Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Sistema Urinário Na fase geriátrica da vida, as doenças renais se tornam muito frequentes. É necessário então conhecer a fisiologia do sistema renal e observar que além da idade, tratamentos para parasitas, neoplasias, entre outros também afetam os rins. Os rins são estruturas pares e se localizam no espaço retroperitonial, ou seja, logo após a 13ª costela. Os rins têm papel de filtro no organismo, eliminando substâncias tóxicas e sujidades. Posteriormente há um sistema de coleta e condução da urina até que seja exteriorizada. Os componentes são os URETERES, a VESÍCULA URINÁRIA e a URETRA. Logo, podemos concluir que a via urinária superior composta dos rins possui um papel extremamente importante quando comparada a via urinária inferior. Rim É importante lembrar que uma parcela importante do débito cardíaco será direcionada aos rins. Portanto, qualquer problema vascular ou cardíaco que afete o débito cardíaco pode afetar os rins já que recebe 25% do volume de sangue circulado e é essencial que esse sangue venha com pressão para facilitar a filtração. Por conta da alta pressão presente na aorta, há uma ramificação (artéria renal e arteríola aferente que se conecta no glomérulo) que limita a pressão arterial vinda da aorta e permite que a pressão adequada chegue ao néfron. Do ponto de vista venoso, o sangue é devolvido a veia cava. As glândulas suprarrenais (adrenais) têm papel importante no sistema renina angiotensina aldosterona já que produz aldosterona que age nos túbulos dos néfrons reabsorvendo o sódio. O hilo renal engloba a artéria renal, veia renal e pelve renal que desemboca nos ureteres. Está responsável por conduzir o volume renal para as vias coletoras até que a urina seja eliminada. O rim é envolto por uma cápsula fibrosa e resistente. A região renal mais próxima da cápsula, ou seja, periférica, é chamada de córtex renal e a região interna é denominada medula renal. Os néfrons estão inseridos tanto na região cortical como na medular. Em cadelas, os ureteres estão muito próximos dos cornos uterinos e em castrações o cirurgião, por engano, pode englobar o ureter no nó cirúrgico. Por conta disso, a urina se acumula na pelve renal e volta para o cálice e pirâmides. Essas regiões se dilatam e há intoxicação dos rins causando pielonefrite e perda do rim. Dependendo do tipo de agressão, os néfrons não conseguem se regenerar então acabam Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO se perdendo caso forem lesionados. Se a lesão não ocorrer em membrana basal, haverá possibilidade de regeneração, mas caso a membrana basal seja afetada haverá degradação do néfron. Com isso, os néfrons adjacentes fazem o papel que deveria ser feito pelo que degenerou sendo denominados “super néfrons” já que trabalharão a mais causando sobrecarga e degenerações renais. Na geriatria, a insuficiência renal em caninos e felinos é a doença que mais leva ao óbito, perdendo apenas para neoplasias. O número de néfrons é diferente em cada espécie. Os bovinos têm milhões de néfrons, portanto não é comum vermos doenças renais em bois. Do outro lado temos os felinos, que têm, em média 250 mil néfrons e apresentam maior quantidade de casos de insuficiência renal. Funções Renais O papel dos rins vai muito além de filtrar substâncias. Ele age também absorvendo e secretando substâncias permitindo que haja equilíbrio de água corporal evitando a desidratação além do controle dos eletrólitos. A partir dessas informações é possível observar a importância de um exame de urina, que, em muitos casos, é esquecido pelos clínicos. Um exame urinário evidencia tudo aquilo que os néfrons identificaram como partículas não boas, decidindo eliminá-las. Quando há alguma afecção que atinja os néfrons, muitas substâncias que seriam consideradas importantes, são eliminadas como proteína, glicose, água em excesso, entre outros. A homeostase no organismo do indivíduo também é mantida pelo trabalho dos rins por meio do controle da pressão arterial. Quando mais água é eliminada, menor é o volume de água corporal, logo menor é a pressão arterial nos vasos. O equilíbrio ácido base também é realizado pelos rins, uma vez que os néfrons têm a capacidade de manter ou eliminar o hidrogênio ou bicarbonato. Os rins também realizam neoglicogênese