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Faculdade de Tecnologia UERJ - Resende Professora Gabriela Coutinho Derivada Parcial, Diferencial Total, Plano Tangente e Gradiente 1 Derivadas Parciais Uma pergunta natural que podemos fazer quando estudamos funções de duas va- riáveis é “como a função pode ser afetada por uma mudança em uma das suas variáveis independentes?”Neste caso, estamos considerando que uma variável independente muda enquanto a outra variável independente permanece constante. A esse processo damos o nome de derivada parcial. Definição de Derivadas Parciais: Se z = f(x, y), então a primeira derivada parcial de f com respeito a x e y são funções fx e fy definidas por fx(x, y) = lim ∆x→0 f(x+∆x, y)− f(x, y) ∆x fy(x, y) = lim ∆y→0 f(x, y +∆y)− f(x, y) ∆y dado que os limites existem. Para encontrar fx você considera y como constante e deriva somente em relação variável x. Da mesma forma, para obter fy você considera x como constante e deriva somente em relação variável y. Exemplo: Encontre as derivadas parciais fx e fy para a função f(x, y) = 3x− x2y2 + 2x3y Considerando y constante e derivando com respeita à x, temos fx(x, y) = 3− 2xy2 + 6x2y Considerando x constante e derivando com respeita à y, temos fy(x, y) = −2x2y + 2x3. 1 Rectangle Notação para Derivadas Parciais: Se z = f(x, y), então a primeira derivada parcial de f com respeito a x e y podem ser expressa como ∂ ∂x f(x, y) = fx(x, y) = zx = ∂z ∂x e ∂ ∂y f(x, y) = fy(x, y) = zy = ∂z ∂y A primeira derivada parcial calculada no ponto (a, b) pode ser representada como ∂z ∂x !!!! (a,b) = fx(a, b) e ∂z ∂y !!!! (a,b) = fy(a, b) Exemplo: Encontre as derivadas parciais fx e fy no ponto (1, ln 2) para a função f(x, y) = xex 2y Uma vez que fx(x, y) = xe x2y(2xy) + ex 2y a derivada parcial fx no ponto (1, ln 2) é dada por fx(1, ln 2) = e ln 2 (2 ln 2) + eln 2 = 4 ln 2 + 2 Uma vez que fy(x, y) = xe x2y(x2) = x3ex 2y a derivada parcial fy no ponto (1, ln 2) é dada por fy(1, ln 2) = e ln 2 = 2 1.1 Interpretação Geométrica As derivadas parciais de uma função de duas variáveis têm uma interpretação geométrica. Se y = y0, então z = f(x, y0) representa a curva forma pela interseção da superf́ıcie z = f(x, y) com o plano em que y = y0, consequentemente fx(x, y0) = lim ∆x→0 f(x+∆x, y0)− f(x, y0) ∆x representa a inclinação da reta tangente a essa curva no ponto P (x0, y0, f(x0, y0)), como mostra a figura 12. Se x = x0, então z = f(x0, y) representa a curva forma pela interseção da superf́ıcie z = f(x, y) com o plano em que x = x0, consequentemente fy(x0, y) = lim ∆y→0 f(x0, y +∆y)− f(x0, y) ∆y 2 x y z 0 Reta Tangente A curva z f (x, y0) no plano y y0 P(x0, y0, f (x0, y0)) Eixo vertical no plano y y0 z f (x, y) y0 x0 Eixo horizontal no plano y y0 (x0 , y0) (x0, y0) x x z y P(x0, y0, f (x0, y0)) y0x0 (x0, y0) (x0, y0 ) A curva z f (x0, y) no planox x0 Eixo horizontal no plano x x0 z f (x, y) Reta Tangente Eixo vertical no plano x x0 0 y Figure 1: Figura retirada de [3]. representa a inclinação da reta tangente a essa curva no ponto P (x0, y0, f(x0, y0)), como mostra a figura 12. Exemplo: Encontre as inclinações da reta tangente na direção x e na direção y da superf́ıcie dada pela função f(x, y) = −x 2 2 − y2 + 25 8 no ponto (1/2, 1, 2). As derivadas parciais de f(x, y) com respeito a x