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SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 1 Exame físico geral O exame físico pode ser dividido em 2 etapas, a geral e a específica. Na primeira são obtidos dados gerais do paciente, independentemente dos vários sistemas orgânicos ou segmentos corporais. A segunda etapa é específica para cada sistema. Semiotécnica Deve-se primeiro examinar o paciente sentado, ao menos que o paciente seja incapaz de permanecer nessa posição. Algumas etapas do exame físico exigem do paciente ficar em outras posições. Itens do exame físico geral 1. Estado geral a. BEG (Bom Estado Geral) b. REG (Regular Estado Geral) c. MEG (Mau Estado Geral) 2. Nível de consciência a. Consciente b. Inconsciente c. Semi-consciente (obnubilado) d. Orientado no tempo e quanto ao espaço em que se encontra e. Desorientado 3. Fala e linguagem 4. Hidratação 5. Altura e medidas antropométricas 6. Peso 7. Estado nutricional a. BEN (Bom Estado Nutricional) b. REN (Regular Estado Nutricional) c. MEN (Mau Estado Nutricional) 8. Desenvolvimento físico 9. Fáscies 10. Atitude e decúbito preferido no leito 11. Pele mucosas e fâneros 12. Tecido células subcutâneo e panículo adiposo 13. Musculatura 14. Movimentos involuntários 15. Enfisema subcutâneo 16. Exame dos linfonodos 17. Veias superficiais 18. Circulação colateral 19. Edema 20. Temperatura 21. Postura ou atitude na posição de pé 22. Biotipo ou tipo morfológico 23. Marcha Estado geral É o que o paciente aparenta visto em sua tonalidade. Trata-se de uma característica subjetiva, nem sempre associada à gravidade de sua doença. • BEG: ausência de sinais de sofrimento/instabilidade • REG: paciente não está bem em algum aspecto; podendo estar claramente cansado, emagrecido. Não apresenta cianose, palidez, dispneia. • MEG: paciente com fadiga extrema, sem condições de diálogo, debilitado e instável hemodinamicamente. O estado geral pode servir como alerta quando ocorre deterioração do estado do paciente durante alguma enfermidade; ou então também na situação inversa, em que a melhora do estado indica uma boa reação do organismo. Nível de consciência e orientação Informações simples e corriqueiras, presentes no decorrer de toda interação com o paciente. Essa avaliação implica questões neurológicas e psiquiátricas. Os níveis de consciência são: • Paciente consciente: estado de vigília • Paciente semiconsciente: confusão metal, chamado de estado obnubilado • Inconsciente: em coma O paciente deve estar orientado em relação ao tempo, ao espaço e a si próprio, devendo ser capaz de responder adequadamente aos estímulos ambientais. • Desorientação em relação ao tempo: associada a ansiedade, depressão e síndrome cerebral orgânica • Desorientação em relação ao espaço: distúrbios cerebrais orgânicos, distúrbios psiquiátricos • Desorientação em relação a si próprio: trauma cerebral, convulsões e amnésia Para o exame do nível da consciência, deve -se considerar os seguintes fatores: • Perceptividade: capacidade para responder perguntas simples (Que dia é hoje?) ou informar aspectos corriqueiros (nome de familiares, endereço...) • Reatividade: estímulos inespecíficos (ex: desviar os olhos e a cabeça para num ponto no qual é provocado um barulho). • Deglutição: capacidade de levar alimentos à boca e degluti-los • Reflexos: resposta às manobras de alguns reflexos tendinosos SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 2 Os níveis inesperados de consciência são: • Confusão: resposta inadequada ao questionamento. Alcance da atenção e da memória reduzidos • Letargia: indivíduo sonolento. Quando acordado, responde apropriadamente • Delírio: confuso, e com percepções desordenadas • Estupor: indivíduo pode ser despertado por curtos períodos de tempo em relação aos estímulos visuais, dolorosos ou verbais. Respostas lentas • Coma: inconsciente. Paciente pode ser descerebrado em relação aos estímulos dolorosos A escala usada para quantificar a consciência do paciente é a Escala de Coma de Glasgow; ela avalia o funcionamento do córtex cerebral e do TE por meio de respostas verbais, motoras e abertura ocular a estímulos específicos. Avalia a melhora ou a deterioração do nível de consciência do paciente. A escala de Glasgow é graduada de 3 (coma profundo) a 15 (ótimo nível de consciência). A escala é pontuada de acordo com a soma dos seguintes