com o objetivo de armazenar energia para uso próprio e para que não haja um colapso e consiga trabalhar por mais tempo. Mesmo que outros tecidos estejam enfrentando escassez de glicose, o rim estará suprido por sua reserva pessoal. Em relação a hormônios, a renina e eritropoetina são produzidas nos rins. A renina é produzida no néfron, mais especificamente na arteríola aferente e tem papel importante na ativação da cascata e esse sistema é importante na regulação de sódio, água e pressão arterial. Também há a contribuição da renina para a ação do hormônio ADH (antidiurético) que é produzido no hipotálamo e armazenado na hipófise, mas que tem ação no túbulo fazendo absorção de água. A eritropoetina é produzida no parênquima renal e estimula a medula óssea a produzir células vermelhas que são importantes para reposição de hemácias ajudando em situações de hipóxia já que na hemácia há hemoglobina que carreia o oxigênio para as células. Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO A vitamina D é ativada no ambiente renal que é importante para absorção de cálcio intestinal. Um animal nefropata com deficiência de eritropoetina tende a apresentar mucosas hipocoradas por conta da baixa produção da eritropoetina. A retenção de sujidades em forma de nitrogênio é vista pela ureia e creatinina. Animais nestas condições apresentam náusea e consequentemente anorexia e perda de massa muscular. Por conta da eliminação excessiva de água pelos rins há poliúria, polidipsia compensatória e desidratação necessitando de fluidoterapia. A seguir há diferentes amostras de urina coletadas de animais. À esquerda vemos o pior quadro, onde a urina está extremamente transparente enquanto o mais à direita há uma amostra de um animal menos doente, onde ainda há sujidades e menos água. Os números abaixo das amostras mostram a densidade urinária. Para avaliar a normalidade que é, para cães, de 1,030. Quanto mais alto for o valor, mais concentrada é a urina e quanto menor o número, menor é a densidade e maior a quantidade de urina perdida. ARTERÍOLA AFERENTE é ramificação da artéria renal que por sua vez é ramificação da aorta caudal. Essa estrutura precisa conduzir o sangue com pressão para suas ramificações que são os CAPILARES GLOMERULARES. Esses capilares são do tipo fenestrado o que permite a filtração do sangue. Partículas filtradas serão extravasadas para fora dos capilares e se misturarão ao plasma desembocando na CÁPSULA DE BOWMAN que tem o papel de receber e conduzir as partículas filtradas aos túbulos do néfron. A ARTERÍOLA EFERENTE recebe o fluido que sobrou da filtração e as partículas mantidas nos capilares direcionando esse volume para os capilares que circundam os túbulos dos néfrons denominados CAPILARES TUBULARES / PERITUBULARES . A renina, produzida no néfron, é armazenada em grânulos na parede da artéria aferente. A localização da renina é muito estratégica já que a arteríola aferente possui receptores que detectam menor volume de sangue chegando em direção ao glomérulo, ou seja, menor pressão, haverá estímulo para liberaçãode renina e início da cascata promovendo a homeostase. Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Acima vemos um exemplar de néfron. É possível observar que algumas estruturas como a Cápsula de Bowman e Glomérulo estão restritamente no córtex renal enquanto outras como a Alça de Henle estão exclusivamente na medula renal. Isso se dá porque a medula renal é a região que permite que trocas ocorram a nível tubular. O Glomérulo tem a função exclusiva de filtrar o plasma sanguíneo e por isso está localizado no córtex renal enquanto os túbulos dos néfrons, quanto mais inseridos na medula, mais eficaz será sua ação de reabsorver e secretar substâncias não mais aproveitáveis. Na imagem a seguir vemos o néfron, visto longitudinalmente. Com essa visão, podemos observar a arteríola aferente desembocando no glomérulo em que há os capilares glomerulares responsáveis pela filtração do plasma sanguíneo. Saindo do glomérulo vemos a arteríola eferente que irá se ramificar em capilares tubulares que irão se entrelaçar aos túbulos do néfron permitindo a troca de substâncias, transitando do túbulo para o capilar e do capilar ao túbulo havendo melhor aproveitamento de substâncias importantes e secreção de sujidades. Isso é possível