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ISABELLE MOREIRA GOIANA ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 1ªEdição 2017 SUMÁRIO Palavra do Professor autor Sobre a autora Ambientação à disciplina Trocando ideias com os autores Problematizando Unidade I: FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA Evolução histórica e principais autores A evolução da administração estratégica como área de estudo Conceitos de administração estratégica e estratégia As características das decisões estratégicas O processo de administração estratégica e suas etapas Unidade II: MÉTODOS DE PLANEJAMENTO Planejamento Estratégico Tipos de planejamento Planejamento estratégico e suas características Planejamento tático Planejamento operacional Unidade III: AS CONCEPÇÕES DO AMBIENTE DE NEGÓCIO A organização do Ambiente de Negócio Ambiente geral externo ou macroambiente Análise do macroambiente: modelo PESTEL A construção de cenários Indústrias e setores Unidade IV: GESTÃO ESTRATÉGICA A Importância da Gestão Estratégica A posição estratégica Escolhas estratégicas A estratégia em ação O desenvolvimento da administração estratégica nas organizações Unidade V: FORMULAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE ESTRATÉGIAS Formulação de estratégias Formulação de estratégias: dados da análise do ambiente Formulação de estratégias organizacionais Critérios de seleção e restrições na formulação de estratégias Implementação de estratégias Visão corporativa sobre as estratégias Questões na formulação e na implementação de estratégias Implementar as estratégias e avaliar os resultado Unidade VI: ESTRATÉGIAS CORPORATIVAS Os Tipos de Estratégias Corporativas Técnicas de estratégias corporativas A diversificação como estratégia corporativa Integração vertical Explicando melhor com a pesquisa Leitura Obrigatória Saiba mais Pesquisando com a Internet Vendo com os olhos de ver Revisando Autoavaliação Bibliografia Bibliografia Web Vídeos Palavra do professor Caro estudante, É com satisfação que apresentamos a disciplina de Administração Estratégica do curso de Administração. Durante o estudo você terá a possibilidade de compreender os principais conceitos e definições da administração estratégica abrangendo a sua evolução como área de estudo e analisando a importância da gestão estratégica para o sucesso das empresas. Pensando em fornecer uma visão geral sobre o assunto a ser estudado, elaboramos esse material para estimular seu raciocínio, seu espírito crítico e sua preocupação com as questões relativas à Administração Estratégica. Utilizamos uma linguagem clara e acessível, dosando o aprofundamento cien- tífico pertinente e compatível com as propostas curriculares estabelecidas para sua formação de Administrador. Nosso engajamento em oferecer-lhe um excelente material de estudo foi de grande importância. Almejamos que o material didático possibilite a compreensão do conteúdo resultando em uma aprendizagem significativa. Sejam muito Bem vindos! Sobre a autora ISABELLE MOREIRA GOIANA. Mestranda em Ciências da Educação, Especialista em Consultoria Organizacional e Desenvolvimento Humano pelo Centro Universitário Estácio do Ceará, Graduada em Administração de Empresas pela Universidade de Fortaleza - UNIFOR. Professora Universitária no curso de MBA em Gestão de Projetos e nos Cursos de Graduação em Administração, Marketing, Recursos Humanos e Processos Gerenciais. Consultora Empresarial, Palestrante e Instrutora de cursos de capacitação nas áreas de Liderança e Empreendedorismo, Vendas e Atendimento, Recrutamento e Seleção e Rotinas Administrativas. Ambientação à disciplina Prezado aluno, Esta disciplina tem por objetivo apresentar os principais conceitos referentes à administração estratégica e como aplicá-los. Sua estrutura é baseada no processo estratégico, apresentando como a estratégia é concebida (formulada) para, então, ser desdobrada e operacionalizada (implantada), controlada e aprimorada. Nenhuma outra área do ensino e da prática profissional da administração tem sido tão celebrada nos dias atuais quanto a Estratégia. Em cursos de graduação ou de pós-graduação, estratégia tem sido uma palavra obrigatória para adjetivar a gerência de excelência, seja aquela correspondente aos níveis hierárquicos de direção geral, ou mesmo a gerência funcional, como, por exemplo, a administração de Recursos Humanos ou de Finanças. Neste sentido, entendemos que uma das maiores contribuições que a área de Estratégia Empresarial pode oferecer para a formação do gestor seja a de prover-lhe uma nova maneira de enxergar o mundo dos negócios, bem como a maneira pela qual ele lida com as diferentes práticas de gestão exigidas pelo atual contexto. Esperamos que, com esse material, você tenha a oportunidade de conhecer e dominar os processos de administração estratégica e os seus impactos nas organizações. Bons estudos! Trocando ideias com os autores Agora é o momento em que você vai trocar ideias com os autores das obras indicadas. A metodologia apresentada neste livro foi consolidada pelo autor como resultado de aplicações em empresas. Essa metodologia estruturada, interligando os aspectos estratégicos, táticos e operacionais da empresa, mostra que o planejamento estratégico é algo prático que auxilia o executivo em seu processo decisório, bem como contribui para a alavancagem dos resultados da empresa. Em dez capítulos, o livro apresenta desde os conceitos básicos e os tipos de planejamento descrevem e analisam os detalhes de cada uma das fases do planejamento estratégico, até concluir com dicas para que o executivo possa melhor operacionalizar o planejamento estratégico na empresa. OLIVEIRA, DJALMA DE PINHO REBOUÇAS DE. Planejamento estratégico: conceitos, metodologia e práticas. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 335 p. Atualizada, a obra recebeu a inclusão de conceitos amplamente discutidos nos dias de hoje, como competitividade e competências essenciais, criação de valor, responsabilidade social, sustentabilidade, inovação, ética e governança corporativa, dentre outros que fazem parte da agenda do administrador moderno. Este livro mostra os caminhos para o sucesso organizacional por meio da administração. O desenvolvimento de uma nação, de um estado federativo, município ou de organizações em geral e empresas em particular, passa necessariamente pela Administração. CHIAVENATO, IDALBETO. Administração: teoria, processo e prática. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier-Campus, 2007. 411 p. GUIA DE ESTUDO: Analise os dois livros e faça uma síntese fazendo um paralelo nas duas obras e relacionando com o assunto abordado nessa disciplina. Em seguida disponibilize no ambiente virtual. Problematizando A estratégia é um dos fatores primordiais para o sucesso de uma empresa, para que os objetivos sejam alcançados se faz necessário que sejam tomadas decisões estratégicas, cujo resultado desejado depende da combinação de escolhas dos tomadores de decisão. Guia de Estudo: Tendo como informação a afirmativa acima, mostre seu ponto de vista e conhecimento, apontando os fatores necessários para se alcançar um bom desempenho empresarial. FUNDAMENTOS DA ADMINISTRAÇÃO ESTRATÉGICA 1 CONHECIMENTO Conhecer os conceitos e definições da administração estratégica; Compreender a sua evolução como área de estudo. HABILIDADES Reconhecer a importância do processo de administraçãoestratégica para as organizações. ATITUDES Aplicar as habilidades para liderar a empresa de forma estratégica, perseguindo os objetivos e metas da organização. Evolução histórica e principais autores Na sua origem, a palavra estratégia deriva do grego strategos que se referia, inicialmente, a um papel (um general no comando do exército). Posteriormente passou a significar “a arte do general”, ou seja, as habilidades dos militares em comandar e definir as ações das tropas, designando o caminho da vitória em uma guerra. Figura 1 – A origem grega da palavra estratégia Nos dicionários, a palavra estratégia é definida com referências relacionadas a situações políticas, guerras ou jogos, também está ligada a dois ou mais competidores que disputam o mesmo objetivo. Essa disputa ocorre também no mundo dos negócios e, como na versão militar, a estratégia empresarial é fortemente influenciada por quem lidera a empresa, ao perseguir objetivos e um conjunto de ações. Para a estratégia se efetivar era preciso alguém responsável pelo seu público, escolhido no meio da sociedade e que possuísse competências estratégicas, disposto a assumir a frente do exército. O general é responsável por múltiplas unidades em múltiplas frentes e por múltiplas batalhas ao longo do tempo. Conduzir estrategicamente uma organização traz desafios semelhantes: múltiplas frentes de atuação, múltiplos concorrentes, múltiplos desafios e a necessidade de gerenciá-los, como todo, ou seja, de maneira integrada. • Stratós/stratia • Stratéia • Strategeo • Strategós • Strategia • Exército acampado; • Expedição/campanha; • Liderar como um general; • Comandante de exército; • Qualidade e habilidade do general; Em 400 a.C, na China, o general, filósofo e estrategista do Rei de Wu, Sun Tzu, escreveu “A Arte da Guerra” que ensina estratégias de combate e táticas de guerra. Nesse manual militar, Sun Tzu além de explicar estratégias de luta, também fala a respeito da importância de se avaliar o campo de batalha, da postura que o general deve tomar e como disciplinar