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Levantamento Papiloscópico e sua importancia

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01/06/2021 A importância do levantamento de impressão digital em local de crime
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/16563 1/32
A importância do levantamento de impressão
digital em local de crime
A papiloscopia tem contribuído efetivamente na solução de crime e na individualização e
localização de pessoas. Os dados mostram que noventa por cento (90%) dos vestígios
encontrados nos locais de crimes são de natureza biológica e papiloscópica.
RESUMO
A papiloscopia é a ciência que trata da identificação humana através das papilas dérmicas. O especialista em impressões
papilares utiliza diversas técnicas e procedimentos, baseados no rigor técnico e na objetividade do conhecimento adquirido
ao longo da sua carreira, na aplicação do método papiloscópico na individualização de seres humanos. Os fragmentos de
impressões papilares levantados e revelados nos locais de crimes são evidências fundamentais para desvendar a autoria
de um crime com base nos princípio da ciência papiloscópica, Perenidade, Imutabilidade e Variabilidade. Para isso, os
especialistas utilizam de reveladores de impressões papilares que são produtos químicos desenvolvidos especificamente
para reagirem com as substâncias expelidas pelas glândulas sudoríparas e sebáceas presente nas mãos e dedos das
pessoas. A cadeia de custódia é essencial para preservar as evidências papilares, como também, para assegurar a
legalidade da prova material dentro do processo penal. O confronto das impressões coletadas nos locais de crimes com as
ficha de identificação nos arquivadas datiloscópicos dos Institutos de Identificação, o perito pode ter a confirmação se o
suspeito é ou não o autor de determinado crime, com base nas minúcias ou pontos característicos extraídos do papilograma
das peças examinadas. O laudo papiloscópico é a prova objetiva da infração penal e tem como objetivo oferecer às
autoridades que atuam na persecução criminal os subsídios técnicos e científicos necessários à elucidação do delito e sua
autoria e, consequentemente a aplicação da sentença condenatória ao réu.
Palavras-chave: Papiloscopia. Levantamento. Revelação. Fragmentos de impressões. Local de Crime. Reveladores.
Evidências Papilares. Autor. Laudo.
ABSTRACT
The Papiloscopy is the science that deals with human identification through the dermal papillae. The specialist in papillary
impressions uses several techniques and procedures, based on the technical rigor and objectivity of the knowledge acquired
throughout his career, on the application of the papillary method in the individualization of human beings. The fragments of
papillary impressions raised and revealed at crime sites are fundamental evidences for uncovering the authorship of a crime
based on the principles of papillary science, Perenniality, Immutability and Variability. For this, the experts use papillary print
developers that are chemicals developed specifically to react with the substances expelled by the sweat glands and
sebaceous present in the hands and fingers of the people. The chain of custody is essential to preserve the papillary
evidence, as well as to ensure the legality of the physical evidence within the criminal process. The comparison of the
impressions collected at the crime sites with the identification forms on the filed fingerprint of the Identification Institutes, the
expert can have confirmation as to whether or not the suspect is the perpetrator of a crime, based on the minutiae or
characteristic points extracted from the papillogram of the parts examined. The papillological report is the objective proof of
the criminal infraction and its objective is to offer to the authorities that act in the criminal prosecution the technical and
scientific subsidies necessary for the elucidation of the crime and its authorship, and consequently the application of the
condemnatory sentence to the defendant.
Key words: Papiloscopy. Survey. Revelation. Fragments of Impressions. Crime scene. Revelators. Papillary Evidence.
Author. Report.
INTRODUÇÃO
A papiloscopia é a ciência que trata da identificação humana através das papilas dérmicas. Não existe argumento negativo
o quanto o método datiloscópico contribuiu bastante para a identificação humana, bem como, para a persecução criminal,
na elucidação de crime. Foi através de pesquisas científicas que a papiloscopia se desenvolveu baseados em técnica e
princípios científicos que contribuíram bastante para a descoberta da identidade de milhares de assassinos.
Quem nunca ouviu falar que não existe uma impressão digital igual à outra? Pois é, a impressão digital é única. Dessa
maneira, com a finalidade de evitar que inocentes sejam punidos ou autores de delitos fiquem impune, os peritos devem
tomar precauções e traçar procedimentos e métodos adequados na coleta de material papiloscópico nos locais de delitos.
O processamento dos vestígios nos locais de crime envolve minucioso registro fotográfico do ambiente com intuito de
estabelecer o vínculo entre as impressões papilares obtidas e as circunstâncias dos fatos.
O especialista em impressões papilares utiliza diversas técnicas e procedimentos, baseados no rigor técnico e na
objetividade do conhecimento adquirido ao longo da sua carreira, com sucesso, do método papiloscópico na
individualização de seres humanos.
Outro propósito é conscientizar todos da essência de preservar os fragmentos de impressões papilares deixados pelo autor,
no local de crime, bem como, orientar aqueles desatentos sobre a importância da cadeia de custódia da prova pericial.
Analisar um vestígio papilar e transformá-lo em evidência exigem conhecimentos técnicos e científicos a fim de revelar a
autoria delitiva e provar a veracidade de certo fato ou circunstância. O profissional forense deve possuir conhecimento
suficiente para processar tais vestígios papilares no local e manter a integridade destes.
01/06/2021 A importância do levantamento de impressão digital em local de crime
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/16563 2/32
No decorrer dessa atividade abordaremos como, quando e onde os fragmentos de impressão papilar são encontrados? E
quais os seus conceitos e elementos fundamentais que os compõem? Serão abordadas também as definições de
fragmento, de vestígio e de evidência papilar como meio de prova para os inquéritos policiais e para subsidiar a justiça.
Ademais, conceituaremos os tipos fundamentais de impressões digitais e seus elementos técnicos, como também, iremos
compreender os aspectos da perícia papiloscópica em locais de crime e de laboratório, relacionados ao levantamento,
confronto, e revelação dos vestígios papilares.
Enumeramos os cuidados essenciais para a preservação dos vestígios papilares dentro da cadeia de custódia da prova
pericial.
Acompanhamos diariamente no noticiário várias reportagens sobre assaltos, estupro, homicídios, etc. e alguns eventos
dessa natureza desafiam a polícia e a justiça criminal na procura do suspeito. Diversos são os casos que são arquivados
sem saber a verdadeira identidade do assassino. Um dos nortes para auxiliar a investigação criminal é um trabalho pericial
bem feito de levantamento e revelação de fragmentos de impressões papilares no local ou até mesmo no laboratório.
A papiloscopia tem contribuído efetivamente na solução de crime e na individualização e localização de pessoas. Os dados
mostram que noventa por cento (90%) dos vestígios encontrados nos locais de crimes são de natureza biológica e
papiloscópica.
Os fragmentos de impressões papilares encontrados onde ocorreu um crime, após serem processados pelo perito e
formalizados em laudo pericial, são sem sombra de dúvida, provas robustas e inquestionáveis, que contribuirão para o
magistrado fundamentar sua decisão na aplicação da penalidade.
A escolha desse tema é, também, uma curiosidade em aprofundar os meus conhecimentos na área, bem como, ajudar os
profissionais que atuam no dia a dia no campo da investigação criminal, tendo por foco o sucesso do processo investigativo
baseadona produção das evidências papilares.
Outra justificativa é chamar atenção dos gestores públicos para carência de investimento em tecnologia para os órgãos
periciais que excutam trabalhos de busca da prova material. O panorama da perícia no Brasil é muito disperso, alguns
estados estão mais avançados, outros encolhidos em termo de estrutura, com pouco investimento nos seus órgãos
periciais.
Também, faremos uma descrição breve e mais focada ao tema, relatando o processo histórico dos primeiros crimes
elucidados por meio do exame papiloscópicos. No final do desenvolvimento dessa atividade, citaremos algumas sentenças
judiciais onde os delinquentes que praticaram crime foram julgados com provas alicerçadas nos fragmentos de impressões
papilares deixados no local do delito.
A metodologia empregada nessa pesquisa científica é exploratória e explicativa. A coleta dos dados é com base
bibliográfica ou estudo de casos, as fontes de informações serão levantadas em livros, sites, textos, revistas, etc.,
(bibliográfica), e os dados obtidos são de natureza qualitativa.
A CIÊNCIA PAPILOSCÓPICA
A papiloscopia é a ciência de que trata a identificação humana através das papilas dérmicas. Segundo Araújo (2000), a
papiloscopia é comumente conceituada como sendo a ciência que trata da identificação humana por meio das papilas
dérmicas. A palavra papiloscopia é de origem greco-latino que significa papilla = papila e skopêin = examinar.
Para a Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP), papilas são pequenas saliências de natureza neurovascular,
situadas na parte externa (superficial) da derme, estando seus ápices reproduzidos pelos relevos observáveis na epiderme.
O objetivo da papiloscopia é a identificação humana por meio das impressões digitais, palmares e plantares. Como
qualquer outra ciência, ela apresenta divisão:
DATILOSCOPIA é o processo de identificação por meio das impressões digitais
QUIROSCOPIA é o processo de identificação por meio das impressões palmares, isto é,
das palmas das mãos.
PODOSCOPIA é o processo de identificação por meio das impressões plantares, isto é,
das plantas dos pés. (MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO PAPILOSCÓPICA - INI, 1987)
Essas três divisões é que formam a papiloscopia, e esta se torna mais abrangente. A princípio, os estudiosos se dedicavam
somente a datiloscopia, e com o passar do tempo, as pesquisas evoluíam e outras subdivisões passaram a ser utilizadas.
OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA PAPILOSCOPIA
Assim como qualquer outra ciência, a papiloscopia possui princípios fundamentais que afirma que ela é ciência. Os
desenhos papilares são individuais (variabilidade), perene e imutável, mesmo possuindo a mesma classificação
fundamental, tipo e subtipo.
Perenidade – os desenhos formados pelo sistema de linha que compões as impressões
digitais, especialmente aqueles localizados na falanginha e falangeta (extremidades dos
dedos), permanece o mesmos desenhos desde o seu aparecimento, ao sexto mês de
vida intra-uterina, até a decomposição do corpo, após a morte.
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Imutabilidade – os desenhos datiloscópicos das extremidades dos dedos não se
modificam, nem mesmo patologicamente, permanecendo sempre sua disposição original.
Variabilidade – os desenhos das extremidades dos dedos (falanginha e falangeta) são
sempre diferentes de indivíduo para indivíduo, de mão para mão, dedo para dedo.
Classificabilidade: - é a propriedade que tem as impressões digitais de serem agrupadas
em arquivos que possam ser facilmente consultados. (TOCCHETO; FIGINI, 2012).
Estes são os postulados fundamentais da papiloscopia e são aceitos de forma universal em todos os países do mundo
porque são verdadeiros princípio testados.
AS IMPRESSÕES PAPILARES E SEUS ELEMENTOS
Visualizamos o conceito de desenho papilar como sendo aquele formado da combinação de cristas (linhas impressas do
datilograma) e sulcos interpapilares (intervalos que separam as linhas impressas) que se encontram nas extremidades
digitais (polpa digital), palmas das mãos e planta dos pés (AZEVEDO; AGUIAR FILHO, 2016).
O desenho papilar se projeta nas extremidades mais externa da pele humana e pode ser observado diretamente nos dedos,
nas palmas das mãos e nas plantas dos pés.
Figura 01 - Fotografia direta das extremidades externa do dedo mostrando o desenho papilar (cristas e sulcos).
 Fonte: https://escolakids.uol.com.br
A reprodução desses desenhos papilares, em qualquer suporte, damos o nome de impressões papilares que recebe
denominações específicas: datilograma, quirograma e pudograma que significam qualquer símbolo escrito ou impresso. É a
reprodução do desenho papilar em qualquer suporte primário (papel, vidro, alumínio, etc.).
Figura 02 – reprodução de um datilograma (cristas e sulcos) no papel
 Fonte: http://www.wikiwand.com
Note que (Figura 02) as linhas negras são formadas pelas cristas papilares e os espaços em branco formados pelos sulcos
interpapilares, constituindo dessa forma um papilograma.
Os Elementos Constitutivos do Datilograma
Em uma impressão papilar há particularidades anatômicas de caráter congênito que variam na sua apresentação, formato,
dimensão, localização e direção. Esses caracteres são minúcias (pontos característicos), que diferenciam e individualizam
cada impressão. É a base sólida na afirmativa da identidade entre dois papilogramas. Todos esses detalhes anatômicos, as
marcas e cicatrizes são sinais imutáveis presentes nas cristas papilares e permitem ao perito que analisa os papilogramas,
afirmar com precisão absoluta a identidade de um ser humano. (GALVÃO).
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Figura 03 - Datilograma uma evidente demonstração de variedades de Pontos Característicos.
Fonte: Manual de Papiloscopia do INI
Segundo o Manual de Papiloscopia do INI (1987), “Cristas Papilares, Sulcos Interpapilares ou intercristais, Poros, Pontos
Característicos, Sistemas de Linhas, Linhas diretrizes e Deltas são elementos constitutivos de um datilograma”.
Cristas Papilares, Sulcos Interpapilares ou intercristais e Poros
A impressão digital compõe de linhas negras que correspondem às cristas papilares; linhas brancas que representam os
sulcos interpapilares. Os poros são pontos brancos observados sobre as linhas negras.
-CRISTAS PAPILARES correspondem às linhas impressas do datilograma.
-SULCOS INTERPAPILARES OU INTERCRISTAIS correspondem aos intervalos que
separam as linhas impressas do datilograma.
-POROS são pequenos orifícios que se veem nas linhas impressas do datilograma.
(MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO INI, 1987)
Observe a seguir, que a Figura 04 visualiza os três elementos supracitados (cristas papilares, sulcos interpapilares e poros):
Figura 04 - Papilograma com detalhe das cristas papilares, sulcos interpapilares e poros
Fonte: Imagem da internet
As cristas papilares são de formação linear e saliente e os sulcos são os espaços que separam as cristas entre si. Esses
elementos são essenciais na hora do perito analisar as impressões papilares para confronto.
Linhas diretrizes e Sistema de Linha
O datilograma apresenta três sistemas de linhas perfeitamente caracterizados e limitados por linhas chamadas
DIRETRIZES, excetuando-se o Arco, que apresenta apenas dois sistemas, o marginal e o basilar. Assim temos:
- Sistema Marginal - é o conjunto de linhas que constituem a parte superior do desenho
digital, situadas acima da diretriz marginal.
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- Sistema Nuclear - é o conjunto de linhas que formam o centro do datilograma e que,
envolvidas pelas linhas diretrizes, distinguem-se perfeitamente daquelas que formam os
sistemas marginal e basilar.
- Sistema Basilar - é o conjunto de linhas que constituema parte inferior do desenho
digital, situadas abaixo da diretriz basilar. (MANUAL TÉCNICO DE DATILOSCOPIA,
2002).
Figura 05 – Linhas diretrizes e Sistema de linhas de uma impressão digital
Fonte: MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO DO PARANÁ
A princípio o perito deve se atentar para a trajetória das linhas diretrizes, em ambas as peças de confronto, o experto terá
uma visão panorâmica dos papilogramas, decidirá pela exclusão ou para uma análise pormenorizada em busca de pontos
característicos.
Delta
Para a SENASP (2009), “os deltas são encontrados entre os três sistemas de linhas, algumas linhas neutras, um ponto,
uma linha, uma bifurcação ou um pequeno agrupamento de linhas neutras, ou seja, não faz parte de nenhum dos sistemas
de linha.”.
O delta é um espaço triangular formado por três sistemas de linhas. Este é utilizado como critério de subdivisão na
classificação datiloscópica.
Na classificação datiloscópica, a presença ou ausência do delta em uma impressão digital, que são determinados os quatro
tipos fundamentais. Ausência de delta na impressão digital classifica a impressão como “Arco”. A presença de um delta a
direita do observador define a impressão como “Presilha interna”. A presença de um delta à esquerda do observador
caracteriza a impressão como “Presilha externa”. A presença de dois deltas, um à direita e outro a esquerda do observador
determina a impressão como “Verticilo” (MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO INSTITUTO DE IDENTIFICAÇÃO DO PARANÁ).
Há vários tipos de deltas: ponto, ilhota, branco, angular, trípode, etc.
Figura 06 - Detalhe de um delta à esquerda do observador
01/06/2021 A importância do levantamento de impressão digital em local de crime
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/16563 6/32
Fonte: Manual de Papiloscopia do INI
Alguns subtipos de impressão digital que não há a presença do delta, são as classificadas como arcos que é o datilograma
formado por linhas abauladas e mais ou menos paralelas que atravessam o campo digital.
Pontos Característicos
Os desenhos digitais não são formados por linhas contínuas. As cristas papilares apresentam, em seu curso, acidentes
mais ou menos ponderáveis, cuja formação e disposição no desenho digital lhe conferem a individualidade. Esses acidentes
são denominados pontos característicos e, modernamente, são também chamados de figuras características [...]. Através
da comparação dos pontos característicos é que se pode realmente confirmar a identidade entre duas impressões digitais.
(MANUAL TÉCNICO DE DATILOSCOPIA, 2002).
Figura 07 – Principais pontos característicos de uma impressão papilar
Fonte: Manual de Papiloscopia do Instituto de Identificação do Paraná
A SENASP define pontos característicos como sendo “particularidades morfológicas provocadas por descontinuidade ou
interrupção das linhas papilares.”.
Os pontos característicos são minúcias classificadas por estudiosos em todo o planeta, e há diversas variedades destes
que seriam aplicados em todos os datilogramas de forma universal.
PROCESSO HISTÓRICO
Não iremos aprofundar muito no contexto histórico da ciência papiloscópica, seremos mais específico e direto ao que
realmente nos interessa. Nosso foco aqui é a importância de tal ciência para elucidação de crimes. Então citaremos alguns
protagonistas que foram os primeiros a realizar análises de impressões digitais em locais de crime.
As impressões digitais reveladas e coletadas pela primeira vez como um meio de
relacionar um criminoso à cena do crime, através de vestígios papilares encontrados no
local, foram relatadas em 1880, por Henry Faulds, médico britânico que trabalhava no
hospital de Tsukiji, em Tóquio no Japão. Ele advogou o uso das impressões digitais para
detecção científica de criminosos e solucionou alguns crimes no Japão. (TOCCHETO;
FIGINI, 2012).
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https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/16563 7/32
Citou dois casos resolvidos nos quais participou a pedido da polícia japonesa; num deles, as impressões oleosas que foram
deixadas, permitiram descobrir quem bebera álcool retificado; em outro caso, impressões foram deixadas numa parede
caiada que tinha sido escala, foram usadas como prova de inocência de uma pessoa suspeita, em ambos os casos por
comparação das impressões (TOCCHETO; FIGINI, 2012).
