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O CONGRESSO NACIONAL E A DITADURA MILITAR

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UNIESP
FIRP – FACULDADES INTEGRADAS DE RIBEIRÃO PIRES
 
EMERSON OLIVEIRA PRADO
ITAMARA SANTOS DE OLIVEIRA DE AGUIAR
JOSÉ CICERO DA SILVA
O CONGRESSO NACIONAL E A DITADURA MILITAR
Do recesso ao fechamento
RIBEIRÃO PIRES
2016
EMERSON OLIVEIRA PRADO
ITAMARA SANTOS DE OLIVEIRA DE AGUIAR
JOSÉ CICERO DA SILVA
O CONGRESSO NACIONAL E A DITADURA MILITAR
Do recesso ao fechamento
Projeto apresentado ao Curso de Licenciatura em 
História da Faculdades Integradas de Ribeirão 
Pires – FIRP/UNIESP, como requisito parcial 
para obtenção do título de licenciado em História.
Orientador: Professor Caio da Silveira.
RIBEIRÃO PIRES
2016
RESUMO
O Golpe de 1964 não foi gestado apenas nos quartéis. Nos primeiros atos, o 
movimento recebeu apoio considerável da sociedade e de seus representantes políticos. O 
próprio Congresso, que durante a ditadura teve os poderes limitados, teve papel dos mais 
importantes até mesmo na deposição do presidente João Goulart. Nos debates em Plenário, o 
embate duro, radicalizado, permitiria pouco espaço para solucionar as crises políticas. E 
durante sua luta por permanecer vivo na conciliação de poderes, surgiram nomes que, para o 
mal ou para o bem, dão a medida da importância do respeito às diferenças políticas e da 
preservação das instituições democráticas no congresso.
Palavras chaves: congresso nacional, ditadura militar, senado, legislativo brasileiro, câmara
ABSTRACT
The 1964 Coup was not only created in the barracks. In the first acts, the movement 
received considerable support from society and its political representatives. Congressional 
representative himself, who during the dictatorship had limited powers, played the most 
important role even in the deposition of President Joao Goulart. In the Plenary debates, the 
hard, radicalized clash would allow little room for resolving political crises. And during their 
struggle to remain alive in the conciliation of powers, names have emerged which, for evil or 
for good, measure the importance of respect for political differences and the preservation of 
democratic institutions in Congress.
Key words: national congress, military dictatorship, senate, Brazilian legislature, chamber
SUMÁRIO
1. OBJETIVO 6
2. METODOLOGIA 7
3. INTRODUÇÃO 8
4. DESENVOLVIMENTO 9
O regime burocrático-autoritário: o caso brasileiro 9
Um legislativo contra o autoritarismo: a perspectiva da oposição 12
Manipulação eleitoral: para se ter eleições é preciso vencê-las. 16
5. CONCLUSÃO 19
Os legislativos e o autoritarismo 19
6. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS DIGITAIS 20
6
1. OBJETIVO
O artigo que será desenvolvido tem por objetivo descrever e analisar o papel do 
Legislativo brasileiro durante o regime militar (1964-85). Ao longo desses 21 anos, o 
Congresso Nacional esteve fechado em três períodos, sofreu várias intervenções e teve um 
número grande de cassações. Pretendemos ainda propor uma discussão sobre a situação do 
congresso nacional após a implementação dos Atos Institucionais durante o período de 1964 a 
1969.
7
2. METODOLOGIA
Nesta parte do projeto de pesquisa, através de instrumentos materiais como: 
documentos, livros, artigos e entrevistas realizaremos o levantamento de ações e conflitos 
existente no decorrer do funcionamento do Congresso Nacional
A pesquisa será conduzida através do modelo exploratório, pois se buscarão 
respostas as questões surgidas referentes ao tema, buscando compreender o porquê dos 
conflitos que se insurgiram durante o regime militar e que se estenderam para o Congresso 
Nacional, e por que resultaram na cassação de diversos políticos que eram opositores do 
governo, e o fechamento do Congresso Nacional diante de todas as manobras políticas 
organizadas pelo governo federal.