os soldados, da honra, moral e ética, pois pra ele, não basta apenas treinar o físico do soldado, deve-se também se treinar seu caráter e sua mente. A primeira unidade é dedicada à importância da estratégia. Sun Tzu afirma que a disciplina é um dos fatores fundamentais para o comando, pois um líder indisciplinado não gera confiança e respeito em seus subordinados. Sun Tzu acreditava que a força moral e as faculdades intelectuais do homem eram decisivas na guerra e ainda que, se estas fossem corretamente aplicadas, a guerra seria levada a cabo com sucesso, nunca devendo ser efetuada impensada ou grosseiramente, mas sempre precedida de medidas que a tornassem fácil de vencer. No ocidente, há inúmeros pensadores militares, mas a inovação do pensamento vem de Von Clausewitz (1780-1831). Em sua obra On War, Clasusewitz procurou substituir a visão estabelecida de estratégia militar por um conjunto de princípios flexíveis para reger o pensamento a respeito de guerra. Enquanto seus predecessores viam estratégia como uma atividade de resolução de problemas, ele afirmava que era ilimitada e criativa, devido às tensões e contradições inerentes à guerra como atividade humana e social. A evolução da administração estratégica como área de estudo A estratégia como disciplina da administração é relativamente nova, se comparada com outras disciplinas, é considerada disciplina acadêmica a partir da segunda metade do século XX. Segundo Barney e Hesterly (2007), o ensino da administração estratégica teve sua forma definida pela primeira vez após a Fundação Ford e a Carnegie Corporation patrocinarem, nos anos 1950, uma pesquisa sobre os currículos das escolas de administração norte-americanas. Um resumo dessa pesquisa, chamada de Relatório Gordon-Howell, recomendou que o ensino de administração tivesse uma natureza mais ampla e incluísse um curso de capacitação na área de política de negócios. O relatório Gordon-Howell conseguiu ampla aceitação. Por volta dos anos 70, o curso fazia parte do currículo de muitas escolas de negócios. Entretanto, com o passar do tempo, o enfoque inicial do curso foi ampliado, incluindo a consideração da organização global e seu ambiente. A partir dos anos 80 as escolas do pensamento estratégico, já com vinte anos de existência, sugeriram a criação da disciplina de Administração Estratégica nas grandes universidades americanas, resultado das demandas do aumento da competitividade por um novo foco na gestão. Os dois focos de interesse – acadêmico e gerencial profissional – têm sofrido interferências mútuas ao longo da evolução do campo da estratégia. Enquanto nos anos 60 o foco primário das pesquisas em estratégia recaiu sobre as forças e fraquezas da empresa, entre os anos 70 e 80 a relação do ambiente com a organização passou a receber maior atenção. No final dos anos 80 o foco dos estudos de estratégia sofre uma nova modificação e passa a se concentrar nos setores industriais ou em áreas de negócios, seus mercados e escopo de atuação. Nos anos 90, surgem as explicações teóricas com destaque nas competências essenciais, cuja evolução segue rumo à valorização do conhecimento enquanto elemento central de estratégia organizacional. A administração estratégica é a disciplina que estrutura, integra e consolida o conjunto de premissas, ativos tangíveis e intangíveis, mercados e ambiente, possibilitando à organização obter vantagem competitiva na realização de seu negócio. Mesmo antes de a estratégia se tornar disciplina acadêmica, contribuiu algumas vezes nas teorias da administração. Fayol (1916), como fundador da teoria clássica, de certa forma, considerou em suas funções administrativas o ato de “prever”. Segundo ele, a previsão avalia o futuro e o aprovisionamento dos recursos em função dele. Mas, isso se demonstra mais relacionado ao conceito de “planejar” e não, necessariamente, de formular estratégias. Fayol considera o planejamento como a primeira e mais importante atividade do administrador. Conceitos de administração estratégica e estratégia De acordo com Ginter e White (1982), o conceito de administração estratégica tem evoluído e continuará a evoluir. Como resultado, é compreensível a falta de consenso sobre o significado preciso do termo (ANSOFF; McDONNELL 1993). Apesar do impasse, a administração estratégica é executada em muitas organizações atualmente, e muitas delas se beneficiam de forma significativa. Wright, Kroll e Parnell (2001), acreditam que se torna cada vez mais necessário para as empresas tomarem consciência da importância da implantação do processo de administração estratégica em sua gestão. Tomando consciência do grande aumento da concorrência, e da influência do governo nas empresas, torna-se necessário a familiaridade com esse processo, pois o conjunto de ações administrativas possibilita aos gestores a integração das empresas ao seu ambiente e no seu desenvolvimento, possibilitando que as empresas atinjam seus objetivos e metas (CAMARGOS; DIAS, 2003). Para Certo (2010), as estratégias empresariais são formuladas pela alta administração e projetadas para alcançar os objetivos globais da empresa. Essas estratégias devem ser selecionadas e desenvolvidas. A empresa deve definir a estratégia que irá adotar, de acordo com sua carteira de negócios. Segundo Alday (2000), administração estratégica é o processo contínuo e interativo que visa manter uma organização como um conjunto apropriadamente integrado a seu ambiente. Nesse sentido, a administração estratégica é conceituada como um conjunto de diretrizes, opções e valores que os participantes da alta administração determinampara a empresa conseguir ter um desenvolvimento de longo prazo. As estratégias corporativas servem para que a organização possa prever os problemas que podem ocorrer no meio do caminho, visando também diminuir os riscos de insucesso da mesma. Normalmente, esses pontos da administração estratégica são encontrados na missão e visão de cada empresa. Na visão de Ansoff e McDonnell (1993), estratégia é um conjunto de regras de tomada de decisões, que direcionam o comportamento das organizações, estipulando o sentido do crescimento e do seu desenvolvimento, fazendo com que as empresas estruturem suas políticas operacionais para o alcance de seus objetivos. O aspecto mais importante da estratégia de negócio de uma empresa é sua forma de competir no mercado. É fundamental que a estratégia fortaleça sua posição competitiva em longo prazo e permita que ela obtenha uma vantagem competitiva durável sobre os concorrentes. Assim, a estratégia tem o papel de conectar a organização ao seu ambiente interno e externo, definindo e implementando ações que potencializem os resultados da interação estabelecida. Podemos enfatizar que a estratégia é o caminho, ou os caminhos, que a organização segue para assegurar seu desempenho e sua sobrevivência. Com a necessidade de pensar estrategicamente, os estudos evoluem para o nascimento do processo de planejamento estratégico. As características das decisões estratégicas A definição da estratégia de uma organização é um dos fatores primordiais para o seu sucesso e, para que os objetivos sejam alcançados se faz necessário que sejam tomadas decisões estratégicas, cujo resultado desejado depende da combinação de escolhas dos tomadores de decisão. Para isso, a alta administração deve possuir uma visão clara do cenário em que está inserido. São sete características para uma decisão estratégica: Senso crítico: ter discernimento para tratar informações que envolvem diversas variáveis; Interdependência sistêmica: ter uma visão global de todos os aspectos (internos e externos) que podem ou não interferir no sistema organizacional; Incerteza: considerar que irá trabalhar com possibilidades e da necessidade de ter alternativas em caso de mudanças ambientais; Risco: considerar que quanto maior a flutuação do ambiente, maior serão os riscos; Criatividade: estar atento às necessidades de correções, ajustes e melhorias; Iniciativa: mostrar capacidade para otimizar as decisões e atingir os objetivos estratégicos; Conflito: ter em mente que em um mercado cada vez mais competitivo, os conflitos ocorrem como consequência da busca de consolidação no mercado. O processo de administração estratégica e suas etapas O conceito de processo diz respeito à mudança, movimento ou fluxo, considerando-se um determinado sistema e uma sequência temporal. No estudo das organizações, uma das principais aplicações do conceito de processo está relacionada à busca por padrões e leis explicativas dos processos de decisão e mudança organizacional em resposta a pressões ambientais e outros fatores. Schendel e Hofer (1979) oferecem uma das primeiras definições da estratégia como processo, afirmando que a administração estratégica é um processo que lida com o esforço empresarial, empreendedor, com a reinvenção, crescimento e, mais particularmente, com o desenvolvimento e utilização das ações que guiam as operações organizacionais. Termos como ação, tempo, desenvolvimento e resultados estão frequentemente associados às pesquisas em torno do processo estratégico. Segundo Andrews (2001), o processo estratégico é a formulação de como a estratégia deve ser desenvolvida e conscientemente formulada. Ainda de acordo com o pesquisador, o processo estratégico é o padrão de decisões em uma empresa, que determina e revela seus objetivos, propósitos ou metas, produz as principais políticas e planos para a obtenção