e y são dadas por fx(x, y) = −x e fy(x, y) = −2y Em x a inclinação é fx(1/2, 1) = −1/2 e em y é fy(1/2, 1) = −2. Exemplo: Encontre as inclinações da reta tangente na direção x e na direção y da superf́ıcie dada pela função f(x, y) = 4− x2 − 2y2 no ponto (1, 1, 1). As derivadas parciais de f(x, y) com respeito a x e y são dadas por fx(x, y) = −2x e fy(x, y) = −4y 3 Em x e em y a inclinação é fx(1, 1) = −2 e fy(1, 1) = −4. Note na figura 2 que as retas realmente têm inclinações negativas. Figure 2: Figura retirada de [3]. 1.2 Derivadas parciais como taxas de variação Vimos como a derivada parcial é usada para determinar as inclinações das retas tangentes na direção x e y em um ponto P de uma superf́ıcie. Podemos também utilizar a derivada parcial para determinar a taxa de variação de uma variável em relação a outra. As aplicações que envolvem taxas de variação ocorrem em uma ampla variedade de campos do conhecimento: economia, engenharia, biologia, f́ısica,... Sendo z = f(x, y) então a taxa de variação dada por ∂z ∂x = Variação em z Variação em x é a taxa variação de z com relação à x mantendo o y fixo e ∂z ∂y = Variação em z Variação em y é a taxa variação de z com relação à y mantendo x fixo, respectivamente. Um exemplo de taxa de variação em termos de derivadas parciais é o ı́ndice de temperatura-umidade que informa a sensação térmica para uma dada temperatura e umidade relativa do ar, como podemos ver na tabela abaixo. O ı́ndice apresentado na tabela foi calculado através do humidex introduzido pelo Serviço Meteorológico do Canadá. O ı́ndice pode ser escrito como I = f(T,H), onde T corresponde à temperatura e H corresponde à umidade relativa do ar.f Por exemplo, fixando a umidade relativa em H = 60% podemos ver como ı́ndice g(T ) = f(T, 60) varia com respeito à temperatura 4 Umidade relativa (%) Temperatura real (°C) 26 28 30 32 34 36 40 45 50 55 60 65 70 75 80 28 31 34 37 41 43 28 32 35 38 42 45 29 33 36 39 43 47 31 34 37 41 45 48 31 35 38 42 47 50 32 36 40 43 48 51 33 37 41 45 49 53 34 38 42 46 51 54 35 39 43 47 52 56 g′(T ) = lim ∆T→0 g(T +∆T )− g(T ) ∆T = lim ∆T→0 f(T +∆T, 60)− f(T, 60) ∆T = ∂f ∂T !!!! H=60 . Por exemplo, fixando a temperatura em T = 30◦C podemos ver como ı́ndice G(H) = f(30, H) varia com respeito à umidade térmica G′(T ) = lim ∆H→0 G(H +∆H)− g(H) ∆H = lim ∆H→0 f(30, H +∆H)− f(30, H) ∆H = ∂f ∂H !!!! T=30 . Exemplo: Considere a área de um paralelogramo com lados adjacentes a e b e ângulo interno dado por A = ab senθ. Encontre a taxa de variação com respeito à a no para a = 10, b = 20 e θ = π/6. Para achar a taxa de variação com respeito à a no para a = 10, b = 20 e θ = π/6, fazemos ∂A ∂a = b senθ E depois substitúımos os valores de a, b e θ. tal que ∂A ∂a !!!! (10,20,π/2) = 20 sen(π/6) = 10 5 2 Derivadas parciais para funções de três ou mais variáveis O conceito de uma derivada parcial pode ser estendido naturalmente para funções de três ou mais variáveis. Se w = f(x, y, z) podemos obter 3 derivadas parciais mantendo duas variáveis como constante, processo similar ao anterior, ou seja ∂w ∂x = fx(x, y, z) = lim ∆x→0 f(x+∆x, y, z)− f(x, y, z) ∆x ∂w ∂y = fy(x, y, z) = lim ∆y→0 f(x, y +∆y, z)− f(x, y, z) ∆y ∂w ∂z = fz(x, y, z) = lim ∆z→0 f(x, y, z +∆z)− f(x, y, z) ∆z No caso mais geral w = f(x1, x2, · · · , xn), temos n derivadas parciais dadas por ∂w ∂xk = fxk(x1, x2, · · · , xn), k = 1, 2, · · · , n Para achar a derivada parcial com respeito à uma variável independente, você terá que tratar as outras como constante. 