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O IMPACTO DA PANDEMIA DO COVID-19 NAS RELAÇÕES INTERNAS DO BRICS INTRODUÇÃO Em meio ao novo cenário de alerta mundial com a pandemia do Coronavírus, as relações entre os Estados no Sistema Internacional foram diretamente afetadas; com uma crise de saúde generalizada, os líderes estatais foram obrigados a priorizar suas políticas internas de saúde, deixando assim sua política externa em “segundo plano”. Tal circunstância não foi diferente dentro dos blocos econômicos, onde - em diversos casos - houveram discordâncias tanto da abordagem, quanto ao combate ao Covid-19 - dentro de seus respectivos territórios - e isso não foi diferente entre os países pertencentes ao BRICS. Com sua formação atual formalizada em 2011, o BRICS adotou políticas de saúde dentro dos países do bloco, onde os mesmos investiram em diversos setores internos de desenvolvimento - relacionados ao bem-estar social e saúde pública -, além de também criarem o Novo Banco de Desenvolvimento - NBD - como forma de incentivar o avanço dos países do Sul. Contudo, assim como outros blocos econômicos, as relações dentro do BRICS foram impactadas após a pandemia atingir o Sistema Internacional, desde conflitos externos - entre China e Estados Unidos -, até desentendimentos internos causados por alinhamentos ideológicos - Bolsonaro e Trump -. Com tais circunstâncias, ademais o foco no combate interno dos Estados contra o vírus, surge a possibilidade de uma separação do bloco econômico. Neste ensaio, será apresentado como as políticas internas de luta contra o coronavírus do Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul afetaram sua política externa dentro do conjunto de nações, bem como a atuação do Novo Banco de Desenvolvimento no Sistema Internacional e seu impacto dentro do BRICS. COVID-19 DENTRO DO BRICS Enquanto que, em sua maioria, os líderes dos países do bloco não tardaram a se precaver contra o alastramento do vírus em seu território, o presidente brasileiro demonstrou ser negacionista quanto a gravidade da situação; muitas vezes se pronunciando contra as recomendações da OMS, o mesmo foi um dos grandes responsáveis pelo rápido alastramento da doença dentro do território brasileiro. Tendo um alinhamento ideológico com o - até então - presidente Trump, em diversos momentos ainda em 2020, Bolsonaro reproduziu os gestos e pronunciamentos negacionistas do líder norte-americano, resultando assim em um número elevado de infectados dentro dos respectivos Estados, levando-os ao topo da lista dos países com mais casos de Covid-19 no globo. Ao mesmo tempo em que os líderes permaneciam ativos publicamente quanto às ações - ou falta delas - implementadas nos territórios, Putin permaneceu “escondido” dos olhos globais durante os primeiros meses da pandemia. Decretando o fechamento das fronteiras com a China e demorando um mês para implantar as medidas de contenção do vírus - essas sendo em sua maioria, falhas -, também não demorou para que o Covid-19 se alastrasse pelo território russo e, em poucos meses - juntamente com o Brasil -, a Rússia estava entre os países com mais casos registrados. Contudo, mesmo com uma situação precária no seu sistema de saúde e após perder a confiança de outros atores ao mascarar grande parte dos casos no primeiro semestre de 2020, a nação teve um grande investimento no desenvolvimento da ‘Sputnik V’, abrindo assim, a possibilidade de uma maior relevância futura do Estado no Sistema Internacional. Sendo o epicentro do Coronavírus, o governo chinês foi rápido em implementar medidas de contenção do vírus em seu território e, ao contrário de outros líderes ocidentais, as providências exigidas pelo chefe de Estado quanto a seu povo foram extremamente rígidas, tornando-se assim, um modelo a ser seguido por outros países. Quanto a situação na Índia e África do Sul, ambas regências foram rápidas em exigir o lockdown, além de - no caso indiano - também inserir sistemas de vigilância quanto aos novos casos, entretanto, a rápida flexibilização e a falta de recursos médicos, fez com que os dois países ficassem entre os mais atingidos - com a Índia ficando atrás somente do Brasil e Estados Unidos em termos estatísticos. Além do esgotamento de suprimentos hospitalares na maioria dos Estados, a economia também foi outro setor fortemente atingido pela pandemia; com exceção da China - que teve um crescimento no PIB de 2020 -, o restante das nações teve uma queda significativa no PIB, além de também terem uma alta no número de desemprego, resultando em uma queda no mercado interno. Em uma corrida para recuperar suas respectivas economias, três das cinco potências passaram a produzir e testar vacinas, levando a certa competitividade entre os Estados membros; com a possibilidade de obter mais poder no Sistema Internacional, Rússia, Índia e China - além de outras potências européias - aceleraram o processo de fabricação e inserção dos imunizantes no mercado internacional, resultando