dessas metas e define a escala de negócios em que a empresa deve se envolver, o tipo de organização econômica e humana que pretende ser e a natureza da contribuição econômica e não-econômica que pretende proporcionar a seus acionistas, funcionários e comunidades. A forma como as estratégias surgem e se implementam não é um processo idêntico de todas as organizações, resultando antes de uma conjunção de fatores externos (características e condições do meio envolvente) e das condições internas (dimensão, capacidades materiais e humanas, organizacionais), que configuram cada situação particular. Para Hitt, Ireland e Hoskisson (2008) o processo de administração estratégica, é o conjunto de ações, decisões e compromissos que visam alcançar retornos superiores à média. Essas ações são necessárias para que a organização desenvolva competitividade e estratégia e, com isso, possa alcançar os seus objetivos estratégicos. Os ambientes externo e interno da organização devem ser levados em conta quando da formulação da estratégia, bem como as competências e vantagens competitivas que a organização possui ou que possa desenvolver. No passado, o processo de administração estratégica era influenciado em grande parte pelo departamento de planejamento das organizações. Os integrantes desses departamentos eram envolvidos pelo projeto e implementação dos sistemas de administração estratégica dentro de suas organizações. Entretanto, mais recentemente, os departamentos de planejamento perderam um pouco de sua influência (CERTO,2010). O processo atual de administração estratégica tende, especialmente em organizações menores, a ser dominado pelo diretor-presidente (CEO) da companhia. O presidente é também considerado primariamente como o principal responsável pelo sucesso do processo. Isso não significa, contudo, que o presidente execute o processo de administração estratégica independentemente. Pelo contrário, o CEO bem- sucedido nessa área geralmente esboça um processo de administração estratégica que envolve membros de diversas áreas e diferentes níveis da organização. Embora seja difícil saber com certeza se uma empresa está seguindo a melhor estratégia, é possível reduzir a probabilidade de se cometer erros. A melhor maneira de se fazer isso é escolher a estratégia da empresa de forma cuidadosa e sistemática, além de acompanhar o processo de administração estratégica. O processo de administração estratégica é um conjunto sequencial de análises e escolhas que podem aumentar a probabilidade de que uma empresa escolherá uma boa estratégia, isto é, uma estratégia que gere vantagens competitivas. A administração estratégica envolve cinco etapas básicas representadas na figura: Figura 2 – Etapas do processo de administração estratégica Etapa 1 – Análise do ambiente A análise do ambiente consiste no processo de monitorar o ambiente organizacional para identificar os riscos e as oportunidades presentes e futuras. Nesse contexto, o ambiente organizacional encerra todos os fatores, tanto internos como externos à organização, que podem influenciar o progresso obtido através da realização de objetivos da organização. Os administradores devem compreender o propósito da análise do ambiente, reconhecer os vários níveis existentes no ambiente organizacional e entender as recomendações das normas para realizar uma análise do ambiente. Etapa 2 – Estabelecimento das diretrizes organizacionais A segunda etapa do processo de administração estratégica é o estabelecimento da diretriz organizacional ou determinação da meta da organização. Há dois indicadores principais de direção para os quais uma organização é levada: a missão e os objetivos organizacionais. A missão organizacional é a finalidade de uma organização ou a razão de sua existência. Os objetivos são as intenções concretas que a organizaçãopossui e que englobam as metas operacionais para que estes sejam atingidos. Atualmente, as empresas estabelecem outros dois indicadores de direção: a visão, que é o que as empresas aspiram a ser ou se tornar, e os valores, que expressam a filosofia que norteia a empresa e a que a diferencia das outras. Etapa 3 – Formulação de estratégias Essa etapa é definida como um curso de ação com intuito de garantir que a organização alcance seus objetivos. Formular estratégias é projetar e selecionar estratégias que levem à realização dos objetivos organizacionais. O enfoque central está em como lidar satisfatoriamente com a concorrência. Assim que o ambiente tenha sido analisado e a diretriz organizacional estipulada, a administração é capaz de traçar cursos alternativos de ação em um esforço conhecido para assegurar o sucesso da organização. Etapa 4 – Implementação de estratégias Nesta quarta etapa colocam-se em ação as estratégias desenvolvidas logicamente que emergiram de etapas anteriores ao processo de administração estratégica. Sem a implementação efetiva da estratégia, as organizações são incapazes de obter os benefícios da realização de uma análise organizacional, do estabelecimento de uma diretriz organizacional e da formulação da estratégia organizacional. Etapa 5 – Controle estratégico O controle estratégico é um tipo especial de controle organizacional que se concentra na monitoração e avaliação do processo de administração estratégica no sentido de melhorá-lo e assegurar um funcionamento adequado. MÉTODOS DE PLANEJAMENTO 2 CONHECIMENTO Conhecer os conceitos e definições do planejamento estratégico; Compreender os tipos de planejamento de acordo com os níveis hierárquicos. HABILIDADES Reconhecer a importância da elaboração de um planejamento estratégico para o crescimento das organizações. ATITUDES Aplicar as estratégias elaboradas diante da sobrevivência, melhorias e progresso das empresas. Planejamento Estratégico A expressão “planejamento estratégico” começou a ser usada nas empresas no final da Segunda Guerra Mundial. Com as indústrias europeias e asiáticas destruídas, as empresas norte-americanas organizavam-se para atender à enorme demanda reprimida do pós-guerra e explorar o potencial de ganho com novas tecnologias e novos produtos de consumo. Para que isso fosse possível, começaram a adotar métodos de planejamento trazidos por militares (que ocuparam cargos de comando nas grandes empresas), para priorizar ações e recursos na tarefa de expandir rapidamente a produção e as vendas para todos os mercados do mundo. Foram os primeiros planos de negócios que receberam a denominação de estratégicos. No entanto, a grande inovação foi à introdução dos planos de longo prazo, geralmente cinco ou dez anos à frente, para alinhar com antecedência as ações das várias áreas envolvidas nos planos de expansão, e decidir o que era viável e desejável, em um ambiente de baixa incerteza: tratava-se de ocupar rapidamente os espaços vazios, essas praticas eram mais uma forma de colocar recursos e coordenar projetos de execução do que exercícios de estratégia competitiva, como se faz hoje. Atualmente, considera-se como planejamento estratégico a metodologia gerencial que permite direcionar o caminho que a empresa deverá seguir para atingir um futuro desejado, interagindo com o ambiente de negócios no qual está inserida. De acordo com Oliveira (2014, p. 35), “planejamento pode ser conceituado como um processo, considerando os aspectos abordados, desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa”. Na concepção de Chiavenato e Sapiro (2004, p. 39), “o planejamento estratégico está relacionado com os objetivos de médio e longo prazo que afetam a direção ou a viabilidade da empresa. O planejamento deve maximizar os resultados e minimizar as deficiências utilizando princípios de maior eficiência, eficácia e efetividade (vide detalhes no quadro abaixo). Eles são os principais critérios de avaliação da gestão”. Eficiência é Eficácia é Efetividade é Fazer de maneira adequada Fazer as coisas certas Manter-se sustentável no ambiente Resolver problemas Reduzir alternativas criativas Apresentar resultados globais ao longo do tempo Cuidar dos recursos aplicados Maximizar a utilização dos recursos Coordenar esforços e energias sistematicamente Cumprir o dever Obter resultado Reduzir custos Aumentar o lucro Figura 3 – Tabela comparativa entre eficiência, eficácia e efetividade. Não existe fórmula de sucesso para a implementação do planejamento estratégico nas organizações. O que existe são princípios norteadores que fazem com que as empresas obtenham êxito na sua realização, a saber: • Precedência do planejamento: a empresa deve possuir as funções administrativas de organização, direção e controle que antecedem a função de planejamento no processo administrativo; • Contribuição aos objetivos: a função de planejamento deve prioritariamente atingir os objetivos máximos de organização; • Maior eficiência, eficácia e efetividade: a função do planejamento deve aumentar os resultados e diminuir as lacunas e deficiências. Para Oliveira (2014, p. 38), “eficiência é fazer as coisas de maneira adequada, resolver problemas, reduzir os custos etc.; eficácia é fazer as coisas certas, obter resultados, aumentar o lucro, produzir alternativas criativas; efetividade é manter-se no ambiente e apresentar resultados globais positivos ao longo do tempo”. É aconselhável, para todas as situações, que o plano esteja traçado no papel antes que seja colocado em ação. O planejamento estratégico pressupõe a necessidade de um processo decisório que ocorrerá antes, durante