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Luiza Lorenzoni Grillo – 102 Contração do músculo cardíaco Ultraestrutura do cardiomiócito: Tipos: 1. De geração e condução de estímulos (tem elementos contráteis ínfimos). 2. De trabalho – células especializadas no encurtamento e geração de força; menor capacidade de gerar potencial de ação (75% - átrios e ventrículos). Cardiomiócito: · Não possui placas motoras – regiões especiais para transdução de sinal; o sistema nervoso autônomo terminal dispersamente nesse tecido; · Possui quantidade enorme de mitocôndrias; · Faz fosforilação oxidativa e usa ácidos graxos; · Uninucleados, ramificados e possuem discos intercalares (GAP junctions). · Células curtas; · Retículo sarcoplasmático guarda Ca; · Junções intercelulares – discos intercalares; · Estruturas proteicas transmembranosas que possuem baixa resistência elétrica – conexão física ou elétrica (GAP = ultraestrutura e discos intercalares = estrutura microscópica); · GAP: Proteínas formadas por conexina 43; Comunicação elétrica entre o meio intercelular de uma célula e o da outra; · Pode ocorrer patogênese pelo excesso ou falta das GAP; · Sincício – coesão elétrica – se despolariza uma célula, todas as outras também despolarizam. (Sin = junthaveras; Cício = célula); · Não é possível modular/regular a força de recrutamento (mais ou menos cardiomiócitos); · Túbulos T – aprofundam-se até os cardiomiócitos; sensíveis a voltagens (sensores); · Na insuficiência cardíaca há rarefação dos túbulos T – ineficiência entre excitação e contração; · Incapacidade de bombear sangue – incapacidade do miócito traduzir o potencial de ação para a contração; · 40% do volume é de mitocôndrias, organela importante para gerar ATP para contração e atividade de bombas iônicas (ciclo do Ca e K/Na ATPase) e controle na concentração de cálcio; · Para a respiração celular e geração de ATP são necessários ácidos graxos (metabolismo aeróbico) – fonte primaria de uso de energia, sendo a glicose a secundária; pode haver disfunção e utilização maior de glicose e mais GLUT4 na membrana do cardiomiócito; · Se há diminuição do substrato, a cadeia é interrompida, as mitocôndrias entram em desuso e diminuem. Assim, precisa-se mais rápido de energia e o metabolismo é desviado para o anaeróbico; · Receptor de rianodidna II e muito pouco do tipo I (encontrado em grande número em músculos esqueléticos); · No relaxamento há ação da SERCA II – bomba que recapta cálcio – aqui há presença de outra proteína que se associa a bomba, o fosfolambam; · Vários pontos podem ser modulados – é possível regular a capacidade de contração sem precisar de recrutar mais músculo; · Sistema de túbulos T ramificados; Obs.: No músculo esquelético o retículo sarcoplasmático é mais extenso, enquanto no músculo cardíaco é mais rarefeito, mas mesmo assim faz muita força, pois o Ca não vem só do retículo sarcoplasmático nesse caso. Proteínas do sarcômero: 1. Contráteis; 2. Reguladoras; 3. Estruturais – conectando o sarcômero no sarcolema e o sarcolema em outra célula. Obs.: Presença de titina, antes considerada proteína estrutural. Conecta o filamento grosso na linha Z. – Titinopatias: alterações nos padrões de fosforilação. A titina possui uma porção rígida para evitar distensão excessiva do sarcomero e uma porção distensível, onde existem resíduos que podem ser fosforilados e quando fosforilados fazem a proteína ficar mais frouxa ou mais rígida, contribuindo para a força de contração do coração. Filamentos grossos: duas cadeias de miosina – cabeças (onde estão as cadeias leves), cauda (onde estão as cadeias pesadas: atividade ATPásica; mais força e mais rápida) e porção regulatória (pescoço) que sofre dobras. Existem duas isoformas: alfa e beta determinadas por diferentes genes. Três