LEI Nº 14.026/2020, DE 15 DE JULHO DE 2020 NOVO MARCO LEGAL DO SANEAMENTO BÁSICO http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm Objetivo da lei: atualizar o marco legal do saneamento básico. Nova meta para os prestadores: atendimento de 99% da população com água potável e de 90% da população com coleta e tratamento de esgotos até 31 de dezembro de 2033 (universalização dos serviços). Contratos em andamento possuem até 31 de março de 2022 para incluir as metas de universalização. Prestadores devem comprovar a capacidade econômico- financeira para atingir a meta de universalização, por meio dos requisitos do Decreto nº 10.710 (publicado em 31/05/2021). Alterações: 1. ANA passa a editar normas de referência Altera a Lei nº 9.984, de 17 de julho de 2000, para atribuir à Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico (ANA) a competência para editar normas de referência para a regulação dos serviços públicos de saneamento básico. Busca por maior padronização das normas do setor de saneamento, centralizando a ANA como principal agência regulamentadora. Essas normas deverão: I - promover a prestação adequada dos serviços; II - estimular a livre concorrência, a competitividade, a eficiência e a sustentabilidade econômica na prestação dos serviços; III - estimular a cooperação entre os entes federativos; IV - possibilitar a adoção de métodos, técnicas e processos adequados às peculiaridades locais e regionais; V - incentivar a regionalização da prestação dos serviços; VI - estabelecer parâmetros e periodicidade mínimos para medição do cumprimento das metas de cobertura dos serviços e do atendimento aos indicadores de qualidade e aos padrões de potabilidade, observadas as peculiaridades contratuais e regionais; VII - estabelecer critérios limitadores da sobreposição de custos administrativos ou gerenciais a serem pagos pelo usuário final; VIII - assegurar a prestação concomitante dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/lei/l14026.htm 2. Encerra a modalidade de contratos de programa Fim dos contratos de programa, firmados entre as companhias estaduais e os municípios sem prévio procedimento licitatório. Na nova lei, a abertura de licitação é obrigatória para os novos contratos. Contratos vigentes permanecem em vigor até o advento do seu termo contratual, desde que comprovada a capacidade econômico-financeira para atingir a meta de universalização. Os contratos vigentes podem ser transformados em novos contratos de concessão, desde que haja licitação para concessão dos serviços ou para alienação do controle acionário da estatal prestadora. O pretexto é estimular a livre concorrência e a competitividade entre empresas públicas e privadas de saneamento. A comprovação da capacidade econômico-financeira pode obrigar algumas empresas a interromperem a prestação dos serviços. 3. Regionalização dos serviços Os serviços poderão ser prestados na modalidade de prestação regionalizada, com vistas à geração de ganhos de escala e à garantia da universalização e da viabilidade técnica e econômico-financeira. Antes dessa lei, utilizava-se o sistema de subsídio cruzado. Nesse sistema, a rentabilidade das grandes cidades subsidiava os investimentos em cidades pequenas e menos rentáveis. Com a atualização da lei, a viabilidade passa a ser pela formação dos blocos de municípios. Esses grupos podem ser estruturados em: a) região metropolitana, aglomeração urbana ou microrregião: unidade instituída pelos Estados e composta de agrupamento de municípios limítrofes. b) unidade regional de saneamento básico: unidade instituída pelos Estados, constituída pelo agrupamento de municípios não necessariamente limítrofes. c) bloco de referência: agrupamento de municípios não necessariamente limítrofes, estabelecido pela União e formalmente criado por meio de gestão associada voluntária dos titulares. É facultativa a adesão dos titulares dos serviços públicos de saneamento de interesse local às estruturas das formas de prestação regionalizada. Apesar dessa adesão ser voluntária, serão priorizados os investimentos que viabilizem a prestação de serviços regionalizada. 4. Criação do Comitê Interministerial de Saneamento Básico (Cisb) Finalidade de assegurar a implementação da política federal de saneamento básico e de articular a atuação dos órgãos e das entidades federais na alocação de recursos financeiros em ações de saneamento básico. 5. Mecanismos de subsídios para populações de baixa renda As normas de referência de regulação tarifária estabelecerão os mecanismos de subsídios para as populações de baixa renda, a fim de possibilitar a universalização dos serviços. Os subsídios destinados ao atendimento de usuários determinados de baixa renda serão tarifários, quando integrarem a estrutura tarifária, ou fiscais, quando decorrerem da alocação de recursos orçamentários, inclusive por meio de subvenções; e internos a cada titular ou entre titulares, nas hipóteses de prestação regionalizada. O serviço de conexão de edificação ocupada por família de baixa renda à rede de esgotamento sanitário poderá gozar de gratuidade, ainda que os serviços públicos de saneamento básico sejam prestados mediante concessão, observado, quando couber, o reequilíbrio econômico-financeiro dos contratos. Para fins de concessão da gratuidade caberá ao titular regulamentar os critérios para enquadramento das famílias de baixa renda, consideradas as peculiaridades locais e regionais.