8
3. INTRODUÇÃO
Logo no ano de 1964, mais precisamente em 31 de março os reacionários ligados ao 
reconhecimento internacional (especialmente pelos Estados Unidos) do novo governo, depôs 
o governo legitimo de João Goulart e romperam com a legalidade constitucional, procurando 
causar a renúncia da organização dos movimentos sociais e políticos construídos no período, 
na qual era chamado de democrático, entre 1945 e 1964. Após o golpe de estado os militares 
que estavam no poder, entraram em um processo de perda de popularidade e até mesmo de 
legitimidade de governo, oriundas das dificuldades econômicas e políticas, obrigando assim 
recorrer à força bruta através de Atos Institucionais1.
Durante o período de toda a ditadura, o Congresso só foi formalmente fechado em três 
períodos, com isto impedido a trabalho do legislativo, que na época, possuíam forte influência 
para se opor ao esquema da opressão. O primeiro começou em 20 de outubro de 1966 e teve 
ares de escândalo, com o plenário sendo invadido por forças militares do governo Castello 
Branco dias antes, essa suspensão vigorou até 22 de novembro de 1966. O segundo período 
ocorreu entre 13 de dezembro de 1968 (após a decretação do AI-5), até 21 de outubro de 
1969. A terceira suspensão foi entre 1º e 14 de abril de 1977, para a edição de um pacote de 
medidas eleitorais que visava garantir a vitória dos candidatos do governo. Para gerir o país 
de forma arbitrária, os governos militares usaram as cassações e a legislação que era editada 
sem passar pelo Congresso. A ideia era tentar manter uma fachada democrática. Mesmo 
aberto, o Congresso funcionava de forma retraída, porque naquela época só havia dois 
partidos e era somente o governo que legislava, por meio dos decretos-leis e atos 
institucionais.
1 Normas elaboradas no período de 1964 a 1969, durante o regime militar. Foram editadas pelos Comandantes-
em-Chefe do Exército, da Marinha e da Aeronáutica ou pelo Presidente da República, com o respaldo do 
Conselho de Segurança Nacional. Esses atos não estão mais em vigor. 
9
4. DESENVOLVIMENTO
O regime burocrático-autoritário: o caso brasileiro
Nas décadas de 1960 e 1970, diversas democracias latino-americanas foram 
derrubadas por intervenções militares. Esses golpes de Estado, entretanto, ocorreram 
precisamente naqueles países que estavam mais adiantados ao longo da estrada para a 
modernização. Embora golpes militares também ocorressem nos países mais ou menos 
desenvolvidos da região, como na América Central e no Caribe, as intervenções militares 
passaram a ser frequentes em países onde, de acordo com a teoria da modernização, elas não 
deveriam estar acontecendo. Governos democráticos foram derrubados no Brasil (1964), na 
Argentina (1966 e outra vez em 1976), no Peru (1968), no Uruguai (num processo longo que 
começou em 1968, mas que se completou com o fechamento do Congresso em 1973) e no 
Chile (1973). Essas nações eram precisamente as economias e as sociedades mais avançadas 
da região. 
A instabilidade política acontecia onde, de acordo com a teoria da modernização, ela 
supostamente não deveria estar ocorrendo. Os regimes militares apresentavam como sua 
justificação a necessidade de estabilidade política e de crescimento econômico, e entre suas 
características estava o fato de o poder político ser ocupado pelos militares como instituição. 
Os regimes militares que surgiram nos anos de 1960 e 1970 não eram, na maioria dos casos, 
centrados em um caudilho particular, a exemplo das ditaduras tradicionais, mas exercidos 
pelas Forças Armadas como um todo. A exceção à regra do estilo “impessoal” de governo, 
entre os regimes burocrático-autoritários, foi o Chile. Naquele país, embora houvesse uma 
forte tendência entre forças Armadas a agirem como uma instituição no controle reivindicado 
sobre o sistema político, o general Augusto Pinochet permaneceu como presidente de 1973 
até 1989 e continuou a atuar como comandante supremo das Forças Armadas por nada menos 
de oito anos após a transição para o regime civil. 
A Literatura sobre o autoritarismo não demonstrou interesse pelas instituições 
legislativas. O principal argumentoera que os militares deixaram o Congresso brasileiro 
funcionando porque ele era desprovido de poder. O papel de Legislativo era meramente 
“carimbar” as decisões tomadas pelos militares e pelos tecnocratas. Esse foi o principal 
argumento apresentado por Packenham (1971) em seu estudo sobre o Legislativo brasileiro 
nos anos 1960. 