pontos nos fatores: abertura dos olhos, resposta verbal e resposta motora. Fala e linguagem A fala depende de mecanismos complexos, que englobam a laringe, músculos da fonação e a elaboração nervosa. As alterações da fala classificam-se da seguinte maneira: • Disfonia ou afonia: alteração do timbre da voz causado por algum problema no órgão fonador; a voz fica rouca, fanhosa ou bitonal • Dislalia: alterações na fala, como troca de letras, gagueira e a taquilalia • Disartria: alterações nos músculos da fonação, incoordenação cerebral, hipertonia no parkinsonismo ou perda do controle piramidal (paralisia pseudobulbar) • Disfasia: alterações na fala em que apresenta problemas na elaboração cortical da fala → alterações mínimas até a perda total da fala; pode ser de recepção/sensorial (paciente não entende o que se diz a ele), de expressão/motora (paciente entende, mas não consegue se expressar) ou misto. • Outros distúrbios: retardo do desenvolvimento da fala na criança, disgrafia (perda da capacidade de escrever) e a dislexia (perda a capacidade de ler). Hidratação Um paciente hidratado apresentará oferta de líquidos e eletrólitos de acordo com as necessidades do organismo e não haverá perdas extras (diarreia, vômitos, sudorese) sem reposição. Para avaliar, deve-se observar a reserva salivar (lanterna clínica), lacrimal (com o uso da lanterna obliquamente fica brilhoso), turgor cutâneo e elasticidade cutânea (pinça o dorso da mão → retorno rapidamente da pele), diminuição abrupta de peso, sede, oligúria, excitação psíquica ou abatimento e estado geral comprometido; A desidratação pode ser classificada de acordo com a intensidade: • Leve ou de 1º grau: perde de peso de até 5% • Moderada ou de 2º grau: perda de peso de 5 a 15% • Grave ou de 3º grau: perda de peso acima de 10% Altura e outras medidas antropométricas Nos indivíduos com menos de 20 anos, é feita a medida da altura do paciente e compara-se o valor com outros valores tabulados, levando-se em conta a idade e sexo. Outras medidas importantes para pessoas em desenvolvimento são: • Envergadura: distância ente os membros superiores quando em abdução de 90º • Distância pubovértice: distância entre a sínfise pubiana e o ponto mais alto da cabeça • Distância puboplantar: medida entre a sínfise pubiana e a planta dos pés Estado nutricional e Peso SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 3 A alimentação e o estado nutricional podem ser o caminho para um estado de saúde adequado e boa qualidade de vida. Os equipamentos necessários para saber esse estado são: balança, medidor de altura, adipômetro e fita métrica rígida. Na avaliação é observado peso, musculatura e panículo adiposo. O peso deve ser comparado com os valores considerados normais em relação ao sexo, idade e altura. O peso na idade adulta é classificado da seguinte maneira: • Peso ideal: valores tabelados; para aproximação, pode se utilizar a regra simples de Broca → o peso ideal se aproxima do número de centímetros que excede u metro de altura e se expressa em kg (ex: homem de 1,70 deve tem peso ideal ao redor de 70 kg, para mulheres diminui-se 5% do valor encontrado) • Peso máximo normal: soma-se 5 a 10% ao peso ideal, dependendo do biotipo • Peso mínimo normal: subtraem-se 5 a 10% ao peso ideal IMC (Índice de massa corpórea) O IMC é uma fórmula que pode ser utilizada para avaliar o estado nutricional e a gordura corporal total; é medida pelo peso do paciente (kg) dividido pela sua altura elevada ao quadrado(m2); para adultos espera-se IMC entre 20-24,9. O ideal é acompanhar o indivíduo ao longo do tempo para diagnóstico precoce de distúrbios nutricionais ou doenças. Circunferência abdominal Além disso, pode-se medir a Circunferência Abdominal (CA) → substitui a antiga relação cintura/quadril. Pessoas com peso normal (IMC), mas com CA aumentada se enquadram em classificação de alto riso para doenças cardiovasculares. Os seus valores normais são: • CA normal em mulheres: < 89 cm • CA normal em homens: < 102 cm Uma CA elevada demonstra maiores chances para dislipidemia, diabetes tipo 2, hipertensão e doenças CV. A medida do CA é feita usando a fita métrica medindo a cintura no ponto médio entre a margem costal e a crista ilíaca. A tendência de detectar alterações é bem maior em homens, pois eles têm maio tendência em acumular gordura no abdômen. Relação