graças às bombas ATPases presentes no túbulo, processos de difusão, cotransporte, osmose e transportes de membrana que permitem o trânsito de substâncias. A quantidade de néfrons é variável conforme as espécies. Quanto menor a quantidade de néfrons, mais predisposição aquela espécie tem de desenvolver doenças renais. Todavia, vemos na clínica que os gatos têm uma melhor sobrevida quando comparados aos cães, se tratando de doenças renais. Isso se dá pelo tipo de néfron que tem grande influência nessa comparação. Há dois tipos de néfrons: os CORTICAIS e JUSTAMEDULARES. O néfron cortical está localizado no córtex e possui túbulos mais Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO curtos não avançando tanto para a medula. Já os néfrons justamedulares são mais compridos e com túbulos maiores, ou seja, há mais área disponível para trocas de substâncias entre capilares e túbulos. Os gatos, possuem prevalência de néfrons justamedulares, portanto, mesmo que desenvolvam doenças renais ainda conseguem manter as funções de absorção de água e eletrólitos quando comparados a outras espécies como os cães. Acima podemos ver a comparação entre os dois néfrons sendo o da direita cortical e o da esquerda justamedular. O Corpúsculo Renal, antes conhecido Corpúsculo de Malpigui é a estrutura formada pela Cápsula de Bowman e Glomérulo. Glomérulo Na imagem acima podemos ver a arteríola aferente com os grânulos de renina em sua parede. A arteríola aferente então se ramifica em capilares glomerulares que são fenestrados permitindo o turbilhonamento de sangue e extravasamento de plasma e substâncias para fora da fenestra. As substâncias caem direto na Cápsula de Bowman e vão direto para o túbulo contorcido proximal que possui vilosidades que aderem substâncias boas. Em casos de glomerulonefrite as fenestras se dilatam permitindo a passagem de mais partículas que podem ser perdidas. Lesões dos capilares também podem ocorrer, tornando-os ineficientes como fibroses. Poderá também haver diminuição das fenestras retendo partículas no leito vascular. A filtração também pode ser afetada pela PRESSÃO HIDROSTÁTICA (volume de água dentro dos vasos), ONCÓTICA / COLOIDOSMÓTICA (proteínas plasmáticas – ex: albumina) ou pela PRESSÃO EXERCIDA PELO CORPÚSCULO GLOMERULAR (Cápsula de Bowman + capilares glomerulares) que tem o papel de otimizar o processo de filtração. Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Essas três pressões trabalham de forma conjunta e, caso alguma delas seja afetada, o processo de filtração sofrerá alterações. Capilar Glomerular Na imagem acima podemos ver o exemplo de um capilar glomerular. A estrutura amarela semelhante a um queijo suíço representa o endotélio capilar, camada interna composta de fenestrações. A camada intermediária com uma coloração azul acinzentada representa a membrana basal, estrutura responsável pela viabilidade capilar. Já a terceira e última camada é o epitélio renal, onde encontramos os podócitos, estruturas responsáveis pela sustentação do capilar na Cápsula de Bowman. Endotélio Capilar é a primeira camada que reveste o vaso de dentro para fora. Esse capilar é repleto de fenestras e está em contato direto com o sangue. Há variabilidade no diâmetro conforme características de cada indivíduo e fases de vida dele. Entretanto, em casos de inflamações, as fenestras podem alargar permitindo a passagem de moléculas maiores que fisiologicamente não deveriam passar. Por outro lado, há casos de fibrose que ocasiona a oclusão das fenestras impedindo a passagem de substâncias e, consequentemente, a não filtração do plasma sanguíneo. As cargas elétricas negativas presentes no endotélio capilar impedem a passagem de proteínas já que cargas iguais se repelem. Membrana Basal é a camada intermediária dos capilares glomerulares e tem o papel nutricional e regeneração do néfron por ser rica em fibras colágenas e fibrilas proteoglicanas que também filtram água e pequenos solutos. Quando ocorre uma lesão de membrana basal, haverá morte do glomérulo e consequentemente dos néfrons. Já quando a membrana basal se mantém íntegra, a capacidade de regeneração será mantida. Epitélio Renal (podócitos) recobre a superfície externa do glomérulo e tem a função de sustentabilidade e manter a posição dos capilares no processo de filtração. São constituídos de cargas elétricas permitindo a atração ou repulsão de partículas facilitando o processo de filtração. Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO O processo de filtração consiste na passagem de plasma pelas fenestras, indo de encontro à membrana basal e posteriormente aos podócitos que estão separados por um espaço que é aberto por meio de hormônios ou proteínas que ativam reações químicas nos podócitos permitindo a abertura do espaço que antes estava fechado. Com a abertura do espaço, haverá a passagem de substâncias em direção ao Espaço de Bowman e posteriormente aos túbulos. As cargas elétricas negativas são constituintes naturais do capilar e dos podócitos. Isso é importante já que a albumina, importante proteína fisiológica possui carga negativa. Devido a igualdade de cargas, haverá repulsão impedindo a passagem dela pelas estruturas do capilar e, posteriormente seu descarte na urina já que no túbulo não há mecanismos que aproveitem essa proteína. Logo, mesmo a albumina tendo um peso molecular adequado para passar pela fenestra, sua carga a impede. A partir dessas informações, conseguimos perceber a importância de um exame urinário. Por meio da observação de proteínas, como albumina na urina de um paciente conseguimos concluir que há uma falha na filtração de substâncias evidenciando uma lesão renal. Além da carga negativa, o peso molecular das partículas também é importante visando sua passagem pelas fenestras dos capilares. Substâncias de peso molecular com até 7 mil a 70 mil Daltons conseguem passar pela fenestra e serem filtradas. Relação peso (Da) e filtração de partícula. A partir da análise da tabela, podemos ver que muitas partículas importantes conseguem passar pelos capilaresglomerulares. Para que essas substâncias não sejam eliminadas na urina, haverá atuação dos túbulos que realizarão reabsorção de algumas moléculas e secreção de outras. fenestras podócitos Membrana basal Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Quando o túbulo precisa reabsorver substâncias, é necessário que essas substâncias percorram um caminho composto por EPITÉLIO TUBULAR LÍQUIDO INTERSTICIAL CAPILAR PERITUBULAR. Esse transporte pode se dar por difusão, cotransporte, transporte ativo, osmose, entre outros. O túbulo contorcido proximal possui células com borda em escova, com o intuito de aderir substâncias. Para que haja secreção, são retiradas substâncias do capilar para dentro dos túbulos. O caminho então seria inverso: CAPILAR PERITUBULAR LÍQUIDO INTERSTICIAL EPITÉLIO TUBULAR direcionando essas partículas para a urina. A proximidade entre essas estruturas é de extrema importância permitindo essa interação. Agora que já entendemos essas informações, vamos descrever a função de cada estrutura especificamente para ampliar nosso conhecimento. Reabsorção O túbulo contorcido proximal possui um epitélio pregueado rico em microvilosidades garantindo a borda em escova responsável pela aderência de substâncias além de ser altamente permeável. Reabsorve 65% de glicose e 100% da glicose que consegue chegar até ele por difusão facilitada ou cotransporte. Aminoácidos e proteínas de baixo peso também são reabsorvidos, além de eletrólitos como cloro, bicarbonato, cálcio, potássio e sódio que é o mais absorvido dependendo da necessidade do organismo. É importante destacar que o Túbulo Contorcido Proximal é a única estrutura do túbulo capaz de reabsorver glicose, logo, se detectarmos glicose na urina, será possível concluir que há um problema nesse segmento. Todavia, há uma exceção de enfermidade associada com a presença de glicose na urina: a diabetes. Indivíduos com Diabetes Mellitus possui uma quantidade excessiva de glicose no sangue. Essa glicose vai para os néfrons que filtram e enviam para os túbulos que, por conta do excesso de glicose, acaba não conseguindo reabsorver tudo, portanto haverá descarte na urina. Com base nessas informações, é necessário um hemograma para detectar se há glicose excessiva no sangue indicando Diabetes e, se caso não for detectada veremos que é um problema tubular e novas investigações se farão necessárias. Secreção A secreção tem por finalidade eliminar partículas que não são mais necessárias como secreções de ácidos biliares, parte nitrogênica do metabolismo de proteínas, ureia, creatinina, catecolaminas, resquícios