10
O Estado tentava controlar as atividades políticas no Brasil, em geral mantendo sob 
domínio a forma pela qual se organizavam os partidos políticos. Todavia, sob o regime 
militar, algo de novo aconteceu com a criação efetiva, de um sistema original de partido 
único, na medida em que somente um partido político passou a ter existência real, não sendo 
este o partido do governo, mas o partido da oposição, o Movimento Democrático Brasileiro 
(MDB). A sociedade civil sofreu grandes transformações no Brasil nas últimas décadas, com 
o crescimento dos movimentos sociais, sindicatos, organizações profissionais, comunidades 
eclesiais de base, organizações de vizinhança e organizações não-governamentais de modo 
geral. A sociedade tornou-se diferenciada e organizou-se para articular interesses visando 
influenciar tanto o Congresso quanto a administração, no processo de formulação de políticas 
públicas especificas. Esse desenvolvimento, entretanto, parece ter ocorrido à custa da 
“sociedade política”, aí incluído o Legislativo, entre outras instituições. O Estado e a 
sociedade aumentaram sua força e organização, embora com pouca ligação institucional entre 
si. Ao longo da história brasileira, a função legislativa foi realizada com mais frequência pelo 
Poder Executivo do que pelo Legislativo. Sob o regime autoritário, entre 1964 e 1985, essa 
tendência estava ainda mais clara. Entretanto, é importante indicar que tal limitação da função 
de legislar é encontrada também em sistemas políticos democráticos.
A expressão Poder Legislativo continuou a ser a referência padrão na legislação 
constitucional brasileira, mesmo durante o regime autoritário. Entretanto, havia uma 
compreensão clara de que a maior parcela da produção legislativa era realizada pelo 
Executivo e pela burocracia permanente. Isso acontecia de várias maneiras diferentes. Os 
projetos de lei eram encaminhados pelo Poder Executivo, frequentemente em regime de 
urgência, concedendo um prazo muito pequeno para deliberações no Congresso. Os decretos-
leis nas suas diferentes versões eram instrumentos constitucionais por meio dos quais a 
função legislativa era colocada unicamente nas mãos do Poder Executivo. Tais decretos-leis 
eram medidas que entravam em vigor imediatamente depois de serem assinadas pelo 
presidente. Esses estatutos tinham de ser derrubados pelo Congresso, para perderem seu 
efeito. Diferentemente das medidas provisionais, antes mencionadas, o decreto-lei, durante o 
regime militar, era válido se o Congresso não o revogasse explicitamente.
As provisões constitucionais especificas que permitiam ao Executivo exercer essa 
função legislativa serão examinadas quando discutirmos as mudanças introduzidas pelos 
militares no sistema constitucional e legal do pais. Essas alterações foram realizadas, sem 
consultar o Congresso, por atos institucionais, pela emenda constitucional decretada pela 
Junta Militar em 1969 e pelo “pacote de abril” decretada em 1977. 
11
Após o golpe militar, não havia unanimidade dentro das Forças Armadas a respeito 
do papel que o Legislativo deveria desempenhar. Os militares estavam claramente divididos 
em dois grupos nessa questão. As facções diferiam em suas percepções do papel das 
instituições democráticas e, consequentemente, do papel do Legislativo.
A facção “legalista”, preocupada com questões de procedimentos legais, desejava 
que o Congresso continuasse a operar e que se mantivesse um determinado nível de respeito 
às liberdades civis. Essa posição, todavia, considerava que era preciso levar em conta um 
aspecto importante. As liberdades civis deveriam ser respeitadas na medida em que as 
instituições democráticas não representassem nenhuma ameaça à hegemonia política dos 
militares. Os legalistas acreditavam que o Legislativo dava ao regime a legitimidade 
necessária para se apresentar perante a opinião pública como uma intervenção contra a 
ameaça representada por Goulart à instituição política, e que a existência de um Legislativo 
em funcionamento daria estabilidade política ao regime militar. Os presidentes Castello 
Branco, Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo representavam esse ponto de vista. 