cintura-quadril (RCQ) Para obtê-lo, mede-se a circunferência da cintura em um ponto médio entre o final dos arcos costais; já a do quadril, no nível das espinhas ilíacas anteriores, depois, divide-se o C/Q. Os valores considerados normais são: • Mulheres: RCQ < 0,8 • Homens: RCQ < 0,9 Obesidade central ou periférica No homem, a gordura tende a se armazenar na parte superior do corpo ou na região abdominal → obesidade tipo androide ou central (morfologia tipo maçã). Na mulher, o acúmulo de gordura predomina nos quadris e nas coxas → obesidade do tipo ginecoide ou periférica (corpo lembra uma pera) Pode ser utilizado também a espessura da dobra cutânea do tríceps, que é uma medição da dobra de gordura, a qual fornece outro parâmetro para avaliar o estado nutricional do paciente. O paciente deve flexionar o braço direito em ângulo reto; examinador fica atrás do paciente; paciente com braço pendente e relaxado; sentir a musculatura do tríceps e, então, com o polegar e o indicador pegar a dobra cutânea e medir com o adipômetro. Desnutrição É uma condição na qual o peso está abaixo dos valores mínimos normais, a musculatura é hipotrófica e o panículo adiposo escasso. Nessa condição, a pele se torna seca e rugosa; cabelos e pelos mudam de cor, se tornam finos, secos e quebradiços; olhos ficam secos, com perda de reflexo da luz; fotofobia e diminuição das lágrimas. O critério de Gomez classifica o estado de desnutrição, que se baseia no déficit de peso em relação ao padrão normal: • Desnutrição de 1º grau: déficit de peso superior a 10% • Desnutrição de 2º grau: déficit de peso superior a 25% SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 4 • Desnutrição de 3º grau: déficit de peso superior a 40% Todavia, vale salientar que essa classificação não pressupõe a altura do paciente (crianças de baixa estatura apresentam desvantagem), exame da musculatura e panículo adiposo. Fáscies São os conjuntos de dados exibidos na face do paciente. Certas doenças imprimem na face traços característicos, em que a simples observação pode trazer um diagnóstico. Os principais tipos de fácies são: • Fácies normal ou atípica: sem expressões ou traços anatômicos que sejam características de uma determinada condição • Fácies hipocrática: olhos fundos, parados e inexpressivos; o nariz afila-se e os lábios ficam adelgaçados; ocorre uma palidez cutânea discreta e cianose labial → indica doença grave • Fácies renal: edema predominante ao redor dos olhos; palidez cutânea → doenças difusas dos rins (síndrome nefrótica e glomerulonefrite difusa aguda) • Fácies leonina: pele espessa, com grande número de lepromas; supercílios caem, o nariz se espessa e se alarga, ocorredo colabamento da sua cartilagem; lábios grossos e proeminentes; bochechas e o mento se deformam com o aparecimento dos nódulos → indicativo de Haseníase wirchoviana • Fácies alenoidiana: nariz pequeno e afilado; boca sempre entreaberta → Pessoas que tem uma respiração bucal (hipertrofia das adenoides), em que o rosto fica alongada e oval • Fácies parkinsoniana: cabeça inclinada para frente; olhar fico, supercílios elevados e fronte enrugada. Fisionomia impassível → observada na doença de Parkinson • Fácies: basedowiana: olhos salientes (exoftalmia) e brilhantes; rosto magro; aspecto de espanto e ansiedade; presença de bócio → indicativo de hipertireoidismo • Fácies mixedematosa: rosto arredondado, nariz e lábios grossos, pele seca e espessa; supercílios escassos e cabelos secos e sem brilho → hipotireoidismo ou mixedema SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 5 • Fácies acromegálica: saliência das arcadas supraorbitárias, proeminência das maçãs do rosto e desenvolvimento do maxilar inferior; aumento do tamanho do nariz, lábios e orelhas → indicativo de alta produção de GH • Fácies cushingoide ou de lua cheia: arredondamento do rosto; aparecimento de acne → síndrome de Cushing por hiperfunção do córtex suprarrenal ou uso excessivo de corticoides • Fácies mongoloide: prega cutânea (epicanto) que torna os olhos oblíquos, distantes um do outro; rosto arredondado, boca quase sempre entreaberta e expressão fisionômica de pouca inteligência → Síndrome de down • Fácies de Depressão: Cabisbaixo, os olhos com pouco brilho e fixos em um ponto distante; olhar permanece voltado para o chão. O sulco nasolabial se acentua, e o canto da boca se rebaixa. O