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Amanda Coimbra Pires Ratreamento do CA Colorretal Os Tumores Malignos Colorretais (TMCR) constituem uma doença comum, letal quando não diagnosticada a tempo, porém prevenível. A sobrevida de 5 anos estimada nos portadores de TMCR é de, aproximadamente, 90% nos pacientes com doença localizada, de 60% naqueles com doença regional e de cerca de 5% naqueles com metástases a distância. Ou seja!!! A detecção dos TMCR em estágio assintomático precoce, através do rastreamento, pode melhorar o índice de sobrevida (uma prevenção secundária). Além da detecção precoce, o rastreamento é efetivo na prevenção primária do câncer, através da remoção de pólipos adenomatosos benignos, precursores do câncer do cólon. Entretanto é importante ressaltar que pessoas que apresentam sintomas sugestivos de TMCR, ou de pólipos, devem ser submetidas a uma completa e apropriada avaliação diagnóstica, e não apenas às técnicas de rastreamento. A patogênese dos TMCR permite duas oportunidades para prevenir o seu aparecimento: descobrir e remover pólipos para prevenir o início do câncer, e descobrir e remover o câncer precoce para melhorar o prognóstico. A intervenção preventiva transcorre em três fases: • Rastreamento de pessoas sem sintomas, para identificar aquelas com maior probabilidade de doença. • Testes diagnósticos para determinar se pacientes apresentam, ou não, pólipos ou câncer. • Vigilância das pessoas de alto risco, incluindo as síndromes familiais e hereditárias, e pacientes com pólipos adenomatosos grandes, procurando novas lesões após remoção das anteriores. Dessa forma, primeiro passo para iniciar o rastreamento é determinar se o paciente é de alto risco para TMCR, pois as medidas serão diferentes daquelas que se propõe para aqueles de risco para câncer esporádico. Como devemos rastrear o Ca colorretal (esporádico) em indivíduos que não possuem história familiar? Esses pacientes são considerados de risco intermediário. O rastreamento deve ser iniciado a partir dos 50 anos de idade e terminado por volta de 75 até, no máximo, 85 anos. Os melhores métodos de triagem são aqueles que permitem a visualização do cólon: 1. A colonoscopia é o exame de maior sensibilidade (quase 100%) para detectar pólipos ou cânceres colorretais. Entretanto, é um método mais dispendioso, desconfortável e com possíveis complicações. 2. A colonoscopia virtual é uma Tomografia Computadorizada (TC) helicoidal tridimensional que reproduz a imagem típica de como seria a colonoscopia daquele paciente. 3. A retossigmoidoscopia flexível alcança até 60 cm do ânus, vai até a flexura esplênica, detectando 60- 70% de todos os cânceres colorretais (este número aumenta para 80% considerando que o encontro de um pólipo adenomatoso irá indicar uma colonoscopia). O encontro de adenoma ou carcinoma é indicação absoluta de colonoscopia, para procurar lesões sincrônicas. Caso o paciente não possa ou não queira se submeter aos exames que mencionei anteriormente, métodos que avaliam a presença de sangue nas fezes podem ser empregados para o rastreamento: Amanda Coimbra Pires 4. O sangue oculto nas fezes se baseia na propriedade da maioria dos adenocarcinomas e de alguns adenomas de eliminarem pequenas quantidades de sangue para o lúmen intestinal. Devido ao fato dessa eliminação ser intermitente, pode haver resultados falso-negativos. O indivíduo deve restringir a ingestão 72h antes do exame de: carne vermelha, frango, peixe, nabo, rábano, AINE. POIS podem provocar resultados falso-positivos. A presença de sangue oculto nas fezes deve indicar a realização de uma colonoscopia. Como devemos rastrear o Ca colorretal (esporádico) em indivíduos que apresentam história familiar do câncer? Indivíduos que possuam um parente de primeiro grau com história de Ca colorretal. Se este parente tiver desenvolvido a doença antes do 60 anos de idade, ou se houver dois parentes de primeiro grau acometidos, uma estratégia de rastreamento “diferenciado” deve ser implementada, iniciando-se (de preferência com uma colonoscopia) aos 40 anos ou em uma idade dez anos inferior à idade em que o parente mais jovem teve o câncer diagnosticado. Nestes casos, a colonoscopia deve ser repetida a cada cinco anos, e não a cada dez. Se a idade de surgimento do câncer no parente de primeiro grau for superior a 60 anos não se indica a estratégia “diferenciada”, devendo o rastreamento ser o mesmo que para a população geral (isto é, início aos 50 anos), ainda que alguns autores também sugiram um início mais precoce para esses indivíduos (isto é, aos 40 anos). Pacientes de alto risco 1. Parentes próximos com câncer ou pólipos Deve ser oferecido o mesmo rastreamento proposto àqueles de risco para câncer esporádico, mas deve ser iniciado aos 40 anos de idade. 