de fármacos, entre outros. Ao solicitarmos um exame de função renal, avaliaremos os valores de ureia e creatinina, que são resquícios do metabolismo proteico presentes no sangue. Fisiologicamente, esses metabólitos devem ser eliminados pelos rins. Se os valores Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO estiverem altos, mostra que a filtração está sendo ineficaz no processo. Os íons de hidrogênio também são secretados. Os carnívoros, geralmente, têm o sangue levemente ácido, então há acúmulo de hidrogênio que é controlado pelo sistema respiratório e o néfron, por meio da secreção de hidrogênio ou reabsorção de bicarbonato de sódio. A seguir temos um exemplo de uma célula com bordadura em escova, que reveste a parede doo túbulo contorcido próxima. Na região central correspondente ao meio do túbulo recebe substâncias que serão reabsorvidas e conduzidas para um capilar peritubular. Também há a secreção de substâncias para os segmentos seguintes que serão descartados pela urina. A Alça de Henle também é responsável pela reabsorção de substâncias, porém seus objetivos são diferentes do Túbulo Contorcido Proximal. Segmento Descendente As células que revestem a Alça de Henle, mais especificamente na porção descendente, têm a função de reabsorver água. Por conta disso, não há muita atividade metabólica, logo a célula é pobre em mitocôndrias. A célula dessa estrutura não tem bordadura em escova, as paredes não são tão próximas do lúmen que é mais cilíndrico contendo aquaporinas responsáveis pela reabsorção de água. Segmento Ascendente Esta porção é antagônica à porção descendente já que suas células são praticamente impermeáveis a água para que haja preservação de água no túbulo permitindo a condução até a uretra para que urina seja fluida. Por conter muitas bombas ATPases em suas células, sua principal função é reabsorver eletrólitos como sódio, cloro, potássio, magnésio e cálcio, além de secretar íons de hidrogênio. Acima temos um exemplo de uma célula 65% de água e sódio é reabsorvido aqui 20% de água é reabsorvida aqui Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO pertencente ao ramo ascendente da Alça de Henle. Podemos observar que é muito parecida com as células do túbulo contorcido proximal por conter as bordas em escova, além de ter mais atividade metabólica. De acordo com os anatomistas e embriologistas, o Túbulo Distal pode ser dividido em duas porções: SEGMENTO INICIAL e SEGMENTO DISTAL. Isso se dá por conta de características que diferenciam essas duas porções. Na porção distal há ação de um hormônio importante denominado Aldosterona além de absorver água e eletrólitos. Já a porção inicial atua com as mesmas características do ramo ascendente da Alça de Henle por ser impermeável a água e a reabsorção de eletrólitos. Porção Inicial do Túbulo Distal É, praticamente uma continuação da porção ascendente da Alça de Henle, mantendo a reabsorção de eletrólitos e a impermeabilidade a água. Todavia, há uma estrutura denominada MÁCULA DENSA que tem um papel fundamental no controle das reabsorções de água e de pressões. Porção Final do Túbulo Distal Neste segmento não há impermeabilidade a água, ocorrendo reabsorção de 5 a 10%. Há também atuação da Aldosterona que é produzida nas glândulas adrenais e age reabsorvendo sódio que atrairá água. Todavia, a Aldosterona tem como característica a secreção do potássio juntamente com o hidrogênio. Tem um papel importante na reabsorção de bicarbonato, evidenciando seu papel no equilíbrio em ácidos e bases. Além disso há A Furosemida é considerada um diurético de alça por impedir que as aquaporinas presentes no ramo descendente da Alça de Henle transportem água. Curiosidade Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO também absorção de outros íons como cloro. Uma particularidade do túbulo coletor é a reabsorção de uma parcela da ureia que, junto com o sódio, tem a função de manter o interstício medular concentrado. Um indivíduo com insuficiência renal não irá eliminar os compostos nitrogenados (ureia e creatinina) aumentando a concentração desses componentes no sangue. Quando somente a ureia está em concentração elevada no sangue, não significa que o problema é renal, uma vez que o aumento do consumo de proteínas e problemas intestinais também induzem esse