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1 Lara Torres Pinto Brito – 5º SEMESTRE NEFROLOGIA “Pureza e impureza dependem da própria pessoa. Ninguém pode purificar o próximo” - Buda LESÃO RENAL AGUDA FUNÇÃO DOS RINS • Retirada de circulação de produtos do metabolismo * • Controle da volemia • Manutenção da homeostase dos eletrólitos • Eliminação de toxinas exógenas • Eliminação do excesso de ácido • Produção hormonal (renina, EPO e vitamina D ativada) *Quando perguntamos: Como está a função renal? O que queremos saber é a TFG, ou seja, a eficácia de retirada da circulação de produtos do metabolismo. Para estimar a função renal no paciente estável, usa- se a creatinina: ➢ Clearence: - Urina de 24h - Creatinina sérica - Peso e altura do paciente ➢ TFG estimada por fórmulas baseadas na creatinina séria: - Cockroft Gault - MDRD - CDK-EPI No caso dos pacientes com LRA, os valores de creatinina variam muito, visto que a função renal também está oscilante. Desse modo, o cálculo para avaliação renal será diferente da calculada para um paciente com LRC (crônica). Nesse caso de LRA, a fórmula mais utilizada para estimar a função renal é a Kinetic eGFR. Esta fórmula é baseada na creatinina prévia (função basal) e na creatinina dosada depois, que vai estimar o quanto a creatinina está alterando com o tempo. Além da creatinina, há outros marcadores de lesão renal, visto que a creatinina demora cerca de 48h para se elevar, apesar de ser a mais utilizada para detectar lesão renal. Outros marcadores: NGAL, KIM-1, Cystatin-c. ESTADIAMENTO DA LRA → KDIGO – 2012 Essa classificação leva em consideração a classificação de AKIN e RIFFLE, estabelecendo relações entre níveis anormais de creatinina e do débito urinário. GRAUS ELEVAÇÃO DA CREATININA DÉBITO URINÁRIO 1 Elevação de 1,5x do valor basal em 7 dias OU Elevação ≥ 0,3mg/dL em até 48h < 0,5mL/Kg/h por 6h 2 Elevação de 2x do valor basal em até 7 dias < 0,5mL/Kg/h por 12h 3 Elevação de 3x do valor basal em até 7 dias OU Creatinina ≥ 4,0 mg/dL e com elevação de, pelo menos, 0,5mg/dL do valor basal OU TRS < 0,3mL/Kg/h por 24h OU 12h de anúria #OBS: se houver um quesito (ex: débito urinário) em um grau e um outro quesito (ex: creatinina) em outro grau, classifica-se de acordo com o de maior gravidade. DEFINIÇÃO KDIGO – 2012 • Elevação de creatinina de 0,3mg/dL em ate 48h • Aumento de 1,5x no valor basal de creatinina em ate 7 dias • Redução do débito urinário para valores menores que 0,5mL/Kg/h por, pelo menos, 6 horas ETIOLOGIA DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL ❖ PRÉ-RENAL: necessidade primordial em manter a volemia e a perfusão. Qualquer uma dessas alterações pode cursar com isquemia, azotemia pré- renal, etc. Possíveis causas: depleção de volume, hipotensão, medicações, má perfusão + edema (IC, cirrose, síndrome nefrótica – doenças que cursam com hipoperfusão) ➔ AVALIAÇÃO DA VOLEMIA – avaliada pelo exame clínico + USG + monitorização invasiva Algumas etapas do exame clínico são importantes para avaliar de há hipovolemia ou congestão: sinais vitais, ausculta pulmonar, avaliação de edema, avaliação de mucosa e avaliação de turgor. Para avaliar a hipovolemia é possível, ainda, colocar o paciente nesse modo de decúbito, após passar um tempo em 45º. Se melhorar a PA e a função cardíaca, pode se tratar de uma hipovolemia. Laboratorialmente, quando há LRA de origem pré- renal, se houver hipoperfusão, ativará o SRAA e vai reter sódio e água para aumentar a volemia. Nesses casos, um dos marcadores é o sódio urinário, que estará baixo (<20), visto que o rim fará uma maior absorção. Do mesmo modo, a fração de excreção de sódio também estará baixa (FENa < 1%). A osmolaridade vai estar aumentada (> 500), assim como a densidade (1.020), visto que o rim também está absorvendo mais água juntamente com o sódio. Na relação ureia x creatinina vai estar aumentada porque, quando o rim executa maior absorção de sódio, ele