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Livro - Fundamentos e Metodologia do Ensino da Lingua Portuguesa
FACULESTE
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porém, essencial já não significa mais essencial, porque há orações sem sujeito); é confusa (os conceitos são inadequados). É um crime, portanto, encher a cabeça de nossos alunos com algo inútil (o conhecimento da teoria não contribui significativamente para o domínio da língua), confuso, incompleto e absurdo. Consequência: os alunos não aprendem nem a teoria, nem a língua, estabelecendo-se, em suas mentes, tremenda confusão a lhes inibir, para o resto da vida, a expressão e a comunicação. (FARACO, C. A. As sete pragas do ensino de português. In: GERALDI, J. W. (Org.). O texto na sala de aula: leitura e produção. Cascavel: Assoeste, 1984, p. 20). Atividades complementares Texto sem pé nem cabeça Às vezes as pessoas nos contam um fato ou nos fazem um relato e nós não entendemos nada. É que tem pessoas que para contar uma história fazem uma grande confusão com as informações. Isto aconteceu com o texto a seguir: ele é uma confusão, e só cabe a você organizar as informações e torná- -lo compreensível. Para que isso aconteça, você vai numerar os parênteses de forma que o texto seja ordenado e ganhe sentido. Então, mãos à obra! Fábula: A Rã e o Rato ( ) Pediu ajuda a uma Rã que concordou desde que o Rato fosse amarrado a uma das patas. – 35 – Concepções de Linguagem ( ) Assim que entraram no rio, porém, a Rã mergulhou, levando junto o Rato que sentia afogar-se. ( ) Estavam nessa luta quando, por cima passava um Falcão que, perce- bendo o Rato sobre a água, baixou sobre ele e levou-o nas garras junta- mente com a Rã que estava atada. ( ) Um Rato desejava atravessar um rio, mas o temia, pois não sabia nadar. ( ) O Rato consentiu e encontrando um pedaço de fio, ligou uma de suas pernas à Rã. ( ) Por isso debatia-se com a Rã que, por sua vez, lutava para nadar; tudo isso causando muito cansaço e estardalhaços. ( ) Ainda no ar, os devorou. (Fábula de Esopo, domínio público) Agora, reescreva o texto na sequência correta. Atividade prática envolvendo leitura, oralidade e escrita Preenchimento do texto com cartelas O professor apresenta um texto em uma cartolina ou papel manilha, porém, o texto irá se apresentar com muitas lacunas. O professor distribui a cada aluno uma cartela contendo uma palavra. Após a distribuição das cartelas, o professor, à medida que lê o texto, pergunta quem tem a palavra que acha que preenche o espaço em branco. Ao se manifestar, o aluno (ou outros) deve explicar a relação feita para que aquela palavra preencha aquele espaço. Sugestão de texto (fragmento da obra O Pequeno Príncipe) – Não, disse o_____________. – Eu procuro______________. Que quer dizer “_______________”? – É algo quase sempre esquecido – disse a raposa. Significa “______________”... Fundamentos e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa – 36 – – Criar laços? – Exatamente – disse a ____________. – Tu não és ainda para mim senão um ____________ inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu também não tens ______________ de mim. Não passo a teus ______________ de uma raposa igual a cem mil ___________ raposas. Mas, se tu me _______________, nós ____________ necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti única no ______________. – Começo a compreender – disse o pequeno príncipe. – Existe uma flor... eu _______________que ela me cativou. (Fragmento do livro O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint Exupéry (domínio público). Cartelas PRÍNCIPE OLHOS AMIGOS OUTRAS CATIVAR CATIVAS RAPOSA TEREMOS GAROTO MUNDO NECESSIDADE CREIO CRIAR LAÇOS 3 Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem Segundo os apontamentos de João Teodoro D. Marote e Gláucia D. Marote Ferro, na obra Didática da Língua Portuguesa (1994), para que a criança se torne capaz de utilizar a sua