e depois de sua elaboração e implementação na empresa. Esse processo de tomada de decisões na empresa deve conter, ao mesmo tempo, os componentes individuais e empresariais, bem como a ação nesses dois níveis deve ser orientada de tal maneira que garanta certa direção de interesses dos diversos fatores não controláveis, os quais estão alocados no ambiente da empresa, ou seja, fora dela. O papel do executivo da organização é estar atento aos princípios norteadores, assim ele terá condições de proceder ao processo decisório mais eficientemente e de acordo com os propósitos da organização. O planejamento estratégico compreende, portanto, a proposição de diretrizes gerais para antecipar-se ou adaptar-se às mudanças que se processam no ambiente externo e também a capacidade de identificar e combinar corretamente os recursos necessários para concretizar as estratégias imaginadas, bem como estabelecer responsabilidades, prazos e orçamentos para sua materialização, passando assim do terreno das especulações intelectuais para o das realidades concretas (CASTOR; ZUGMAN, 2009). Tipos de planejamento Toda empresa ou organização conta com três níveis: administração, decisão e operação. Podemos dizer que, o planejamento é um processo gerencial articulado de definição de objetivos e escolha dos meios para atingi-lo e que fornece uma mesma direção para toda equipe. Os principais fundamentos de um bom planejamento são: a definição dos objetivos e a concepção de planos que integram e coordenam as atividades da organização de forma a atingir esses objetivos. As organizações procuram alcançar simultaneamente vários e diferentes objetivos e precisam estabelecer graus de importância e prioridade para evitar possíveis conflitos e criar condições de cooperação entre eles. Para isso, faz- se o desdobramento dos objetivos maiores em objetivos menores. O processo se iniciapela missão da empresa, que dará origem ao planejamento estratégico, que se desdobrará em um plano tático, e este em um plano operacional. Todos os três níveis se relacionam com objetivos da organização e se diferenciam em termos de amplitude (espaço organizacional) e de horizonte (tempo) e se classificam de forma hierárquica em: planejamento estratégico, tático e operacional, conforme figura: Figura 4 – Nível hierárquico organizacional. Fonte: http://www.portal-administracao.com/2014/07/planejamento-estrategico-tatico- operacional.html Planejamento estratégico e suas características Planejamento estratégico é o processo administrativo que proporciona sustentação metodológica para se estabelecer a melhor direção a ser seguida pela empresa. Normalmente é de responsabilidade dos níveis mais altos da empresa e diz respeito tanto à formulação de objetivos quanto à seleção dos cursos de ação a serem seguidos para sua consolidação. Esse planejamento define as estratégias de longo prazo da empresa e contribui na definição da visão, missão e valores da organização. Também colabora com a concepção dos objetivos (metas), e da análise dos fatores internos e externos da companhia. O planejamento estratégico é o mais amplo dos três e abrange toda a organização. No geral, podemos resumi-lo como um processo permanente e contínuo, sendo sempre voltado para o futuro, que possibilita estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa e que visa à racionalidade das tomadas de decisão e a alocação dos recursos organizacionais da forma mais eficiente possível. Em sua maioria, as decisões estratégicas da empresa são tomadas pelos proprietários, presidente e diretoria. É importante lembrar que os ocupantes de cargos estratégicos devem evitar ao máximo atividades administrativas de nível tático e atividades de execução de nível operacional. Características do planejamento estratégico: • Enfoca os níveis mais elevados da empresa; • Considera as condições internas e externas inerentes à organização; • Formula os objetivos estratégicos da empresa; • Seleciona as ações a serem perseguidas. Planejamento tático O planejamento tático é desenvolvido pelos níveis organizacionais intermediários, tendo como principal finalidade a utilização eficiente dos recursos disponíveis para a consolidação de objetivos previamente fixados, segundo uma estratégia predeterminada. A empresa deve ter uma departamentalização, onde cada área contribui para conseguir os resultados da organização. Dessa forma, cada área deve ter um planejamento específico que conduza à obtenção de resultados que, integrados com outros, levem a empresa para o futuro desejado. Segundo Kaplan e Norton (2004, p. 54), “o planejamento tático tem como objetivo otimizar determinada área de resultado e não a empresa como um todo, trabalhando com decomposições dos objetivos, estratégias e políticas estabelecidas no planejamento estratégico”. Temos como exemplo: planejamento mercadológico, financeiro, produção, recursos humanos etc. Geralmente, o planejamento tático é projetado a médio prazo e abrange cada unidade específica da organização, ele traduz e interpreta as decisões do planejamento estratégico e os transforma em planos concretos dentro das unidades da empresa. Cada unidade, em específico, procura atingir seus próprios objetivos, que varia desde potencializar determinada área de resultado até utilizar de modo eficiente os recursos disponíveis. O planejamento tático também integra a estrutura da organização para fazer frente aos desafios estratégicos, desdobrando os objetivos institucionais em objetivos departamentais, relacionados com as áreas de produção, finanças, marketing e de recursos humanos da organização. No geral, os integrantes desse nível devem se apropriar da estratégia para desdobrá-la em ações concretas nas suas áreas e processos ou sub processos de atuação. É o nível da gerência média ou intermediária. Podemos dizer que o plano tático tem por finalidade especificar de que modo o seu setor, processo ou projeto ajudará a alcançar os objetivos gerais da organização. Características do planejamento tático: • Enfoca níveis organizacionais mais inferiores; • Utiliza corretamente os recursos disponíveis para o alcance dos objetivos anteriormente determinados. Planejamento operacional O planejamento operacional é a formalização dos objetivos e procedimentos, ou seja, a implementação das ações previamente desenvolvidas e estabelecidas pelos baixos níveis de gerência (nível tático). Sua principal finalidade é desdobrar os planos táticos de cada departamento em planos operacionais para cada tarefa. É o mais específico e também o de curto prazo, voltado para a execução das operações quotidianas da organização. De acordo com Oliveira (2014, p. 49), “o planejamento operacional pode ser considerado como a formalização, principalmente através de documentos escritos, das metodologias de desenvolvimento e implantações estabelecidas, correspondendo a um conjunto de partes homogêneas do planejamento tático”. Cada um dos planejamentos operacionais deve conter, com detalhes: • Recursos necessários para seu desenvolvimento e implantação; • Procedimentos básicos a serem adotados; • Resultados finais esperados; • Prazos estabelecidos; • Responsáveis por sua execução e implantação. O planejamento operacional é onde estão todos os colaboradores que “não tomam decisões estratégicas ou táticas”, as metas, os indicadores de desempenho organizacional e as recompensas elaboradas no nível tático são aplicados na prática no nível operacional. Algumas diferenças são identificadas entre os tipos de planejamento, conforme tabelas abaixo: Discriminação Planejamento estratégico Planejamento tático Prazo Mais longo Mais curto Amplitude Mais ampla Mais restrita Riscos Maiores Menores Atividades Fins e meios Meios Flexibilidade Menor Maior Figura 5 – Diferenças entre planejamento estratégico e tático. Discriminação Planejamento tático Planejamento operacional Prazo Mais longo Mais curto Amplitude Mais ampla Mais restrita Riscos Maiores Menores Atividades Meios Meios Flexibilidade Menor Maior Figura 6 – Diferenças entre planejamento tático e operacional. Segundo Reis e Mandetta (2003, p. 47) “não existe uma linha divisória perfeitamente definida, a partir da qual o executivo de uma organização pode efetuar uma distinção nítida entre as três modalidades de planejamento: estratégico, tático e operacional”. Importante Lembrar! Devemos entender que esses três tipos de planejamento existem dentro da empresa e que devem ser operacionalizados continuamente. Um não é mais ou menos importante que o outro, os três se correlacionam e se complementam. Agora respire fundo e responda quais os três tipos de planejamento? Hora de Refletir: Estudo de caso – A estratégia do McDonald’s no setor de restaurantes de atendimento rápido. Em 2009, o McDonald’s estava atingindo novos recordes de vendas, apesar de uma recessão econômica global e da queda de confiança do consumidor nos Estados Unidos. Por dia, mais de 58 milhões de clientes foram atendidos nos 32 mil restaurantes McDonald’s distribuídos por 118 países, o que permitiu à empresa um recorde na receita de vendas em 2008 e lucros superiores a US$ 23,5 bilhões e US$ 4,3 bilhões, respectivamente. O desempenho do McDonald’s no mercado tornou-o uma das duas empresas listadas no Índice Dow Jones (a outra foi a Walmart Stores, Inc.) a encerrar 2008 com um aumento no valor de suas ações ordinárias. As vendas da empresa estavam se mantendo bem em meio à instabilidade econômica no início de 2009, e se