Em 31 de março de 1964, as Forças Armadas intervieram para pôr fim ao regime 
civil. Logo após, ás 2h40min da madrugada do dia 2 de abril, o senador Auro de Moura 
Andrade, presidente do Senado Federal, convocou uma sessão extraordinária no Congresso 
Nacional. Moura Andrade, um participante civil importante da conspiração, leu uma carta do 
chefe da Casa Civil de João Goulart, Darcy Ribeiro, informando que o presidente havia 
deixado Brasília e viajando para o Rio Grande do Sul, onde comandaria as tropas leais ao 
governo. 
Entre as provisões do Ato Institucional estava à eleição indireta, pelo Congresso 
Nacional, de um novo presidente e vice-presidente, com poderes extraordinários, como o de 
decretar o estado de sítio por 30 dias. O ato suspendia por seis meses as garantias 
constitucionais ou legais de vitaliciedade e estabilidade, e nenhuma das medidas adotadas 
seria sujeita a revisão judicial. O que era ainda mais importante, os comandantes 
revolucionários poderiam suspender os direitos políticos pelo prazo de 10 anos e cassar 
mandatos legislativos federais, estaduais e municipais, excluídas essas ações de qualquer e 
apreciação judicial. 
O Congresso permaneceu em recesso até o início de 1970, mas concordou em reunir-
se para ratificar a escolha do novo presidente, no dia 25 de outubro de 1969. A instituição 
ainda permanecia com a função de legitimar a Presidência - papel importante que estava 
diretamente ligado à questão da legitimidade das instituições políticas. Não somente o 
Legislativo foi usado pelos militares para legitimar o regime aos olhos da opinião pública 
12
nacional e internacional, mas também desempenhava papel fundamental na legitimação do 
presidente em face do establishmet2 militar. Quando o Congresso se reuniu para eleger o 
general Emilio Garrastazu Médici, que já havia sido previamente escolhido pelo Alto 
Comando, o papel que deveria desempenhar era dar à eleição indiretamente uma medida de 
legitimidade. O próprio Médici exigiu que o Congresso fosse reaberto, de forma a ter seu 
nome referendado pelo Legislativo, como os seus antecessores, Castello Branco e Costa e 
Silva.
Estava claro que a escolha não seria feita pelo Congresso, na medida em que o nome 
de Médici fora apresentado ao partido da maioria pelos chefes militares que o tinham 
escolhido. Ao contrário do desejo de alguns dos oficiais que disputavam a presidência, 
especialmente o general Albuquerque Lima, não foi ao corpo de oficiais que foi dado o direito 
de votar. Médici foi escolhido por um acordo entre os oficiais generais das três Armas.
Um legislativo contra o autoritarismo: a perspectiva da oposição
Mesmo em meio a ditadura militar que acontecia no Brasil, o legislativo continuava 
“funcionando”, até porque a ditadura precisava disso para que fosse mantido a “legitimidade” 
daquele governo.
E lá dentro do congresso uma luta era travada, mesmo que tímida e não tão densa como 
precisava, mas, na medida que era possível. Apesar de não ouvirmos muito sobre isso, o 
congresso também fervia, havia um confronto entre “legalistas” e “duros”.
Com a disputa entre as duas facções de oposição, aconteceu a primeira intervenção 
do regime no sistema político após o golpe de 1964. Ocorria em 1965, quando o 
presidente Castello Branco assinou o Ato institucional nº 2. (Pagina 105)
Foi nesse momento que o multipartidarismo foi extinto,dando lugar ao 
bipartidarismo que quase virou uni partidarismo em 1972. Foram então criados o MDB e o 
Arena os dois deveriam ter um caráter democrático aceitável para o regime. O Arena era a 
favor do governo e tinha a maioria e muito poder no congresso. O MDB era a oposição e logo 
no início teve muita dificuldade na sua formação, pois, ninguém queria ficar contra o regime, 
afinal temiam até mesmo por suas próprias vidas.
2 O termo inglês establishment refere-se à ordem ideológica, econômica e política que constitui uma sociedade 
ou um Estado.
13
Porém isso não se deu por muito tempo, o MDB também foi ganhando forças e na 
medida do possível lutava contra o autoritarismo do regime, politicamente dentro do 
Congresso.