Henry Faulds nasceu em 01 de junho de 1843, ele foi um médico e datiloscopista britânico, que trabalhou como cirurgião
superintendente no Hospital de Tsukiji em Tóquio, no Japão. Ele começou desenvolver seus estudos em cerâmicas pré-
históricas.
Outro protagonista e bastante conhecido quando o assunto é papiloscopia, é Juan Vucetich Kovacevich que nasceu na
cidade de Dalmácia, na Iugoslávia, no dia 20 de Julho de 1858, naturalizou-se argentino, e aos 24 anos de idade tomou
posse na polícia de La Plata - Buenos Aires. Vucetich foi lotado no setor de identificação de La Plata, ainda com o sistema
de Bertillonage.
O ponto de partida para o uso das evidências papilares como prova material na elucidação de crime e revelação de autoria
delitiva, ocorreu em 1892, na Argentina, com Juan Vucetich. O caso é referente à Teresa Francisca Rojas. Na ocasião foram
assassinados dois filhos da mesma, e a culpa era atribuída ao seu vizinho.
Não demorou muito para que casos delituosos começassem a ser solucionados através do novo método adotado por Juan
Vucetich. Este identificou uma criminosa, em Buenos Aires, que assassinou dois filhos e atribuía a ação a um vizinho seu.
Vucetich coletou por meio de fotografias, impressões digitais latentes impregnadas em manchas de sangue na porta da
residência da suspeita, que foram aceitas como provas pela justiça. (AZEVEDO; AGUIAR FILHO, 2016).
Segundo relato de Márcico, “a polícia encontra na porta da casa a marca de vários dedos molhados de sangue. As
impressões encontradas coincidiam exatamente com as de Francisca, que é tida como verdadeira culpada”.
Vucetich lançou em seu sistema, quatro tipos fundamentais de desenhos digitais, dando a seguinte classificação: arco,
presilha interna, presilha externa e verticilo (Manual do Instituto Nacional de Identificação, 1987).
Como a Argentina é vizinha do Brasil, não demorou muito para ser adota o Sistema de Identificação com base no método
de Juan Vucetich, através da iniciativa de Félix Pacheco:
Já no início do século XX, por iniciativa do jornalista e estudiosos, Félix Pacheco, a
Datiloscopia chegou ao Brasil. Este tomou conhecimento do novo processo de
identificação ao assistir a uma palestra de Juan Vucetich [...], no Uruguai, em 1901. A
partir disso, em cinco de fevereiro de 1903, o Brasil oficializou o método de Juan
Vucetich, através do decreto de nº 4.764. (AZEVEDO; AGUIAR FILHO, 2016).
Félix Pacheco (José Félix Alves Pacheco), jornalista, político, poeta e tradutor, nasceu em Teresina, PI, em 02 de agosto de
1879, e faleceu no Rio de Janeiro, RJ, em 06 de dezembro de 1935. Foi o fundador e primeiro diretor do Gabinete de
Identificação e Estatística da Polícia do Distrito Federal, hoje Instituto Félix Pacheco. Foi o introdutor, no Brasil, do sistema
datiloscópico. Representou, por muitos anos, o Estado do Piauí, primeiro na Câmara e depois no Senado da República. No
governo de Artur Bernardes, foi ministro das Relações Exteriores. (ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS)
Os institutos de Identificação em todo o Brasil passaram a utilizar método de identificação de Juan Vucetich. Adotaram-se
modelo de ficha de identificação (dactilar) para tomada de impressões digitais dos dez dedos das mãos de cada indivíduo, e
foram criados arquivos com essas fichas.
O Manual do Instituto Nacional de Identificação (1968) relata um pouco do processo histórico da papiloscopia no Brasil:
1906 - A lei 445 autorizou o Governo do estado de Minas Gerais a Instituir o gabinete de
Identificação pela Datiloscopia.
1912 - É assinado em São Paulo o primeiro convênio Brasileiro para permuta de
individuais dactiloscópica entre as políciasdos estados
1918 – Decreto Estadual 71, cria o Gabinete de Identificação e Estatística criminal do Rio
Grande do Norte.
1921 – é criado O gabinete de Identificação e Estatística Criminal do estado do Mato
Grosso.
1941-Decreto-Lei 3.689, de 03 de outubro promulga o Código de Processo Penal com a
obrigatoriedade da identificação criminal no país.
1963 – é inaugurado em Brasília, o Instituto Nacional de Identificação, com objetivo
fundamental de centralizar a identificação criminal e de estrangeiro no Brasil.
1973 - O decreto presidencial 7.901, institui a denominação oficial de Papiloscopista
Policial no Departamento de Polícia Fderal.
1979 - Instala o Instituto de Identificação Ricardo Glumbleton Daunt, em São Paulo, o
sistema automático de leitura, classificação e comparações de Impressões digitais.
1980 – Instala o Instituto de Identificação Pedro Melo, na Bahia, o sistema automático de
leitura, classificação e comparação de impressões digitais.
01/06/2021 A importância do levantamento de impressão digital em local de crime
https://monografias.brasilescola.uol.com.br/imprimir/16563 8/32
Desse processo histórico, foi instituída a papiloscopia no Brasil como um dos sistemas de identificação utilizado pela polícia
brasileira para identificar criminosos por meios das impressões digitais.
SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO DATILOSCÓPICA DE JUAN VUCETICH
No decorrer da trajetória do homem na terra, mostrou-se que a identificação humana foi, e será um marco para a
humanidade, pois é de importância vital para que não ocorram injustiças, dentre os sistemas científicos definidores da
identidade do indivíduo, três tiveram sua época, o antropométrico de BERTILLON, o retrato falado do mesmo mestre e o
datiloscópico de JUAN VUCETICH. Deles o destaque para o datiloscópico como a ciência que oferece um dos meios mais
eficazes e seguros de identificação humana. (MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO IIPR).
No sistema datiloscópico lançado por JUAN VUCETICH, as impressões digitais são classificadas em quatro grandes
grupos: Arco (A - para os polegares e 1 para os demais dedos), Presilha Interna (I – para os polegares e 2 para os demais
dedos), Presilha Externa (E – para os polegares e 3 para os demais dedos), Verticilo (V – para os polegares e 4 para os
demais dedos), vide Figura 08.
Foram citamos apenas a classificação fundamental de Vucetich, no entanto, outros grupos de subclassificação foram
criados, não vamos entrar tanto em detalhe, apenas para ter uma noção da importância deste sistema de identificação na
revelação de autoria delitiva.
Figura 08 – Tipos fundamentais
 Fonte: MANUAL DE PAPILOSCOPIA DO IIPR
No sistema de Vucetich, o arquivamento é do tipo decadactilar, ou seja, são utilizadas as impressões digitais dos dez dedos
das mãos do indivíduo para a classificação e arquivamento. Essas impressões são coletadas e dispostas em uma ficha
específica [Figura 09] que contém em um dos lados dez campos na sequência polegar, indicador, médio, anular e mínimo,
sendo os cinco da mão direita em cima e os cinco da mão esquerda em baixo tendo para cada um dos dedos três campos
na parte superior onde é registrado o tipo fundamental (MÁRCICO, 2002).
 Figura 09 – Ficha de identificação – modelo utilizado pelos Institutos de Identificação
01/06/2021 A importância do levantamento de impressão digital em local de crime
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No verso da ficha de identificação, é preenchida com a qualificação do identificado como nome, filiação, data de
nascimento, naturalidade, etc., e a sequência dos dedos indicador, médio, anular e mínimo de cada uma das mãos, como
também a impressão de cada um dos polegares nos lugares definidos. Isso serve para conferir a sequência das impressões
dos dedos coletada no anverso da ficha. A assinatura do identificado, o local, a data e órgão tomador das impressões
também são importantes.
Qual é o objetivo deste arquivo dactilar? Logo todos vão responder que este serve para futura identificação de individuo
ignorado ou que cometeram crime. É rotina observar que logo após a prática de um delito, as providências a ser tomada, a
princípio, é a identificação da vítima e do autor. Quando o autor é de identificação ignorada, buscam-se através de
investigação criminal, dados e elementos que possam levar a sua elucidação. É notório existir duas situações para o caso:
primeira, a existência de suspeitos; segunda, o levantamento e revelação de fragmentos datiloscópicos encontrados no
local de crime.
A papiloscopia é de extrema importância, uma vez que serão confrontados os fragmentos datiloscópicos levantados com as
impressões digitais dos suspeitos, arquivadas no Instituto de Identificação (arquivo decadatilar com fichas contendo
impressões digitais dos dez dedos das mãos). Esse exame pode não apontar o criminoso, mas provará que determinada
pessoa esteve na cena do crime (se foram colhidos fragmentos de suas impressões digitais no local). (MANUAL DE
PAPILOSCOPIA DO IIPR).
CONCEITO E CARACTERIZAÇÃO DE LOCAL DE CRIME
A SENASP (2008) define local de crime como sendo uma área física onde ocorreu um fato esclarecido ou não até então,
que apresente características e/ou configurações de um delito.
Figura 10 – Cena de local de crime
 Fonte: https://imperiothanatus.com.br
Para Araújo (2000) local de crime é toda área que apresenta evidências materiais, resultantes de um fato que requer
providências afetas à esfera policial. Umas das evidências materiais encontradas no local são os fragmentos de impressões
papilares deixados pelo autor.
Nas áreas onde tenha ocorrido homicídio, suicídio, acidente, incêndio, furto qualificado, etc., são tratadas de forma geral
como local de crime ou local de corpo de delito.