3 Derivadas parciais de ordem superior Assim como para as derivadas ordinárias, é posśıvel encontrar derivadas de ordem superior no caso de derivadas parciais de uma função de várias variáveis. Derivadas de ordem superior são denotadas pela ordem com que a diferenciação ocorre. Sendo z = f(x, y), temos 1. Derivando duas vezes em relação à x ∂ ∂x " ∂f ∂x # = ∂2f ∂x2 = fxx 2. Derivando duas vezes em relação à y ∂ ∂y " ∂f ∂y # = ∂2f ∂y2 = fyy 3. Derivando primeiro em relação à x e depois em relação à y ∂ ∂y " ∂f ∂x # = ∂2f ∂x∂y = fxy 4. Derivando primeiro em relação à y e depois em relação à x ∂ ∂x " ∂f ∂y # = ∂2f ∂y∂x = fyx 6 O terceiro e o quarto caso são das derivadas mistas. Teorema da Equivalência das Derivadas Parciais Mistas: Se f é uma função de x e y tal que fxy e fyx são cont́ınuas em umdisco aberto R, então, para todo (x, y) em R, temos que fxy(x, y) = fyx(x, y) Esse teorema se aplica para funções de três ou mais variáveis contanto que as segundas derivadas sejam cont́ınuas em R. Exemplo: Mostre que fxz = fzx e fxzz = fzxz = fzzx para a função dada por f(x, y, z) = yex + x ln z Primeiras derivadas parciais fx(x, y, z) = ye x + ln z, fz(x, y, z) = x z , Segundas derivadas parciais fxz(x, y, z) = 1 z , fzx(x, y, z) = 1 z , fzz(x, y, z) = − x z2 Terceiras derivadas parciais fxzz(x, y, z) = − 1 z2 , fzxz(x, y, z) = − 1 z2 , fzzx(x, y, z) = − 1 z2 4 Diferenciais No caso de uma função de uma única variável, se y = f(x) é diferenciável em x = a então a equação da reta tangente a curva f(x) no ponto (a, f(a)) é dada por y = f(a) + f ′(a)(x− a) A figura 3 mostra as duas relações entre o incremento∆y e a diferencial dy: ∆y representa a variação da altura da curva f(x) enquanto dy representa a variação da altura da reta tangente. Fazendo uma pequena variação em x dada pelo incremento ∆x = x−a, então provo- camos uma variação em y da seguinte forma ∆y = f(a+∆x)− f(a) = f ′(a)∆x+ $∆x, Quando ∆x → 0 o $ → 0. Temos então que ∆y ≈ f ′(x)∆x. 7 reta tangente Figure 3: Figura retirada de [1]. Na aproximação acima denotamos a diferencial de x por dx e a expressão f ′(x)dx fornece a diferencial dy de modo que dy = f ′(x)dx. Da mesma forma, no caso de uma função de duas variáveis em que z = f(x, y), temos que a variação em z é dada por ∆z = f(a+∆x, b+∆y)− f(a, b) quando (a, b) varia para (a+∆x, b+∆y). plano tangente superfície Figure 4: Figura retirada de [1]. A figura 4 mostra a diferença entre dz e ∆z: dz representa a altura do plano tangente enquanto ∆z representa a altura da curva z = f(x, y) quando (x, y) varia de (a, b) para (a+∆x, b+∆y). 8 Definição de Diferencial Total: Se z = f(x, y) e ∆x e ∆y são os incrementos de x e y, então as diferenciais das variáveis independentes x e y são dx = ∆x dy = ∆y e a diferencial total da variável dependente z é dada por dz = ∂z ∂x dx+ ∂z ∂y dy = fx(x, y)dx+ fy(x, y)dy Diferenciabilidade: Se z = f(x, y) é diferenciável em (a, b) então ∆z pode ser escrito como ∆z = fx(a, b)∆x+ fy(a, b)∆y + $1∆x+ $2∆y onde ambos $1, $2 → 0 a medida que (∆x,∆y) → (0, 0). A função é diferen- ciável na região R se é diferenciável em cada ponto