Mesmo com os militares lá dentro em diversas funções, o Arena possuía olhos para 
todos os lados, espiões disfarçados e faziam de tudo para manter o controle da situação. Ainda 
assim, a oposição estava conseguindo se envolver e ganhando poder para decidir sobre o 
futuro do país e mesmo que pouco no modo que iria evoluir o próprio regime. O MDB estava 
de mãos atadas, procurando uma forma de exercer seus mandatos, lutar pela volta da 
democracia e contra o autoritarismo do regime, foi então que perceberam, a melhor forma de 
lutar seria atacando, de maneira sutil, quase imperceptível, entretanto confiantes de que 
poderia surgir alguns efeitos bons. Umas dessas maneiras eram as sessões chamadas de 
“pinga-fogo”, era onde os políticos faziam pequenas manifestações, que até hoje é usada. Os 
militares não sabiam o que significava. E então o MDB começava a provocar e alfinetar o 
regime nessas sessões, eles sabiam que uma hora eles entenderiam o recado e encontrariam 
uma forma de propor a retaliação. 
A provocação era proposital por mais que houvesse o intuito de não fechar o 
congresso, a essência desta manifestação era propor esse objetivo. Alguns relatos nos fazem 
entender que enquanto o congresso estivesse aberto e funcionando dentro dos padrões do 
regime, só estava servindo para mascarar e legitimar o mesmo.
Foi em uma dessas sessões que Marcio Moreira Alves fez o seu discurso convocando 
o povo a fazer um boicote as paradas militares alusivas à Semana da Pátria3, e pedia para que 
as jovens brasileiras não namorassem oficiais do exército. Os militares ficaram ofendidos com 
o discurso e exigiram uma punição para o deputado, o Ministro da Justiça na época enviou à 
Câmara de Deputados o pedido de autorização para que o deputado Márcio Moreira Alves 
fosse processado. Assim dizia a Constituição, mesmo com todas as limitações: era preciso 
obter o consentimento da Câmara de Deputados para processar um membro seu.
Márcio Moreira Alves aderiu ao MDB em 1966 e, naquele ano, foi eleito deputado 
federal pelo antigo estado da Guanabara. Ele também era jornalista e escritor. O Movimento 
Democrático Brasileiro (MDB) era um partido político brasileiro que abrigou os opositores do 
Regime Militar de 1964 ante o poderio governista da Aliança Renovadora Nacional (Arena). 
No início do golpe Marcio foi a favor, mas não demorou muito para que ele entendesse a real 
3 O início da semana da pátria ocorre em 1 de setembro e vai até o dia 7 de setembro. Durante essa semana é 
relembrada a história da independência do Brasil.
14
natureza, que não era uma intervenção como costumavam falar, mas sim uma ditadura militar, 
tornando assim um dos nomes que faria oposição ardentemente ao regime.
O Deputado estava contra tudo que a ditadura representava, ele protestou contra 
invasões e fechamento de faculdades e foi um dos primeiros a denunciar as torturas e 
torturadores, não aceitava o silencio imposto pelo medo a ditadura, não se calou diante das 
atrocidades que estavam acontecendo.
Abaixo segue discurso do dia 2 de setembro de 1968:
"Senhor presidente, senhores deputados,
Todos reconhecem ou dizem reconhecer que a maioria das forças armadas não 
compactua com a cúpula militarista que perpetra violências e mantém este país sob 
regime de opressão. Creio ter chegado, após os acontecimentos de Brasília, o grande 
momento da união pela democracia. Este é também o momento do boicote. As mães 
brasileiras já se manifestaram. Todas as classes sociais clamam por este repúdio à 
polícia. No entanto, isto não basta.
É preciso que se estabeleça, sobretudo por parte das mulheres, como já começou a se 
estabelecer nesta Casa, por parte das mulheres parlamentares da Arena, o boicote ao 
militarismo. Vem aí o 7 de setembro. As cúpulas militaristas procuram explorar o 
sentimento profundo de patriotismo do povo e pedirão aos colégios que desfilem 
junto com os algozes dos estudantes. Seria necessário que cada pai, cada mãe, se 
compenetrasse de que a presença dos seus filhos nesse desfile é o auxílio aos 
carrascos que os espancam e os metralham nas ruas. Portanto, que cada um boicote 
esse desfile.
Esse boicote pode passar também, sempre falando de mulheres, às moças. Aquelas 
que dançam com cadetes e namoram jovens oficiais. Seria preciso fazer hoje, no 
Brasil, que as mulheres de 1968 repetissem as paulistas da Guerra dos Emboabas e 
recusassem a entrada à porta de sua casa àqueles que as vilipendiam.