Alguns autores define o local onde ocorreu um evento criminoso como “sítio da ocorrência”, “cena do crime”, “sede da
ocorrência”.
Segundo Moura Malimith (2007) o local de crime é dividido em:
Local imediato: É aquele abrangido pelo corpo de delito e o seu entorno, local em que
está, também, a maioria dos vestígios materiais. Em geral, todos os vestígios que
servirão de base para os peritos esclarecerem o fato concentram-se no local imediato.
Local mediato: É a área adjacente ao local imediato. É toda a região espacialmente
próxima ao local imediato e a ele geograficamente ligada, passível de conter vestígios
relacionados com a perícia em execução.
Local relacionado: É todo e qualquer lugar sem ligação geográfica direta com o local do
crime e que possa conter algum vestígio ou informação que propicie ser relacionado ou
venha a auxiliar no contexto do exame pericial.
Um delito nem sempre terá um desfecho no local onde começou a ação, a dinâmica de um evento delituoso pode ser mais
ampla do que imaginamos, e pode abranger um perímetro maior e longo. Há fatos que o autor dá início à ação no interior de
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uma residência, ambiente fechado, e a execução é concluída em outro local, que pode ser um espaço público ou o interior
de um veículo, afastado do local mediato. Essa delimitação do local de crime é importante na hora de analisar os modus
operandi.
O local de crime também é classificação quanto a sua preservação: Idôneo - local preservado em todas as suas
características até a chegada do perito; e Inidôneo - local alterado, isto é que sofreu qualquer alteração após a ocorrência
do fato, ou depois que a polícia tomou conhecimento do mesmo. (ARAÚJO, 2000)
VESTÍGIOS, EVIDÊNCIAS E INDÍCIOS
Os peritos de natureza criminal ao analisarem um local de crime em busca de objetos, marcas, pegadas, sinais sensíveis
que possam ter relação com o fato investigado, estão examinando os vestígios e evidências de um crime.
O que vem a ser esse vestígio? É todo material bruto coletado no local de uma infração penal, mesmo que não haja a
certeza da sua relação com o fato, é considerado vestígio.
Os vestígios constituem-se,pois, em qualquer marca, objeto ou sinal sensível que possa ter relação com o fato investigado.
A existência do vestígio pressupõe a existência de um agente provocador (que o causou ou contribuiu para tanto) e de um
suporte adequado (local em que o vestígio se materializou). (MOURA MALLMITH (2007))
Ao examinar um vestígio papilar ou papiloscópico, o signatário deve realizar com bastante cautela, uma vez que, este é
sensível e pode se deteriorar quando do seu processamento na superfície aposta pelo autor (suporte primário) e para o
suporte secundário. Os especialistas nessa área são profissionais treinados para levantar, revelar e coletar os vestígios
papilares com o intuito de identificar o autor do delito.
Figura 11 – Vestígio papiloscópico revelado e coletado no local de crime
 Fonte: laudo nº M34/2012 – SSP/SP. Disponível em: http://www.papiloscopia.com.br/laudos/34.12.pdf
“Quando os peritos chegam à conclusão que determinado vestígio está de fato relacionado ao evento periciado, ele deixa
de ser um vestígio e passa a denominar se evidência [...] evidência é qualquer material ou objeto que esteja relacionado
com a ocorrência do delito” (SENASP, 2008).
Porém, é importante uma análise pormenorizada dos vestígios no local de crime. No âmbito de uma área onde tenha
ocorrido um crime, vários serão os elementos deixados pela ação dos agentes da infração, o perito pode encontrar tantos
os vestígios produzidos pela vítima e testemunha, como pelo agressor.
No local de evento delituoso o perito pode deparar com vestígios forjado e ilusório. Por vestígio forjado entendemos todo
elemento encontrado no local de crime, cujo autor teve a intenção de produzi-lo, com o objetivo de modificar o conjunto de
elementos originais produzidos pelos autores da infração. Já o vestígio ilusório é todo elemento encontrado no local de
crime que não esteja relacionado às ações dos autores da infração e desde que sua produção não tenha ocorrido de
maneira intencional. (SENASP, 2007)
Então, vestígios e evidências papilares são as pegadas encontradas, de diversas formas, nos locais dos crimes deixadas
pelo autor em forma de desenho papilar (cristas e sulcos) formado pelos dedos, pelas palmas da mão e pelas plantas dos
pés.
As evidências são, portanto, os vestígios expurgados pelos peritos, ou seja, é decorrente dos vestígios, as quais são
elementos exclusivamente materiais e, por conseguinte, de natureza puramente objetiva. (MOURA MALLMITH, 2007).
Quando falamos da importância dos fragmentos de impressão papilares levantados e revelados no local de infração penal,
estes têm haver com vestígios e evidências.
Fragmentos de impressão são impressões (digital, palmar ou plantar) incompletas que não permite uma exata classificação
ou determinação de região papilar. Geralmente são impressões questionadas deixadas no local
Já indício encontra-se explicitamente conceituado no artigo 239 do Código de Processo Penal: “Considera-se indício a
circunstância conhecida e provada que, tendo relação com o fato, autorize, por indução, concluir-se a existência de outra ou
outras circunstâncias”. Indício vai além da prova material, ou seja, pode ser elementos de natureza subjetiva e que possam
ser inclusos nos demais meios de provas.
PERÍCIA PAPILOSCÓPICA
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A perícia é um meio de prova em que profissionais qualificados tecnicamente (os peritos), nomeados pelo juiz, ou
oficialmente empossados através de concurso público, analisam fatos juridicamente relevantes à causa examinada,
elaborando laudo pericial. É um exame que exige conhecimentos técnicos e científicos a fim de comprovar (provar) a
veracidade de certo fato ou circunstância. Nesse sentido, a perícia papiloscópica utiliza conhecimentos técnico-científicos
da papiloscopia para analisar fatos relevantes que necessitam de informações relativas à identificação humana. (SENASP,
2010).
É o conjunto de técnicas utilizadas na busca e exame de impressões papilares com a finalidade de estabelecer a identidade
das pessoas que as produziram. Avaliando o valor dos vestígios de impressões papilares como prova física e esclarecendo
o papel destas impressões no cenário do crime. (ARAÚJO, 2000).
A perícia papiloscópica segue várias etapas e procedimentos, desde o levantamento e revelação de fragmentos de
impressões papilares no local, a cadeia de custódia das provas, o confronto de impressões e a confecção do laudo pericial.
REQUISIÇÃO DOS EXAMES PERICIAIS
Quando? Onde? E como começam os exames papiloscópicos? O levantamento e revelação de fragmento de impressão é
um tipo específico de exame pericial (exame de corpo de delito) dos vestígios papilares deixados no local pelo autor, toda
vez que ocorrer uma infração penal:
Art. 158. Quando a infração deixar vestígios, será indispensável o exame de corpo de
delito, direto ou indireto, não podendo supri-lo a confissão do acusado.
No artigo 6º, inciso VII, do CPP, existe uma determinação processual para que a autoridade policial requisite a perícia, caso
seja necessário ou haja vestígios do crime “determinar, se for o caso, que se proceda a exames de corpo de delito e a
quaisquer outras periciais”.
As primeiras ações da autoridade policial segundo o CPP:
Art. 6o Logo que tiver conhecimento da prática da infração penal, a autoridade policial
deverá:
I – dirigir-se ao local, providenciando para que não se alterem o estado e conservação
das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
II – apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos
criminais;
III – colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas
circunstâncias;
 [...]
 VII – determinar, se for caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer
outras perícias;
VIII – ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e
fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
Analisando rapidamente o texto do art. 6º do CPP, percebe-se que a função de isolamento do local de crime seria de
responsabilidade da autoridade policial, tão logo ela tiver conhecimento da infração. Entretanto, percebe-se que, na maioria
dos casos, em todos os estados brasileiros, o primeiro agente público a chegar a um local de crime é o policial militar.
Geralmente são esses profissionais os responsáveis pelas primeiras providências de isolamento. Admitindo-se que tais
militares são agentes da autoridade policial, ao isolar o local estão representando essa autoridade que ainda não foi
cientificada da ocorrência do ilícito. (SENASP, 2012)
A requisição da perícia não é uma prerrogativa do delegado de polícia, mas, sim, uma determinação de ofício para que ele
proceda dessa forma visando garantir a preservação de todas as informações e vestígios produzidos na ação delituosa. O
delegado com poderes processual para requisitar a perícia, deverá avaliar a existência de vestígios e requisitar a equipe de
perícia se for o caso. A solicitação de perícia é obrigatória com determinação no código de processo penal (SENASP, 2007);
A equipe da perícia deve atender de imediato a solicitação da autoridade, de acordo com as normas legais. Na Guia Pericial
deve consta o tipo e objetivo dos exames, bem como, o endereço onde ocorreu o fato, data, horário, histórico.
A investigação policial começa, na grande maioria das vezes, no local de crime. Sob essa ótica, a busca de provas objetivas
e subjetivas depende da qualidade do trabalho logo após a chegada ao ambiente onde ocorreu a infração. Ao chegar à
cena do crime, o perito inicia a sua análise antes mesmo de adentrar no local, examinando a qualidade e o método de
isolamento para verificar se está adequado. Um bom isolamento de local terá como consequência a correta preservação da
prova objetiva. (SENASP, 2012)
LEVANTAMENTO E REVELAÇÃO DE FRAGMENTOS DE IMPRESSÕES PAPILARES
O levantamento e revelação de impressões papilares é uma etapa da períciapapiloscópica, e tem como objetivo localizar,
revelar, analisar qualitativamente, registrar e coletar estes fragmentos de impressão.