verificou um crescimento das vendas (medidas em moedaconstante) em todo o sistema superior a 6% durante janeiro e fevereiro. O sucesso da empresa resultou da boa concepção e execução de sua estratégia de negócio, chamada Plano para Vencer, na qual o foco era “ser melhor, e não apenas maior”. As principais iniciativas da estratégia “Plano para Vencer” incluíam: Aprimoramento das operações do restaurante. O processo de aprimoramento das operações globais do McDonald’s envolveu programas de treinamento de colaboradores, desde treinamentos no próprio local de trabalho para os novos colaboradores até cursos de nível universitário oferecidos na Hamburguer University da empresa. A empresa também enviou anualmente cerca de 200 colaboradores com alto potencial a seu Leadership Institute (Instituto de Liderança), para a formação das habilidades de liderança necessárias para a próxima geração de gestores seniores. O compromisso do McDonald’s com o desenvolvimento do colaborador deu-lhe um lugar na lista das 20 Principais Empresas Globais para Liderança, divulgada na revista Fortune em 2007. A empresa também treinou seus gerentes de loja a acompanharem de perto a mão de obra, os alimentos e os custos com água e luz. Manter o preço acessível. Além de atacar os custos operacionais em cada um de seus restaurantes, o McDonald’s manteve os preços baixos examinando de perto os custos administrativos e outras despesas corporativas. A empresa viu a baixa da economia nos Estados Unidos como oportunidade para renegociar seus contratos de publicidade com jornais e redes de televisão no início de 2009. E, quando os preços da gasolina subiram acentuadamente nos Estados Unidos durante 2008, começou também a substituir sua frota de veículos por modelos que economizavam combustível. O McDonald’s, no entanto, não escolheu sacrificar a qualidade do produto a fim de oferecer preços mais baixos: implementou programas intensivos de inspeção para assegurar que seus fornecedores não alterassem as especificações de produto para abaixar custos. O peso dos peitos de frango usados pela empresa, por exemplo, era checado regularmente quando o produto chegava dos fornecedores. A ampla abordagem da empresa visando minimizar as despesas que não agregavam valor permitiu-lhe oferecer mais opções de pratos a preços populares, como o Dollar Menu, nos Estados Unidos, o Ein Mal Eins menu, na Alemanha, e o 100 Yen menu, no Japão. ƒ Cardápio variado e amplas opções de bebida. O McDonald’s expandiu seu cardápio para além do Big Mac e do Quarteirão, as opções preferidas e mais vendidas, e incluiu novas opções, mais saudáveis, como saladas e frango grelhado, wrap de frango e sanduíches de frango Premium nos Estados Unidos, sanduíches de camarão na Alemanha e wrap de camarão no Japão. A empresa também acrescentou uma extensa linha de cafés especiais, incluindo expressos, cappuccinos e bebidas com leite, vendida em seus McCafe nos Estados Unidos, Europa e Ásia/Pacífico. Uma avaliação feita em dezembro de 2008 pela equipe Good Eating and Dining, do Chicago Tribune, considerou as bebidas com leite do McDonald’s “tão boas ou melhores” do que as vendidas pela Starbucks ou Dunkin Donuts. Conveniência e ampliação de oportunidades para jantar. A inclusão de McCafes ajudou o McDonald’s a aumentar as vendas de uma mesma loja, ampliando o horário tradicional de refeições. Os clientes que desejavam tomar um café́ no meio da manhã ou comer um salgado à tarde ajudaram a manter o alto movimento do estabelecimento depois de o McDonald’s ter vendido seu último Egg Muffin no café́ da manhã e antes de ficar lotado na hora do almoço, com pedidos de Big Macs, Quarteirão, sanduíches de frango ou saladas. A empresa também estendeu seu horário de atendimento drive-thru para 24 horas em mais de 25 mil locais espalhados por cidades em todo o mundo, onde os consumidores eram propensos a comer a qualquer hora do dia. A empresa acrescentou filas duplas em seus drive-thru nos Estados Unidos, para que os clientes fossem atendidos com rapidez em locais de trânsito intenso. Reinvestimento contínuo no restaurante. Com mais de 14 mil restaurantes nos Estados Unidos, o foco da expansão de unidades do McDonald’s se deu em mercados emergentes de rápido crescimento, como a Rússia e a China. Em 2008, a empresa abriu 125 novos restaurantes na China e 40 na Rússia. A empresa também reformou cerca de 10 mil restaurantes nos Estados Unidos, entre 2004 e 2008, para introduzir seu McCafe e tornar seus estabelecimentos locais mais agradáveis tanto para os clientes jantarem quanto para os colaboradores trabalharem. Pense! Todo o esforço com vistas à estruturação estratégica envolve energia, tempo, recursos, pesquisa e direcionamento. Podemos afirmar que os responsáveis pelas estruturas empresariais não podem jamais parar de planejar. Em estratégia, há ciclos que nascem, desenvolvem-se e são concluídos quando outros ciclos iniciam e são implantados. E, nesse ponto, quando é iniciado um novo ciclo, há equipes cuidando da implementação e do acompanhamento do ciclo concluso, enquanto iniciam-se as buscas de dados, avaliação de cenários, armazenamento de informações, com vistas ao novo ciclo. Com o mercado cada vez mais competitivo, “ficar parado é andar pra trás”. Mostre que Aprendeu: 1. Segundo os níveis de planejamento estratégico, o planejamento adotado pelo McDonald’s foi: a)Tático; b)Operacional; c)Estratégico; d)Dinâmico; 2.Atualmente, em que nível de planejamento hierárquico você se encontra? Qual nível pretende está daqui a alguns anos? Justifique sua resposta. AS CONCEPÇÕES DO AMBIENTE DE NEGÓCIO 3 CONHECIMENTO Conhecer o ambiente das organizações; Compreender as principais forças macroambientais que afetam positiva ou negativamente uma empresa. HABILIDADES Identificar as principais questões e as formas de lidar com a complexidade e as mudanças do ambiente; Reconhecer riscos e oportunidades para a empresa. ATITUDES Aplicar e utilizar a seu favor as incertezas do ambiente que rodeia a organização; Desenvolver cenários e explicar suas implicações. A organização do Ambiente de Negócio O ambiente pode ser definido como o conjunto de todos os fenômenos externos à organizações que a influenciam de forma real ou potencial. Em estudos de estratégia, fatores ambientais podem ser considerados ao mesmo tempo, como restrições ou oportunidades às organizações, afetando-lhes a escala de operações e o modo de produção técnica, entre outras características. Pressupõe-se, ainda, que o ambiente, enquanto elemento dinâmico e independente, se encontra em processo de constante transformação. Essas alterações ambientais contínuas exercem pressão sobre as organizações, no sentido de que produzam reações. Entretanto, essas reações em geral não são automáticas, pois são mediadas por escolhas estratégicas tomadas pelos membros com poder de decisão. A análise do ambiente constitui uma das principais etapas da administração estratégica, já que o seu monitoramento pode identificar riscos e oportunidades para a empresa. No desenvolvimento da estratégia de uma organização, a análise do micro e do macroambiente e o entendimento no seu impacto e tendências são fundamentais para o sucesso da organização e a criação de vantagem competitiva. Um dos desafios em estratégia é como conseguir o ajustamento a longo prazo entre as competências e capacidades da empresa e as exigências do meio ambiente em que se insere. Na realidade, não existe de início uma estratégia ótima para a empresa. As empresas têm diversas alternativas de ação. Em parte, a estratégia definida será o resultado das próprias expectativas dos executivos, da sua interpretação das evoluções e tendênciasno ambiente e da forma como as empresas concorrentes atuam. A análise do ambiente deve assentar em quatro aspectos essenciais: a identificação dos sinais de mudanças e tendências, a detecção do significado das mudanças e tendências; o desenvolvimento de projeções dos resultados das mudanças e tendências, e a determinação de qual o timing e qual a importância dessas mudanças e tendências para a estratégia da empresa. Essa análise incide sob três camadas: o macroambiente, o ambiente da indústria e o ambiente competitivo direto (grupos estratégicos). Compreender o ambiente é essencial em todo o processo de pensamento e formulação da estratégia. Figura 7 – Fatores que influenciam o ambiente de negócios Essas camadas funcionam como uma espécie de funil, onde uma análise é feita do aspecto mais geral para o mais específico ou vice-versa. A camada mais geral é chamada de macroambiente de negócios e consiste numa abordagem ampla dos fatores que afetam quase todas as organizações em diferente intensidade. A próxima camada é pertinente a uma indústria ou setor (segmento). Este se refere a um grupo de organizações que produzem os mesmos produtos ou prestam os mesmos serviços. Macroambiente de negócios Indústria (ou setor de atuação) Competidores e mercado Organização ambiente interno A camada mais imediata do ambiente consiste de concorrentes e mercados. Dentro da maioria dos segmentos ou setores existem diferentes organizações com diferentes características, concorrendo em bases diferentes. Já o ambiente interno é o nível de ambiente dentro da organização composto de sua estrutura, seus processos, suas áreas etc. Sua análise essencial para se avaliar os pontos fortes e fracos da organização, refere-se aos fatores internos: os recursos que aplica e os ativos intangíveis