aumento. Por outro lado, se somente a creatinina está aumentada no sangue ou tanto a creatinina quanto ureia estão em concentrações elevadas, devemos sim suspeitar de um quadro de insuficiência renal já que creatinina não deve ser reabsorvida pelos néfrons. O hormônio ADH (antidiurético ou vasopressina) age também no túbulo coletor.Esse segmento possui células com aquaporinas (transportadores de água) que na maior parte do tempo ficam fechadas, mas o ADH tem a função de abrir as comportas das aquaporinas permitindo a reabsorção de sódio juntamente com a água. A Hipófise é dividida em neurohipófise e adenohipófise. O ADH é produzido no hipotálamo e fica armazenado na neurohipófise. É liberado então para atuar no túbulo coletor e agir na abertura de aquaporinas. Pacientes que têm alguma doença na neurohipófise impedindo a liberação de ADH não haverá a ação no néfron, interferindo na absorção de 5% de água no túbulo coletor. Podemos pensar que é um valor baixo, mas Indivíduos nestes quadros apresentam poliúria podendo chegar à desidratação. Vemos isso em pacientes com Diabetes Insipidus Central em que não há produção de vasopressina, então o túbulo coletor não receberá a ação desse hormônio se tornando ineficiente. Se o paciente neste quadro não tiver acesso a água, pode chegar à morte por desidratação. Quando fornecemos ADH de forma medicamentosa ao paciente, há melhora do quadro clínico. Há uma exceção nesse tipo de diabetes (Diabetes Insipidus Nefrogênico), em que o problema se encontra no túbulo coletor que não possui receptor de vasopressina, logo não há reconhecimento desse hormônio. O volume excretado tem os resquícios metabólitos como ureia, creatinina, sais biliares, produtos da metabolização de fármacos, íons como hidrogênio. É importante destacar que na urina não deve conter glicose, proteína ou vitaminas já que são importantes componentes para o organismo. Quando pensamos na água, 85% da água é reabsorvida no túbulo proximal e porção Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO proximal da alça de Henle concentrando o volume de urina. No segmento distal da alça de Henle há absorção de solutos e impermeabilidade a água havendo diluição dessa água. A porção final do túbulo distal até o túbulo coletor reabsorve água e sódio novamente tornando a urina mais concentrada. Quando a creatinina está alta, há sinais de náusea, lesões de mucosa (boca, esôfago, intestino). Rotineiramente, um paciente renal deve passar pela fluidoterapia para hidratar e auxiliar os néfrons a eliminar tóxicos. Quando não surte mais efeito há a realização de hemodiálise (filtração mecânica de sangue) buscando dar qualidade de vida para o paciente renal. Nessa imagem podemos ver que todas as substâncias saem do túbulo em direção ao capilar peritubular. Exemplos são: água, aminoácidos, glicose e vitaminas. Passagem de substância pelo túbulo e o que ainda for para o capilar é secretado de volta ao túbulo para ser eliminada. Um exemplo são íons H+. Já essa imagem exemplifica a secreção de tóxicos e resquícios farmacológicos que chegam e já são destinadas ao túbulo e o que passa para o capilar peritubular é devolvido ao túbulo para ser excretado na urina. Aqui temos como exemplo a creatinina que funciona como um tóxico. É filtrada e excretada. Também pode ser a ureia (exceto no túbulo coletor em que há uma absorção parcial). A substância A ao chegar no túbulo vai direto para a urina sem ser reabsorvida. Sofre somente o processo de filtração. Podemos ter como exemplo a creatinina em todo o percurso e a ureia (com exceção do túbulo coletor). Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Já a substância B sofre tanto filtração como reabsorção. Temos como exemplo o sódio e a ureia no túbulo coletor. A substância C cai no túbulo e é completamente reabsorvida pelos capilares peritubulares. Podemos dar como exemplo a glicose, vitamina, aminoácidos, proteínas de baixo peso molecular que não podem ser eliminados na urina. Em casos de Diabetes Melittus, há eliminação de glicose pela urina devido o excesso desse componente. A substância chega pela arteríola e uma parcela é eliminada. O que ainda ficou no leito vascular é eliminado para o túbulo. Podemos dar como exemplo o hidrogênio, tóxicos, resquícios farmacológicos, potássio que é eliminado no túbulo distal