Segundo a SENASP, as etapas de levantamento de impressões papilares em local são:
Preparação do material de trabalho
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Levantamento preliminar do local
Localização e revelação de impressões
Seleção das impressões encontradas
Marcação e enumeração das impressões selecionadas
Registro fotográfico
Preparo de croquis
A revelação de impressões papilares é a técnica utilizada objetivando a busca e a visualização de impressões papilares,
através da aplicação de reveladores e reagentes químicos específicos.
Alguns fatores podem influenciar a nitidez das impressões papilares: exposição dos vestígios papilares às intempéries
climáticas; superfície de natureza irregular; pressão insuficiente do papilograma; precauções por parte do criminoso;
deslizamento e sobreposição de impressão, etc.
Por que revelação de fragmento de impressão? Na maioria dos locais de infração penal, o que se observa são vestígios
papilares em forma de fragmentos. A probabilidade é mínima de autor deixar completamente sua impressão digital, palmar
ou plantar em algum tipo de superfície. O perito nos seus exames periciais diariamente se depara normalmente com
fragmentos de impressões (digital, palmar ou plantar) incompletas que não permite uma exata classificação ou
determinação de região papilar.
Figura 12 – Perita da Polícia Federal revelando fragmentos de impressões digitais em local de crime.
Fonte: http://g1.globo.com
Vários são os ambiente e superfícies que são revelados os fragmentos de impressões papilares. Para a Senasp, os locais
onde esse levantamento pode ser realizado:
Em materiais: São aqueles realizados em materiais encaminhados para exame a fim de
localizar e identificar impressões papilares de pessoas que a manusearam.
Em veículo – São aqueles realizados em veículo a fim de localizar e identificar
impressões papilares de pessoas que tiveram contato com o mesmo.
Em local: São realizados em cenas de crime, a fim de localizar e identificar impressões
papilares de pessoas que estiveram no local.
Em cadáver (perícia necropapilocópica) – São para o tratamento e aproveitamento do
tecido epidérmico de cadáveres, reconstituindo as impressões papilares visando à
identificação do de cujus.
O perito utiliza de conjunto de técnicas e procedimentos, visando localizar, revelar e individualizar as impressões papilares,
que contribuam para o esclarecimento dos fatos.
Os fragmentos de impressões papilares podem ser encontrados nas seguintes condições:
VISÍVEIS - São impressões visíveis a olho nu, geralmente impregnado com substâncias
corantes, como, tinta, sangue, e outros produtos, sendo, por isso, facilmente localizadas
sem instrumentos ópticos.
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MODELADAS - São aquelas encontradas moldadas em superfícies como: massa de
vidraceiro, goma de mascar, argila, etc.
LATENTES – São aquelas não prontamente perceptíveis a olho nu. Necessitam,
portanto, de tratamento com reveladores ou reagentes específicos. (ARAÚJO, 2000).
Nos locais de delito, pode ocorrer de o perito visualizar impressões papilares de diversas condições (visível ou latente) ao
mesmo tempo. Podemos citar como exemplo, um crime de homicídio que ocorreu no interior de uma residência, onde o
autor tocou com as mãos em algum local antes de executar o delito (poderemos encontrar neste suporte primário,
impressão latente), e logo após o crime, o infrator pode ter se sujado de sangue da vítima e na fuga deixar impressões
visíveis (impregnadas com sangue) em alguma superfície.
As impressões digitais são essencialmente compostas de elementos de suor depositados nas cristas papilares que se
transferem para a superfície do suporte primário (objetos, etc.). Suas linhas impressas devem ter continuidade suficiente
que permitam à visualização dos seus elementos identificadores, caso contrário, a impressão se torna inútil à identificação.
Alguns materiais não são recomendados para levantamentos de impressão, os quais são: material texturizado, muito
fibroso, rudes, como padra bruta, madeira bruta, concreto, etc. Pequenas superfícies irregulares são contraindicadas
(prego, parafuso, alfinete), como também, em material sujo não se encontra boas impressões. (INSTITUTO NACIONAL DE
IDENTFICAÇÃO - INI).
O Suporte é a superfície onde a impressão papilar se encontra. Suporte primário é a superfície onde originalmente se
encontrou uma impressão; Suporte secundário é aquele preparado para receber a impressão transportada do suporte
original. (ARÁUJO, 2000).
Veja a seguir os tipos de superfícies onde é possível encontrar impressões digitais:
Superfícies não porosas – São aquelas que não absorvem os elementos químicos
expelidos pela pele humana. Exemplos: Plástico, vidro, porcelana esmaltada, metais
polidos, etc. A superfície não absorve a parte líquida, por isso podem ser utilizados
reveladores sólidos e gasosos, como pó e cianoacrilato.
Superfícies porosas – São superfícies que absorvem o líquido do suor, exemplo: todos os
tipos de papeis, papelões, cartões, etc. A superfície absorve a parte líquida, fazendo-a
evaporar, no entanto, ficam retidos os elementos sólidos em suas fibras. Neste caso
empregam-se reveladores líquidos ou gasosos, como ninidrina, nitrato de prata e iodo.
Superfície adesiva – São as superfícies que retiram líquidos e células descamadas da
pele. São todos os tipos de fitas e etiquetas auto-adesivas. Neste caso utilizamos pós
especiais com detergente e violeta de genciana. (SENASP, 2012)
As impressões latentes na maioria dos casos, só serão localizadas por meio de emprego de reveladores. Se possível cada
fase do processo de revelação deve ser registrada fotograficamente. Depois de realizar a revelação selecionar as
impressões que apresentam condições de confronto, todos os fragmentos de impressão receberão uma marcação própria,
com a anotação precisa de sua localização no material examinado.
Reveladores e reagentes químicos
Os reveladores de impressões papilares são produtos químicos desenvolvidos especificamente para reagirem com as
substâncias expelidas pelas glândulas sudoríparas e sebáceas presente nas mãos e dedos das pessoas. Esses processos
de reação química proporcionam uma melhor visualização das impressões papilares. O suor é composto por água,
aminoácidos, uréia, acido lático, colina, ácido úrico, creatinina, açúcar, cloretos, íons metálicos, amônia, sulfatos e fosfatos.
(ARAÚJO, 2000).
Pós Reveladores
Há uma enorme variedade de produtos que se prestam ao uso como pós reveladores de impressões papilares. Cada um
apresenta vantagens e desvantagens. Um bom pó para revelação deve possibilitar contraste em relação ao suporte, para
permitir fotografias diretas da impressão revelada, e aderir somente aos componentes úmidos da impressão, liberando os
espaços intercristais de forma a produzir impressões perfeitamente definidas. Os pós atuam aderindo-se nas substâncias
úmidas deixadas pelas secreções contidas nas papilas dérmicas, portanto sua eficiência está relacionada ao tempo em que
a impressão foi produzida, apresentando os melhores resultados em impressões recentes. (ARAÚJO, 2000).
Figura 13 – Uso do pó preto com um pincel para revelar fragmentos de impressão papilar.
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Não importando método de aplicação, o pó tem uma tendência a aderir aos componentes úmidos das impressões digitais
latentes, fazendo, assim, com que elas apareçam visíveis em contraste com o fundo da superfície. Em princípio, estes pós
reveladores são empregados de acordo com a cor do suporte, de modo a formarcontraste com o fundo da superfície. Para
revelação em suporte claro, polido (papel, vidro, plástico, etc.), por exemplo, empregam se os pós escuros, grafite e negro
de fumo. (MANUAL DE IDENTIFICAÇÃO PAPILOSCÓPOICA - INI).
Figura 14 – Pós fluorescentes e as impressões ao lado reveladas por estes.
Fonte: Conecta190 - Tecnologia em Segurança Pública.
Os pós fluorescentes para impressões latentes podem ser usados sobre os mesmos tipos de superfícies como pós não
fluorescentes. Os pós fluorescentes para impressões latentes funcionam especialmente bem sobre superfícies escuras ou
multicoloridas - realçando enormemente os detalhes das papilas ao serem iluminadas com uma lanterna de luz ultravioleta.
(CONECTA190, 2006)
Não podemos esquecer que o perito para usar os pós reveladores, este deve utilizar-se pincéis para revelar os fragmentos
de impressões.
Figura 15 – Pincel de fibra de carbono.
Fonte: Conecta190 - Tecnologia em Segurança Pública.
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Os pincéis de fibra de carbono são inigualáveis devido à suavidade natural das fibras de carbono e por apresentarem a
qualidade de baixa fricção. Além disso, as fibras de carbono são à prova de corrosão e umidade - garantindo um bom
funcionamento até mesmo em situações de extrema umidade. Os filamentos bem estreitos são dispostos ao acaso -
permitindo que o técnico possa mudar a cor do pó rapidamente bastando para isso sacudir o pincel eliminando restos do pó
anteriormente usado. (CONECTA190, 2006)
Serão utilizados levantadores que são fitas ou películas adesivas utilizadas no transporte/decalque de impressões
reveladas com pó para o suporte secundário (coletor).
Figura 16 – Impressão revelada após o levantamento, e sua transferência para o suporte secundário.
Fonte: ARAUJO (2000)
Revelação com Gás (Iodo)
Os cristais de iodo são submetidos ao calor, acontece à sublimação, produzindo vapores que são absorvidos pela matéria
gordurosa ou oleosa das impressões. Aplicam-se em superfícies lisas, porosas, não porosas, não metálicas, tais como:
vidros, PVC, papéis acetinados, papel-moeda, etc.