de R. Corolário: Se as derivadas parciais fx e fy de uma função f(x, y) são cont́ınuas sobre um região R, então f é diferenciável em todos os pontos de R. Diferenciabilidade implica em continuidade: Se uma função f(x, y) é diferen- ciável em (a, b), então f é cont́ınua em (a, b). Uma função f(x, y) deve ser cont́ınua em um ponto (a, b) se suas derivadas parciais fx e fy são cont́ınuas em uma região aberta contendo (a, b). Entretanto, ainda é posśıvel que uma função de duas variáveis seja descont́ınua em um ponto onde suas primeiras derivadas parciais existem. A existência das derivadas parciais em um ponto não é suficiente para que a função seja diferenciável no ponto. Uma função f(x, y) pode ter derivadas parciais em relação a x e y em um ponto sem que a função seja cont́ınua nesse ponto, como mostrarei no exemplo a seguir. Mas se as derivadas parciais de f(x, y) existem e são cont́ınuas ao longo de um disco centrado em (a, b), então f é cont́ınua em (a, b). Exemplo: Considere f(x, y) = $ 0 xy ∕= 0 1 xy = 0 . Obtenha a) O limite de f conforme (x, y) se aproxima de (0, 0). b) Prove que f não é cont́ınua na origem. c) Mostre que ambas as derivadas parciais fx e fy existem. a) Note que f(x, y) é constantemente igual a zero, exceto nos eixos x e y, então lim (x,y)→(0,0) f(x, y) = lim (x,y)→(0,0) 0 = 0 9 b) Sendo f(0, 0) = 1, temos que lim(x,y)→(0,0) f(x, y) = 0 ∕= f(0, 0) = 1. Então ela não é cont́ınua em (0, 0). c) Para encontrar fx(x, y) em (0, 0), mantemos y fixo em y = 0. Então f(x, y) = 1 para todo x, e o gráfico de f é a reta L1 na figura 5. A inclinação desta linha em qualquer x é fx = 0. Em particular, fx = 0 em (0, 0). Da mesma forma, fy = 0 é a inclinação da linha L2 em qualquer y, então fy = 0 em (0, 0). y z x 0 1 L1 L 2 z 0, xy 01, xy 0 Figure 5: Figura retirada de [3]. 5 Aproximações lineares e Planos Tangentes Quando falamos de diferenciabilidade vimos que escolhendo (x+∆x, y+∆y) próximo o suficiente de (x, y) fazendo $1∆x e $2∆y insignificantes. Em outras palavras, para ∆x e ∆y pequenos você pode usar a aproximação ∆z ≈ dz Essa aproximação pode ser melhor visualizada na figura 4. Lembrando que podemos interpretar as derivadas parciais como ∂z/∂x e ∂z/∂y como inclinações da superf́ıcie nas direções x e y, respectivamente. Então temos que dz = ∂z ∂x dx+ ∂z ∂y dy = fx(x, y)dx+ fy(x, y)dy representa uma mudança na altura do plano que é tangente à superf́ıcie no ponto (x, y, f(x, y)). Como um plano no espaço é representado por uma equação linear nas variáveis x, y e z, a aproximação de ∆z por dz é chamada de aproximação linear. Sendo assim, podemos observar que a aproximação linear está intimamente ligada ao plano tangente à curva em um ponto P (x0, y0, z0). Essa é uma das ideias mais importantes do cálculo: que a medida que damos um zoom no gráfico de uma função diferenciável em um determinado ponto, mais a função se aproxima da sua forma linear, que no caso de duas variáveis corresponde ao plano. A equação de plano tangente que contém o ponto P (x0, y0, z0) pode ser escrita como A(x− x0) +B(y − y0) + C(z − z0) = 0. 