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Suporte Básico de Vida e Biossegurança Edema, luxação e entorse 1. Epidemiologia ● Luxação do quadril: cerca de 70 a 80% são causadas pelo deslizamento da cabeça do fêmur para trás e para fora do acetábulo (Primeiros socorros no esporte, 2015). ● Grupos de risco: atletas, bebês e idosos (Manual de Trauma Ortopédico, SBOT, 2011). ● Luxação do ombro: mais frequente dentre as grandes articulações, respondem por aproximadamente 45% de todas as luxações e, dessas, 85% são traumáticas. A faixa etária mais frequentemente acometida está entre 20 e 29 anos (Manual de Trauma Ortopédico, SBOT, 2011). ● Em 48,3% dos casos, as luxações ocorreram por causa de práticas esportivas ou recreacionais (Manual de Trauma Ortopédico, SBOT, 2011). ● Em Mato Grosso do Sul, 3.727 trabalhadores pediram afastamento dos empregos por fraturas ou traumas durante o expediente, incluindo fraturas do punho, luxação e entorse do joelho, do pé, do tornozelo e da cintura escapular (Midiamax, 2017). ● A articulação do cotovelo é a mais luxada - principalmente em países subdesenvolvidos (Sociedade Brasileira de Ortopedia do DF, aula 2020). 2. Conceitos (PHTLS 2016; Urgências e Emergências em enfermagem, 2017) ● Tendão → faixa de tecido rígido, inelástico e fibroso que conecta os músculos aos ossos que eles movem; ● Ligamento → faixa de tecido rígido e fibroso que conecta um osso ao outro, mantém as articulações unidas. ● Edema → lesão nos tecidos moles caracterizada pelo intumescimento devido ao aumento do líquido intersticial, incluindo água, células, proteínas, entre outros. O edema é comumente um sinal da luxação e do entorse, juntamente com a coloração azulada devido à redução do fluxo sanguíneo. ● Luxação → “separação de dois ossos na sua articulação, resultante de uma ruptura significativa dos ligamentos, que geralmente dão suporte e estabilidade à articulação” (PHTLS 2016). Há risco de rompimento da cápsula articular. ● Entorse → “estiramento e rompimento parcial das fibras dos ligamentos”. “Perda momentânea da congruência ou continuidade articular” (Urgências e Emergências em Enfermagem, 2017). Obs.: A presença de uma lesão musculoesquelética sem risco à vida pode ser indicativa de trauma multissistêmico, por isso é importante que o socorrista realize uma avaliação primária completa. Quando uma vítima sofre um trauma, avalia-se primeiro as lesões que ofereçam risco à vida, as quais nem sempre serão as mais visíveis e as que aparentam ter mais gravidade (seguir o XABCDE). Caso o indivíduo não tenha, o socorrista prossegue com a avaliação secundária, a qual verifica as extremidades, inclusive a integridade das articulações e dos tecidos moles e outros possíveis problemas musculoesqueléticos. 3. Avaliação das lesões musculoesqueléticas (Urgências e Emergências em Enfermagem, 2017) ● Expor a área, inspecionar e palpar cuidadosamente para identificar as lesões; ● Reconhecer as lesões potencialmente graves, sem desviar a atenção para aquelas que mais impressionam, porém não acarretam grande risco. Lembrete → uma lesão menor com sangramento ativo e abundante pode ser mais grave do que uma lesão extensa e mais superficial; ● Avaliar a motricidade, sensibilidade, coloração, temperatura, perfusão e pulso distal em extremidades; ● Retirar adornos do membro, como anel, pulseira, relógio e corrente, pois o edema dificultará remoção posterior; ● Avaliar lesões ocultas associadas a fraturas específicas, conforme os indícios da cinemática do trauma. 4. Luxação (PHTLS 2016; Urgências e Emergências em Enfermagem, 2017) ● A deformidade e o edema são sinais gerais de luxação. ● Pode ocorrer rompimento do tecido que cobre a articulação e a exposição do osso (Manual de primeiros socorros da Fiocruz, 2003). ● Sinais específicos de luxação: Fonte: PHTLS 2016 ● Na luxação, ocorre desconexão articular e as estruturas perdem a função articular, isto é, o movimento. ● Produzem muita dor (maior que a do entorse) e, por vezes, torna-se complicado diferenciar a fratura da luxação (é comum ocorrerem ambas). Pessoas que já tiveram luxações têm ligamentos mais elásticos que o normal, a não ser que o problema tenha sido corrigido cirurgicamente (PHTLS 2016). ● Predominância de luxações (geralmente acomete articulações de maior mobilidade): articulação glenoumeral (ombro), articulação do quadril e articulações metacarpofalângicas e interfalângicas. ● Tipos de luxações: completa (os ossos ficam completamente desunidos) e incompleta ou subluxação (reduzida separação entre dois ossos). Na subluxação, o osso retorna espontaneamente à posição original. Obs.: quando ocorre uma luxação ou subluxação de alguma articulação, é importante observar outras estruturas ligadas a ela, como a luxação da