Silêncio pouco adianta. Necessário se torna agir contra os que abusam das forças 
armadas, falando e agindo em seu nome. Creia-me senhor presidente, que é possível 
resolver esta farsa, esta democratura, este falso impedimento pelo boicote. Enquanto 
não se pronunciarem os silenciosos, todo e qualquer contato entre os civis e militares 
deve cessar, porque só assim conseguiremos fazer com que este país volte à 
democracia.
Só assim conseguiremos fazer com que os silenciosos que não compactuam com os 
desmandos de seus chefes, sigam o magnífico exemplo dos 14 oficiais de Crateús 
15
que tiveram a coragem e a hombridade de, publicamente se manifestarem contra um 
ato ilegal e arbitrário dos seus superiores.
 Com esse discurso, Alves provocou a fúria dos militares, onde pediram a sua cassação 
contrariando o regime, o congresso votou pela não cassação do deputado, devido a imunidade 
parlamentar e a natureza secreta dos votos, sem esquecer o fato de não ter nenhuma base 
constitucional ou legal para o tal processo.
Por mais que muitos políticos temessem o governo, eles não poderiam permitir que um 
membro seu fosse processado por manifestar-se em uma sessão. Isso abriria uma brecha para 
que o regime tivesse mais poder lá dentro, e pudesse usar desse artifício para começar a 
processar mais de seus membros.
Foi um momento emocionante, em que todo o plenário da Câmara, após a conclusão da 
votação, levantou-se e cantaram todos o hino nacional. Em represália, e com base no Ato 
Institucional nº 5 o governo federal determinou o fechamento (recesso) pela segunda vez da 
Câmara e os deputados tiveram que se retirar atravessando uma ameaçadora e humilhante 
fileira de soldados. Alves estava obviamente "jurado de morte" e teve que rapidamente exilar-
se. Retornou ao Brasil apenas em 1979, após a Lei da Anistia.
O AI 5 foi lido, deu-se então o golpe dentro do golpe. O AI nº 5 já estava pronto 
independente do resultado da votação eles apenas aproveitaram o momento para mais um 
golpe. Naquele dia o congresso não estava apenas defendendo um colega, mas contrariando o 
regime e politicamente isso significava muito.
Por isso aquele momento foi propicio para o AI nº 5, que deu início a uma nova onda de 
cassações de mandatos, perda dos direitos políticos e o fechamento do congresso. Ao todo 
105 congressistas tiveram seus mandatos cassados após a votação, no outro dia várias prisões 
foram feitas, o caos estava instaurado, o atentado à democracia estava completo.
O "Jornal do Brasil" tenta dar a dimensão dos acontecimentos na sua seção de 
meteorologia, para driblar a censura:
"Previsão do tempo:
Tempo negro.
Temperatura sufocante.
O ar está irrespirável.
O país está sendo varrido por fortes ventos.
Máx. 38º, em Brasília.Mín.5º, nas Laranjeiras. ”
(Publicado no Jornal do Brasil, no dia seguinte à decretação do AI
Esse foi o período mais longo em que o congresso esteve fechado, porém, nunca foi 
violado, a ditadura não retirou documentos e nem manipulou nada lá de dentro.
16
Foi um período negro na história, muitos políticos ficaram sem seus salários e outros 
com redução, Brasília também sofreu, pois, um dos principais pontos turísticos e fonte de 
renda para o DF era o congresso e com ele fechado, a fonte secou.
No fim do mandato do Castello Branco, em 1967, o novo presidente começou seu 
mandato sem os poderes concedidos pelos atos institucionais, não era mais permitido cassar 
mandatos ou fechar o congresso como fora feito. O cenário estava começando a mudar, A 
ideia era abrandar o regime e permitir algumas pequenas liberdades e posteriormente retirar os 
militares do governo.
Manipulação eleitoral: para se ter eleições é preciso vencê-las. 
Em meados nos anos 70 o presidente Ernesto Geisel e sua equipe tinham como maior 
preocupação ganhar as eleições, sendo isso fundamental para o avanço do plano de 
liberalização. O compromisso com a “descompressão” fora preterido pelo medo de derrotas 
eleitorais que pudessem enfraquecer a capacidade dos militares de decidirem quando e até que 
ponto afrouxariam o seu controle.