devido a ação da aldosterona. É um conjunto de componentes (ARTERÍOLAS AFERENTE E EFERENTE + MÁCULA DENSA que se encontra no túbulo contorcido distal + CÉLULAS MESANGIAIS que mantém as arteríolas juntas com a mácula densa presente no túbulo distal) atuando na correção da taxa de filtração, quando necessário. Na imagem acima podemos observar que a porção inicial do túbulo contorcido distal passa entre as arteríolas aferente e eferente. A porção roxa evidenciada em 4 que está em contato com as arteríolas é a mácula densa. As células da mácula densa têm uma característica própria que é reconhecer e receber, por difusão, o sódio que chegou até aquela porção do túbulo. O reconhecimento do sódio pelas células da mácula densa é fundamental, uma vez que a informação da chegada desse componente será passada paras as arteríolas aferente (principalmente) e eferente que, por meio de neurotransmissores, farão constrição. Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Se há elevada quantidade de sódio chegando até a mácula densa, podemos suspeitar de falha nos segmentos anteriores do túbulo ou hipertensão. Néfrons submetidos a quadros de hipertensão receberão o sangue com uma pressão elevada no momento de filtragem, o que irá danificar o glomérulo fazendo com que haja filtração mais rápida do que o ideal. Dessa forma, muitos componentes poderão ser perdidos já que os segmentos terão menos tempo para realizar reabsorção de substâncias. Já em quadros de hipotensão, os néfrons irão receber o sangue com uma pressão menor o que irá impactar diretamente na filtração, uma vez que é necessária uma pressão adequada para empurrar substâncias pelos capilares glomerulares. Os segmentos subsequentes não receberão quantidades adequadas de substâncias para que haja a reabsorção e secreção. Quando um paciente com insuficiência renal, retendo creatinina e perdendo quantidades exacerbadas de água por meio da urina é submetido a fluidoterapia haverá hidratação e aumento de volume e pressão de líquido que chegará aos néfrons, aumentando a taxa de filtração e eliminação de sujidades. Podemos concluir então que quando há desidratação haverá menor filtração glomerular assim como em hipertensão. Pacientes cardiopatas fazem tratamento com diuréticos que, a longo prazo, podem desidratar o paciente, dessa forma haverá menor taxa de filtração e eliminação de menos toxinas podendo causar danos renais. A mácula densa age promovendo vasoconstrição da arteríola aferente e eferente com o objetivo de regular a taxa de filtração, para que, mesmo que haja um equilíbrio em ambiente extra renal, os rins não sejam afetados. Isso contribui muito em casos de hipotensão, permitindo que a pressão aumente, mesmo que tenha menor volume. Com a pressão adequada haverá melhor capacidade de filtração e demais processos. Ao dilatar a luz das duas arteríolas a pressão irá diminuir e o volume irá aumentar. Todos os processos realizados na mácula densa é para que a filtração seja realizada de forma adequada, mantendo o equilíbrio daquele local mesmo que outras partes do organismo estejam em colapso. O poder contráctil da arteríola aferente é chamado Reflexo Miogênico. Já quando há a resposta da arteríola aferente que contrai dependendo da concentração de sódio nos túbulos renais é denominado Feedbacktúbulo glomerular. As células que estão presentes na parede da arteríola aferente são chamadas de células justaglomerulares, que, por meio de barorreceptores liberam renina e fazendo com que a pressão aumente. Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO Uma das primeiras complicações é o aumento das concentrações das toxinas urêmicas no sangue, sendo representadas pela creatinina e ureia. Esse aumento gera a sintomatologia característica. Além disso, também haverá acúmulo de resquícios farmacológicos, ácidos e fosfatos, principalmente o fósforo. Na urina desse paciente haverá mais sódio e água que o normal devido a falha na reabsorção de substâncias podendo gerar uma importante desidratação que irá descontrolar a pressão arterial. Por conta da não eliminação de sódio e retenção de bicarbonato pode gerar acidose metabólica levando o paciente a óbito. O padrão da disfunção renal é a evolução lenta. Quando o diagnóstico é precoce, há possibilidade de melhorar a qualidade de vida do animal, mas a