patela, por exemplo, que pode ser causada pela contração vigorosa dos músculos externos do quadríceps (o tendão desse músculo continua como ligamento da patela). Fontes: PHTLS 2016. A segunda imagem é de uma luxação anterior de joelho direito. A tíbia está sobreposta ao fêmur nesse caso. ● Cotovelo (Manual de Trauma Ortopédico, SBOT, 2011; Aula do Dr. Bernardo Terra, Sociedade Brasileira de Ortopedia do DF, 2020) ⇒ Luxação póstero-lateral rotatória: queda com a mão espalmada com estresse em valgo + compressão axial e supinação → mais comum. Há também a instabilidade póstero-lateral rotatória em varo e luxações transolecranianas posteriores e anteriores. Todo cotovelo instável não resolvido gera artrose precoce. ⇒ Teste para estresse em valgo ou teste do ligamento colateral medial: pedir para o paciente se levantar da cadeira apoiando-se no braço dela ou avaliar o ombro em rotação externa e o antebraço pronado. A luxação simples é aquela sem fratura associada, pois pode ser resolvida com imobilização e com fisioterapia de flexoextensão. Fonte: Revista Brasileira de Ortopedia, 2002. ⇒ Tríade terrível : associação de fraturas do processo coronoide da ulna + luxação do cotovelo + fraturas da cabeça do rádio. Exige tratamento cirúrgico na maioria dos casos. ⇒ Sintomas: dor, equimose, deformação do cotovelo e edema. ● Tratamento ⇒ Imobilizar com tela na posição encontrada (talas rígidas, moldáveis, infláveis e de tração e tipoias no caso de lesão no ombro) + manipulação suave da articulação para tentar restabelecer a perfusão (caso de pulso fraco ou ausente), colocando na posição mais anatômica possível → causa muita dor, por isso precisa preparar o paciente. ⇒ O que NÃO fazer? Não dar comida ao paciente que sofreu de luxação, pois a pessoa pode precisar fazer cirurgia para redução da luxação com anestesia localposteriormente. Não manipular a articulação para tentar voltá-la ao lugar correto se você não for um médico treinado. ⇒ Se o tempo até o hospital for pequeno → não manipular. ⇒ Registrar como estava a lesão, se há pulso, movimentos, sensação, cor antes e depois da imobilização e como foi feita a manipulação. ⇒ Aplicar gelos ou compressas frias para diminuir a dor e o edema. ⇒ Se possível, após a imobilização, elevar o membro para reduzir o edema e a dor latejante. 5. Entorse (Urgências e Emergências em Enfermagem, 2017) ● Os locais onde ocorre mais comumente são as articulações do tornozelo, ombro, joelho, punho e dedos (Manual de primeiros socorros da Fiocruz, 2003). ● Sintomas: edema, hematoma, dor local, aumento da temperatura, incapacidade de realizar movimentos completos e de se apoiar sobre a articulação.. ● Comum em esportes → principalmente articulação talocrural (tornozelo) e a do joelho. ● Graus de entorse: ⇒ Grau 1 — Estiramento ligamentar; menos de 10% das fibras ligamentares são danificadas; sua cicatrização é rápida e natural. Dor leve ou inexistente, não há inflamação. ⇒ Grau 2 — Lesões ligamentares parciais; aumenta o número de rupturas nas fibras dos ligamentos; no entanto, não chega a ser uma ruptura total. Dor e área edemaciada, há inflamação. ⇒ Grau 3 — Lesões ligamentares totais; apresenta-se uma ruptura total das fibras dos ligamentos; este quadro geralmente é indicado para cirurgia. Muita dor, edema e hematoma, não há movimento da articulação ● Joelho ⇒ Afeta os ligamentos cruzados anterior e posterior, meniscos lateral e medial e os ligamentos colaterais medial (da tíbia) e lateral (da fíbula). ⇒ Fenômeno da tríade infeliz: o joelho vira para dentro → o ligamento colateral medial é rompido → traciona o menisco medial → traciona o ligamento cruzado anterior. ⇒ Traumas diretos: queda; traumas indiretos: movimentos bruscos (giros e saltos). ● Tornozelo (Primeiros socorros no esporte, 2015) ⇒ Entorse por inversão: afeta os ligamentos da parte externa do tornozelo (algumas vezes os internos) → mais comum que a eversão; ⇒ Entorse por eversão: afeta os ligamentos da parte interna do tornozelo (algumas vezes os externos). ● Tratamento ⇒ Pedir que a vítima não mexa o local lesionado. ⇒ Aplicação de gelo por, no máximo, 15 minutos por dois ou três dias e elevação do membro → combate inflamação aguda pela vasoconstrição, reduzindo dor. ⇒ Após o gelo → fase de calor: bolsas quentes para aumentar o fluxo sanguíneo na área afetada. ⇒ Trabalho de fortalecimento muscular → fisioterapia, por exemplo. ⇒ Imobilização e transporte para unidade hospitalar (casos sérios). ⇒ Imobilizar por meio de faixas de modo que haja uma extremidade à mostra para observar a normalidade circulatória. ⇒ Não apertar muito as faixas, a fim de permitir perfusão sanguínea (Manual de primeiros socorros da Fiocruz, 2003). ⇒ Repouso do membro afetado.
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