o pulso 
carotídeo. É de timbre mais grave e seu tempo de duração é um 
pouco maior que o da 2a bulha (“TUM”). 
> Segunda bulha: a 2a bulha (B2) é constituída de quatro grupos de 
vibrações; mas somente são audíveis as originadas pelo fechamento 
das valvas aórtica e pulmonar. 
- Ouve-se o componente aórtico em toda a região precordial, 
enquanto o ruído originado na pulmonar é auscultado em uma área 
limitada, correspondente ao foco pulmonar e à borda esternal 
esquerda. Por isso, no foco aórtico e na ponta do coração, a 2a bulha 
é sempre única pelo simples fato de se auscultar nestes focos 
somente o componente aórtico. 
- Em condições normais, o componente aórtico precede o pulmonar. 
- Durante a expiração, ambas as valvas se fecham sincronicamente, 
dando origem a um ruído único. 
- Na inspiração, principalmente porque a sístole do ventrículo direito 
se prolonga ligeiramente em função do maior afluxo sanguíneo a este 
lado do coração, o componente pulmonar sofre um retardo que é 
suficiente para perceber, nitidamente, os dois componentes. A este 
fato, se chama desdobramento fisiológico da 2a bulha cardíaca. 
- A 2a bulha vem depois do pequeno silêncio, seu timbre é mais agudo, 
soa de maneira mais seca, de tal modo que a designamos pela 
expressão TA. Quando a bulha está desdobrada, seu ruído 
corresponde à expressão “TLA”. 
> Terceira bulha A 3a bulha é um ruído protodiastólico de baixa 
frequência que se origina das vibrações da parede ventricular 
subitamente distendida pela corrente sanguínea que penetra na 
cavidade durante o enchimento ventricular rápido. 
- É mais audível na área mitral, com o paciente em decúbito lateral 
esquerdo; o receptor mais apropriado é o de campânula, isto porque 
esta bulha é um ruído de baixa frequência. Pode ser imitada 
pronunciando-se de modo rápido a expressão “TU” 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
>> Quarta bulha: A 4a bulha é um ruído débil que ocorre no fim da 
diástole ou pré-sístole; brusca desaceleração do fluxo sanguíneo 
mobilizado pela contração atrial de encontro à massa sanguínea 
existente no interior do ventrículo, no final da diástole. 
> Localização dos fenômenos acusticos: 
- Protossístole = terço inicial da sístole 
- Mesossístole = terço médio da sístole 
- Telessístole = terço final da sístole 
- Protodiástole = terço inicial da diástole 
- Mesodiástole = terço médio da diástole 
- Telediástole (pré-sístole) = terço final da diástole. 
 
⇨ SOPROS 
- Os sopros são produzidos por vibrações decorrentes de alterações 
do fluxo sanguíneo. 
- Em condições normais, o sangue flui sob a forma de corrente 
laminar, com velocidade um pouco mais rápida na porção central, tal 
como as águas de um rio sem obstáculos no seu leito. Fato 
fundamental é que flua sem formar turbilhões, pois, quando isso 
acontece, o fluxo deixa de ser laminar, e surgem vibrações que dão 
origem aos ruídos denominados sopros. 
 Mecanismos formadores de sopro: 
>> Aumento da velocidade da corrente sanguínea: isso pode levar à 
formação de turbulência capaz de dar origem a sopros. Este é o 
mecanismo dos sopros que surgem após exercício físico, na anemia, 
no hipertireoidismo e na síndrome febril. 
>> Diminuição da viscosidade sanguínea: a viscosidade do sangue 
exerce efeito amortecedor sobre a turbulência dosangue. Os sopros 
que se auscultam nos portadores de anemia (sopros anêmicos) 
decorrem, em parte,da diminuição da viscosidade sanguínea que 
acompanha esta afecção. 
>> Passagem do sangue através de uma zona estreitada: nesta 
condição, o fluxo sanguíneo sofre radicais modificações, deixando de 
ser laminar para se fazer em turbilhões. O turbilhonamento produz 
vibrações que correspondem aos sopros. 
-Os defeitos valvares (estenose e insuficiência) e algumas 
anormalidades congênitas (comunicação interventricular, persistência 
do canal arterial) representam zonas de estreitamento entre duas 
câmaras cardíacas ou entre uma câmara e um vaso ou entre dois 
vasos. 
>> Passagem do sangue por uma zona dilatada: a explicação é a 
mesma descrita no item anterior. Por meio deste mecanismo, 
explicam-se os sopros de alguns defeitos valvares, dos aneurismas 
e o rumor venoso. 
>> Passagem do sangue por uma membrana de borda livre: quando 
isso acontece, originam-se vibrações que se traduzem também como 
sopros. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Características semiológicas do sopro: 
- Para se avaliar semiologicamente um sopro, é necessário investigar 
os seguintes parâmetros: situação no ciclo cardíaco, localização, 
irradiação, intensidade, timbre e tom, modificações com a fase da 
respiração, posição do paciente e exercício físico. 