2. Polipose Familiar Adenomatosa (PAF) A probabilidade de ocorrência de câncer colorretal em indivíduos com polipose familiar aproxima-se de 100% por volta dos 40 anos de idade, sendo indicada a colectomia profilática (total ou subtotal, no qual preserva-se o reto) para todos os pacientes com a doença, assim que ela for detectada. Estes pacientes necessitam de aconselhamento genético, e devem-se considerar testes para determinar se são portadores do gene responsável pela PFA, que leva à identificação do gene APC mutante. Os portadores do gene, ou casos indeterminados, devem fazer rastreamento com sigmoidoscopia anual desde a puberdade, iniciando entre os 10-12 anos de idade, e repetido anualmente até os 35-40 anos. Após essa idade, pode-se realizar o exame de 3/3 anos. Portadores de PAF também devem realizar EDA a cada 1-3 anos, a partir da idade de 25-30 anos, como screening de tumores gástricos/ duodenais. 3. Câncer hereditário não polipoide (CHNP) Assim como na PAF, estes pacientes devem receber aconselhamento genético, e aqueles que preenchem os critérios de Amsterdam devem realizar testes genéticos. Esta condição é definida na presença de todos os critérios, conhecidos como critérios de Amsterdam modificados: (1) Presença de câncer colônico ou qualquer outro câncer relacionado à HNPCC (endométrio, intestino delgado, ureter ou pelve renal) diagnosticado histologicamente em três ou mais familiares, sendo que um deles tem que ser obrigatoriamente parente de primeiro grau dos outros dois. (2) Amanda Coimbra Pires Pelo menos um caso de câncer colorretal se desenvolvendo antes dos 50 anos. (3) Câncer colorretal envolvendo pelo menos duas gerações. (4) Ausência de uma síndrome de polipose hereditária. O rastreamento é realizado com colonoscopia a cada 1 ou 2 anos, iniciando-se entre 20 e 30 anos de idade, e anualmente após os 40 anos, ou, ainda, 10 anos mais cedo que a idade do caso mais precoce na família. Sigmoidoscopia é insuficiente, pois a maior parte dos tumores é proximal, e a Pesquisa de Sangue Oculto nas Fezes mostra sensibilidade muito baixa para detecção de pólipos. 4. História pessoal de neoplasia Estes pacientes devem ser submetidos ao exame de todo o cólon na época do diagnóstico, para excluir lesões sincrônicas e pólipos. Colonoscopias subsequentes devem ser realizadas a cada 2 a 3 anos para detectar novos cânceres ou pólipos. 5. Doença inflamatória intestinal É comum indicar-se colonoscopia a cada 1 ou 2 anos após 8 anos de doença nos pacientes com pancolite, ou depois de 10 a 15 anos naqueles com colite envolvendo apenas o cólon esquerdo. Acompanhamento de testes inadequados Pacientes com um teste de rastreamento incompleto ou inadequado devem repetir o teste de rastreamento, dentro de três meses. DIAGNÓSTICO A anamnese cuidadosa (incluindo a história familiar) é fundamental. Deve-se suspeitar de carcinoma colorretal em todo paciente (especialmente se for idoso) que desenvolva sangramento retal, dor abdominal, modificação dos hábitos intestinais, emagrecimento e ANEMIA FERROPRIVA. O exame físico pode evidenciarmassa abdominal ou sinais de metástases (como hepatomegalia). O toque retal permite o diagnóstico do câncer de reto distal e pode ser o primeiro indício da doença. Os exames confirmatórios são: (1) Retossigmoidoscopia flexível; (2) Clister opaco (enema baritado), com duplo contraste; (3) Colonoscopia – o melhor e mais completo. Retossigmoidoscopia flexível: tem a vantagem de avaliar uma extensão maior de intestino e de mucosa. Porém não substitui a retossigmoidoscopia rígida para determinar a distância de uma lesão do reto à borda anal. O clister opaco (exame contrastado do cólon) costuma revelar apenas os tumores mais avançados, quando demonstra o famoso sinal da “maçã mordida”. A colonoscopia é um exame obrigatório, sendo considerado o padrão-ouro para o diagnóstico. O método avalia com precisão a presença ou não de tumores sincrônicos e de pólipos adenomatosos. Quando um tumor exerce efeito “estenosante” na luz do tubo digestivo, impedindo a passagem do colonoscópio, pode usar a colonoscopia virtual (reconstrução com imagens da TC) para delinear as características anatômicas da lesão antes de partir para a cirurgia. Marcadores tumorais - Vários marcadores séricos foram associados ao CCR, principalmente o antígeno carcinoembrionário (CEA). Entretanto, todos os marcadores, incluindo CEA, têm uma baixa capacidade de diagnóstico CRC, com baixa sensibilidade para doença em estágio inicial.
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