10 Dividindo essa equação por C e reescrevendo a = −A/C e b = −B/C, temos que z − z0 = a(x− x0) + b(y − y0), onde o a e o b podem ser identificados como as inclinações das retas tangentes às curvas produzidas pelas interseções das superf́ıcies com os planos, como vimos anteriormente. Então o plano tangente à superf́ıcie S contém as retas T1 e T2 obtidas pelas interseções da superf́ıcie com os planos (veja a figura 6). Observe que fazendo y = y0 encontramos a equação da reta T1 dada por z − z0 = a(x− x0), então temos que a = fx(x0, y0). E fazendo x = x0 encontramos a equação da reta T2 dada por z − z0 = b(y − y0), então temos que b = fy(x0, y0). Figure 6: Figura retirada de [1]. Equação do Plano Tangente: Suponha que f contenha derivadas parciais cont́ınuas. Uma equação do plano tangente à superf́ıcie z = f(x, y) no ponto P (x0, y0, z0) é dada por z − z0 = fx(x0, y0)(x− x0) + fy(x0, y0)(y − y0). Exemplo: Determine o plano tangente do paraboloide eĺıptico z = f(x, y) = 2x2 + y2 no ponto (1, 1, 3) As derivadas parciais no ponto (1, 1) são dadas por fx(x, y) = 4x fx(1, 1) = 4 fy(x, y) = 2y fy(1, 1) = 2 então a equação do plano tangente tangente à superf́ıcie z = 2x2 + y2 em (1, 1, 3) é dada por z − 3 = 4(x− 1) + 2(y − 1) ⇒ z = 4x+ 2y − 3. 11 Na figura 7 mostra o zoom em torno do ponto (1, 1, 3) e podemos ver como o paraboloide eĺıptico z = 2x2+y2 se aproxima do plano nas proximidades deste ponto. Então podemos dizer que f(x, y) ≈ L(x, y) = 4x+ 2y − 3 é uma boa aproximação para a função em torno do ponto (1, 1, 3). A esse processo damos o nome de linearização ou aproximação linear. Linearização: Suponha que f contenha derivadas parciais cont́ınuas. A lin- earização da superf́ıcie z = f(x, y) em torno do ponto P (x0, y0, z0) pode ser dada como f(x, y) ≈ L(x, y) = f(x0, y0) + fx(x0, y0)(x− x0) + fy(x0, y0)(y − y0). O paraboloide elíptico parece coincidir com o plano tangente quando damos zoom em torno de . (c)(b)(a) Figure 7: Figura retirada de [1]. 6 Derivada Direcional e Gradiente Vimos que fx e fy fornecem a taxa de variação de uma função de duas variáveis na direção x e y, mas suponha que você queira saber como a função está variando em uma outra direção qualquer. A derivada direcional fornece a variação da função na direção do vetor unitário u = a i+ b j. Seja z = f(x, y) e P′(x0, y0, 0) um ponto pertencente ao domı́nio da função. As equações x = x0 + ha, y = y0 + hb parametrizam a reta que passa por P ′(x0, y0, 0) e é paralela à u. Observe na figura 8 que a variação da função na direção u em P0(x0, y0, z0) é dada pela inclinação da reta tangente T no ponto P0(x0, y0, z0) da superf́ıcie. 12 cos senu u Figure 8: Figura retirada de [1]. Definição de Derivada Direcional: A derivada direcional de z = f(x, y) em P0(x0, y0) na direção do vetor unitário u = 〈a, b〉 é dada por Duf(x0, y0) = lim h→0 f(x0 + ha, y0 + hb)− f(x0, y0) h . Derivada Direcional: Seja z = f(x, y) uma função diferenciável então a derivada direcional de f na direção do vetor unitário u = 〈cos θ, senθ〉 é dada por Duf(x, y) = fx(x, y) cos θ + fy(x, y) senθ Um gradiente de uma função de duas variáveis é uma função vetorial de duas variáveis. Essa função tem muita utilidade principalmente quando se trata de estudar máximos e mı́nimos que veremos nas próximas aulas. Definição de Gradiente: Seja z = f(x, y) uma função de x e y tal que fx e fy existe. Então o gradiente de f , denotado por ∇f(x, y), é o vetor ∇f(x, y) = fx(x, y)i+ fy(x, y)j. Uma outra notação para gradiente é gradf(x, y). Forma Alternativa pra Derivada Direcional: Seja z = f(x, y) uma função diferenciável então a derivada direcional de f na direção do vetor unitário u = 〈cos θ, senθ〉 é dada por Duf(x, y) = ∇f(x, y) · u O gradiente indica a direção de maior crescimento da função. 