conjunto fisionômico denota indiferença, tristeza e sofrimento moral • Fácies pseudobulbar: súbitas crises de choro ou riso, o que leva ao paciente a tentar contê-las, dando aspecto espasmódico à fácies → paralisia pseudobulbar • Fácies da paralisia facial periférica: assimetria da face; impossibilidade de fechar as pálpebras, repuxamento da boca para o lado são e apagamento do sulco nasolabial • Fácies miastênica ou de Hutchinson: ptose palpebral bilateral, testa franzida→ miastenia gravis e outras miopatias Atitude É a posição adotada pelo paciente de forma involuntária, no leito ou fora dele, por comodidade, hábito ou com o objetivo de conseguir alívio para algum padecimento. • Ortopneia: paciente fica sentado na beira da cama, com os pés apoiados no chão e as mãos no colchão → não consegue deitar, pois dá falta de ar. Pode indicar insuficiência cardíaca, asma e ascites volumosas • Genupeitoral: paciente posiciona-se de joelhos com o tronco fletido sobre as coxas, enquanto a face anterior do tórax (peito) põe-se e contato com o solo ou chão. Pode indicar derrame pericárdico, pois essa posição facilita o enchimento do coração • Cócoras: Pode indicar cardiopatias cianóticas (apresenta melhora da circulação sanguínea) • Parkinsoniana: o paciente apresenta uma rigidez para iniciar o movimento e ao caminhar, parece estar correndo atrás do seu próprio eixo de gravidade Decúbito preferencial É a posição que o paciente adota voluntariamente no leito: • Decúbito lateral: ocorre na dor pleurítica, se deitar do lado da dor melhora o sintoma • Decúbito dorsal com perna fletidas: em processos inflamatórios pelviperitoneais pode melhorar a dor • Deitar-se com a barriga para a frente: dor lombar/cólica Mucosas É importante avaliar as conjuntivas dos olhos, lábios- bucal, línguas e gengiva. É importante observar a coloração das mucosas (hipocorado, normocorado, hipercorado, cianose ou icterícia), umidade e presença de lesões. SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 6 Pele e fâneros Observar a coloração (palidez, eritrose, fenômeno de Reynaud, cianose, palidez e eritrose, cianose, icterícia e albinismo), umidade, textura, espessura, temperatura, elasticidade, turgor e sensibilidade. Os fâneros podem indicar algum problema também, como a perda de pelos em regiões que deveriam apresentá-los. Algumas lesões elementares que pode ser encontrada na pele são: mácula (lesão no nível da pele), pápula (lesão acima da pele), nódulo, urticária, vegetação (pápula de superfície irregular), vesícula (pápula com conteúdo líquido menor que 1 cm),bolha, cicatriz, pústula, abscesso, ulceração, fissura, fístula, crosta e escara. Musculatura Emprega-se a inspeção e palpação na avaliação da musculatura. Deve-se analisar todos os grupos musculares, pois algumas condições afetam todos os músculos, e outras, apenas alguns grupos. Na inspeção, basta olhar a superfície corporal com o paciente em repouso, observando as massas musculares mais volumosas. A palpação é feita em forma de pinça com o músculo relaxado (troficidade do músculo → massa muscular) e depois semiflexionado (tonicidade → estado de semicontração). A troficidade pode ser classificada como: normal, hipertrófica ou hipotrófica. Já a tonicidade: tônus normal, hipertonicidade ou hipotonicidade. Movimentos involuntários Alguns movimentos involuntários são constantes, enquanto outros acontecem somente em crises. Os principais são: • Tremores: podem ser diferenciados em: de repouso, de postura (quando o paciente adota alguma posição), de ação (quando faz alguma ação) ou vibratório. Para identificá-los, pede-se que o paciente estenda os dois braços, deixe as palmas voltadas para baixo e os dedos abertos, bem como, pede-se que ele leve o indicador ao nariz • Movimentos coreicos: são movimentos involuntários, amplos, desordenados, de ocorrência inesperada e arrítmicos, multiformes e sem finalidade. Os dois tipos clínicos mais encontrados são o Coreia de Sydenham: tem etiologia infecciosa e relaciona-se com a moléstia reumática o Coreia de Huntington: distúrbio neurológico hereditário raro que se caracteriza por movimentos corporais anormais e incoordenação. • Movimentos atetósicos: são involuntários que ocorrem nas extremidades, sendo lentos e estereotipados, lembrando movimentos dos tentáculos do polvo. A causa é por lesões dos núcleos da base. • Hemibalismo: movimentos abruptos, violentos, de grande amplitude, rápidos e geralmente limitados a uma metade do corpo. • Mioclonias: contrações musculares breves, rítmicas ou arrítmicas, localizadas ou difusas, que acometem um músculo ou grupo muscular. São causados por neurônios subcorticais. • Mioquinas: contrações fibrilares de tipo ondulatório que surgem em músculos íntegros. Não apresenta, significado patológico. • Asterix: movimentos rápidos, que ocorrem nos segmentos distais e apresentam certa semelhança com o bater de asas das aves. O paciente deve estender o braço e superestender as mãos, formando um ângulo de 90º, o médico força para trás as mãos do paciente para ver o movimento. É comum em insuficiência hepática. • Tiques: movimentos repetidos sucessivamente. Podem ser simples ou complexos, bem como ser até vocais. • Convulsões: movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários e paroxísticos, que ocorrem de maneira generalizada. Podem ser tônicas (imobilização das articulações), clônicas (rítmicas) ou tônico-clônicas. • Tetania: crises tônicas involuntárias quase sempre localizadas nas mãos e pés. Ocorre nas hipocalcemias e na alcalose respiratória por hiperventilação • Fasciculações: contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular • Discinesias orofaciais: movimentos rítmicos, repetitivos e bizarros, que comprometem a face, boca, mandíbula e língua, sendo expresso na forma de caretas. Ocorre em psicoses de longa duração e uso prolongado de fenotiazinas. • Distonias: movimentos atetoides, mas costumam envolver porções maiores do corpo Linfonodos É importante ser feita a palpação dos linfonodos afim de analisar algum inchaço ou inflamação presente neles, o que pode ser indicativo de infecção, neoplasia ou alterações sistêmicas. É importante que seja utilizado os dedos indicador, médio e anelar para a palpação • Cabeça e pescoço o Occipitais: projeção do osso occipital o Auriculares posteriores o Parotidianos: pré e infra-autriculares o Submaxilares o Submentonianos SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 7 o Cervicais superficiais (sobre o ECM), posteriores (atras da borda lateral do ECM) e profundos (anterior da borda medial do ECM) o Supraclaviculares • Axila o Anteriores: embaixo do músculo peitoral o Médios: oco axilar o Posteriores: abaixo da escápula • Virilhas: superficiais, próximos da artéria inguinal Os gânglios drenam determinadas partes do corpo, sendo importante saber essas áreas, pois assim se tem uma ideia de onde está a alteração que está fazendo a alteração do volume daquela determinada cadeia ganglionar. Alterações sistêmicas vão levar ao aumento dos gânglios como um todo. As características semiológicas que devem ser observadas nos linfonodos são: localização, tamanho (em centímetros), volume, consistência (fibroelástico (linfonodo residual ou inflamatório), endurecido (neoplasia) ou pontos de flutuação (suturação do linfonodo), mobilidade (linfonodos fixos estão relacionados à malignidade) e sensibilidade (linfonodos dolorosos são inflamatórios). Veias superficiais É importante avaliar o sistema venoso do paciente, principalmente dos membros. É verificado o trajeto, calibre das veias, estado da parede, estado da pele circunjacente, direção do fluxo, sensibilidade (dor ou ausência de sensibilidade), presença de frêmito (sensação tátil de um sopro→turbilhonamento do sangue), varizes e turgência jugular. Circulação colateral É a presença de circuito venoso anormal visível ao exame de pele. Uma circulação colateral indica dificuldade ou impedimento do fluxo venoso através dos troncos venosos principais → o sangue desvia para colaterais (contorna o local ocluído, parcial ou totalmente). É importante localizar na circulação colateral a sua localização e a direção do fluxo sanguíneo. A direção é determinada com a compressão dos dois indicadores um mesmo segmento da veia analisada; em seguida, os dedos vão se afastando lentamente, de modo a deslocar a coluna sanguínea daquele segmento venoso; quando os dedos estiverem separados em cerca de 5 a 10 cm, um dos dedos deve ser retirado e observa-se se ocorre enchimento do segmento; se for positivo, a direção está indo para o dedo que ficou ainda pressionando; se negativo, a direção está no sentido do dedo que foi retirado. O teste deve ser feito 2 ou 3 vezes. A circulação colateral pode