Figura 17 – Empolas de vidros com cristais de iodo.
Fonte: Conecta190 - Tecnologia em Segurança Pública.
O levantamento pode ser feito de várias maneiras O método mais convenientemente aplicado no laboratório é através do
uso de um gabinete para absorção do iodo. Este gabinete é uma Caixa com uma ou mais paredes de vidros. Utiliza-se uma
lâmpada comum para aquecer os cristais e fazer com o que o material evapore enchendo o recipiente, e dará início ao
processo de revelação das impressões papilares na cor marrom.
Cianoacrilato
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Foi desenvolvido em 1951, no Tennessee, EUA. Na guerra do Vietnã (1966) era empregado pelas tropas americanas como
adesivo de rápida ação em ferimentos. A partir de 1984 passou a ser utilizado pela Polícia Federal Alemã na revelação de
impressões digitais. É encontrado no mercado como componente ativo das SUPERCOLAS (Superbonder). Além de sua
eficiência como revelador sua utilização também objetiva a fixação dos vestígios papilares proporcionando segurança e
tranquilidade para o Papiloscopista. O vapor do cianoacrilato polimeriza (solidifica) as substâncias úmidas das impressões
papilares latentes (sais minerais e as gorduras contidas nas impressões papilares), o que permite o seu processamento
(fotografia, transporte, aplicação de reveladores), maximizando, assim, a qualidade da evidência para o posterior exame de
confronto. (ARAÚJO, 2000).
Figura 18 - Processamento de evidência em Câmara de Vácuo
Fonte: ARAUJO (2000)
O controle do vapor é conseguido através de uma câmara, que pode ser de vidro, plástico, ou qualquer outro material que
possibilite o máximo de confinamento do gás. O material é colocado na câmara de maneira que toda a sua superfície fique
exposta ao vapor. Após o tratamento e a revelação das impressões papilares aplica-se o pó, que se fixará no cianoacrilato
polimerizado. (ARAÚJO, 2000).
Ninidrina
A ninidrina foi descoberta em 1910, sendo também chamada de “púrpura de Ruhermann”. Seu nome oficial é HIDRATO DE
TRIKETOHIDRINDENO. É reconhecida como de grande eficiência, ela reage com os aminoácidos contidos na impressão
latente. A maior parte dos fluidos corporais (leite, sêmen, suor, sangue, etc.) reage com o composto químico da ninidrina.
Comumente apresenta-se na forma líquida, mas também é encontrada na forma de cristal, com a aparência de pó branco,
disponível em potes de 5, 10 e 25 gramas da maioria das lojas de produtos químicos. Após a aplicação, à temperatura
ambiente, as impressões começarão a surgir em uma ou duas horas. A maior parte delas será revelada em 24 horas,
porém há impressões que necessitarão de até 72 horas. A ninidrina revela bem tanto as impressões recentes quanto
aquelas produzidas há alguns anos. (ARAÚJO, 2000).
Figura 19 – Spray de Ninidrina
Violeta de Genciana
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Método de revelação de impressões papilares latentes muito eficaz e simples, relativamente barato, aplicado em superfícies
adesivas. Adequado para uso em laboratório.
Figura 20 – Técnica da Violeta de Genciana em fita adesiva.
Fonte: Araújo (2000)
Araújo (2000) comenta que a Violeta de Genciana atua:
Em superfícies não porosas, na parte aderente de fitas crepe, fitas isolante,
esparadrapos, durex, etc
[...]
Para revelar as impressões, o material examinado é colocado na solução e agitado por
alguns segundos. O material também pode ser imerso na solução e deixado em repouso;
neste caso, a revelação será processada em alguns minutos. O excesso de violeta é
retirado simplesmente deixando o material sob água corrente.
[...]
Impressões reveladas em fitas adesivas de fundo branco ou de tonalidade clara são
fotografados diretamente.
São diversos os métodos e técnicas utilizadas para revelar fragmentos de impressões papilares. Nos locais de crime, a
técnica mais usual é a do empoamento, com uso dos pós reveladores. Nos laboratórios, o signatário aplica as substâncias
gasosas para revelar impressão. Nesse processo de revelação também é importante o uso de luzes forense e a fotografia
direta sobre o suporte primário onde está o papilograma a ser revelado.
CADEIA DE CUSTÓDIA
Todas as provas coletadas no local de crime devem ser acondicionas em recipientes apropriados e depois preservados. O
processamento do material pericial, relacionado à prova, contribui para manter a credibilidade de uma perícia.
Segundo CAMPOS (2007, p.3) conforme citado por MULLER (2012), em seu trabalho sobre a relevância da custódia da
evidência na investigação judicial, define cadeia de custódia como o conjunto de etapas desenvolvidas de forma científica e
legítima em uma investigação judicial, com a finalidade de evitar a alteração ou destruição dos indícios materiais no
momento de sua coleta, ou após, e dar garantia científica de que o material que foi analisado no laboratório forense é o
mesmo recolhido no local do delito. O autor afirma a necessidade de se introduzir todas as garantias processuais possíveis
para que se obtenha uma maior confiabilidade nas conclusões derivadas das provas apresentadas, adotando-se uma rígida
obediência aos procedimentos legais e científicos, o que justificaria a origem do conceito jurídico da denominada cadeia de
custódia da evidência.
A cadeia de custódia tem o objetivo de manter e documentar a história cronológica da evidência, para rastrear a posse e o
manuseio da prova material a partir do invólucro, da coleta, do transporte, do recebimento, do armazenamento e da análise.
MULLER (2012) recomenda sobre o transporte de material papiloscópico para o laboratório:
Uma vez transportado o materialdo local, a perícia papiloscópica terá prosseguimento no
laboratório de revelação de impressões latentes, onde serão utilizados reveladores cuja
utilização no local se torna inviável (devido à toxidez ou equipamentos de difícil remoção
para o local), ou se entenda que os recursos laboratoriais possam garantir um melhor
resultado nos exames dos objetos.
Tanto nos cursos de formação profissional como nos de atualização em perícia
papiloscópica, o Instituto Nacional de Identificação busca obter um padrão de atuação
nos levantamentos papiloscópicos, incluindo todas as suas etapas, e na organização de
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todos os papéis de trabalho e dos Laudos de Perícia Papiloscópica confeccionados, que
devem ser arquivados no setor de identificação para, caso necessário, serem objetos de
futuras análises.
Existem alguns documentos utilizados durante esses procedimentos que são
apresentados como modelo, como: o Formulário de Levantamento de Impressões
Papilares em Local, Relatório de Impressões Papilares e o Suporte Secundário de
Impressões Papilares. Também são disponibilizados alguns materiais como lacres e
caixas para empacotamento.
[...]
Os objetos somente podem ser retirados do local mediante o recibo em formulário próprio
assinado pelo proprietário e pelo policial envolvido na coleta. Um detalhe importante é a
demonstração das evidências com uma numeração indicativa, com o respectivo registro
fotográfico de cada uma, seja revelada no local do delito ou em laboratório. Existe um
formulário específico onde devem ser relatadas informações sobre todas as impressões
reveladas em um caso, inclusive os resultados das comparações com as impressões
papilares de exclusão ou CADERNOS ANP 3suspeitos. Todas as impressões papilares
em condições de confronto não identificadas devem ser incluídas no Sistema
Automatizado de Identificação de Impressões Digitais-AFIS.
Figura 21 – modelo que atende os requisitos para um suporte secundário eficiente para compor a cadeia de custódia..
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Fonte: MJ/INI
A cadeia de custódia e a documentação legal e oficial de uma evidência papiloscópica encontrada em um local de crime, a
qual passou por diversas pessoas e locais deve ser capaz de informar quem, quando e de que maneira a evidência foi
descoberta, protegida, coletada, transportada, preservada e testada. (MULLER (2012).
Os métodos de revelação de fragmentos papilares latentes em laboratórios podem ser classificados em: Físicos, Químicos
e Mistos. Os reagentes utilizados em laboratórios de perícia papiloscópica para revelação de impressões papilares latente
são: cianoacrilato, pós reveladores (regular e magnético), reagentes de pequenas partículas, corantes fluorescentes
(amarelo básico), iodo, ninidrina, DFO, dentre outros. (SENASP, 2016)
CONFRONTO DE IMPRESSÕES PAPILARES
A Senasp (2010) define confronto de impressões papilares como sendo o exame comparativo entre duas ou mais
impressões papilares objetivando sua identificação. Nas análises de confronto o perito utiliza vários recursos: lupas,
comparadores ópticos, ampliações fotográficas e programas/ferramentas de computador como o GIMP e Fotoshop.
A Senasp (2016) define quatro fases para os exames:
A FASE DE ANÁLISE é a apreciação da impressão papilar para determinar suas
condições técnicas para confronto.
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Na FASE DE CONFRONTO, é feita a
observação direta (lado a lado) dos
detalhes das impressões para determinar
regiões coincidentes, baseada em
critérios de similaridade, sequência e
relação espacial.
Na FASE DE AVALIAÇÃO, a formulação
da conclusão é baseada na análise e
comparação das impressões papilares.
Por fim, a FASE DE VERIFICAÇÃO é o
exame independente efetuado por outro
perito papiloscopista e que resulta na
mesma conclusão.
O confronto de impressões papilares efetua-
se por meio do assinalamento dos pontos
característicos que devem ser coincidentes e
homologadamente dispostos estabelecendo
desta forma a identificação entre as
impressões, ou seja, as questionadas e a
padrão. (MANUAL DE PAPILOSCOPIA –
IIPR).