13 Propriedades do Gradiente: 1. Se ∇f(x, y) = 0 então Duf(x, y) = 0 para todo u. 2. O valor máximo de Duf(x, y) é |∇f(x, y)| 3. O valor mı́nimo de Duf(x, y) é −|∇f(x, y)| 4. O gradiente é perpendicular às curvas de ńıvel da função: se f é difer- enciável em (x0, y0) e ∇f(x0, y0) ∕= 0 então ∇f(x0, y0) é perpendicular à curva de ńıvel em (x0, y0). Exemplo: Encontre a derivada de f(x, y) = xey + cos (xy) no ponto (2, 0) na direção v = 3i− 4i. A direção v é o vetor unitário obtido de u = v |v| = 3i− 4j√ 42 + 32 = 3i− 4j 5 = 3 5 i− 4 5 j As derivadas parciais de f são todas cont́ınuas em (2, 0) e dadas por fx(x, y) = e y + y sen(xy) fx(2, 0) = e y + y sen(xy) = 1 fy(x, y) = xe y + x sen(xy) fy(2, 0) = xe y + x sen(xy) = 2 O gradiente em (2, 0) é dado por ∇f(2, 0) = fx(2, 0)i+ fy(2, 0)j = i+ 2j A derivada direcional é dada por Duf(2, 0) = ∇f(2, 0) · u = (i+ 2j) · " 3 5 i− 4 5 j # = 3 5 − 8 5 = −1 Para entender melhor o que está acontecendo, observe a figura 9. x y 0 1 3 4 –1 1 2 f i 2j u i j35 4 5 P0(2, 0) Figure 9: Figura retirada de [1]. Exemplo: Ache a direção de máximo e mı́nimo da função f(x, y) = (x2/2) + (y2/2) no ponto (1, 1, 1) 14 A função cresce mais rapidamente na direção ∇f(x, y) em (1, 1), tal que ∇f(x, y) = x i+ y j ⇒ ∇f(1, 1) = i+ j. sua direção é a u = i+ j |i+ j| = i+ j | √ 12 + 12 = i+ j√ 2 A função decresce mais rapidamente na direção −∇f(x, y) em (1, 1), tal que −∇f(x, y) = −x i− y j ⇒ −∇f(1, 1) = −i− j sua direção é a u = −i− j |− i− j| = −i− j% (−1)2 + (−1)2 = − 1√ 2 i− 1√ 2 j A figura 10 mostra o que está acontecendo com a função e que a direção do gradiente indica a direção de crescimento. z x y 1 1 (1, 1) (1, 1, 1) Cresce mais rapidamente Decresce mais rapidamente f i j – f z f (x, y) 2 x2 2 y2 Figure 10: Figura retirada de [3]. 7 Regra da cadeia Vamos estender o que aprendemos com diferenciais para estudar a Regra da Cadeia para funções duas ou mais variáveis. Existem dois tipo de regra da cadeia: um que envolve x e y como função de uma única variável e outro que envolve x e y como função de outras duas variáveis. Em cálculo 1 vimos a regra da cadeia para uma função de uma variável, onde apren- demos a derivar uma função composta do tipo f(x), tal que x = g(t), da seguinte forma df dt = df dx dx dt . 15 Regra da Cadeia (uma variável independente): Seja w = f(x, y), onde f é uma função diferenciável de x e y. Se x = g(t) e y = h(t), então w é uma função diferenciável de t, e dw dt = ∂w ∂x dx dt + ∂w ∂y dy dt Regra da Cadeia t yx w f (x, y) w y w x dy dt dx dt dw dt w x dx dt w y dy dt Variáveis Intermediárias Variável Dependente Variável Independente Figure 11: Figura retirada de [3]. Na figura 12 podemos ver o diagrama da árvore em que mostra w como a variável dependente, x e y como variáveis intermediárias e t como variável independente. Na verdade, podemos ver que w = f(x(t), y(t)) depende, no final das contas, somente de t e que x e y são apenas variáveis intermediárias, por isso nós tratamos a dw/dt como derivada total e não parcial. Exemplo Seja w = x2y − y2, onde x = sent e y = et. Encontre dw/dt quando t = 0. Pela regra da cadeia envolvendo uma única variável independente, temos dw dt = ∂w ∂x dx dt + ∂w ∂y dy dt = 2xy(cos t) + (x2 − 2y)et = 2( sent)(et)(cos t) + ( sen2t− 2et)et = 2et sent cos t+ et sen2t− 2e2t. Quando t = 0, segue que dw dt !!!! t=0 = −2 16 A regra da cadeia pode ser estendida para qualquer número de variáveis. Por exemplo, se cada xi é uma função diferenciável de uma única variável t e w = f(x1, x2, · · · , xn), temos que dw dt = ∂w ∂x1 dx1 dt + ∂w ∂x1 dx2 dt + · · ·+ ∂w ∂xn dxn dt Agora vamos ver o caso em que as variáveis intermediárias são funções de outras duas variáveis Regra da Cadeia (duas variáveis independente): Seja w = f(x, y), onde f é uma função diferenciável de x e y. Se x = g(r, s) e y = h(r, s), então w é uma função diferenciável de r e s, tal que ∂w ∂r = ∂w ∂x ∂x ∂r + ∂w ∂y ∂y ∂r ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s + ∂w ∂y ∂y ∂s No caso em que w é função de 3 variáveis intermediárias, x, y e z, i.e., w = f(x, y, z), tal que x = g(r, s), y = h(r, s) e z = k(r, s), temos ∂w ∂r = ∂w ∂x ∂x ∂r + ∂w ∂y ∂y ∂r + ∂w ∂z ∂z ∂r ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s + ∂w ∂y ∂y ∂s + ∂w ∂z ∂z ∂s w (a) g h k f x y z r, s Variável Dependente Variáveis Independentes Variáveis Intermediárias w f ( g(r, s), h (r, s), k (r, s)) (b) r zx y w f (x, y, z) w x w y y rx r w z z r w r w x x r w y y r w z z r s zx y (c) w x w y y sx s w z z s w s w x x s w y y s w z z s w f (x, y, z) Figure 12: Figura retirada de [3]. Exemplo: Se u = x4y + y2z3, onde x = rset, y = rs2e−t e z = r2s sent, determine o valor de ∂u/∂s quando r = 2, s = 1 e t = 0. 17 Temos que ∂u ∂s = ∂u ∂x ∂x ∂s + ∂u ∂y ∂y ∂s + ∂u ∂z ∂z ∂s = (4x3y)(ret) + (x4 + 2yz3)(2rse−t) + (3y2z2)(r2 sent). Quando r = 2, s = 1 e t = 0, temos x = 2, y = 2 e z = 0, portanto ∂u ∂s = (64)(2) + 16(4) + (0)(0) = 192 8 Derivada Impĺıcita Vamos agora utilizar a regra da cadeia para obter a derivada de uma função definida implicitamente. Suponha que F (x, y) = 0, onde assumimos que y = f(x) é uma função diferenciável de x. Se considerarmos que w = F (x, y) = F (x, f(x)), temos que dw dx = Fx(x, y) dx dx + Fy(x, y) dy dx . Como w = F (x, y) = 0 isso implica que dw/dx = 0, ou seja, 0 = Fx(x, y) dx dx + Fy(x, y) dy dx . Se Fy(x, y) ∕= 0 e levando em conta que dx/dx = 1, podemos escrever dy dx = −Fx(x, y) Fy(x, y) . Um procedimento similar pode ser realizado para derivadas parciais de funções definidas implicitamente envolvendo mais variáveis. Derivação Impĺıcita: Se a equação F (x, y) = 0 define implicitamente y como uma função de x, então dy dx = −Fx(x, y) Fy(x, y) , Fy(x, y) ∕= 0 Se a equação F (x, y, z) = 0 define implicitamente z como uma função de x e y, então ∂z ∂x = −Fx(x, y, z) Fz(x, y, z) , ∂z ∂y = −Fy(x, y, z) Fz(x, y, z) Fz(x, y, z) ∕= 0. 18 Exemplo: Encontre dy/dx dada por y3 + y2 − 5y − x2 + 4 = 0 Vamos começar definindo F (x, y) como F (x, y) = y3 + y2 − 5y − x2 + 4. Sabendo que Fx = −2x e Fy = 3y2 + 2y − 5, segue que dy dx = −Fx(x, y) Fy(x, y) = 2x 3y2 + 2y − 5 . 19 References[1] J. Stewart, Cálculo, vol.2. 7a. ed., Cengage Learning. [2] R. Larson e B. H. Edwards, Multivariable Calculus, Brooks Cole. [3] M. D. Weir, J. Hass e G. B. Thomas, Thomas Calculus, Pearson India. 20
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