ser de 4 tipos: • Tipo braquiocefálica: se ocorrer uma obstrução das veias braquicefálicas, ocorre o aparecimento de veias SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 8 superficiais ingurgitadas em toda a parte superior da face anterior do tórax, com o sangue fluindo de fora para dentro, na direção das veias mamárias, toracoaxilares e jugulares anteriores. Isso pode ocorrer em neoplasias de gânglios e em aneurismas da crosta da aorta. • Tipo cava superior: a rede venosa vai se distribuir na metade superior da face anterior do tórax; a direção do fluxo é toracoabdominal, indicando que o sangue alcança a veia cava inferior através das veias xifoidianas e torácicas laterais superficias • Tipo cava inferior: a circulação vai se concentrar na parte inferior do abdome, região umbilical, flancos e face anterior do tórax; o sangue fluirá do sentido abdome-tórax à procura da veia cava superior. • Tipo porta (em cabeça de medusa): o obstáculo pode estar situado nas veias supra-hepáticas, no fígado ou na veia porta; a rede venosa vicariante localiza-se na face anterior do tronco; a direção do fluxo é do abdômen para o tórax, a procura da veia cava superior através das veias xifoidianas e torácicas laterais. O umbigo é o ponto central e o trajeto do sangue forma uma imagem de os raios de uma roda, que sai de dentro para fora. Edema É o excesso de líquido acumulado no espaço intersticial ou no interior das próprias células, sendo o edema cutâneo o mais relevante para o exame geral. A investigação do edema tem início na anamnese, quando se indaga sobre tempo de duração, localização e evolução. No exame físico completa-se a análise, investigando-seos seguintes parâmetros: • Localização e distribuição: observar se o edema é localizado ou distribuído pelo corpo • Intensidade: emprega-se a técnica de com a polpa digital do polegar ou do indicador, faz-se uma compressão, firme e sustentada, de encontro a uma estrutura rígida subjacente à área em exame, seja a tíbia, o sacro ou os ossos da face → ao retirar o dedo, vê-se uma depressão no local (a fóvea), a qual, sua profundidade, determina a intensidade do edema (graduado em cruzes → +, ++, +++ e ++++). Outra maneira de avaliar a magnitude do paciente é pesando- o diariamente (variações bruscas no peso significam retenção ou eliminação de água) • Consistência: a mesma manobra utilizada para a intensidade é utilizada para avaliar a consistência, classificado em dois tipos: o Edema mole: facilmente depressível → significa retenção hídrica de retenção não muito longa o Edema duro: maior resistência para a formação da fóvea → proliferação fibroblástica que ocorre nos edemas de longa duração ou que se acompanharam de repetidos surtos inflamatórios • Elasticidade: é observada na volta da pele à posição primitiva após a compressão com o dedo. Pode ser dividido em: o Elástico: pele retorna imediatamente à sua situação normal → típico dos edemas inflamatórios o Inelástico: a pele demora a voltar • Temperatura: usa-se o dorso das mãos e há 3 possibilidades: SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 9 o Temperatura normal: desprovido de significado especial o Quente: edema inflamatório o Frio: comprometimento da irrigação sanguínea daquela área • Sensibilidade da pele circunjacente: com a digitopressão feita, é observado se o edema é doloroso (inflamatório) ou indolor • Outras características: mudança de coloração da pele (palidez, cianose ou vermelhidão), textura e espessura da pele Edema dos membros inferiores. Em uma das pernas podem ser vistas as depressões provocadas por digitopressão. As principais causas de edema são síndrome nefrítica e nefrótica, pielonefrite (edemas renais→edemas generalizados, predominantemente faciais), insuficiência cardíaca (generalizado, predominando nos membros inferiores, presente mais no final da tarde), cirrose hepática, hepatite crônica, desnutrição proteica, edema alérgico, gravidez, toxemia gravídica, obesidade, hipotireoidismos e medicamentos. Temperatura corporal Os valores térmicos estão aumentados em certas condições, tais como refeições, exercícios físicos intensos, gravidez ou ovulação. Regulação da temperatura corporal O calor gerado no interior do corpo é propagado para a superfície por meio dos vasos sanguíneos subcutâneos; pouco calor se difunde para a superfície devido à camada de tecido