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Endocardites AULA 5- 17/09/2020 Infecto Yasmin Pelógio de Macêdo Conceito • Processo infeccioso, na maioria das vezes, que acomete o endocárdio - Valvas cardíacas nativas ou sintéticas - Superfície de anormalidade cardíaca - Dispositivos intracardíacos • Vegetação: plaquetas, fibrina, microrganismos, células inflamatórias Classificação • Aguda (menor que 30dias) x Subaguda/ crônica (maior que 30 dias) • De acordo com a etiologia: bacteriana x fúngica • Comunitária (em até 48h de internação) x Hospitalar (após 48h de internação) • Valvas Naturais x Protéticas Epidemiologia • Incidência global da EI na população em geral: 3 a 10 por 100.000 indivíduos/ano • Mortalidade: 15 a 22% • Fatores de Risco: - Idade maior que 60 anos - Sexo masculino - Dispositivos intracardíacos - História prévia de endocardite infecciosa - Doença valvar prévia: Febre Reumática - Uso de valva protética - Outras condições: hemodiálise, HIV, usuários de drogas Microbiologia Staphylococcus spp. e Streptococcus spp. correspondem a maioria dos casos! Principais agentes etiológicos: Staphylococcus aureus: - Mais comum nas endocardites infecciosas ao uso de drogas endovenosas (60% dos casos) e procedimentos invasivos percutâneos; - Apresenta febre elevada e progressão rápida da EI - Principal agente da endocardite aguda em valva nativa Staphylococcus coagulase-negativos: - S.epidermidis, S.lugdunensis, S.capitis - Mais importante na EI de prótese valvar - Apresentação geralmente subaguda Streptococcus do grupo viridans: - S.mutans, S.mitis, S.intermedius, S.salivarius e S.sanguinis - Mais comum na endocardite infecciosa comunitária em valvas nativas - Normalmente habita orofaringe - Instalação subaguda ou aguda Outros streptococcus: - Streptococcus do grupo A (raro), do grupo B e grupo D [S.bovis (geralmente com alguma doença de cólon), S.gallolyticus] Enterococcus: - 15% de todos os casos de Endocardite Infecciosa (EI) - Estão relacionados a infecções ou manipulação do trato urinário - Enterococcus faecalis e Enterococcus faecium Grupo HACEK: - Haemophilus, Actinobacillus actinomycetemcomitans, Cardiobacterium hominis, Eikenella corrodens e espécies de Kingella - Responsável por 5% dos casos de endocardite - Agente causador de EI subaguda em valvas nativas e EI em valvas protéticas - Podem ser necessários de 14 a 21 dias para crescerem em hemoculturas Fungos: - Aspergillus e Candida spp. - Uso de drogas intravenosa - Cirurgia cardíaca recente - Cateteres vasculares de uso prolongado Outras bactérias gram negativas: - P.aeruginosa, E.coli, Klebisiela sp, Enterobacter sp, Salmonella sp, Serratia marcescens, Neisseria gonorrhoeae Patogênese • Endotélio normal é naturalmente resistente à colonização por bactérias - Fluxo turbulento por deficiência valvar, presença de dispositivos (para haver endocardite = dano endotelial + bacteremia) • Infecção: colonização do endotélio lesado por bactérias circulantes com fatores de adesão específicos Apresentação Clínica Febre (90%) + Sopro Cardíaco (80%) Obs.: Na maioria das endocardites subagudas, a febre NÃO irá estar presente! *História Clínica* • Procedimentos médicos recentes • Infecção bacteriana prévia • Doença cardíaca • Uso de dispositivos cardíacos, próteses ortopédicas • Uso de drogas intravenosas *Outros sintomas decorrentes de complicações* • Complicações cardíacas (50%): arritmias, insuficiência cardíaca rápida • Manifestações pulmonares (40%): pneumonia, abscessos • Embolia séptica: infarto renal, esplênico • Quadro neurológico: meningite, infarto cerebral • Reação sistêmica imune: glomerulonefrite *Exame Clínico* • Presença de sopros • Abscesso miocárdico (febre prolongada + BAVT de forma abrupta) • Evidência de embolias - embolização sistêmica (pulmonar, encefálica, renal, esplênica/mesentérica, cardíaca, extremidades) • Lesões cutâneas e mucocutâneas - Petéquias (20 a 40%), manchas de Splinter (mais comuns em idosos), lesões de Janeway (comum em mãos e pés, não doem), nódulos do Osler (doem), manchas de Roth (na retina) - Síndrome anêmica, hemólise por fragmentação Obs.: Em endocardites de lado direito, de acometimento de tricúspide, geralmente não há a presença de sopros! Quando suspeitar de EI? • Sopro novo • Eventos embólicos de origem desconhecida • Sepse de foco