também irá reabsorver maiores quantidades pelos TCD, enquanto que a creatinina continuará sendo excretada (marcador menos fidedigno porque a cinética da ureia pode ser modificada por outros mecanismos que não as lesões pré-renais). Em pacientes em uso de diurético, mede-se por meio da fração de excreção de ureia (FEUreia < 35%). z SUMÁRIO DE URINA LRA PRÉ-RENAL • Densidade > 1020 • Leucócitos e hemácias normais • Cilindros hialinos (produzido pelos túbulos, considerado normal) ou ausentes ❖ RENAL INTRÍNSECA: pode ser tanto por Necrose Tubular Aguda (NTA é a mais comum) ou nos demais compartimentos renais (injúria tubular, glomerular, vascular ou intersticial). - Necrose Tubular Aguda - 1. Persistência de má perfusão renal (isquemia) – como os túbulos precisam de muito ATP e oxigênio, quando o sangue perfunde o glomérulo, até que chegue na Alça de Henle, pode haver uma depreciação de oxigênio, chegando em níveis insuficientes. Por isso, a isquemia persistente ocorre primeiro na medula (nos túbulos), para depois ocorrer no córtex. #OBS 1: Os cilindros são a junção de restos celulares que se desgarram do epitélio do túbulo quando há lesão renal que podem causar obstrução quando se juntam com as proteínas normais. #OBS 2: Retrovazamento acontece quando há presença de edema intersticial as custas de aumento da pressão hidrostática. Isso pode ocasionar a obstrução de outros túbulos e explica a ocorrência de LRA oligúrica. 2. Lesão Tóxica – decorrente de substancias endógenas (mais comumente mioglobina, síndrome de lise tumoral e mieloma múltiplo) ou exógenas, que depende do tempo de exposição e da quantidade (AINES, vancomicina, aminoglicosídeos, contrastes iodados, anfotericina, quimioterápicos, Antirretrovirais) Os pacientes com necrose tubular não conseguem reabsorver devido a disfunção nos túbulos, ou seja, possui deficiência para concentrar a urina. Nesses casos, o sódio urinário é normal (> 40) e a FENa também (>2). A fração urinaria é baixa, a densidade e osmolaridade também e a urina passa a ter quase as mesmas concentrações que o sangue. Umas das diferenças da lesão renal para a pré-renal é que esta pode ser reversível imediatamente; já na forma renal, devido a perda de células, a reversão acontece em cerca de 7 – 15 dias de quando há retirada do causador da lesão (por vezes só reverte parcialmente). z SÚMARIO DE URINA LRA RENAL • Densidade urinaria < 1015 • Leucocituria e hematúria costumam aparecer • Cilindros granulosos ❖ PÓS-RENAL: ocorre sem sinais de hipovolemia, comum em casos de obstrução renal, podendo cursar com azotemia polirrenal, tendendo a cursar com hidronefrose. Quadro Clínico Característico: - Anúria / hematúria - Massa abdominal - Dor lombar / suprapúbica Lesão renal aguda em paciente oncológico (pelve): - Colo de útero - Bexiga - Próstata - Cólon / sigmoide / reto USG de Rins e Vias Urinárias: - Gradua a dilatação e a hidronefrose. Tendo como tratamento a desobstrução das vias urinárias, quando possui quadro clinico sugestivo. z SUMÁRIO DE URINA LRA PÓS-RENAL - Anúrico - Campo tomado por hemácias (calculo, tumor, etc) - Heme-pigmento positivo ❖ COMPARTIMENTO VASCULAR Existem doenças de grandes artérias (como dissecção de aorta) que podem cursar com hipoperfusão renal, porem como consequência de alguma lesão vascular. Nas doenças de médios e grandes vasos pode haver vasculite. Como são patologias sistêmicas, podem aparecer sinais em outros órgãos que não os rins. Existem, ainda, as doenças vasculares de pequenos vasos: - Microangiopatia Trombótica - Marcada por hemólise dentro dos vasos que cursa com algumas repercussões: • Disfunção renal • Anemia hemolítica com COOMBS negativo • Esquizócitos (pedaços de hemácias) em sangue periférico• Plaquetopenia • Com ou sem alteração do coagulograma ❖ COMPARTIMENTO GLOMERULAR Cursa com glomerulonefrite, possui quadro clínico com rash cutâneo e malar. É comum pensamos em LES, febre