SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 1 Exame físico geral O exame físico pode ser dividido em 2 etapas, a geral e a específica. Na primeira são obtidos dados gerais do paciente, independentemente dos vários sistemas orgânicos ou segmentos corporais. A segunda etapa é específica para cada sistema. Semiotécnica Deve-se primeiro examinar o paciente sentado, ao menos que o paciente seja incapaz de permanecer nessa posição. Algumas etapas do exame físico exigem do paciente ficar em outras posições. Itens do exame físico geral 1. Estado geral a. BEG (Bom Estado Geral) b. REG (Regular Estado Geral) c. MEG (Mau Estado Geral) 2. Nível de consciência a. Consciente b. Inconsciente c. Semi-consciente (obnubilado) d. Orientado no tempo e quanto ao espaço em que se encontra e. Desorientado 3. Fala e linguagem 4. Hidratação 5. Altura e medidas antropométricas 6. Peso 7. Estado nutricional a. BEN (Bom Estado Nutricional) b. REN (Regular Estado Nutricional) c. MEN (Mau Estado Nutricional) 8. Desenvolvimento físico 9. Fáscies 10. Atitude e decúbito preferido no leito 11. Pele mucosas e fâneros 12. Tecido células subcutâneo e panículo adiposo 13. Musculatura 14. Movimentos involuntários 15. Enfisema subcutâneo 16. Exame dos linfonodos 17. Veias superficiais 18. Circulação colateral 19. Edema 20. Temperatura 21. Postura ou atitude na posição de pé 22. Biotipo ou tipo morfológico 23. Marcha Estado geral É o que o paciente aparenta visto em sua tonalidade. Trata-se de uma característica subjetiva, nem sempre associada à gravidade de sua doença. • BEG: ausência de sinais de sofrimento/instabilidade • REG: paciente não está bem em algum aspecto; podendo estar claramente cansado, emagrecido. Não apresenta cianose, palidez, dispneia. • MEG: paciente com fadiga extrema, sem condições de diálogo, debilitado e instável hemodinamicamente. O estado geral pode servir como alerta quando ocorre deterioração do estado do paciente durante alguma enfermidade; ou então também na situação inversa, em que a melhora do estado indica uma boa reação do organismo. Nível de consciência e orientação Informações simples e corriqueiras, presentes no decorrer de toda interação com o paciente. Essa avaliação implica questões neurológicas e psiquiátricas. Os níveis de consciência são: • Paciente consciente: estado de vigília • Paciente semiconsciente: confusão metal, chamado de estado obnubilado • Inconsciente: em coma O paciente deve estar orientado em relação ao tempo, ao espaço e a si próprio, devendo ser capaz de responder adequadamente aos estímulos ambientais. • Desorientação em relação ao tempo: associada a ansiedade, depressão e síndrome cerebral orgânica • Desorientação em relação ao espaço: distúrbios cerebrais orgânicos, distúrbios psiquiátricos • Desorientação em relação a si próprio: trauma cerebral, convulsões e amnésia Para o exame do nível da consciência, deve -se considerar os seguintes fatores: • Perceptividade: capacidade para responder perguntas simples (Que dia é hoje?) ou informar aspectos corriqueiros (nome de familiares, endereço...) • Reatividade: estímulos inespecíficos (ex: desviar os olhos e a cabeça para num ponto no qual é provocado um barulho). • Deglutição: capacidade de levar alimentos à boca e degluti-los • Reflexos: resposta às manobras de alguns reflexos tendinosos SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 2 Os níveis inesperados de consciência são: • Confusão: resposta inadequada ao questionamento. Alcance da atenção e da memória reduzidos • Letargia: indivíduo sonolento. Quando acordado, responde apropriadamente • Delírio: confuso, e com percepções desordenadas • Estupor: indivíduo pode ser despertado por curtos períodos de tempo em relação aos estímulos visuais, dolorosos ou verbais. Respostas lentas • Coma: inconsciente. Paciente pode ser descerebrado em relação aos estímulos dolorosos A escala usada para quantificar