Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Universidade Estácio de Sá Abordagens Sociopsicológicas da Violência e do Crime Atividade Estruturada: A redução da maioridade penal Alessandra S. Siffert – RJ 2021 A redução da maioridade penal é um assunto polêmico e complexo que leva a uma diversidade de opiniões. Faz-se necessário o estudo e análise do tema para assim termos uma visão mais crítica da realidade em que vivemos. O tema “a redução da maioridade penal” foi abordado no programa televisivo Encontro com Fátima Bernardes, que fomentou essa atividade. A discussão trouxe justamente o posicionamento de especialistas, como o promotor da infância e juventude Dr. Thales Cesar de Oliveira, a professora de direito penal Janaina Conceição Paschoal e o antropólogo Paulo Malvori e de cidadãos que tiveram seus entes queridos vitimados por violência praticada por menores de idade. O casal Marisa e Valdir (pais do jovem Vítor assassinado na porta de casa por um adolescente infrator) e Vinícius (neto de avós assassinados também por um adolescente infrator), participantes do debate, defendem a redução da maioridade penal apresentando o discurso de que o adolescente infrator possui plena capacidade de responder pelos seus atos e comete o crime na certeza da impunidade das leis brasileiras e muitas vezes estimulado por adultos. O promotor da infância e juventude, Dr. Thales Cesar de Oliveira, afirma, de forma mais técnica, que a impunidade gera mais violência, que o adolescente infrator tem a exata noção que seu ato é infracional e se aproveita da lei para ficar impune, sabendo que não vai ser “punido” da mesma forma que um adulto. A professora Janaina Conceição Paschoal e o antropólogo Paulo Malvor posicionaram-se contra a redução da maioridade penal por entenderem que a inclusão de jovens com mais de 16 anos no sistema prisional brasileiro não iria contribuir para a ressocialização (resgatar, para que possa fazer parte de uma sociedade) e sim apenas facilitar o aliciamento do mesmo por criminosos adultos. A experiência de vida do ex-detento da FEBEM, Roberto Carlos, foi apresentada e o mesmo deu sua opinião contra a redução da maioridade penal, alegando que seu tempo de internato apenas serviu para o distanciamento de sua própria identidade, dos valores morais da sociedade e contribuiu para o vício em drogas. Relata ainda, que somente se regenerou por encontrar ajuda humanitária fora do sistema socioeducativo. Por fim, foi apresentado o resultado de uma pesquisa em que a maioria dos votantes posicionou-se a favor da redução da maioridade penal combinada com uma política pública eficiente, relacionada à prevenção da criminalidade, educação e ressocialização dos infratores. Com base nos estudos das aulas 6,8,9 e 10 da disciplina Abordagens Sociopsicológicas da Violência e do Crime, verificamos que a mídia transmite valores que afetam a visão de mundo das pessoas e as motivações que levam o adolescente ao cometimento de um ato infracional. O adolescente sem o apoio da família ou do Estado pode estar fadado ao envolvimento com a violência, drogas, crime… É evidente que uma sociedade organizada deve coibir a violência parta de onde partir, inclusive dos jovens, não podendo desconsiderar os direitos individuais e sociais indisponíveis, particularmente a vida e a segurança, frequentemente ameaçadas também por adolescentes. Por outro lado, considerando a situação peculiar de pessoa em formação e em desenvolvimento, a resposta do Estado ao juízo de reprovação social deve ser exercida com moderação e equilíbrio, sem, no entanto, minimizar as consequências decorrentes do ato infracional, de molde a não incutir no adolescente infrator a ideia da impunidade.
Compartilhar