associações são possíveis – miosina alfa-alfa, alfa-beta e beta-beta (hidrólise mais lenta do ATP). A cadeia beta-beta é a que tem a menor atividade ATPásica (gasta menos energia), a alfa-alfa é a com maior atividade ATPásica (gasta mais). No coração do homem: domina a cadeia beta-beta (98% das isoformas). No período pré-natal esse número corresponde a 90%, uma quantidade menor de beta, ou seja, a frequência cardíaca na vida pré-natal é maior (mais de 100 batimentos por minuto, vai caindo com o envelhecimento). Proteínas do citoesqueleto e de adesão celular: · Proteínas dentro do sarcômero (cap Z e alfa-actinina – ligam os filamentos finos e grossos a linha Z); · Outras proteínas também formam o “citoesqueleto” do cardiomiócito, ancorando os sarcômeros. Possuem as funções de: · Manter a estrutura celular; · Conservar a forma e posição das organelas; · Adesão celular; · Interações entre células; · Interações entre célula-matriz; · Estabilidade sarcolemal. No miocárdio, a intensidade da contração só pode ser controlada pela intensidade do encurtamento (força) gerado em cada célula. Mais força no coração = estratégias que fazem com que as células contraiam todas mais fortemente. Capacidade intrínseca do musculo, que não depende da quantidade, mas sim na capacidade das células de gerar força = contratilidade mecânica/ inotropismo. Acoplamento excitação-contração: · Conjunto de mecanismos que são desencadeados pela excitação elétrica do potencial de ação; · Diferente da contração do músculo esquelético, as contrações dos cardiomiócitos não podem ser fundidas, pois quando o potencial de ação acaba, a tensão já está acabando também; · O músculo cardíaco é dependente de cálcio extracelular e do seu influxo para ativar a contração – pode haver despolarização sem contração se não houver cálcio extracelular; sem cálcio extracelular, sem contração; · Quanto mais cálcio extracelular, maior é a intensidade da contração (Modulação da contratilidade). · O cálcio extracelular precisa entrar; · Quando mais cálcio extracelular, maior o pico de cálcio intracelular, gerando mais força; · O cálcio que entra libera o que está armazenado no retículo sarcoplasmático – liberação de cálcio induzida pelo influxo de cálcio. Compartimentos de cálcio: a. Cálcio extracelular; b. Ligado externamente à membrana (sítios iônicos de revestimento externo de mucopolissacarídeos) – entra quando canais estão abertos, satura os sítios de ligação; c. Cálcio intracelular decorrente da ICa (corrente de influxo de cálcio) – podem ficar livres; d. Cálcio ligado internamente à membrana e outros tampões intracelulares – não estão disponíveis para processos de contração, receptação ou indução; e. Cálcio estocado no retículo sarcoplasmático – consegue armazenar grande quantidade de cálcio; f. Cálcio mioplasmático para contração (varia de 10^-8M em repouso a 10^-5M para contração). Obs.: Se tiver muita concentração de cálcio intracelular há a ação das calsequestrinas. Excitação e entrada do cálcio leva à despolarização e abertura de canais de rianodina do retículo sarcoplasmático e mais entrada de cálcio extracelular – corrente voltagem dependente. Canais de cálcio tipo L – principais vias de entrada nos túbulos T, se abrem mais lentamente, mas também se fecham (na repolarização) mais lentam ente, ficando muito tempo abertos. Obs.: Concentração intracelular de AMPc aumenta a probabilidade de abertura de canais e permeabilidade ao cálcio (Modulação da contratilidade) *Anti-hipertensivo – bloqueadores dos canais de cálcio. Canal do tipo T – transiente e pequeno. Trocador 3Na-1Ca: Cotransporte; transporte atipo secundário; a força eletroquímica tende a colocar o sódio para dentro e o trocador usa a energia gerada para empurrar o cálcio para fora. – se o microambiente estiver com