Figura 22 – Assinalamento de pontos
característicos
Fonte: MANUAL DE PAPILOSCOPIA – IIPR
Observe [Fig. 22] que a extremidade de cada linha é colocado um número, de forma que cada impressão tenha linhas se
radiando em ângulos similares e com a mesma designação numérica. Com tal amostra, o observador poderá verificar que
cada número corresponde a um ponto característico coincidente em ambas as impressões. (MANUAL DE PAPILOSCOPIA
– IIPR).
Para obter a peça padrão (ficha de identificação), o perito poderá solicitar cópias da Ficha de Identificação junto ao Instituto
de Identificação e/ou aos órgãos oficiais de identificação e de expedição de documentos (civis e militares) que contenha
impressões papilares do suspeito; ou como também, pode efetuar a coleta diretamente das mãos do mesmo
(suspeito/autor), encaminhado pela autoridade policial, em Ficha de Identificação apropriada.
Segundo a SENASP, a localização das impressões digitais na cena do crime é uma das etapas da perícia papiloscópica.
Quando considerada de forma isolada não é suficiente para a identificação humana, sendo necessária a realização do
confronto e comparação das impressões obtidas no local de crime com aquelas de suspeitos ou armazenadas em bancos
de dados - como, por exemplo, o sistema AFIS (Veremos mais adiante um tópico específico para o AFIS).
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A conclusão do trabalho de papiloscopia requer muita cautela. O objetivo é a licitude da prova papiloscópica e garantia da
aplicação da lei de forma imparcial, por isso, depois das análises de confronto, o perito pode alcançar os seguintes
resultados:
IDENTIFICAÇÃO – comparação de duas ou mais impressões com qualidade para
confronto e com quantidade suficiente de coincidências de pontos característicos ou
minúcias. A identificação ocorre quando o perito papiloscopista conclui que duas ou mais
impressões papilares foram produzidas pela mesma pessoa;
EXCLUSÃO – comparação de duas ou mais impressões papilares com qualidade para
confronto e com quantidade suficiente de divergências entre os pontos característicos ou
minúcias. A exclusão ocorre quando o perito papiloscopista conclui que duas ou mais
impressões papilares não foram produzidas pela mesma pessoa;
INCONCLUSÃO – a inconclusão ocorre quando as impressões papilares analisadas pelo
perito papiloscopista não possuem qualidade suficiente para permitir a identificação ou
exclusão da pessoa que a produziu. (SENASP, 2016)
Araújo (2000) utiliza alguns termos técnicos que são importantes na hora de confeccionar o laudo pericial. Vejamos:
PAPILOGRAMA
É a impressão que apresenta campo de observação suficiente para que sejam
examinados todos os seus elementos classificadores. É dividido em Datilograma,
Quirograma e Podograma.
FRAGMENTO DE IMPRESSÃO PAPILAR
É a impressão cuja parte que permite sua classificação está ausente ou incompleta. É
dividida em Digital, Palmar e Plantar.
IMPRESSÃO QUESTIONADA
É a impressão de autoria desconhecida, cuja identidade se pretende estabelecer.
Exemplos: 1 - Impressões colhidas em locais de crime; 2 - Impressões apostas em
documentos cuja identidade suscite dúvida quanto ao seu autor.
IMPRESSÃO PADRÃO
É a impressão de origem certa, portanto de autoria conhecida ou cuja identidade não
está sendo objeto de questionamentos. Serve de base de comparação com a impressão
questionada.
PADRÃO DE EXCLUSÃO
Impressões das VÍTIMAS e outras pessoas fora do rol de suspeitos;
PADRÃO DE CONFIRMAÇÃO
Impressões de SUSPEITOS.
[...]
CONFRONTO DE IMPRESSÕES
É o exame comparativo de duas ou mais impressõespapilares, geralmente o perito utiliza
o auxílio de instrumentos óticos como lupas, comparadores e ampliações fotográficas.
Duas impressões serão convergentes se apresentarem pontos característicos de mesmo formato, direção, sentido, posição
no campo papilar, posição relativa entre si e mesmo número de linhas separando-os. A identidade é estabelecida com base
na análise destas variáveis, em conjunto. (ARAÚJO, 2000)
O perito deve se atentar para algumas técnicas e procedimentos para realização do confronto, que segundo Araújo (2000).
1. Inicialmente, observa-se a configuração geral e a classificação primária das impressões
comparadas. Se possível, serão analisados outros elementos, como desenvolvimento
das linhas diretrizes, contagem de linhas, etc.
2. Ocorrendo divergências desses elementos será fornecido um parecer negativo de
identidade.
3. Persistindo as semelhanças, as regiões correspondentes serão analisadas através do
exame de dois ou três pontos característicos mais definidos na impressão questionada.
4. Procura-se, em seguida, os pontos correspondentes na impressão padrão. Tais pontos
devem apresentar a mesma natureza e posição no campo papilar.
5. Havendo coincidência desses pontos característicos, novos pontos serão selecionados e
analisados na impressão questionada, para comparação com outros existentes na
impressão padrão.
6. Caso estes pontos não sejam localizados, serão feitas novas tentativas com outros
pontos da impressão questionada.
7. Igualmente, serão examinadas possíveis distorções ou erros quanto à correspondência
de região papilar. Existindo discordâncias entres as impressões que não tenham
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explicações nas possíveis distorções pela diferença na técnica de coleta, tipo de tinta
empregada, ou papel de suporte, conclui-se que se tratam de impressões diferentes
entre si.
8. Sendo encontrados na impressão padrão, repete-se o processo até atingir um número de
pontos suficientes para o convencimento técnico do perito.
9. Nos Relatórios Técnicos estas coincidências deverão ser demonstradas por meio de
assinalamentos, por meio de linhas em formato de raios enumeradas em sentido horário.
Se os pontos não forem coincidentes, não haverá necessidade de assinalamentos.
Ampliadores ópticos, transparências, réguas, escalas e compassos são recursos que
podem auxiliar no exame de confronto.
Não existe um número mínimo de pontos característicos coincidentes, que permitam determinar a identidade da impressão
papilar. Isto porque o técnico, ao fazer o confronto das impressões, não observa somente a quantidade de pontos, mas
também a configuração do desenho quanto à raridade, o formato das linhas e até mesmo estrutura dos poros [...] esses
elementos são igualmente importantes e gozam dos princípios perenidade, imutabilidade e variabilidade. [...] Quanto mais
sinalética for a impressão e maior grau de visibilidade de sua estrutura de linha menor será a quantidade de pontos
característicos necessários à identificação. (ARAÚJO, 2000).
Segundo o Manual de Papiloscopia do Instituto de Identificação do Paraná, o especialista em papiloscopia tem
independência e autonomia para concluir o resultado seu trabalho:
Portanto, podemos afirmar que o especialista, baseado em seus conhecimentos técnico-
científico, poderá e deverá, se for o caso, afirmar que duas impressões ou fragmento de
impressões foram produzidas por uma mesma pessoa, mesmo com quantidades
mínimas de minúcias.
Ademais, vem afirmar, que a conclusão do especialista forense que realiza o confronto de impressão é feita por meio de
parecer e laudo técnico, os quais se fundamentam nos pontos característicos coincidentes ou divergentes, que irão auxiliar
o trabalho de investigação policial, identificando e elucidando muitos crimes de natureza desconhecida.
Outrossim, vejamos partes de um texto extraindo de um laudo papiloscópico, onde o perito faz a sua a conclusão: “pela
análise comparativa e exames nas estruturas morfológicas das impressões digitais apostas nos documentos examinados,
constataram os signatários que as mesmas apresentam pontos característicos coincidentes quanto à forma, direção e
sentido de suas estruturas de linhas formadoras do campo digital, de forma a tornar inequívoca a constatação de identidade
entre elas. Portanto, concluem os signatários que as impressões digitais apostas nos documentos examinados foram
produzidas pela mesma pessoa.” (Laudo do PPP MARCELO ORTEGA AMARAL, conforme Memorando 7085/2007 –
INTERPOL/DIREX/DPF, referente ao IP/SEGOP/TB/DOC).
Figura 23 – Confronto de impressões digitais, linhas vermelhas e numeradas visualizando coincidências entre duas
impressões.
Fonte: Laudo do PPP MARCELO ORTEGA AMARAL, conforme Memorando 7085/2007 – INTERPOL/DIREX/DPF, referente
ao IP/SEGOP/TB/DOC
Com a evolução da tecnologia, facilitou muito o trabalho da perícia papiloscópica. Há algumas ferramentas úteis e grátis
para baixar na internet, como o GIMP e o Fotoshop que podem ser usados para confrontar impressões digitais, são de
fáceis manuseios. São softwares com recurso de edição, tratamento e inversão de imagem, muitos utilizados no meio
policial.
SISTEMA DE IDENTIFICAÇÃO AUTOMATIZADA DE IMPRESSÕES DIGITAIS (AFIS)
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Segundo Márcico (2002), com o advento da informática foi possível adquirir uma resposta mais eficiente e satisfatória na
elucidação de crimes. Sabe-se que a identificação através das impressões digitais é extremamente eficiente e com o
emprego de recursos oferecidos pela informática, sua eficácia torna-se ainda maior.