primeira língua como meio de comunicação, deverá passar, preliminarmente, por um processo chamado aquisição. Como a língua é o meio que lhe permitirá o exercício da linguagem, diz-se, indiferentemente, aquisição da língua ou aquisição da linguagem. A criança deverá vivenciar situações de uso da língua (algumas de suas variedades) atuando primeiro como mera ouvinte, depois, receptora e, finalmente, emissora de mensagens. Enquanto mera ouvinte, apenas receberá os enunciados produzi- dos pelas outras pessoas. Quando for receptora, ela não só rece- berá, mas também compreenderá enunciados. Quando passar a Fundamentos e Metodologia do Ensino da Língua Portuguesa – 38 – emissora, ela responderá às mensagens recebidas ou tomará a iniciativa de enviar suas mensagens. A aquisição e o desenvolvimento da linguagem ocorrem na criança por meio da interação com as pessoas que a cercam, os pais, os parentes e, mais tarde, os colegas de brincadeiras. 3.1 Aquisição e desenvolvimento da linguagem na criança nos aspectos fonológico, semântico, sintático, morfológico e pragmático O desenvolvimento da linguagem processa-se holisticamente, pois os diferentes componentes da linguagem (função, forma e significado) são apre- endidos de forma simultânea. A partir do momento em que a criança des- cobre que tudo tem um nome e à medida em que pretende expressar signifi- cados mais complexos, ela adquire formas mais elaboradas e usa funções da língua mais adequadas ao contexto e aos propósitos pretendidos. O processo de aquisição da linguagem envolve o desenvolvimento de sis- temas interdependentes: o pragmático, que se refere ao uso comunicativo da linguagem num contexto social, descreve o modo como a linguagem deve ser adaptada a situações sociais específicas, transmitindo emoções e enfatizando significados; o fonológico, envolvendo a percepção e a produção de sons para formar palavras; o semântico, respeitando as palavras e seu significado; e o gramatical, compreendendo as regras sintáticas e morfológicas para combi- nar palavras em frases compreensíveis. As palavras são a essência de uma língua. Sem elas não é possível qual- quer comunicação verbal, apesar de que, para ser falante da língua, não é suficiente conhecer todas as palavras que integram o léxico dessa língua. O desenvolvimento lexical começa muito cedo, quando a criança é capaz de atribuir significado a uma palavra que ouve frequentemente associada a uma pessoa, uma ação ou um objeto e prolonga-se por toda a vida. Vejamos alguns exemplos de “fala” da criança: “eu já ‘di’ o brinquedo”; ou “eu já ‘fazi’ xixi”. Essas construções demonstram que a criança já possui internalizada a gramá- tica natural da língua, usando o esquema “eu cresci”, “eu dividi”, “escrevi”... que são formas regulares do verbo na primeira pessoa do pretérito perfeito (o – 39 – Aquisição e Desenvolvimento da Linguagem verbo dar é irregular). Mais um exemplo: “Joãozinho já ‘fazeu’ o desenho”. O “erro” cometido pela criança ao dizer fazeu deve ser visto pelo educador como um indicador de desenvolvimento. 3.1.1 Desenvolvimento fonológico A capacidade para distinguir ou discriminar os sons da fala é apenas uma das facetas do desenvolvimento fonológico; a outra diz respeito à capacidade de produzir sons da fala. Para além dos sons usados para articular a fala, o apa- relho vocal produz outros sons, tais como o choro, o riso e sons vegetativos (tosse, espirros, gemidos) que o bebê produz antes mesmo de articular sons como uma função linguística, ou seja, falar. O processo de desenvolvimento da produção de sons é regido por leis de maturação biológica, o que faz com que seja universal, isto é, idêntico em todas as crianças, dependendo apenas da respectiva integridade fisiológica. Antes da articulação de palavras, a criança interage vocalmente por meio de um conjunto de produções sonoras, tais como o choro, o riso, o balbucio, que integram o chamado período pré-linguístico.