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Beatriz Maia | TXXIV Introdução O tratamento da hipertensão reduz os riscos de AVC, IC e IR, mas tem pouco efeito sobre IM. A terapia pode agir no(a): • Débito cardíaco: inibindo a contratilidade do miocárdio e diminuindo a pressão de enchimento do ventrículo por meio do tônus venoso ou do volume de sangue (efeitos renais); • Resistência periférica: músculo liso (relaxamento dos vasos) ou sistemas que fazem constrição (SNS, SRAA). O uso de diferentes classes associadas diminui os efeitos adversos relacionados ao aumento da dose. Diuréticos • Equilíbrio de Na+; • Efeitos sozinhos e potencializam outras classes; • Resposta rápida: aumentam a excreção de Na+ e diminuem o débito cardíaco; • Reposta a longo prazo: diminuem a resistência vascular e o volume extracelular e o débito cardíaco voltam ao normal; • Obs.: as tiazidas perdem seu efeito em pacientes com IR. Benzotiadiazinas • Bloqueiam o cotransportador de NaCl; • Ex.: hidroclorotiazida, clortalidona, colotiazida, indapamida, metilclotiazida e metolazona; • Em geral são intercambiáveis com ajuste de dose, mas não tem a mesma eficácia (clortalidona > hidroclorotiazida); • Clortalidona e hidroclorotiazida têm efeitos com 12,5mg e na monoterapia não se deve exceder 23mg/dia e sim associar com outra classe; • Quanto maiores as doses, maiores os riscos CV (mortalidade); • Podem causar perda de K+ pela urina (IECA e antagonistas de receptor de angiotensina atenuam); Obs.: IECA e antagonistas do receptor de angiotensina usados em associação ou um deles + suplementação de K+ pode levar a hiperpotassemia. • Em casos refratários: a) Se em politerapia (3 ou + classes) sem resposta adequada, usar 50mg de diurético; b) Uso de furosemida (diurético de alça) que é mais potente, principalmente em disfunção renal; c) Associar mudanças na dieta, 2g de Na+ por dia. • Os efeitos das tiazidas começam de 4-6 semanas, então não se deve fazer ajustes de dose antes desse período; • Geralmente monoterapia não é eficiente a partir de HAS grau 2; Beatriz Maia | TXXIV • E.A.: disfunção erétil, hiperuricemia (nesses casos, pensar em alternativas), hiponatremia grave (uso de hidroclorotiazida), hipercalcemia (em pacientes com hiperparatireoidismo primário), hipopotassemia (que pode levar a arritmias, como a torsade de pointes em interações medicamentosas) e fibrilação ventricular isquêmica espontânea); • As tiazidas atravessam a placenta e saem no leite materno, logo, devem ser evitadas na gravidez. Diuréticos de alça • Têm ação mais aguda e profunda, podem ser prejudiciais na hipertensão; • 2x/dia = diurese excessiva = muitos efeitos colaterais; • Ex.: furosemida, bumetadina, torsemida, ácido etacrínico. Diuréticos poupadores de K+ • São usados no hiperaldosteronismo (este pode causar hipopotassemia); • Amilorida: alguma eficácia na HAS; • Espironolactona: reduz a PA mas os E.A. são disfunção erétil, ginecomastia, hiperplasia prostática benigna; • Eplerenona: é antagonista do receptor de aldosterona; • Triantereno: junto a um tiazídico diminui o risco de hipopotassemia, mas não tem efeito na HAS quando sozinho; • Contraindicados em IR; • Uso com IECA ou antagonista do receptor da angiotensina aumenta o risco de hiperpotassemia; • AINEs reduzem os efeitos anti-hipertensivos. Agentes simpatolíticos Antagonistas do receptor B-adrenérgico Local e mecanismo de ação: • Afetam a circulação através da diminuição da contratilidade do miocárdio, frequência e débito cardíaco; • Bloqueiam os B-receptores justaglomerulares, reduzindo a secreção de renina e diminuindo a AngII circulante; • Outros efeitos são labetalol ser antagonista de α-receptor e o nebivolol promover vasodilatação pela ativação do NO. Efeitos farmacológicos: • Podem se diferenciar pelo B1-receptor, presença de agonista parcial ou atividade simpatomética intrínseca e capacidade vasodilatadora: a) Atividade simpatomética intrínseca: redução inicial do débito cardíaco e aumento induzido pelo reflexo na resistência periférica, não alteram a PA (e quando há Beatriz Maia | TXXIV diminuição, a resistência periférica retorna aos valores pré-tratamento ou menos o que junto ao débito cardíaco diminuído prolongado pode diminuir a PA); Efeitos adversos e precauções: • Devem ser evitados em pacientes com asma ou disfunção do nodo SA ou AV, ou combinados com fármacos que inibem a condução AV (ex: verapamil); • Pode aumentar o risco de hipoglicemia em usuários de insulina; • Os antagonistas do B-receptor sem atividade simpatomimética intrínseca aumentam os TG no plasma e reduzem o HDL (não alteram o CT); • A interrupção súbita pode causar hipertensão de rebote, logo, a dose deve ser reduzida de forma gradual em 10-14 dias; • AINEs (ex: indometacina) podem diminuir o efeito do propranolol; • A epinefrina pode causar grave hipertensão e bradicardia se um BB não