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Replicação do DNA e Exame de PCR 1 Replicação do DNA e Exame de PCR Luana Rocha Vale - Medicina - UNIFACS Processos Celulares e Moleculares - Biologia Celular O QUE É A REPLICAÇÃO DO DNA? A replicação do DNA é o processo de duplicação da molécula de DNA. → É um fenômeno genético que assegura a autoduplicação das informações contidas nos cromossomos, especificamente nos genes. → Ocorre no núcleo da célula, antes da divisão celular, durante a Fase "S", ou interfase. → É um processo que envolve diversas enzimas e inicia-se com a separação das duas fitas que formam a molécula de DNA. → Após a separação das fitas antigas, ocorre a ligação dos nucleotídeos livres no núcleo a um nucleotídeo correspondente em uma das fitas e a sintetização de uma nova fita a partir da antiga. → Formam-se duas moléculas de DNA, constituídas por uma fita antiga (pertencente à molécula original) e uma fita nova. Por esse motivo, o processo é considerado semiconservativo.→ É devido a essa característica que é possível estabelecer vínculos genéticos entre os indivíduos. → É também um processo bidirecional, pelo fato de as fitas serem antiparalelas e a enzima trabalhar apenas em um sentido: de 5' para 3'. QUAL A IMPORTÂNCIA DA REPLICAÇÃO DO DNA? → É importante e necessária para a manutenção orgânica do indivíduo, permitindo o desenvolvimento do organismo (crescimento), a reposição de tecidos lesionados (epitelial) ou regeneração quando possível, bem como a propagação hereditária das características, propiciando a formação de gametas contendo as informações fidedignas da espécie. → Por meio da replicação podemos entender como nós, seres humanos, fomos formados a partir de sucessivas divisões de uma célula, fruto da fecundação (célula ovo ou zigoto), passando por intensa multiplicação até resultar em um organismo tão complexo. Replicação do DNA e Exame de PCR 2 EXISTE UM LOCAL ESPECÍFICO DE INÍCIO DA REPLICAÇÃO NA MOLÉCULA DE DNA? No DNA humano, existem locais conhecidos como origens de replicação. Esses pontos existem para acelerar o processo - já que a fita de DNA é muito comprida - até que uma origem se encontre com outra e forme uma fita única. As origens de replicação são ricas em duas bases nitrogenadas específicas: a Adenina e a Timina, mais especificamente porque, entre elas há apenas 2 pontes de hidrogênio (diferente de Citosina e Guanina, que possuem 3 pontes) e, por isso, fica mais fácil de separar a molécula/quebrar as pontes de hidrogênio para fazer a replicação. → As setas rosas, na imagem abaixo, apontam para regiões onde ainda não houve replicação, isso forma bifurcações, chamadas de forquilhas de replicação ou replicons. ABERTURA DA FITA DUPLA A enzima DNA Helicase promove a quebra das pontes de hidrogênio para que haja a abertura da dupla fita e ocorra a transcrição. → Ela atua desenrolando e relaxando a molécula de DNA. Contudo, a fita de DNA é muito "enovelada" e a enzima DNA Helicase precisa de ajuda para abrir a fita para não embaraçar. É aí que entra a DNA Girase: A enzima DNA Girase (que é uma Topoisomerase) faz giros na molécula e A Origem única de replicação no DNA de bactéria. B Vários pontos de origem de replicação no DNA humano. Replicação do DNA e Exame de PCR 3 também vai promover pequenos cortes e colagens para que a tensão seja diminuída e a fita seja desenrolada, a medida que a DNA Helicase vai quebrando as pontes de hidrogênio. As fitas do DNA tem atração uma pela outra, já que em uma ponta vai ter Adenina e em outra Timina, ou Guanina e Citosina, o que faz que elas tenham uma tendência a se juntar. Porém, no momento da replicação elas precisam ficar separadas e, para isso, existe um grupo de proteínas nomeadas de Proteínas ligadoras de fita simples, que se ligam as fitas simples e evitam que elas se reconectem. A