reumática, granulomatose de Wegner. - Glomerulonefrite Rapidamente Progressiva - • Piora progressiva e abrupta da função renal • LRA de causa desconhecida • Rins de tamanho normal • Sedimento urinário ativo – sumario de urina mostrando proteinúria e hematúria, indicando lesão glomerular • Presença de estigmas de doenças sistêmicas – como o LES • A biópsia renal ajuda nesses casos z SUMÁRIO DE URINA NAS GLOMERULOPATIAS - Hematúria e leucocitúria - Presença de proteinúria - Cilindros hemáticos (patognomônico de glomerulopatias) e Cilindros granulosos ❖ NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA Manifestações Clínicas • Piora aguda da função renal • Rash cutâneo • Eosinofilia • Eosinofilúria • Leucocitúria estéril • Febre Nesse caso, apesar de ser causado por drogas, é uma resposta imunológica que funciona como uma reação alérgica / de sensibilidade. Ou seja, não vai haver agressão direta às células tubulares, mas mediado imunologicamente com produção de infiltrado. Por ser uma resposta “alérgica”, as manifestações podem ser extra-renais. Causas: - AINES - Penicilina -Sulfametoxazol - DIU de alça - Quinolona - Omeprazol - Rifampicina - Alopurinol - Indivanir z SUMÁRIO DE URINA NEFRITE INTERSTICIAL AGUDA • Densidade urinaria < 1015 • Leucocitúria presente (com urocultura negativa) • Eosinoflia • Cilindros leucocitários BIÓPSIA DE PACIENTES COM LRA DE ETIOLOGIA INDEFINIDA Particularmente na suspeita de: • Glomerulopatia • Vasculites • Microangiopatia trombótica • Nefrite intersticial aguda TRATAMENTO DE LRA Pacientes internados em risco de LRA: A) Criticamente enfermos (instabilidade hemodinâmica) B) Alteração prévia de função renal (idosos) C) Em uso de drogas nefrotóxicas D) Com patologias graves • IC agudamente descompensada • Hepatopatia crônica IMFLR Linear - Goodpasture - Doença por Anticorpo Anti- MB Granular - Depósito IgG - Depósito IgA - Padrão Full House Negativa - Pauci-imune • Politraumatizados ou grande queimados • Sepse • Cirurgia de grade porte MANEJO DOS PACIENTES COM LRA ✓ Descontinuar medicações nefrotóxicas ✓ Buscar alternativas para exames contrastados ✓ Buscar euvolemia e manter perfusão renal adequada ✓ Monitorizar creatinina, ureia e debito urinário ✓ Controle adequado da glicemia (110-180mg/dL) E SE O PACIENTE DESENVOLVER LRA? • Avaliar necessidade de Terapia Intensiva • Correção dos distúrbios hidroeletrolíticos - Hiponatremia - Hipercalemia - Hipocalcemia • Correção da acidose metabólica • Adequar dose de medicações ADEQUAÇÃO DAS MEDICAÇÕES – Abordagem Prática: - Evitar subdose em pacientes graves - Considerar clearence < 10mL/min se creatinina ascensão ou em diálise - Nos demais casos individualizar - Considerar o tipo de diálise realizada - Prescrever dose pós-diálise quando indicado DIETA: - Tenter sempre via oral/enteral - Fornecer aporte calórico com 20 – 30kcal/kg/dia - Não restringir proteína para postergar/evitar TRS - Fornecer proteína conforme esquema: + 0,8 – 1g/kg para pacientes não catabólicos em tratamento conservador + 1,0 – 1,5g/kg para pacientes em TRS + Até 1,7g/kg para pacientes em terapia contínua ou hipercatabólicos TERAPIA RENAL SUBSTUTIVA (TRS): Objetivos: - Manutenção da homeostase - Recuperação da função renal - Eliminação de toxinas - Permitir medidas de suporte clínico (dieta parenteral, hemotransfusão, antibioticoterapia) ❕ Indicações Absolutas: - Hipercalemia grave e refratária - Acidose metabólica grave - Hipervolemia refratária - Uremia - Hipercalcemia - Hiperurecemia - Intoxicação exógena (AAS, metformina, etilenoglicol, metanol, lítio) ✶Início da TRS: - Presença de indicação absoluta - Ausência de indicação absoluta de acordo com: gravidade da doença de base, perspectiva de recuperação da função renal, disfunção de outros órgãos, expectativa de piora rápida (lise tumoral), necessidade de administração de fluidos, evolução dos exames laboratoriais.
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