desconhecido • Febre associada à prótese, EI prévia, cardiopatia congênita, imunodepressão, uso de droga IV, procedimento invasivo recente, fenômenos vasculares, sinais neurológicos focais, TEP, abscessos periféricos de causa desconhecida, hemocultura positiva para germe compatível Diagnóstico Inespecífico • Marcadores inflamatórios elevados: PCR, VSH • Anemia • Urinálise: hematúria, piúria, proteinúria • Alterações de ECG: bloqueio de ramo, bloqueio atrioventricular • Rx de tórax: infiltrados que sugerem insuficiência cardíaca por comprometimento bacteriano ou embolia • TC: sinais isquêmicos de endocardite (infarto esplênico) Diagnóstico Específico • Hemoculturas - Alta positividade - Colher 3 amostras, de 3 locais diferentes, com intervalo de 1h - Se paciente crítico: adiantar as coletas para início imediato de ATB • Exames de imagem (ECO) • Exame histopatológico valvar - Útil em casos de troca valvar - Aliado à coleta de material para cultura • Sorologias - Identificação de organismos de difícil cultura: Bartonella, Mycoplasma, Brucella - Aumento de títulos de IgG ou IgM elevados • Reações em cadeia polimerase - Necessita de padronização Diagnóstico Definitivo Critérios Patológicos: Microrganismo ou alteração patológica demonstrada por cultura ou histopatologia de uma vegetação, êmbolo ou abscesso intracardíaco Critérios Clínicos: - 2 critérios maiores - 1 maior e 3 menores - 5 critérios menores Critérios de Duke modificados CRITÉRIOS MAIORES • Hemocultura positiva para EI - Microrganismo típico de EI de duas hemoculturas isoladas: Streptococcus viridans, Streptococcus bovis, grupo HACEK ou S.aureus e Enterococcus sp adquiridos na comunidade em ausência de foco primário - Hemoculturas persistentemente positivas - Cultura única para Coxiella burnetti ou IgG>1:800 • Evidência de envolvimento endocárdico - ECO positivo para EI - Novo sopro regurgitante, vegetação, abscesso, deiscência CRITÉRIOS MENORES Os 5 F’s: fator de risco, febre, fenômenos vasculares, fenômenos imunológicos, faltou uma hemocultura • Predisposição: lesão cardíaca prévia • Febre maior que 38ºC • Fenômenos vasculares (ex: lesões de Janeway) • Fenômenos imunológicos (ex: nódulos de Osler) • Evidência microbiológica: hemocultura positiva, mas sem critério maior Diagnóstico por imagem Eco Transtorácico (ETT) x Eco Transesofágico (ETE) - Não há uma regra fechada, depende do caso clínico - Suspeita sem muitas alterações pede ETT - Se o ETT (-), mudar a suspeita diagnóstica - Se ETT (+), pedir um ETE e continuar a investigação - Alterações MUITO suspeitas pede ETE Princípios Terapêuticos • Terapia parenteral prolongada e bactericida - Alta densidade bacteriana - Baixa replicação em biofilme • Drogas por via intravenosa • Doses altas (garantindo níveis séricos superiores ao MIC) • Início da antibioticoterapia: - Endocardite Aguda: de maneira empírica, logo após as 3 primeiras amostras das hemoculturas - Endocardite Subaguda: após o resultado das hemoculturas Terapia Antimicrobiana • Esquema empírico Considerar: - Paciente recebeu ATB prévio (especialmente nos últimos 3 meses)? - Valva nativa ou protética (recente ou tardia)? - Infecção comunitária ou hospitalar? - Qual a epidemiologia local? Oxacilina + Gentamicina (para MSSA) Penicilina Cristalina ou Ceftriaxona (Enterococos) Vancomicina (MRSA) Esquema amplo: Oxacilina + Ampicilina/ Penicilina Cristalina + Gentamicina *Esquemapara valva protética*: Vanco + Genta ou Vanco + atb que cobre Gram (-) • Tratamento específico: - Agente infeccioso - Perfil de sensibilidade - MIC Indicação de Abordagem Cirúrgica • Insuficiência Cardíaca - Grave comprometimento agudo, choque cardiogênico, EAP • Infecção não controlada - Abscesso, MDR, Culturas persistentes, Fungos, S.aureus, Gram-negativos • Prevenção de Embolismo - Vegetação > 10mm após embolia ou com grave comprometimento valvar - Vegetação > 30mm Profilaxia • Procedimentos de risco - Procedimentos dentários: manipulação da gengiva, região periapical ou perfuração da mucosa oral com manipulação de mucosa - Procedimentos no trato respiratório: broncoscopia com biópsia… • Pacientes de alto risco - Presença de qualquer material protético - Endocardite prévia - Algumas cardiopatias congênitas Obs.: Amoxicilina 2g antes do procedimento
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