partir daí, vem a protagonista do processo de replicação que é a DNA Polimerase. SÍNTESE DA FITA SIMPLES 💡 Antes de falar sobre ela, precisamos saber que o DNA é um polímero e todo polímero é composto por monômeros; no caso do DNA, seus monômeros são os nucleotídeos, compostos por um fosfato, uma pentose e uma base nitrogenada. A DNA Polimerase sintetiza a fita de DNA complementar e faz a união entre os nucleotídeos de cada fita. → Para isso, ela catalisa uma reação de ligação química entre os nucleotídeos, chamada de ligação fosfodiéster, que vai unir o fosfato de um nucleotídeo com a açúcar ou a pentose do nucleotídeo adjacente. Dessa forma - ligando um nucleotídeo a outra -, ela vai formando uma fita nova de DNA. → O mecanismo da polimerização é sempre no sentido da fita 5' → 3' e a adição de nucleotídeos acontece na extremidade 3', que é a extremidade final. Obs.: Já a leitura da fita é no sentido 3' → 5' pois é feita a leitura da fita mãe e não da fita filha que está sendo formada no sentido contrário. Replicação do DNA e Exame de PCR 4 IMPORTANTE A DNA Polimerase possui um mecanismo de correção de erros, em que, depois de sintetizar uma parte da fita, ela volta, no sentido 3' → 5' apenas corrigindo, caso tenha colocado algum nucleotídeo no lugar errado. 💡 Obs¹.: A extremidade 5' sempre termina com o fosfato A extremidade 3' sempre termina com a pentose. 💡 Obs².: É necessário saber que a DNA Polimerase é incapaz de sintetizar DNA do zero, ela precisa ter uma extremidade 3' com uma hidroxila livre; contudo, só existe hidroxila livre na fita de RNA (pois a pentose do DNA é uma desoxirribose, ela perdeu a hidroxila) Para resolver o problema da DNA Polimerase, existe a enzima DNA Primase, que é capaz de iniciar a sintetização do DNA do zero, através da adição de um primer - uma sequência de nucleotídeos de RNA - com uma extremidade final 3' com uma hidroxila livre, para que a DNA Polimerase possa dar continuidade na sintetização da fita de DNA. → No final do processo, o primer de RNA é removido e substituído por uma sequência de DNA. Ele só é útil para iniciar o processo e depois é descartado.) Ainda sobre a síntese da fita simples, há uma diferença no processo de formação da fita de "cima" e na fita "debaixo", também chamadas de fita líder ou contínua e fita atrasada ou descontínua; essa diferença ocorre porque a fita líder é sintetizada no mesmo sentido de abertura da fita dupla de DNA e a fita atrasada é sintetizada no sentido contrário. Além Replicação do DNA e Exame de PCR 5 disso, ela vai precisar de vários primers, pois o processo é iniciado várias vezes, enquanto a contínua só precisa de um primer. → Nesse cenário, a DNA polimerase precisa sintetizar o DNA na fita atrasada em pequenos pedaços, descontínuos, chamados de Fragmentos de Okazaki, nos locais que já foram abertos pela DNA Helicase, diferente da fita líder em que a síntese é contínua, no mesmo ritmo da Helicase. → No final do processo, a enzima DNA ligase une os Fragmentos de Okazaki e a fita se torna contínua. 💡 FUNÇÃO DAS PRINCIPAIS ENZIMAS QUE PARTICIPAM DA REPLICAÇÃO - Helicase: promove a quebra das pontes de hidrogênio para que haja a abertura da dupla fita e ocorra a transcrição. - Girase/Topoisomerase: faz giros na molécula e pequenas clivagens e colagens para que a tensão seja diminuída e a fita seja desenrolada. - Proteínas ligadoras de fita simples: se ligam as fitas simples e evitam que elas se reconectem. - Polimerase: sintetiza a fita de DNA complementar e faz a união entre os nucleotídeos de cada fita. - Primase: inicia a sintetização do DNA do zero, através da adição de um primer. - Ligase: une os Fragmentos de Okazaki para que a nova fita de DNA se tornecontínua. Replicação do DNA e Exame de PCR 6 TÉCNICA DE PCR (reação em cadeia da polimerase) É uma simulação do processo de replicação, in