que considera, desde sua estrutura de trabalho até os aspectos humanos, materiais, tecnológicos, de mercado e financeiros. As empresas precisam monitorizar o ambiente envolvente, analisando-o continuamente e avaliando a sua posição competitiva face às empresas rivais. Do ambiente, das tendências e evoluções, emanam oportunidades para novos negócios, para diversificar o crescimento e para reforçar as operações no negócio central, mas também emergem ameaças à sua sobrevivência e ao sucesso. Importante Lembrar! As empresas já instaladas e as novas empresas empreendedoras que pretendem estabelecer-se devem acompanhar as tendências específicas ao seu ramo de atividade e monitorizar e interpretar quaisquer fatores do seu ambiente geral, competitivo e de mercado que possam vir a influenciar as operações. Ambiente geral externo ou macroambiente O ambiente macro ou geral é configurado por uma série de forças e movimentos que impactam, de uma maneira ou de outra, a maior parte dos negócios. Geralmente é considerado uma situação imposta, uma realidade dificilmente modificável pela maior parte das organizações. Qualquer análise de ameaças e oportunidades com que uma empresa se depara deve começar com um entendimento do ambiente geral em que ela opera. O ambiente geral refere-se às questões amplas do universo social, econômico e político em que as organizações empresariais individualmente pouco conseguem influenciar, mas que, por outro lado, influenciam diretamente as empresas. O ambiente geral consiste de seis elementos inter-relacionados (PESTEL): mudanças tecnológicas, tendências demográficas, tendências culturais, clima econômico, condições legais e políticas e acontecimentos internacionais específicos. Figura 8 – O ambiente geral enfrentado pelas empresas Tendências demográficas Tendências culturais Clima econômico Condições legais e políticas Acontecimentos internacionais específicos Mudanças tecnológicas Empresa Os seis elementos inter-relacionados do ambiente: Mudança tecnológica: cria tanto oportunidades – à medida que as empresas começam a explorar como usar tecnologia para criar novos produtos e serviços – como ameaças – à medida que a mudança tecnológica força as empresas a repensar suas estratégias tecnológicas. Tendências demográficas: demografia é a distribuição de indivíduos em uma sociedade em termos de idade, sexo, estado civil, renda, etnia e outros atributos pessoais que possam determinar padrões de compra. Conhecer essas informações básicas sobre uma população pode ajudar uma empresa a determinar se seus produtos ou serviços serão ou não atraentes para os consumidores e quantos clientes potenciais esses produtos e serviços terão. Tendências culturais: cultura são os valores, crenças e normas que guiam o comportamento em uma sociedade. Esses valores, crenças e normas definem o que é “certo” e “errado” em uma sociedade, o que é aceitável e o que é inaceitável, o que é de bom tom e o que não é. Deixar de entender mudanças na cultura, ou diferenças entre culturas, pode ter um impacto muito grande na habilidade de ganhar vantagem competitiva. Clima econômico: é a saúde geral dos sistemas econômicos em que uma empresa opera. A saúde da economia varia ao longo do tempo em um padrão distinguível: períodos de relativa prosperidade – quando a demanda por bens e serviços está alta e o desemprego está baixo – são seguidos por períodos de relativa pouca prosperidade – quando a demanda por bens e serviços está baixa e o desemprego está alto. Condições legais e políticas: são os impactos das leis e do sistema legal no negócio, juntamente com a natureza geral do relacionamento entre a empresa e o governo. Acontecimentos internacionais específicos: incluem guerras civis, golpes políticos, terrorismo, guerras entre países, fome e recessão econômica em um país ou região. Todos esses acontecimentos específicos podem ter um impacto enorme na capacidade das estratégias de uma empresa para gerar vantagem competitiva. Análise do macroambiente: modelo PESTEL A análise de PESTEL é uma ferramenta essencial para a análise da entrada de qualquer empresa no mercado ou na reanálise do posicionamento das existentes, e baseia-se na análise aos fatores externos à empresa (político, econômico, social, tecnológico, ambiental e legal), que a podem influenciar, direta ou indiretamente. Trata-se pois de uma investigação com alguma profundidade, que se divide nas categorias acima referidas. Tais categorias ou fatores não se podem considerar como elementos estáticos, mas antes como forças dinâmicas, em contínua alteração, pelo que merecem igualmente um acompanhamento contínuo. O seu objetivo é fornecer um relatório relativo aos variados fatores macroambientais que devem ser tomados em consideração pela empresa. Trata-se de uma ferramenta estratégica útil para compreender o crescimento ou queda de mercados, posição e potencial comercial e orientação para operações. É muito importante que PESTEL seja usado visando o futuro impacto dos fatores ambientais, que provavelmente serão diferentes dos fatores passados em decorrência das mudanças já ocorridas no ambiente. Onde houver altos níveis de incertezas a respeito das mudanças futuras no ambiente, projetar cenários pode ser bem eficiente para cercar todas as possibilidades. Entender como os fatores PESTEL podem impactar e conduzir a mudança em geral é apenas um ponto de partida. Os gerentes precisam entender os principais condutores de mudança e também o impacto diferencial dessas influências externas e condutores em determinados segmentos, mercados e organizações individuais. • Fatores-chave direcionadores de mudança Os fatores PESTEL têm valor limitado se forem vistos simplesmente como uma lista de influências.É importante identificar um número de fatores- chave direcionadores de mudança, que são as prováveis forças a afetar a estrutura de uma indústria (setor ou mercado). Embora existam diversas mudanças ocorrendo no ambiente externo de negócios da maioria das organizações, será o efeito combinado de apenas alguns desses fatores que serão de fato importantes e não todos os fatores separadamente. Um fator-chave considerado uma tendência mundial é a globalização, que está cada vez maior nos mercados. A atual crise econômico-financeira demonstrou isso ao impactar o mundo inteiro em um intervalo de tempo mínimo. Na maioria dos mercados, as necessidades e preferências dos clientes estão tornando-se cada vez mais similares. Podemos especificar como condutores da globalização: o mercado, a globalização de custos, a competição e a globalização de políticas governamentais, conforme tabela abaixo: Mercado Globalização de custos Competição Globalização de políticas governamentais Clientes globais; Marketing transferível; Necessidades similares dos clientes. Economia de escala; Altos custos de desenvolvimento de produtos; Custos específicos de um país; Eficiências de suprimentos. Competidores globais; Interdependência; Altas taxas de importação e exportação. Políticas comerciais; Padrões técnicos; Políticas do governo hospedeiro. Figura 9 – Direcionadores de estratégia global • Mercado – preferências similares dos clientes (um mesmo produto ser vendido em vários países); diferentes canais de distribuição (como por exemplo, a internet); campanhas publicitárias desenvolvidas em nível mundial. • Globalização de custos – requerer grandes volumes de um mesmo produto, gerando economia de escala; fonte central de abastecimento eficiente; busca de mão-de-obra mais barata em determinados países; redução de desenvolvimento de novos produtos (gerando redução de custos). • Competição – aumento da competição global; altos níveis de importação e exportação entre países. • Globalização de políticas governamentais - políticas de comércio; criação dos blocos econômicos; incentivo ao mercado aberto. A dinâmica das mudanças no ambiente externo está aumentando a competição global que por sua vez, incentiva a busca por mais mercados e mais globalização. • Análise do macroambiente: o diamante de Porter O Diamante de Porter é um modelo da área de administração, desenvolvido pelo engenheiro e economista norte-americano Michael Porter em 1989 em seu livro "A Vantagem Competitiva das Nações". O modelo busca ampliar a análise da competitividade com foco no entendimento do porquê empresas de um determinado país são capazes de competir com maior sucesso contra empresas de outros países. Esse contexto de competição internacional pode envolver tanto exportações quanto a produção local em outros países. De acordo com o modelo adotado por Porter, as razões inerentes que definem o porquê de algumas nações se tornarem mais competitivas que outras, estão representadas na figura abaixo: Figura 10 – O diamante de Porter O contexto nacional influencia a forma com que as empresas, são criadas, organizadas e dirigidas. Por decorrência, o ambiente do país afeta a rivalidade em que empresas disputam os mercados. Porter sugere que a base nacional de uma organização tem um papel muito relevante para criar vantagem competitiva numa escala global. Algumas características específicas do país ajudam a explicar a base de vantagem competitiva em um nível nacional. Estratégia, estrutura e rivalidade da organização Indústrias relacionadas e de suporte Características específicas e do país Características da demanda • Características específicas do país – capacidade dos recursos humanos; estrutura local existente para geração