O Sistema Automatizado de Impressões Digitais (AFIS) une a papiloscopia à informática de forma que agilize o processo de
identificação, promover sua ampla utilização e potencializar as vantagens inerente à identificação papiloscópica. As
pesquisas tiveram início na década de 60 nos Estados Unidos da América e rapidamente o sistema foi difundido e adotado
internacionalmente (SENASP, 2010).
A segunda função que pode ser executada pelo AFIS é a habilidade que ele tem de
procurar em seu banco de dados, impressões similares as cópias latentes encontradas
em locais de crime. Por exemplo: uma impressão digital é coletada de uma arma utilizada
em um crime. A cópia é trazida ao laboratório para ser confrontada com a base de dados
do AFIS. O computador seleciona as impressões que são similares para serem
examinadas pelo perito, isso tudo em questão de segundos e caso a identificação seja
confirmada, o crime poderá ser esclarecido em menos de um minuto. (MÁRCICO, 2002).
Para viabilizar a sua utilização, o processo automatizado deve ter capacidade de extrai minúcias de uma impressão papilar
com suficiente velocidade e precisão e comparar e identificar impressões papilares automaticamente a partir dos dados da
imagem gerada pelo dispositivo que extraiu as minúcias (SENASP, 2010).
O Instituto Nacional de Identificação, da Polícia Federal, desde 2004 possui o seu próprio Sistema AFIS. Além da Polícia
Federal, vários Institutos de Identificação vêm, ao longo dos anos, adquirindo sistemas para pesquisas em seus bancos de
dados civis e criminais. (SENASP, 2016). Ademais:
Módulo e características do sistema AFIS
O sistema AFIS é exclusivo para o trabalho com impressões digitais e promoveu uma
quebra de paradigma no contexto da Perícia Papiloscópica, uma vez que ocasionou a
substituição das pesquisas manuais 32 baseadas na classificação datiloscópica pelas
pesquisas automatizadas. A pesquisa tornou-se muito mais célere e o banco de dado
mais seguro.
O Sistema AFIS, como um bom sistema biométrico de reconhecimento de padrões que é,
possui os cinco módulos característicos desse tipo de sistema. Contudo, algum destaque
se faz necessário:
Aquisição: Com relação ao módulo de aquisição, ocorre que a impressãoa ser
reconhecida é digitalizada, o que pode ser feito via equipamento do tipo live scan, que
dispensa o uso de tinta e papel.
Transmissão: No que se refere ao módulo de transmissão, o Sistema AFIS pode ser
considerado como de rápida transmissão de dados. A título de exemplo, os Sistemas do
Instituto de Identificação de Brasília e do Mato Grosso do Sul transmitem as informações
em grande velocidade, permitindo o acesso instantâneo ao banco de dados e resultados
de pesquisas em alguns minutos.
Processamento: No módulo de processamento ocorre a chamada “extração de minúcias”:
uma representação digital do padrão é extraída da imagem, consistindo numa espécie de
mapa contendo uma distribuição geográfica de características da impressão.
Tomada de Decisão: Com relação ao módulo de tomada de decisão, o “mapa” derivado
da imagem digitalizada é comparado com mapas armazenados no banco de dados.
Armazenamento: A capacidade do módulo de armazenamento irá variar de acordo com a
população abrangida no banco de dados.
[...]
3.2 Buscas no sistema
Para a realização de uma busca no sistema, alguns filtros podem ser realizados
restringindo a busca, por exemplo, pelo tipo fundamental da impressão ou mesmo pelo
dedo específico (ex. polegar direito) que se deseja buscar no banco de dados.
Impressões latentes recuperadas de locais de crime, impressões coletadas de cadáveres
ignorados, bem como as impressões de indivíduos submetidos à identificação civil e
criminal são cotidianamente inseridas nos Sistemas AFIS mundo afora.
A partir de cada impressão inserida, é realizada uma pesquisa nos bancos de dados de
impressões digitais. Considerando a pesquisa com impressões digitais questionadas (de
locais de crime, cadáveres ou documentos de origem questionada), as pesquisas podem
ser conduzidas em bancos de dados civis (RGs - identificação civil), criminais (BICs –
identificação criminal) e, em diversas situações, nos bancos do Instituto Nacional de
Identificação, da Polícia Federal. Este último banco é alimentado por diferentes
processos de identificação em todo o território nacional. 33
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[...]
3.3 A comparação
Tipicamente, a comparação entre o “mapa” derivado da imagem digitalizada é realizada
com mapas armazenados no banco de dados e retorna com um placar quantificando as
similaridades entre as duas representações.
A presença de um Perito Papiloscopista é fundamental, seja na digitalização das
impressões e marcação das características, como no tratamento das imagens, tornando-
as legíveis para o sistema (Figura 18), ou mesmo na comparação com os candidatos
oferecidos pelo sistema biométrico.
Esse especialista emite um veredicto sobre a compatibilidade da impressão inserida com
aquela presente no banco de dados. Uma vez encontrada a compatibilidade e a pessoa
identificada possa figurar como suspeita no caso, o Laudo de Perícia Papiloscópica será
confeccionado.
Figura 24 – Diagrama ilustrando a etapa de processamento de imagens de impressões digitais.
Fonte: Senasp/MJ - 2004
A desvantagem é que o AFIS aponta uma lista de prováveis candidatos para uma impressão digital questionada, desse
jeito, para determinar a identidade de um indivíduo é necessária à análise final de um especialista em papiloscopia.
Nas palavras de MACICO (2002), um AFIS trabalha tanto com as impressões digitais completas quanto com fragmentos
encontrados em locais de crime. Através de algoritmos poderosos, um AFIS compara uma impressão digital, ou até mesmo
um fragmento de impressão, com milhões de outras impressões de um banco de dados, detectando uma ou mais
impressões similares para serem confrontadas pelo perito.
Figura 25 – Tela do AFIS mostrando o confronto entre duas impressões despois de efetuada a busca.
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Fonte: DPF/MJ/SENASP
O grande ponto negativo é que não há tanto interesse dos gestores público em implantar uma ferramenta tão eficaz na
solução de crime. O objetivo seria expandir em todos os institutos e coordenações de perícia, no entanto, as verbas
públicas são aplicadas em outros setores da segurança pública, e este sistema gera custo de instalação e manutenção. O
uso desta ferramenta ainda é restrito, poucos profissionais tem acesso. O ideal seria, depois de implantado, interligar com
os demais estados da federação, na troca de informações e compartilhamento dos bancos de dados, uma vez que, o crime
organizado não tem fronteira, o criminoso está sempre migrando para outras regiões do Brasil.
LESGISLAÇÃO APLICADA AO TEMA
Além da Constituição Federal de 1988, que abrange de forma geral esse tema, outras normas jurídicas são fundamentais
para assegurar a legitimada da prova pericial e garantir os princípios constitucionais.
Segundo o artigo 5º inciso LVIII, da Carta Magna “o civilmente identificado não será submetido à identificação criminal, salvo
nas hipóteses previstas em lei”.
É importante frisar que antes de efetuar a coleta de impressões digitais em pessoas vivas, os órgãos encarregados da
identificação civil deve seguir uma legislação. O processo de coleta de impressões digitais em ficha apropriada para a
identificação civil dará início quando o cidadão for emitir sua primeira Carteira de Identidade com foto. Cada Unidade da
Federal tem um instituto de identificação próprio responsável pela identificação civil. Segundo a Lei 7.116, de 29 de agosto
de 1983:
Art 1º - A Carteira de Identidade emitida por órgãos de Identificação dos Estados, do
Distrito Federal e dos Territórios tem fé pública e validade em todo o território nacional.
Art 2º - Para a expedição da Carteira de Identidade de que trata esta Lei não será exigida
do interessado a apresentação de qualquer outro documento, além da certidão de
nascimento ou de casamento.
 [...]
 Art 3º - A Carteira de Identidade conterá os seguintes elementos:
a) Armas da República e inscrição "República Federativa do Brasil";
b) nome da Unidade da Federação;
c) identificação do órgão expedidor;
d) registro geral no órgão emitente, local e data da expedição;
e) nome, filiação, local e data de nascimento do identificado, bem como, de forma
resumida, a comarca, cartório, livro, folha e número do registro de nascimento;
f) fotografia, no formato 3 x 4 cm, assinatura e impressão digital do polegar direito do
identificado;
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g) assinatura do dirigente do órgão expedidor.
§ 2º - A inclusão na Carteira de Identidade dos dados referidos neste artigo poderá ser
parcial e dependerá exclusivamente da apresentação dos respectivos documentos com
probatórios.
[...]
Art 6º - A Carteira de Identidade fará prova de todos os dados nela incluídos,
dispensando a apresentação dos documentos que lhe deram origem ou que nela tenham
sido mencionados.
[...]
Art 8º - A Carteira de Identidade de que trata esta Lei será expedida com base no
processo de identificação datiloscópica.
Art 9º - A apresentação dos documentos a que se refere o art. 2º desta Lei poderá ser
feita por cópia regularmente autenticada.
Art 10 - O Poder Executivo Federal aprovará o modelo da Carteira de Identidade e
expedirá as normas complementares que se fizerem necessárias ao cumprimento desta
Lei.
Emite-se a carteira de Identidade com base no processo de identificação datiloscópica. Além do polegar direito do indivíduo
que será coletado na planilha do documento de Identidade, serão coletados em ficha de identificação todos os dez
datilogramas da pessoa identificada, e depois arquivados. Essas impressões poderão ser utilizadas para diversos fins de
identificação, seja para identificação necropapiloscópica, identificação civil e criminal, seja para confronto com fragmentos
de suspeitos

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