Grátis
55 pág.

Justiça no Brasil da Velha República aos governos militares
Denunciar
5 de 5 estrelas









3 avaliações

Enviado por
João Henrique
5 de 5 estrelas









3 avaliações

Enviado por
João Henrique
Pré-visualização | Página 3 de 10
reunidos no STF. Esses estudos, portanto, desconstroem a imagem caricata da Primeira República, na qual as oligarquias rurais tinham um poder supremo sobre todas as instituições e reinavam olimpicamente diante de uma sociedade civil amorfa e passiva. Como pudemos perceber, essa caricatura não se sustenta em estudos mais cuidadosos que, longe de negar o enorme poder das oligarquias cafeicultoras na época, nos mostram um cenário mais complexo. A justiça, afinal, gozava em tal cenário de alguma autonomia, enquanto a sociedade civil era uma força relevante nas disputas travadas no campo jurídico. Essa relevância da sociedade civil fica ainda mais evidente na década de 1920, era marcada por grande agitação social e pelo desgaste do pacto político que sustentou a Primeira República. Você sabia que esse período é chamado de “a grande instabilidade” e que ficou conhecido por sua grande instabilidade social? As historiadoras Marieta Ferreira e Surama Conde Sá Pinto (2019) argumentam que esse período foi marcado por uma grande instabilidade social, econômica e política. No que se refere ao viés econômico, a década de 1920 foi um período de instabilidade. Seus primeiros anos são marcados pela baixa dos preços internacionais do café, havendo graves resultados na economia brasileira, como a alta da inflação e crise fiscal sem precedentes. Mas também ocorreu uma expansão do setor cafeeiro. Segundo as historiadoras (2019), “passados os primeiros momentos de dificuldades, o país conheceu um processo de crescimento expressivo que se manteve até a Grande Depressão em 1929”. Posteriormente, houve uma diversificação da agricultura, o desenvolvimento das atividades industriais, a expansão de empresas e o surgimento de novos estabelecimentos ligados à indústria de base. Esse foi um importante sinal da complexificação da economia brasileira. Em concomitância a essas mudanças, ocorreu a ampliação dos setores urbanos e o crescimento das camadas médias da classe trabalhadora, assim como uma ampliação de interesses das elites econômicas. “Em seu conjunto, essas transformações funcionariam como elementos de estímulo a alterações no quadro político [questionando] as bases do sistema oligárquico da Primeira República”, explicam Ferreira e Pinta (2006, p. 1-2). A grande instabilidade O ano de 1922 foi emblemático da crise estrutural e do esgotamento do pacto oligárquico efetivado pela “política dos governadores”. Houve vários eventos de crise nesse ano: A “reação republicana” que marcou as eleições de 1922, as mais acirradas em muito tempo e disputadas entre Arthur Bernardes (1875-1955), candidato das oligarquias, e Nilo Peçanha, representando as oposições. A revolta de oficiais de baixa patente do Exército realizada no Rio de Janeiro, no Forte de Copacabana, evento de fundação do “Tenentismo”, que marcou o retorno dos militares a uma postura de maior intervencionismo político. A Semana de Arte Moderna realizada em São Paulo, que verbalizou, no plano da estética, as insatisfações com aquele estado de coisas. Os conflitos se agudizariam ainda mais nos anos seguintes, resultando em uma ruptura institucional em 1930, logo depois das eleições presidenciais disputadas entre Júlio Prestes (1842-1946), candidato das oligarquias dominantes, e Getúlio Vargas (1882-1954), que era da oposição. As eleições, expostas a toda sorte de manipulações e fraudes, como era comum na Primeira República, deram a vitória para Júlio Prestes. No entanto, a frente ampla de opositores — formada por militares, oligarquias dissidentes e classes médias – chamada de “Aliança Liberal” não aceitou o resultado e pôs em marcha um levante armado conhecido como “Revolução de 1930”. Teve início, assim, outro momento da história política e institucional brasileira que ficou conhecido como “Era Vargas”. Essa era foi caracterizada