>> Situação no débito cardíaco: fazer a ausculta do coração, palpe 
concomitantemente o pulso carotídeo (e não o pulso radial) e, por 
meio dele, determine o que é sistólico e o que é diastólico. Quanto à 
situação no ciclo cardíaco, os sopros podem ser sistólicos, diastólicos 
e sistodiastólicos ou contínuos. 
-> Sopro de ejeção (sistólico): 
- Começa alguns centésimos de segundo após a 1a bulha. A princípio, 
a ejeção é lenta, passando a ser máxima na mesossístole e voltando 
a se reduzir na telessístole. Por esse motivo, do ponto de vista 
estetoacústico, o que se observa é um sopro 
crescendo-decrescendo 
- O sopro termina antes da segunda bulha (B2) porque na última fase 
da sístole as pressões no interior dos ventrículos praticamente se 
igualam às pressões na aorta e na pulmonar, não havendo quase 
nenhuma ejeção de sangue neste momento. Este sopro aparece na 
estenose aórtica e na estenose pulmonar. 
-> Sopro de regurgitação (sistólico): 
- Este tipo de sopro, audível desde o início da sístole, surge junto com 
a primeira bulha, recobrindo-a e mascarando-a. Ocupa todo o período 
sistólico (holossistólico) com intensidade mais ou menos igual e termina 
imediatamente antes da segunda bulha ou pode recobri-la. Esses 
sopros são causados pela regurgitação de sangue do ventrículo para 
o átrio, quando há insuficiência mitral ou tricúspide. 
-> Sopros diastólicos 
- Surgem durante a diástole e, conforme o momento em que nela se 
situam, são classificados em protodiastólicos, mesodiastólicos e 
telediastólicos ou pré-sistólicos. 
- O sopro diastólico das estenoses atrioventriculares (estenose mitral 
e estenose tricúspide) ocupa a parte média da diástole, momento em 
que se dá o enchimento rápido dos ventrículos. 
- Existe um nítido intervalo entre a 2a bulha e o início desses sopros. 
Outra característica importante é sua qualidade, ou seja, são sopros 
de baixa frequência e tom grave, o que lhes confere o caráter de 
“ruflar”. 
-> Sopros contínuos: 
- São ouvidos durante toda a sístole e a diástole, sem interrupção, 
recobrindo e mascarando a 1a e a 2a bulha. A parte sistólica desses 
sopros costuma ser mais intensa e mais rude. São designados sopros 
“em maquinaria” porque lembram o ruído de máquina a vapor em 
movimento. 
﹡Outro grupo de sopros diastólicos é o que aparece quando as 
valvas sigmoides aórticas e pulmonares não se fecham 
completamente. Inicia-se imediatamente após a 2a bulha; São sopros 
de alta frequência, de intensidade decrescente, tom agudo, 
qualidades que, em conjunto, conferem a estes sopros caráter 
aspirativo. São consequência do refluxo de sangue de um dos vasos 
da base para um dos ventrículos. 
>> Localização: localiza-se um sopro na área em que é mais bem 
audível, e como pontos de referência empregam-se as áreas de 
ausculta e as demais áreas do precórdio. 
>> Irradiação: depois de estabelecer-se o local de maior intensidade 
do sopro, desloca-se o receptor do estetoscópio em várias direções 
para determinar sua irradiação. 
>> Intensiadde: sofre influência subjetiva; adoção do sistema de 
cruzes. 
◗ + corresponde aos sopros débeis, só audíveis quando se ausculta 
com atenção e em ambiente silencioso 
◗ + + indicam sopros de intensidade moderada 
◗ + + + traduzem sopros intensos 
◗ + + + + correspondem aos sopros muito intensos acompanhados 
de frêmito, audíveis mesmo quando se afasta o estetoscópio da 
parede torácica ou quando se interpõe entre esta e o receptor a 
mão do examinador. 
- Como existem outras escalas em uso, é conveniente referir-se à 
intensidade da seguinte maneira: +/4, + +/4, + + +/4 e + + + +/4. 
Agindo desse modo, fica claro que está sendo usada a escala de 
quatro graduações. 
- Quando o volume sanguíneo é pequeno, o sopro apresenta fraca 
intensidade. Quando é grande, o sopro torna-se mais intenso. 
>> Timbre e tom: essas duas características, com frequência 
referidas sob a designação simplificada de “qualidade ou caráter do 
sopro”, estão relacionadas com a velocidade do fluxo e com o tipo de 
defeito causador do turbilhonamento sanguíneo. Utilizam-se várias 
denominações, quase todas procurando caracterizar de modo 
comparativo a qualidade de um sopro. As mais comuns são: suave, 
rude, musical, aspirativo, em jato de vapor, granular, piante e ruflar. 
>> Relação do sopro com a posição do paciente: os sopros da base 
do coração, particularmente o da insuficiência aórtica, tornam-se 
mais nítidos quando o paciente está na posição sentada com o tórax 
fletido para a frente. O ruflar diastólico da estenose mitral torna-se 
mais intenso no decúbito lateral esquerdo. 