a consciência do paciente é a Escala de Coma de Glasgow; ela avalia o funcionamento do córtex cerebral e do TE por meio de respostas verbais, motoras e abertura ocular a estímulos específicos. Avalia a melhora ou a deterioração do nível de consciência do paciente. A escala de Glasgow é graduada de 3 (coma profundo) a 15 (ótimo nível de consciência). A escala é pontuada de acordo com a soma dos seguintes pontos nos fatores: abertura dos olhos, resposta verbal e resposta motora. Fala e linguagem A fala depende de mecanismos complexos, que englobam a laringe, músculos da fonação e a elaboração nervosa. As alterações da fala classificam-se da seguinte maneira: • Disfonia ou afonia: alteração do timbre da voz causado por algum problema no órgão fonador; a voz fica rouca, fanhosa ou bitonal • Dislalia: alterações na fala, como troca de letras, gagueira e a taquilalia • Disartria: alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral, hipertonia no parkinsonismo ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar) • Disfasia: alterações na fala em que apresenta problemas na elaboração cortical da fala → alterações mínimas até a perda total da fala; pode ser de recepção/sensorial (paciente não entende o que se diz a ele), de expressão/motora (paciente entende, mas não consegue se expressar) ou misto. • Outros distúrbios: retardo do desenvolvimento da fala na criança, disgrafia (perda da capacidade de escrever) e a dislexia (perda a capacidade de ler). Hidratação Um paciente hidratado apresentará oferta de líquidos e eletrólitos de acordo com as necessidades do organismo e não haverá perdas extras (diarreia, vômitos, sudorese) sem reposição. Para avaliar, deve-se observar a reserva salivar (lanterna clínica), lacrimal (com o uso da lanterna obliquamente fica brilhoso), turgor cutâneo e elasticidade cutânea (pinça o dorso da mão → retorno rapidamente da pele), diminuição abrupta de peso, sede, oligúria, excitação psíquica ou abatimento e estado geral comprometido; A desidratação pode ser classificada de acordo com a intensidade: • Leve ou de 1º grau: perde de peso de até 5% • Moderada ou de 2º grau: perda de peso de 5 a 15% • Grave ou de 3º grau: perda de peso acima de 10% Altura e outras medidas antropométricas Nos indivíduos com menos de 20 anos, é feita a medida da altura do paciente e compara-se o valor com outros valores tabulados, levando-se em conta a idade e sexo. Outras medidas importantes para pessoas em desenvolvimento são: • Envergadura: distância ente os membros superiores quando em abdução de 90º • Distância pubovértice: distância entre a sínfise pubiana e o ponto mais alto da cabeça • Distância puboplantar: medida entre a sínfise pubiana e a planta dos pés Estado nutricional e Peso SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 3 A alimentação e o estado nutricional podem ser o caminho para um estado de saúde adequado e boa qualidade de vida. Os equipamentos necessários para saber esse estado são: balança, medidor de altura, adipômetro e fita métrica rígida. Na avaliação é observado peso, musculatura e panículo adiposo. O peso deve ser comparado com os valores considerados normais em relação ao sexo, idade e altura. O peso na idade adulta é classificado da seguinte maneira: • Peso ideal: valores tabelados; para aproximação, pode se utilizar a regra simples de Broca → o peso ideal se aproxima do número de centímetros que excede u metro de altura e se expressa em kg (ex: homem de 1,70 deve tem peso ideal ao redor de 70 kg, para mulheres diminui-se 5% do valor encontrado) • Peso máximo normal: soma-se 5 a 10% ao peso ideal, dependendo do biotipo • Peso mínimo normal: subtraem-se 5 a 10% ao peso ideal IMC (Índice de massa corpórea) O IMC é uma fórmula que pode ser utilizada para avaliar o estado nutricional e a gordura corporal total; é medida pelo peso do paciente (kg) dividido pela sua altura elevada ao quadrado