Não poderia haver qualquer tipo de descompressão política, evidentemente, sem a 
realização de eleições regulares e livres. Aliás, as eleições tinham ocorrido mesmo durante os 
períodos mais autoritários do regime militar, mas era crescente a dificuldade de o regime 
vencer eleições livres, enfrentando um clima econômico adverso e uma oposição disposta a 
pressionar sempre para que atingisse, o mais rápido possível, a democracia plena.
As eleições de 1976 seriam um teste importante para o regime, na medida em que 
seria possível avaliar as possibilidades da oposição nas eleições legislativas programadas para 
1978. O governo percebeu que o acesso da oposição ao rádio e à televisão fora fator 
preponderante no bom resultado obtido pelo MDB nas eleições de 1974. Consequentemente, 
o presidente Geisel decidiu enviar ao congresso um projeto de lei limitando a propaganda 
política gratuita durante as eleições municipais. O projeto ficou conhecido na impressa como 
“Lei Falcão”, devido ao nome do seu autor, o ministro da Justiça Armando Falcão, e se tornou 
sinônimo de introdução de mudanças nas regras eleitorais unicamente para favorecer o 
governo.
Para evitar uma possível crise política, a direção da Arena, através de seu secretário-
geral, deputado Nelson Marchezan, planejou a implantação de um processo não-oficial de 
tabulação de resultados eleitorais. O partido usou as instalações e os equipamentos do Centro 
de Processamento de Dados do Senado (Prodasen) para realizar a tarefa de coleta e 
17
totalização. A ideia era obter e contar tantas informações quanto possível sobre o resultado da 
eleição, com a coleta centrada nos municípios do interior. Estes resultados, mais favoráveis, 
desencorajariam uma possível intervenção militar no processo eleitoral. A manobra teve êxito 
e não houve nenhuma tentativa de subverter o processo. Podemos afirmar que esse foi 
realmente um papel de informação para o processo político cumprido com competência pelo 
Legislativo, assegurando o uso adequado da informática para colaborar com a liberalização.
Todavia, os resultados finais, eram um presságio de problemas para o partido oficial, 
com os números da apuração nas maiores cidades do país fortemente favorecendo a oposição. 
Os resultados da eleição deixaram claro para o governo que seria necessário fazer algo para 
evitar uma grande derrotada nas eleições legislativas de 1978, quando dois terços do Senado e 
a totalidade da Câmara dos Deputados e das assembleias legislativas estadual estariam em 
disputa, os efeitos de uma derrota desse porte seriam, muito provavelmente, semelhantes ao 
que ocorrera em 1965. Os militares da linha dura não aceitariam perder o controle sobre o 
Congresso e provavelmente agiriam para destruir o programa de liberalização implantado pelo 
presidente da República. A forma de evitar o impasse seria alterar as regras eleitorais, a fim 
de assegurar que o regime enfrentasse o desafio eleitoral de uma posição melhor.
O resultado desse jogo era a certeza de que o governo iria usar os poderes de 
emergência disponíveis com base no Ato Institucional nº 5 para alterar as regras eleitorais, o 
que significava mudar tanto a legislação infraconstitucional quanto a própria constituição. O 
governo decidiu transformar a reforma judiciária em uma “cause celebre”, com seus porta-
vozes defendendo o argumento de que a oposição estava bloqueando uma medida necessária 
para o bem-estar do país e uma reivindicação nacional.
Assim, no dia 1º de abril de 1977, o presidente Ernesto Geisel anunciou em cadeia 
nacional de rádio e televisão, que estava usando os poderes de emergência do Ato 
Institucional para decretar o recesso do Congresso, a fim de viabilizar a reforma do judiciário. 
De acordo com a posição oficial do governo enfatizada pelo próprio Geisel em seu 
pronunciamento, a ação não tinha a ver com eleições, mas as mudanças principais aprovadas 
pelo presidente tentaram fazer precisamente isto, o que é fácil perceber quando se examina o 
conteúdo das alterações produzidas durante o recesso. Entre as alterações das regras políticas 
e eleitorais estava a eleição indireta, pelas assembleias legislativas, de um entre os dois 
senadores a serem eleitos em cada estado nas eleições do ano seguinte. Esses senadores desde 
logo se tornaram conhecidos como “biônicos”. Os governadores continuariam a ser 
escolhidos por eleições indiretas. A propaganda eleitoral na televisão ficaria reduzida à 
apresentação do nome, número e currículos dos candidatos.