seletivo estiver presente. Usos terapêuticos: • São eficientes em todos os níveis de HAS; • Todos permitem dose única ou 2x/dia; • Idosos e americanos afrodescendentes têm menor resposta; • Geralmente não provocam retenção de sal e água e não é preciso usar um diurético para evitar edema ou para desenvolver tolerância (mas têm efeitos aditivos associados a eles); • B-bloqueador + diurético + vasodilatador é eficiente; • São os preferidos em pacientes com IM, cardiopatia isquêmica ou ICC. Antagonistas do receptor α1-adrenérgico Estão disponíveis prazosina, terazosina e doxazosina. Efeitos farmacológicos: • Curto prazo: redução da resistência arteriolar e aumento da capacitância venosa, gerando aumento do reflexo simpático na FC e na atividade da renina plasmática; • Longo prazo: vasodilatação persiste e DC, FC e atividade da renina voltam ao normal, o fluxo sanguíneo renal não se altera; • Provocam hipotensão postural variável, retenção de sal e água, redução de TG e LDL e aumento de HDL (efeitos sobre os lipídeos persistem quando um diurético tiazídico é administrado em associação). Efeitos adversos: • Doxazosina em monoterapia aumenta o risco de ICC; • Fenômeno de primeira dose: hipotensão ortostática sintomática em 30-90 min da dose inicial ou após aumento da dose, ocorre em até 50% dos pacientes. Usos terapêuticos: • São usados principalmente com diuréticos, B-bloqueadores e outros anti-hipertensivos; Beatriz Maia | TXXIV • B-bloqueadores potencializam os α1-bloqueadores; • Não são recomendados em feocromocitoma, pois os receptores α2-adrenérgicos não bloqueados podem ser ativados; • Melhoram sintomas urinários em hiperplasia prostática benigna. Antagonistas dos receptores α1 e B-adrenérgicos combinados • Labetalol: 2 isômeros inativos + α1 antagonista (prazosina) e B antagonista não seletivo com atividade parcial (pindolol), administração IV pode ser útil em emergências hipertensivas, E.A. a longo prazo não previsíveis; • Carvedilol: hipertensão e IC sintomática, α1-antagonista/B-antagonista = 1/10, reduz mortalidade em pacientes com ICC associada a disfunção sistólica quando usado como auxiliar na terapia com diuréticos e IECA, não deve ser administrado a pacientes com IC descompensada dependentes de estimulação simpáticas, E.A. a longo prazo não previsíveis; • Nebivolol: promove vasodilatação (relaxamento do m. liso vascular através do NO). Metildopa • Usada para HAS gestacional; • A metildopa é armazenada nas vesículas secretoras dos neurônios adrenérgicos substituindo a NE, quando o neurônio a libera, ela age no SNC (tronco cerebral) inibindo a corrente neuronal adrenérgica e atua como agonista nos receptores α2-adrenérgicos pré-sinápticos, diminuindo a liberação de NE e seus efeitos vasoconstritores no SNSP. Absorção, metabolismo e excreção: • Pró-fármaco metabolizado no cérebro para a forma ativa (α-metilnorepinefrina), sua concentração plasmática tem pouca importância; • Pico plasmáticoapós 2-3h, excretada na urina como conjugado de sulfato e fármaco original; • Pacientes com IR são mais sensíveis aos efeitos anti-hipertensivos da metildopa. Efeitos adversos e precauções: • Sedação, depressão, boca seca, redução da libido, sinais de parkinsonismo, hiperprolactinemia, ginecomastia, galactorreia, precipitação de bradicardia e parada sinusal; • Hepatotoxicidade, alterações sanguíneas, pancreatite, síndrome de má absorção. Usos terapêuticos: • HAS durante a gravidez, dose inicial é 250mg 2x/dia. Clonidina, guanabenzo e guanfacina • Estimulam o subtipo α2A dos receptores α2-adrenérgicos no tronco cerebral, levando a redução da corrente simpática no SNC, redução de NE no plasma e efeito hipotensor; • Em toses maiores que as necessárias para ativar os α2A-receptores centrais, eles ativam os α2B-receptores nas células do m. liso vascular (vasoconstrição). Efeitos farmacológicos: Beatriz Maia | TXXIV • Os agonistas α2-adrenérgicos reduzem a PA diminuindo o DC e a RP, pode causar hipotensão postural e ICC em pacientes suscetíveis. Efeitos adversos e precauções: • Sedação, xerostomia, hipotensão postural, disfunção erétil, distúrbios do sono, bradicardia, parada sinusal, bloqueio AV; • A interrupção súbita de clonidina pode causa síndrome de retirada 18-36h após (aumento da descarga simpática), essa síndrome se trata com nitroprusseto de sódio ou B-bloqueador + α- bloqueador; • Diuréticos potencializam o efeito hipotensor, enquanto antidepressivos tricíclicos podem diminuir o efeito. Usos terapêuticos: • Não é a primeira opção para monoterapia, é usada quando o paciente não responde a outras combinações; • A clonidina é usada em pacientes hipertensos para diagnóstico de feocromocitoma (é feita dose oral e a falta de supressão da concentração sugere o tumor, assim como a medição da excreção urinária noturna de NE). Guanadrel
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