assim, em diversas parcerias bilaterais entre os países e maior possibilidade de crescimento econômico futuro. Ao passo que a situação interna de cada país se tornava mais grave, as relações dentro do bloco ficaram em segundo plano, porém, as atitudes dos governos centrais perante o Coronavírus não passou despercebida pelos chefes de Estado e, com algumas atitudes divergentes quanto ao combate do vírus, houveram casos de hostilidade entre os regentes. Com um relacionamento pouco amistoso entre os governos norte-americano e chinês, o alinhamento ideológico de Bolsonaro com Trump causou grande antipatia entre os líderes do Brasil e China - em sua maioria causados por falsas acusações tanto de Trump, quanto de Bolsonaro, acerca da origem e disseminação do vírus vindo da potência asiática -. Porém, com a mudança no governo - e na ideologia - norte-americano no início de 2021, o presidente brasileiro se reaproximou - também por questões ideológicas - de Putin, sendo esse outro regente dentro do bloco. Ademais a essa adversidade, se pode acrescentar o caso sino-indiano, onde a disputa por fronteiras levou a relação de ambos a um estado de desconfiança mútua; Contudo, embora haja tanto antipatias internas, quanto uma ampliação dos acordos bilaterais, além do foco nos setores internos de cada território, o Novo Banco de Desenvolvimento investiu fortemente não somente nos Estados pertencentes ao bloco, como também emitiu títulos de grande valor no mercado internacional - mantendo assim, sua proposta inicial de ampliar sua base de investidores -. Com o apoio financeiro, os membros foram capazes de investir - cada um de diferente maneira - no âmbito interno e, com o que foi investido no setor externo - como assistência ao combate do Covid-19 - o agrupamento foi capaz de chamar atenção do Sistema Internacional para ações futuras do NBD. CONCLUSÃO Apesar das diferentes abordagens acerca do combate ao vírus em seus territórios e das diversas hostilidades causadas tanto por alinhamentos ideológicos, quanto por disputas de fronteiras, o esforço coletivo dos países resultou em uma importante atuação do NBD no plano internacional e, embora três dos cinco países estejam entre as cinco nações mais afetadas pelo vírus - sendo o Brasil em segundo, Índia em terceiro e Rússia em quinto, respectivamente -, todas já possuem acordos e planos de imunização de sua população, além de também terem desenvolvido imunizantes eficazes no combate à pandemia. Embora todos tenham promovido cooperações internacionais para pesquisa e investimento em tecnologia contra o Covid-19 durante a pandemia, as relações entre os membros do BRICS deixaram de ser multilaterais e passaram a ser bilaterais, resultando em um “afastamento” entre os países do agrupamento. Contudo, apesar das recentes perspectivas de uma possível separação do bloco, os esforços coletivos dentro do Novo Banco de Desenvolvimento mostraram que, mesmo que cada líder Estatal tenha suas prioridades dentro de seus territórios, o grupo ainda mantém seu principal objetivo de investimento no desenvolvimento de políticasde bem-estar social e saúde pública. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS The role of intergovernmental relations in response to a wicked problem: an analysis of the COVID-19 crisis in the BRICS countries (O papel das relações intergovernamentais em resposta a um problema perverso: uma análise da crise da COVID-19 nos países do BRICS). Acesso em 07/04/2021. Disponível em: https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122021000100243&lang= pt Os BRICS e a COVID-19: Combate à pandemia e cooperação internacional. Acesso em 07/04/2021. Disponível em: https://www.ufrgs.br/nebrics/os-brics-e-a-covid-19-combate-a-pandemia-e-cooperacao-intern acional/ BRICS: potencialidades de cooperação e papel na governança global de saúde no contexto da pandemia (BRICS: potential for cooperation and role in global health governance in the pandemic frame). Acesso em 07/04/2021. Disponível em: https://mediacdns3.ulife.com.br/PAT/Upload/2794091/SaudeemDebate_n.Especial_4dez.202 0_20210222032310.pdf https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122021000100243&lang=pt https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0034-76122021000100243&lang=pt https://www.ufrgs.br/nebrics/os-brics-e-a-covid-19-combate-a-pandemia-e-cooperacao-internacional/ https://www.ufrgs.br/nebrics/os-brics-e-a-covid-19-combate-a-pandemia-e-cooperacao-internacional/ https://mediacdns3.ulife.com.br/PAT/Upload/2794091/SaudeemDebate_n.Especial_4dez.2020_20210222032310.pdf https://mediacdns3.ulife.com.br/PAT/Upload/2794091/SaudeemDebate_n.Especial_4dez.2020_20210222032310.pdf Johns Hopkins University & Medicine. COVID-19 Dashboard by the Center for Systems Science and Engineering (CSSE) at Johns Hopkins University (JHU). Acesso em 08/04/2021. Disponível em: https://coronavirus.jhu.edu/map.html https://coronavirus.jhu.edu/map.html
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