cura ainda não é uma possibilidade. Os rins também são considerados órgãos endócrinos, uma vez que produz a renina que é armazenada na arteríola aferente, nas células justaglomerulares, ativando o Sistema Renina Angiotensina Aldosterona que será liberada quando houver diminuição da pressão. Outro hormônio produzido é a eritropoetina, produzido pelos fibroblastos e agem estimulando a medula óssea a produzir hemácias. A vitamina D é ativada no rim pelo paratormônio (PTH) e agirá atuando na absorção de cálcio pelo intestino. Quando há quadros de insuficiência renal, o cálcio não será absorvido, uma vez que a vitamina D não estará ativa. Sistema Renina Angiotensina Aldosterona (SRAA) No néfron, na arteríola aferente existem barorreceptores que detectam queda da pressão. Então há estímulo realizado pelas células justaglomerulares que farão vasoconstrição aumentando a pressão. A renina presente na arteríola aferente do néfron vai até o hepatócito e transforma Angiotensinogênio em Angiotensina I que ganhará circulação sanguínea até chegar nos pulmões, onde encontrar a ECA (Enzima Conversora de Angiotensina) que irá transformar angiotensina I em angiotensina II que irá atuar de três formas: promovendo vasoconstrição de arteríola eferente controlando a pressão; libera ADH na neurohipófise, que irá até as aquaporinas permitindo que haja aumento da reabsorção de água; estimulará a liberação de aldosterona pelas adrenais que também vai até o néfron, especificamente no túbulo distal, promovendo a reabsorção de sódio que atrairá a água aumentando o volume de sangue e, consequentemente a pressão arterial. A vitamina D começa a ser ativada por raios ultravioletas ou por meio de alimentos gerando o Cholecalciferol que irá até o fígado e por meio de uma enzima, haverá hidroxilação formando Calcidiol que Fisiologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESTE CONTEÚDO irá até o rim e sofre nova hidroxilação formando o Calcitriol). Um animal não necessita dos raios ultravioletas para começar esse processo que se iniciará pelo cholicalciferol e o rim irá ceder o ambiente para que a vitamina D fique ativa. Osteodistrofia Renal Fisiologicamente há dois íons de cálcio para um íon de fósforo. Quando o néfron para de excretar o fósforo há acúmulo desde íon e haverá necessidade de aumentar a quantidade de cálcio. Haverá então a reabsorção óssea para aumentar os níveis de cálcio no sangue. Os ossos, por sua vez, perderão cálcio, principalmente os ossos da face (mandíbula, maxila e até mesmo da estrutura dentária) – mandíbula de borracha. Os ossos desses pacientes se mostrarão mais fracos. O cálcio circulante pode calcificar tecidos, pulmões, néfrons etc. Já que nesse quadro a vitamina D não estará ativa, então não haverá condução de cálcio para os ossos. Regulação de pH Por meio do controle de hidrogênio e bicarbonato dos túbulos é a forma mais inteligente que os néfrons têm para equilibrar o pH. Conceitos e Definições Aumento de nitrogênio no sangue em forma de creatinina e ureia, denominamos azotemia podendo ser causada por insuficiências renais. Azotemia pré renal ocorre quando há redução do volume circulatório renal e, consequentemente a taxa de filtração glomerular também é afetada, fazendo com que não seja eliminada todas as toxinas em forma de ureia e creatinina. Azotemia renal ocorre em casos de disfunção renal fazendo com que haja o acúmulo dos compostos nitrogenados. Azotemia pós renal ocorre em pacientes obstruídos das vias urinárias inferiores fazendo com que as substâncias fiquem retidas, e, caso a pressão na bexiga seja alta, haverá uma reabsorção de toxinas pelos capilares sanguíneos. Ureia e creatinina são compostos nitrogenados tóxicos para o organismo, podendo causar lesões e ulcerações podendo chegar a necrose tecidual como necrose de ponta de língua, úlcera de cavidade oral, lesões de esôfago, estômago e intestino, sendo tóxica em mucosas no geral. Os animais apresentam-se nauseados e com dor por conta das lesões. Alguns animais podem chegar a convulsionar. Quando a azotemia começa a manifestar sintomas, dizemos que o paciente está em síndrome urêmica ou uremia (manifestação clínica devido ao acúmulo de nitrogênio). Todo paciente azotêmico pode evoluir para uremia, porém, todo paciente urêmico obrigatoriamente é azotêmico.
Compartilhar