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Aula 02 – A esfera da ciência Bloco 1 Dra. Rita Mazaro Metodologia da Pesquisa Científica A ciência como esfera da Verdade A ciência só pode fornecer uma verdade relativa, uma vez que é uma conquista intrinsecamente humana. Daí as necessárias e frequentes contestações de teorias científicas por outras mais recentes que parecem explicar melhor a realidade. A ciência como esfera da Verdade A ciência busca interferir na realidade, atuando nas mais diversas áreas das atividades humanas. E o faz pela união bem realizada da investigação científica, a pesquisa propriamente dita, com a lógica racional que permite a generalização das descobertas e a produção de leis (GLASER, 2014). Características básicas da ciência A observação dos fatos, sua repetição (o experimento) e, sua ordenação lógica, de forma a construir teorias que deem conta do comportamento dos eventos trabalhados, possibilitando sua utilização racional nas mais diversas áreas de atuação humana. Características básicas da ciência Mas o que entendemos hoje como científico é algo relativamente novo. Embora a busca pelo conhecimento empírico tenha existido na antiguidade, a sua aplicação prática em larga escala esperou condições culturais e socioeconômicas favoráveis, o que ocorreu no período de transição da Idade Média para o mundo moderno. Características básicas da ciência Entre as inúmeras transformações ocorridas neste período, um fator significativo para a expansão sem precedentes do conhecimento lógico-empírico foi a sua separação da filosofia, norteando-se cada vez mais pelos métodos científicos dedutivo e indutivo (GLASER, 2014). Método dedutivo e indutivo Talvez, de forma genérica, possamos dizer que o método dedutivo seja o coração da filosofia, e o indutivo, o da ciência. A diferença essencial entre ambos é o movimento do pensamento lógico que, no primeiro caso, move-se do geral para o específico e, no segundo, do específico para o geral (GLASER, 2014). Aula 02 – A esfera da ciência Bloco 2 Metodologia da Pesquisa Científica A ciência não pode abarcar o mundo A ciência, apesar de todas as vantagens da apropriação da realidade pela observação, não pode abarcar o mundo. No que tange à realidade social, histórica e cultural humana, há várias áreas das quais o conhecimento empírico ou não dá conta, ou o faz ao preço de um reducionismo gritante. A ciência não pode abarcar o mundo A liberdade, por exemplo, é um conceito que só com contorcionismos surpreendentes pode ser investigada a partir de critérios empírico- mensuráveis. Quando muito, pesquisas podem mapear o que determinada cultura ou fração de uma cultura entende por “ser livre”, ou criar critérios econômicos para definir qual seria uma renda que tornaria possível algum critério específico de liberdade, mas as conclusões jamais poderão, a não ser de forma bastante ingênua, ser generalizadas em fórmulas ou leis (GLASER, 2014). Não encontramos formas de conhecimento em “estado puro” Não encontramos formas de conhecimento em “estado puro”. O que há são tendências predominantes de uma ou de outra esfera, mas sempre com a presença de outras. Não encontramos formas de conhecimento em “estado puro” A ciência, por mais que possa julgar-se neutra, está sempre sujeita à visão de mundo do pesquisador, com seus pré-conceitos, suas crenças e sua cultura. Mesmo situações que pareçam partir puramente da observação podem ser entendidas como profundamente culturais. A história da queda da maçã como sendo um gatilho para as investigações sobre a gravidade (e a razão da lua não cair sobre nós como a fruta cai do galho da árvore) aponta para um interesse que vai muito além do cientista como “indivíduo”. Pois o fato é que maçãs caem de árvores desde que macieiras existem. Apenas em um mundo que começa a valorizar a observação dos fatos como o local privilegiado do conhecimento faz sentido “estudar” a queda do objeto, buscando extrair do experimento as leis que movem o mundo. Na Idade Média, a queda de objetos faria mais sentido como “vontade divina” do que como lei quantificável a ser investigada (GLASER, 2014).
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