e gerenciamento de conhecimentos; recursos de capital para financiamento da indústria e infraestrutura. • Características da demanda – qualidade da demanda interna; exigência dos compradores. • Indústrias relacionadas e de suporte – estrutura competente de fornecedores e distribuidores. • Estratégia, estrutura e rivalidade da organização – estratégias e práticas administrativas capazes de tornar as indústrias importantes no mercado internacional. O diamante de Porter tem sido usado em diversas formas. Em nível nacional, ele tem sido empregado por governos para considerar políticas a serem seguidas para incentivar o desenvolvimento de vantagem competitiva em suas indústrias. Políticas públicas de incentivo fiscal, subsídios diretos ou indiretos, educação e ensino profissionalizante geram impactos nas condições de fatores que geram vantagem competitiva. As implicações do diamante de Porter também se aplicam à relativa competitividade de diferentes regiões dentro de uma nação. Isso leva a considerar a importância dos aglomerados de organizações da mesma indústria ou setor em uma mesma localidade dentro de um país específico – uma consideração importante para a política econômica regional. A construção de cenários Quando os negócios estão em um ambiente cercado de altas incertezas que surgem da complexidade ou rápida mudança, pode ser que se torne impossível o desenvolvimento de uma única visão de como as influências do macroambiente podem afetar as estratégias da organização. Diante deste contexto, um formato diferente será necessário para que o futuro impacto no ambiente de negócios da organização seja entendido. O conteúdo das informações relacionado ao macroambiente e ao futuro pode dar origem à elaboração de cenários. Os cenários constituem uma ferramenta para lidar com essas incertezas de forma sistemática. São descrições do futuro para o ambiente em que o negócio opera, que consiste em um processo de identificar, classificar e avaliar as variáveis ambientais. Como o futuro é incerto, os cenários são uma ferramenta de planejamento útil de apoio à tomada de decisões estratégicas. É diferente realizar cenários de fazer estudos de mercado ou de, simplesmente, procurar extrapolar tendências atuais. Os cenários permitem visualizar um leque mais extenso de possibilidades quanto ao futuro, numa avaliação que inclui múltiplas variáveis e possíveis evoluções. O planejamento de cenários não visa “prever o imprevisível”, eles não são baseados em palpite. Eles são consistentes, mas diferentes uns dos outros. Ao compartilhar e debater esses cenários, o aprendizado organizacional aumenta ao tornar os gestores mais perceptíveis das forças presentes no ambiente que realmente são importantes para seu negócio. Eles devem desenvolver e avaliar as estratégias (os planos de contingência) para cada cenário, monitorar o ambiente para acompanhar como ele está se desenrolando para o ajuste apropriado das estratégias e planos. A maior ou menor complexidade de um cenário e mesmo seu grau de precisão dependem do método ou da combinação de métodos adotados, disponibilidade de recursos, variabilidade e consistência de dados e do tempo que se pretende que o mesmo abranja. Os cenários diferem, ainda, segundo o porte e o setor que a empresa atua, de como o nível estratégico os valoriza, utiliza e despende o tempo e recursos para sua elaboração. A sua elaboração relaciona-se ao estabelecimento de hipóteses sobre futuros prováveis. A partir dessas hipóteses, é possível estabelecer cursos de ação para alinhar as estratégias e os processos organizacionais a um posicionamento adequado da organização em face desse futuro. Sua principal função, portanto, é viabilizar o alinhamento das atividades organizacionaisem curso, orientadas para um posicionamento desejado no ambiente futuro, delineado a partir dos indicadores gerados pelos modelos hipotéticos. O cenário visa facilitar a formulação de estratégias viáveis. Serve ainda para renovar a visão, adequar e antecipar o desenvolvimento de competências e contribuir para mudar a ênfase dos executivos do curto para o longo prazo. Seu uso imediato é testar a força das alternativas de estratégia e preparar respostas a descontinuidades potenciais no ambiente externo, o que se faz avaliando o impacto das grandes tendências da indústria sobre cada alternativa de estratégia, as probabilidades de ocorrência de descontinuidades nestas tendências, e, também, lidando com a dinâmica atual do mercado e da competição e fatores externos como inovações tecnológicas, regulamentação, poder aquisitivo e, em alguns casos, mudanças demográficas. Em seguida, verificam o impacto potencial dessas possibilidades nos concorrentes, levando em conta suas formas de competir e de se relacionar com fornecedores, distribuidores e parceiros tecnológicos. Para que o planejamento por cenários seja realmente eficaz, é preciso abranger o maior número possível de alternativas, assegurando a avaliação das várias possibilidades. Os cenários precisam usar metodologia quantitativa rigorosa e identificar os fatos relevantes da forma mais incontestável possível, evitando análises genéricas, imprecisas ou insuficientes. A boa prática recomenda iniciar com os melhores dados disponíveis sobre volumes e preços de venda no mercado, a participação da empresa e seus concorrentes em segmentos relevantes, o desempenho de produtos e de canais. E, também, fazer exaustivos cruzamentos de dados, até que os fatos mais relevantes da dinâmica do mercado e da competição comecem a aparecer. O processo de formulação de cenários em seis etapas: Figura 11 – Etapas para a elaboração de cenários O início do planejamento por cenários consiste em identificar o foco ou a decisão-chave. Pode ser um foco genérico ou estar relacionado com uma decisão específica Em qualquer situação, existe um conjunto de forças motrizes que trabalham no presente e influenciam o futuro. Estas forças focam, tipicamente, quatro categorias de elementos críticos do ambiente: a dinâmica social (variações sociais e demográficas), os fatores econômicos, o âmbito político- eleitoral (tipo de programa de governo que poderá ser implementado) e a tecnologia. Identificar o foco ou a decisão- chave Identificar forças motrizes Classificar as forças motrizes em função de relevância: incertezas Selecionar os cenários básicos Desenvolver os indicadores para os cenários Desenvolver os cenários NÃO ESQUEÇA: FORÇA MOTRIZ: Força motriz é a força que move, produz movimento. Pode ser usado em sentido figurado para significar aquele ou aquilo que faz as coisas acontecerem. A identificação das forças motrizes faz aflorar uma série de incertezas que devem ser reduzidas à menor quantidade possível, selecionando-se as que são, de fato, fundamentais para a decisão-chave ou para o foco da elaboração de cenários. Para melhor entendimento, podemos identificar como as principais funções dos cenários: Proporcionar dados para refletir sobre o maior número possível de alternativas de evolução do ambiente; Antever como as diferentes alternativas influenciarão a empresa; Auxiliar os executivos na tomada de decisões que possam contribuir para conquistar uma vantagem competitiva. Indústrias e setores O impacto das mudanças no ambiente externo de negócios situa-se nas mudanças das forças competitivas da organização e do segmento de sua indústria ou setor. A teoria econômica define segmento de indústria como “um grupo de empresas que produzem o mesmo produto principal”, ou, de maneira mais ampla, “um grupo de empresas produzindo produtos que são substitutos próximos uns dos outros”. Este conceito de segmento pode ser estendido para o serviço público, com a ideia de setor (saúde, educação, serviços sociais etc.). Do ponto de vista da perspectiva do gerenciamento estratégico, é útil para os gestores de qualquer organização entender as forças competitivas que agem entre as organizações do mesmo setor, já que elas é que determinam a atratividade desse setor e os meios de como cada organização pode competir. Isto pode providenciar a tomada de decisões importantes a respeito da estratégia de produtos e mercados e se deve entrar ou sair de determinadas indústrias ou setores. É importante lembrar que as fronteiras de uma indústria podem mudar com o passar do tempo como, por exemplo, a convergência de setores que antes eram distintas. Setores que eram anteriormente separados começam a sobrepor em termos de atividades, tecnologias, produtos e clientes. Hora de Refletir! Estudo de caso – O Bell Labs e a aplicação tecnológica O Bell Labs foi fundado no início da década de 1920, como parte integrante da American Telegraph and Telephone (ATT). Até o final dos anos 1960, produziu praticamente todas as novas tecnologias e conhecimentos necessários ao desenvolvimento da indústria de telefonia. A maior conquista científica do Bell Labs foi o transistor. As principais aplicações do transistor estavam fora do sistema de telefonia e a direção do Bell Labs estava pouco interessada ou desconhecia o que se passava fora de sua área. Como consequência, essa grande invenção foi vendida a todos os interessados, pela ínfima quantia de 25.000 dólares. Tal fato contribuiu de maneira ímpar para que a Sony, a Intel e a Compac se tornassem as grandes empresas que hoje são. Essas e muitas outras empresas bem-sucedidas fizeram sucesso com o transistor. O Bell Labs simplesmente não percebeu que o mundo estava mudando e que as barreiras