por profundas transformações institucionais e jurídicas. É sobre essas transformações que nos debruçaremos no próximo módulo. Um especialista falará neste vídeo sobre a transição política entre a Primeira República e o chamado Período Vargas VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. A HISTÓRIA DA JUSTIÇA E DO DIREITO NA PRIMEIRA REPÚBLICA É MARCADA PELA DISSONÂNCIA ENTRE A LEGISLAÇÃO E A REALIDADE SOCIAL E POLÍTICA, O QUE FEZ COM QUE RUI BARBOSA, DESILUDIDO, TENHA DITO NÃO SER AQUELA A “REPÚBLICA DOS SEUS SONHOS”. ASSINALE, ENTRE AS ALTERNATIVAS A SEGUIR, A QUE MELHOR EXPLICA ESSA DISSONÂNCIA. A) A dissonância se deu porque a legislação, de inspiração socialista, não foi capaz de reverter os rumos já avançados do capitalismo industrial brasileiro. B) A dissonância se deu porque a legislação, monarquista, não foi capaz de reverter os costumes políticos republicanos difundidos na população. C) A dissonância se deu porque a legislação, de inspiração liberal, não foi capaz de regular os costumes políticos oligárquicos, autoritários e violentos. D) A dissonância se deu porque a legislação, de inspiração oligárquica, não foi capaz de regular costumes políticos liberais e democráticos. E) A dissonância se deu porque a legislação, de inspiração fascista, não foi capaz de regular costumes políticos liberais e democráticos. 2. O FEDERALISMO FOI UM DOS PRINCIPAIS VALORES AFIRMADOS PELA CONSTITUIÇÃO REPUBLICANA DE 1891. APONTE A ALTERNATIVA QUE MELHOR DEFINE O FEDERALISMO E A FORÇA POLÍTICA DESSE PRINCÍPIO NAQUELA CONJUNTURA. A) O federalismo consiste na sobreposição do poder central aos poderes locais, o que atraía bastante as elites fluminenses, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de tabaco. B) O federalismo consiste na sobreposição dos poderes locais ao poder central, o que atraía muito as elites paulistas, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de café. C) O federalismo consiste na sobreposição do poder central aos poderes locais, o que atraía muito as elites fluminenses, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de açúcar. D) O federalismo consiste na sobreposição do poder central aos poderes locais, o que atraía muito as elites paulistas, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de tabaco. E) O federalismo consiste na igualdade entre poder central e poderes locais, o que atraía muito as elites fluminenses, as mais poderosas do período em virtude da agroexportação de tabaco. GABARITO 1. A história da justiça e do direito na Primeira República é marcada pela dissonância entre a legislação e a realidade social e política, o que fez com que Rui Barbosa, desiludido, tenha dito não ser aquela a “república dos seus sonhos”. Assinale, entre as alternativas a seguir, a que melhor explica essa dissonância. A alternativa "C " está correta. A inspiração da legislação brasileira ao longo da Primeira República foi o liberalismo norte- americano, que não foi capaz de disciplinar os costumes políticos oligárquicos. 2. O federalismo foi um dos principais valores afirmados pela Constituição republicana de 1891. Aponte a alternativa que melhor define o federalismo e a força política desse princípio naquela conjuntura. A alternativa "B " está correta. O federalismo fortaleceu os poderes locais em detrimento do poder central, o que atraía muito as elites paulistas envolvidas com a agroexportação de café, já que elas desejavam autonomia administrativa para defender seus interesses. MÓDULO 2 Identificar o aparato jurídico desenvolvido na Era Vargas (1930-1945) TRANSFORMAÇÕES NA JUSTIÇA, NO DIREITO E NAS LEIS DURANTE OS GOVERNOS DE GETÚLIO VARGAS Autor: Domínio público. Fonte: Wikimedia Commons / Licença (CC BY 3.0...) Getúlio Vargas, presidente do Brasil entre 1930 e 1945 e de 1951 a 1954. O político gaúcho Getúlio Vargas governou o Brasil em duas ocasiões: 1930-1945: O período conhecido como a “Era Vargas” foi caracterizado por profundas transformações jurídico-institucionais na estrutura do Estado brasileiro. 1951-1954: Na segunda ocasião, houve um “governo democrático”.