﹡Manobra de Rivero-Carvallo: 
- Com o paciente em decúbito dorsal, coloca-se o receptor do 
estetoscópio na área tricúspide, conferindo especial atenção à 
intensidade do sopro. Em seguida, solicita-se ao paciente que faça 
uma inspiração profunda, durante a qual o examinador procura 
detectar qualquer modificação na intensidade do sopro. 
- Se não houver alteração ou se o sopro diminuir de intensidade, diz-
se que a manobra de Rivero Carvallo é negativa. Neste caso, o sopro 
audível naquela área não passa de propagação de um sopro originado 
na valva mitral. 
- Se, ao contrário, o sopro aumenta de intensidade, é correto 
concluir-se que se trata de um sopro originado no aparelho valvar 
tricúspide. 
 Defeitos orovalvares: 
>> ESTENOSE MITRAL 
- Como consequência de anomalia congênita (valva bicúspide), da 
moléstia reumática ou degeneração senil com calcificação dos 
folhetos valvares, o orifício mitral pode ficar estreitado. Nessas 
condições, durante a diástole o sangue tem dificuldade de fluir do 
átrio para o ventrículo esquerdo. 
- Presença de sopro mesodiastólico, de baixa frequência e tem o 
som de ruflar. É mais audível com o receptor de campânula e com o 
paciente em decúbito lateral esquerdo. 
>> INSUFIICÊNCIA MITRAL 
- A insuficiência mitral se instala quando os folhetos desta valva não 
se fecham adequadamente durante a sístole ventricular, permitindo 
refluxo de uma determinada quantidade de sangue para o átrio. 
- A primeira bulha fica mascarada (recoberta) pelo sopro. 
- A insuficiência mitral pode ser consequência de alteração da 
estrutura do aparelho valvar – insuficiência mitral orgânica, cujas 
etiologias principais são a moléstia reumática, o prolapso mitral e a 
endocardite infecciosa – ou depender de uma alteração miocárdica 
sem lesão das valvas (cardiomiopatias, miocardites, infarto do 
miocárdio). Nessa eventualidade, trata-se de insuficiência mitral 
funcional. 
- Presença de sopro sistólico de regurgitação, indicativo do refluxo 
de sangue; algumas vezes, suave, outras, rude. 
>> ESTENOSE AÓRTICA 
- Em pessoas jovens ou adultas, a causa mais comumdeste defeito 
valvar é a moléstia reumática, que pode provocar fusão dos 
sigmoides aórticos; pode ser também por anomalia congênita. Em 
pacientes idosos, a principal causa é degeneração senil dos folhetos. 
- Há dificuldade de esvaziamento do ventrículo esquerdo e 
turbilhonamento do sangue ao passar pela valva estreitada. 
- À ausculta, percebe-se um sopro sistólico de ejeção com máxima 
intensidade na área aórtica. Este sopro irradia-se para o pescoço, 
acompanhando a direção da corrente sanguínea, e varia de 
intensidade (+ a + + + +) em função da importância do estreitamento. 
- Mais bem audível quando o paciente está sentado. A 2a bulha no 
foco aórtico costuma estar diminuída. 
>> INSUFICIÊNCIA AÓRTICA 
- A incapacidade de fechamento das sigmoides aórticos pode ser 
consequência de moléstia reumática, endocardite infecciosa, 
degeneração senil e dissecção aórtica com comprometimento do 
aparelho valvar. 
- Presença de sopro diastólico, audível logo após a 2a bulha, e que 
ocupa a proto, a meso ou toda a diástole. 
>> INSUFICIÊNCIA TRICÚSPIDE 
- A insuficiência tricúspide é um defeito valvar quase sempre 
secundário à dilatação do anel orovalvar; vale dizer, é mais comum a 
insuficiência funcional do que a orgânica. Quando orgânica, a causa 
costuma ser a moléstia reumática. 
- O refluxo do sangue do ventrículo direito para o átrio provoca um 
sopro sistólico de regurgitação, localizado na área tricúspide e que se 
irradia em raio de roda, atingindo inclusive a área mitral. Pode ser 
audível na área mitral e despertar a suspeita de insuficiência mitral. 
- Para diferenciar a insuficiência mitral da insuficiência tricúspide, 
lança-se mão da manobra de Rivero-Carvallo, que é positiva na 
insuficiência tricúspide. 
- O sopro da insuficiência tricúspide varia de intensidade (+ a + + + +) 
e de qualidade. Suave, rude, em jato de vapor, piante ou musical são 
as designações mais usadas para descrevê-lo, conforme o timbre e 
o tom. 
>> ESTENOSE PULMONAR 
- Quanto mais grave for a estenose, tanto mais hipofonética e 
desdobrada será a segunda bulha, com diminuição do seu segundo 
componente. O desdobramento mais amplo se deve ao aumento do 
período ejetivo do ventrículo direito. 
- O refluxo de sangue para o ventrículo direito origina um sopro 
diastólico, audível após a 2a bulha, localizado na área pulmonar e 
borda esternal esquerda até a área tricúspide. Não deve ser 
confundido com o sopro da insuficiência aórtica, também audível 
nesta região.

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