que antes separavam indústrias e setores estavam sendo demolidas. A premissa válida para explicar esse e outros fatos é que as tecnologias que, provavelmente, irão exercer o maior impacto sobre uma empresa e sua indústria, virão de fora de seu campo de atuação. Coincidentemente, os sistemas de computadores digitais ou cabos de fibra óptica que estão revolucionando o sistema telefônico não saíram do Bell Labs. Saíram de fontes que não tinham nada a ver com telefonia. Diferentemente das tecnologias do século XIX, que tinham aplicações específicas, desenvolvendo-se em paralelo a outras tecnologias, as de hoje cruzam-se a toda hora. Por isso é que os setores perderam seus limites rígidos. Hoje, as empresas não competem apenas dentro do mesmo setor, competem entre setores. O aço utilizado em embalagens compete com o alumínio, com o plástico, com o papelão e o vidro, e assim por diante. Mostre que Aprendeu: Conforme o estudo de caso apresentado acima, qual a principal falha estratégica do Bell Labs? GESTÃO ESTRATÉGICA 4 CONHECIMENTO Compreender a importância da gestão estratégica para o sucesso das empresas. HABILIDADES Reconhecer e desenvolver habilidades gerenciais estratégicas. Elaborar processos para controlar o modo como a estratégia é implementada. ATITUDES Aplicar as habilidades desenvolvidas bem como os projetos implementados que ajudará no desenvolvimento de gerências estratégicas. A Importância da Gestão Estratégica A gestão estratégica surgiu com o sentido de superar um dos principais obstáculos apresentados pelo planejamento estratégico: o de sua implementação. Entre as causas apontadas para essa ocorrência, estava sua dissociação da realidade organizacional. A utilização de consultores externos para a elaboração do planejamentoisentava os executivos das empresas da responsabilidade de sua implementação. Modelos de administração mais modernos assumem o lugar dos burocratizados, amarrados e ultrapassados. Entretanto, as estratégias não surgem por si mesmas e precisam do envolvimento de pessoas, principalmente gerentes capazes de implementá-las. O papel da gestão estratégica possui natureza diferente em relação a outros aspectos do gerenciamento. Um gerente operacional é mais frequentemente solicitado a lidar com problemas de controle operacional – tais como a produção eficaz de bens, o gerenciamento do corpo de vendedores, o monitoramento do desempenho financeiro ou o planejamento de um novo sistema capaz de melhorar o nível de atendimento ao cliente. São tarefas muito importantes, mas todas estão especificamente relacionadas a recursos de gerenciamento previamente organizados, geralmente numa parte limitada da organização e no contexto de uma estratégia já delimitada. O controle operacional é fundamental para o sucesso da estratégia, mas não é o mesmo que gestão estratégica. A gestão estratégica procura reunir o plano estratégico e sua implementação em um único processo. Visa assegurar as mudanças organizacionais necessárias para essa implementação e a participação dos vários níveis organizacionais envolvidos em seu processo decisório. Corresponde, assim, ao conjunto de atividades intencionais e planejadas, estratégicas, operacionais e organizacionais, que visa adequar e integrar a capacidade interna da organização ao ambiente externo. Na concepção de Costa (2007), gestão estratégica é um processo sistemático planejado, gerenciado, executado e acompanhado sob a liderança de alta administração da empresa, envolvendo e comprometendo todos os gerentes e colaboradores da organização. Segundo o referido autor, a finalidade da gestão estratégica visa assegurar o crescimento, a continuidade e a sobrevivência da instituição por meio da adaptação contínua de sua estratégia, de sua capacitação e de sua estrutura, possibilitando-lhe enfrentar as mudanças observadas ou previsíveis no seu ambiente externo ou interno, antecipando-se a elas. A gestão estratégica pode ser vista como a arte de aplicar com eficácia os recursos em que se dispõe ou explorar as condições favoráveis de que porventura se desfrute, visando o alcance de determinados objetivos previamente estabelecidos no planejamento estratégico. No geral, é possível perceber que se trata da tarefa de direcionar o conjunto de recursos organizacionais (esforço dos colaboradores) e a aplicação dos meios e materiais disponíveis para fazer o que a empresa faz, com a finalidade de alcance do desejo coletivo da organização, tendo como maior desafio à sua efetividade prática no alcance dos objetivos organizacionais, ou seja, na sua capacidade de alinhar a organização, com a adaptabilidade exigida, no mesmo sentido do direcionamento proposto pelo plano estratégico. A gestão estratégica pode ser pensada como a combinação de três elementos principais: entender a posição estratégica de uma organização, fazer escolhas estratégicas para o futuro e gerenciar a estratégia em ação. Esses elementos não seguem uma sequência linear, eles estão interligados e alimentam uns aos outros, conforme figura abaixo: Figura 12 – os elementos da gestão estratégica A posição estratégica A estratégia está diretamente relacionada à ação (ou conjunto de ações) e as decisões de alocação de recursos que os executivos tomam para a empresa prosseguir a sua visão e alcançar um nível de desempenho (performance) superior ao dos concorrentes. Ou seja, a estratégia é desenvolvida num processo de gestão estratégica, no qual os gestores escolhem um conjunto de ações para a empresa prosseguir a sua visão. Segundo Porter (1999, p. 63), “A essência do posicionamento estratégico consiste em escolher atividades diferentes daquelas dos rivais”. A posição estratégica consiste em desempenhar atividades diferentes das exercidas pelos competidores, ou executar as mesmas atividades, mas de forma diferente. A estratégia competitiva, neste caso, consiste em escolher A posição estratégica As escolhas estratégicas A estratégia em ação deliberadamente um conjunto diferente de atividades para posicionar um conjunto único de valores. A essência da estratégia está nas atividades desempenhadas, mas a ideia final é criar valor que satisfaça as necessidades dos clientes. No entanto, há diversas alternativas de posicionamento estratégico (descrevemos três em seguida) que podem ser adaptadas, contribuindo de forma diferente para as estratégias de negócio. Posicionamento com base na variedade - consiste na produção de um subconjunto de produtos ou serviços dentro de um determinado ramo de negócios. Ou seja, o critério assenta na escolha de determinadas variedades de produtos ou serviços, e não em segmentos de clientes. Com este posicionamento, atende a uma ampla gama de clientes, mas para a maioria deles representa apenas um subconjunto das suas necessidades. Posicionamento com base nas necessidades - nesta atuação a empresa visa servir a maioria das necessidades de um determinado grupo de clientes. Neste caso, é desenvolvido um conjunto de atividades sob medida, com as quais se serve um grupo de clientes com necessidades diferenciadas, melhor satisfazendo-os. O essencial é o reconhecimento que certos grupos de consumidores têm preferências e necessidades diferentes podendo ser mais sensíveis ao preço, ao design, ao serviço pós-venda, às garantias etc. Posicionamento com base no acesso - refere-se à segmentação dos clientes em função das diferenças nas modalidades de acesso, seja em aspectos geográficos ou de dimensão. Posicionar-se, então, não significa somente desenvolver ou ocupar um nicho de mercado. Seja por variedade, necessidade ou acesso, a posição que resulta pode ser ampla ou estreita. Qualquer tipo de posicionamento exige um conjunto específico de atividades, pois os posicionamentos são sempre uma consequência de diferenças na oferta das empresas. Ou seja, o posicionamento depende de fazer atividades diferentes das empresas concorrentes. Se para qualquer situação houvesse sempre um melhor conjunto de atividades e uma melhor forma de realizá-las, de satisfazer as necessidades e de aceder aos clientes, não haveria diferenças entre as empresas, e todas fariam o mesmo. As escolhas de posicionamento determinam não só as atividades que devem ser mantidas pela empresa, como também as que devem ser abandonadas e, ainda, o modo como as atividades que permanecem se devem relacionar umas com as outras. A adaptação, ou ajustamento, entre as diferentes funções da empresa é essencial à realização da estratégia. Normalmente, as diferentes atividades da empresa estão efetivamente inter-relacionadas. Assim, a adaptação pode consistir numa ligação sólida entre as atividades e a estratégia. Compreender a posição estratégica significa identificar o impacto causado pelo ambiente externo, pela capacidade estratégica de uma organização (recursos e competências) e pelas expectativas e influências dos stakeholders na estratégia. Para adotar uma estratégia empresarial eficaz, é preciso criar uma posição única, exclusiva e valiosa que envolva um conjunto de atividades diferentes das do concorrente. Portanto, um posicionamento estratégico adequado depende, basicamente, de escolher atividades diferentes das empreendidas pelos concorrentes. Escolhas estratégicas Um dos aspectos mais importantes no processo estratégico é a escolha de estratégias; normalmente, a que representa a melhor interação entre a empresa e o ambiente, mas que também contribua diretamente para
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