vitro. Essa técnica amplifica sequências específicas de DNA → produz milhares de cópias da mesma molécula para poder observar com maior facilidade o padrão da resposta. → É um processo realizado em vários ciclos com diferentes temperaturas. O QUE CONTÉM NO TUBO DE PCR → DNA extraído e isolado → Primers (da fita contínua e descontínua - pois a enzima Primase não está no PCR → Nucleotídeos → DNA Polimerase (são utilizadas enzimas de bactérias específicas - hipertermófilas, que vivem em regiões de vulcão -, que são mais resistentes a temperaturas e não desnaturam com facilidade) → MgCl2 (cloreto de magnésio - é um cofator para ativar a enzima Polimerase) → H20 (água livre de DNAase e RNAase) → Tampão (mantém o PH estável para a atividade da enzima) Tudo isso é colocado dentro de um tubo e levado para um aparelho chamado de Termociclador: ele tem a capacidade de variar a temperatura ao longo de alguns ciclos REAÇÃO DE PCR FASE 1 - Abertura da Dupla Fita por Desnaturação: No PCR não tem a enzima Helicase, então o método utilizado para abertura da dupla fita de DNA é o aumento da temperatura para quebrar as pontes de hidrogênio e separar a dupla fita. Obs.: é um processo abrupto, em que todas as pontes de hidrogênio são quebradas no mesmo instante, diferente do processo natural, com a enzima, em que a quebra é mais lenta, uma a uma. Isso vai dispensar as outras enzimas que auxiliam nesse processo, como a Topoisomerase. Replicação do DNA e Exame de PCR 7 Aquecimento a mais de 90ºC para a separação da dupla fita Separa tanto a fita de DNA original quanto os produtos de amplificação. FASE 2 - Anelamento dos Primers ou Hibridização: É o encaixe dos primers, ou das sequências de bases nitrogenadas. Como no PCR não há a enzima Primase, então faz-se a diminuição da temperatura para se reestabelecerem as ligações de hidrogênio. Nesse momento, os primers se ligam as fitas e impedem que elas se aproximem, até que a Polimerase os encontra e sintetiza o restante da cadeia. Hibridização Temperatura varia entre 40 a 70ºC conforme o par de primers Determina a especificidade da ligação FASE 3 - Extensão: É feita a duplicação do DNA Atividade da Taq DNA Polimerase Duplicação do DNA Temperatura ótima em torno de 72ºC Resumo da técnica: Replicação do DNA e Exame de PCR 8 No final da técnica, o que temos é semelhante a imagem ao lado: tubinhos com água transparente. → É preciso colocar corantes específicos de DNA através da técnica da Eletroforese. → O material genético é colocado numa matriz gelatinosa com um pólo negativo e um pólo positivo. O DNA, que é muito eletronegativo (tem fosfato) vai migrar para o pólo positivo e, ao migrar, ele vai deixando tracinhos. → Os resultados são muito similares aos testes de paternidade. O DNA do patógeno é detectado com os primers específicos do DNA do patógeno. Se os primers se ligarem e, por consequência, a polimerase estender o restante da cadeia, vai haver a amplificação. → Os tracinhos, chamados "bandas" vão detectar se é positivo ou não. TIPOS DE PCR Na técnica de PCR em tempo real não há a necessidade da eletroforese para detectar o resultado; o corante é colocado nos tubos de PCR e o equipamento é conectado a um computador que vai identificando, em tempo real, se os corantes estão emitindo fluorescência ao se ligarem ao DNA, a medida que ele é amplificado. USO DO PCR NA PRÁTICA O PCR pode ser utilizado na prática médica para o diagnóstico de infecções de vírus, bactérias, fungos e protozoários. Também pode ser utilizado para quantificação de DNA ou RNA viral da célula hospedeira. Replicação do DNA e Exame de PCR 9 Laudo de PCR e Eletroforese de um paciente com resultado negativo: P = paciente CN = controle negativo (não tem a banda) CP = controle positivo (tem a banda) Exame com resultado negativo.
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