mais sódio dentro da célula, o cotransporte pode ser invertido, causando arritmia. Acumulo de pequena quantidade de cálcio restritos geograficamente: aumenta a concentração, leva a despolarização e gera uma fagulha de cálcio, podendo levar a fibrilação ventricular. A inibição da função do retículo sarcoplasmático reduz em até 90% a contração do músculo cardíaco. Mecanismos de condução da liberação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático: · Dependentes da entrada primária de cálcio – liberação de cálcio induzida;· Independente da entra primária de cálcio – acoplamento elétrico (músculo esquelético) ou químico (músculo liso); · Canal de cálcio: receptor de rianodina tipo 2 (RyR2) – voltado para o mioplasma (sítios com alta afinidade de ligação ao cálcio) e a voltada para dentro (sequestrina) – permitem a saída de cálcio, esse cálcio que sai se liga a outros RyR2, que deixam sair mais cálcio, e esse cálcio também se liga à troponina C. · Reticulo sarcoplasmático: especializado em sequestrar e concentrar cálcio. Liberação de cálcio pelo retículo sarcoplasmático independente da ICa: · Induzida por inositol trifosfato (Ip3); · Funciona como segundo mensageiro; · O RyR2 é um receptor inotrópico dependente de ligantes – funciona melhor fosforilado por cinases, por exemplo; · Quando está no platô começa a contração, quando está repolarizando acontece o relaxamento; · Interação com os miofilamentos. Relaxamento cardíaco e remoção de cálcio: O cálcio deve ser tirado do mioplasma e para isso tem um dos três destinos a seguir: 1. É guardado no retículo sarcoplasmático pela bomba de Ca (Serca) – melhor destino; 2. É jogado para o meio extracelular pelo trocador Na/Ca ou pela Ca ATPase; 3. É armazenado em organelas, como por exemplo as mitocôndrias. Obs.: O trocador usa a energia cinética gerada pela entrada de 3Na a favor de seu gradiente de concentração e empurra 1Ca para fora (as custas da bomba de Na/K que garante a diferença de potencial necessária). Se induzir bloqueio da bomba de Na/K o sódio não será jogado para fora da célula vigorosamente e não existirá gradiente eletroquímico necessário para favorecer a sua entrada. Assim, não haverá cotransporte com o trocador e assim o cálcio tende a ser recaptado pelo retículo sarcoplasmático, promovendo uma contração mais vigorosa. Serca: Ca ATPase do retículo sarcoplasmático – guarda Ca no retículo, importante para o relaxamento. Fosfolambam: peptídeo que se associa a Serca e inibe seu funcionamento. Quando ele é fosforilado em sítio específicos, se solta e deixa a Serca agir, se não estiver fosforilado puxa o freio de mão. (Modulação da contratilidade). O fosfolambam possui duas propriedades em diferentes configurações: Lusitropismo (capacidade de relaxar) e inotropismo (capacidade de contrair). É importante para o músculo não contrair tanto quando não precisa e não gastar ATP à toa. Atividade simpática (serotonina) – AMPc ativa PKA (fosfocinase dependente de AMPc): Contrai o coração mais forte e relaxa mais eficientemente. Descargas elétricas (thr - treonina) – Ca-calmodulina ativa a PKC (fosfocinase dependente de Ca): acelera o coração, acumula cálcio, se liga à calmodulina e ativa PKC (in vivo). Se o cardiomiócito tiver Serca deficiente, o músculo pode estimular o trocador, mas as contrações serão fracas. Como modificar a contratilidade do miocárdio: 1. Quantidade de Ca disponível (aumentar ou diminuir RyR2, aumentar ou diminuir Serca, fosforilação ou não do fosfolambam, quantidade de canais de Ca tipo L, receptores disponíveis e etc.); 2. Sensibilidade das proteínas contrateis regulatórias do cálcio (ex.: troponina C); 3. Quantidade de sarcômeros ou pontes cruzadas. *Efeitos inotrópicos positivos e negativos.
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