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Apesar das pressões para se dar um ritmo mais rápido à abertura o processo de 
liberalização haveria de arrastar-se ainda por mais seis anos. O Congresso Nacional 
continuaria seu papel muito importante nesse processo e seria, na realidade, o local onde se 
seguiria evoluindo, durante o governo Figueiredo.
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5. CONCLUSÃO
Os legislativos e o autoritarismo
21 anos de regime ditatorial e de massacre ideológico através do controle absoluto dos 
grandes meios de comunicação que são a TV e o rádio talvez não tenham impedido que as massas, 
premidas pela necessidade e pela perda do poder aquisitivo dos seus salários, se tenham deslocado 
para uma posição mais à esquerda da que tinham durante o período democrático de 1945 a 1964. No 
entanto, o passar do tempo e esse possível deslocamento não impediram as lideranças políticas e 
parlamentares de manterem as suas posições altamente conservadoras em relação não só ao modo de 
produção capitalista como ao tipo de capitalismo selvagem existente no Brasil e à estrutura de classes 
que ele origina.
Uma das mais influentes análises da política e da sociedade brasileira está baseada no 
conceito de conciliação política. A defesa de políticas conciliatórias era uma postura pragmática, 
baseada na constatação de que a conciliação era a alternativa lógica, na medida em que não se podia 
identificar qualquer desafio sério, no nível políticos, ao controle da elite sobre a sociedade brasileira. 
Na verdade, a opção pela conciliação política ficou mais forte nas posições adotadas pelos 
líderes políticos, inclusive pelo candidato presidencial da oposição, Tancredo Neves, como neste 
discurso na Associação Paulista de Medicina, em 17 de outubro de 1984:
A conciliação é a mais difícil das atitudes políticas. Somos convocados a vencer os 
preconceitos partidários e a superar, ainda que temporariamente, nossas posições 
doutrinárias mais profundas. Só os realmente fortes conseguem vencer esses 
terríveis obstáculos da alma, que são ressentimento e frustração pessoal, diante da 
necessidade de apertar a mão do adversário de ontem.A avaliação final da transição brasileira para a democracia deve levar em conta o 
modo peculiar como o regime militar lidou com as instituições políticas e também o fato de 
ser impossível para o regime militar encontrar um método alternativo para tratar da questão da 
legitimidade. As relações entre o Legislativo e o regime se transformaram numa parceria 
intranquila que levou, sem dúvida alguma, à queda do autoritarismo no Brasil.
6. BIBLIOGRAFIA E REFERÊNCIAS DIGITAIS
20
ABREU, Alzira Alves de. (Coord.). Dicionário histórico-biográfico brasileiro pós-
1930. ed. FGV; CPDOC, 200.
ALMEIDA, Maria Fernanda Lopes. Veja sob Censura, Jaboticaba, São Paulo, 2008, 
pág. 86
ALVES, Márcio Moreira. 68 mudou o mundo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993.
ALVES, Maria Helena Moreira. Estado e oposição no Brasil (1964-1984). 
Bauru/SP: Edusc,2005.
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BORGES, Nilson. ''A Doutrina de Segurança Nacional e os governos militares''. O 
Brasil Republicano. O tempo da ditadura. Regime militar e movimentos sociais em fins do 
século XX. Livro 4. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
Democracia representativa. Disponível em: < 
http://www.portalconscienciapolitica.com.br/ciber-democracia/democracia-representativa/>. 
Acesso em 10/09/2016 às 18:12.
DINIZ, E. "A transição política no Brasil: uma reavaliação da dinâmica da abertura". 
Dados, n.3, 1985, p.329-46.
FIGUEIREDO, A. e LIMONGI, F. "O Congresso e as Medidas Provisórias: 
abdicação ou delegação?" Novos Estudos CEBRAP. São Paulo, n.47, 1997, p.127-154
Histórico do Congresso Nacional. Disponível em: 
https://www.congressonacional.leg.br/portal/congresso/historico. Acesso em 10/09/2016 às 
19:35.
REGO, Antonio Carlos Pojo do. O Congresso Brasileiro e o Regime Militar (1964 - 
1985). Rio de Janeiro: Editora FGV, 2008.

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