adiposo. A condução de calor da parte interna do corpo para a pele é controlada pelo grau de constrição das arteríolas e das anastomoses arteriovenosas. Na superfície corporal, o calor é transferido para o meio externo por 3 meios: • Irradiação (60%): ocorre quando a temperatura corporal é ↑ que o ambiente • Condução (3%): quando a pele está em contato com algo frio (ar, água gelada, um sólido e etc.); com relação ao ar frio, a velocidade de perda de calor é limitada pela velocidade com que o ar circula (convecção – 15%) • Evaporação (22%): a energia cedida pelo corpo faz com que a água (suor) que esteja em contato evapore, levando o calor junto. A temperatura do corpo é regulada quase inteiramente por mecanismos nervosos de retroalimentação que operam por meio do centro termorregulador, localizado no hipotálamo (neurônios termossensíveis na área pré-óptica do hipotálamo). A regulação termostática do frio é feita por receptores situados na medula espinal e pele. Os estímulos que atingem os receptores periféricos são transmitidos ao hipotálamo posterior, no qual são integrados com os sinais dos receptores pré-ópticos para SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 10 calor, originando impulsos eferentes no sentido de produzir ou perder calor. Este centro de controle de regulação da temperatura é o chamado termostato hipotalâmico. Quando a temperatura corporal atinge 37°C inicia-se a sudorese, que a partir deste ponto aumenta rapidamente com um mínimo de elevação na temperatura corporal. A taxa de produção de calor é reduzida a partir deste instante. O aquecimento da área termostática aumenta a eliminação de calor do corpo por dois meios: • Estimulação das glândulas sudoríparas • Vasodilatação dos vasos cutâneos Já o efeito de resfriamento abaixo de 37ºC, causa a ação de mecanismos para conservar o calor corporal: • Vasoconstrição da pele • Piloereção (retêm o calor entre os pelos e abolir a transpiração) Locais de verificação da temperatura e valores normais Os locais de avaliação de temperatura são: • Axilar: é o mais comum no brasil, sendo que a axila e o termômetro devem ser higienizados. Temperatura normal: 35,5 a 37°C, com média de 36 a 36,5°C • Oral: é feito pela colocação do termômetro na região sublingual; os termômetros são individuais. Temperatura normal: 36 a 37,4°C • Retal: feita pela aplicação do termômetro especial na ampola retal. Temperatura normal: 36 a 37,5°C • Timpânico: local de eleição da mensuração da temperatura central • Arterial pulmonar, esofágico, nasofaringiano e vesical: menos comuns Febre É o estado de temperatura corporal acima da faixa de anormalidade. Pode ser causada por: • Transtornos no próprio cérebro • Substâncias tóxicas que influenciam os centros termorreguladores: essas toxinas podem ser derivadas de bactérias ou proteínas liberadas por tecido em degeneração, sendo chamadas de pirogênios. Essas substâncias, ao serem liberados na circulação, alcança o sistema nervoso central e estimulam a liberação de prostaglandinas no cérebro, em particular na área pré- óptica hipotalâmica. Essas causas fazem uma desregulação do ponto de ajuste do termostato hipotalâmico, em que ele é elevado a um nível mais alto que o normal. Sendo assim, todos os mecanismos de regulação da temperatura corporal são postos em ação (conservação e aumento da produção e calor). Na febre, a produção de calor não é inibida, mas a dissipação do calor está ampliada pelo fluxo sanguíneo aumentado através da pele e pela sudorese. Com relação ao significado biológico da febre, ela é mais um sinal de alerta do que um mecanismo de defesa, pois na maioria da doenças infecciosas o aumento da temperatura do corpo não aumenta mecanismos de defesa (fagocitose, produção de anticorpos e etc.); algumas exceções são neurosífilis, infecções gonocócicas e brucelose crônica. Outrossim, a febre ainda apresenta efeitos nocivos, como: ↑ (aumenta) a velocidade dos processos metabólicos, ↑ a perda de peso, ↑ a frequência do coração, causa sudorese (agrava a perda de líquidos e sais), mal-estar, fotofobia, cefaleia, indisposição, calafrios e etc. OBS! A febre não é apenas um sinal, constituindo, na verdade, parte de uma síndrome (síndrome febril) na qual, além de elevação da temperatura, ocorrem vários outros sintomas e sinais, cujo aparecimento e intensidade variam em relação direta com a magnitude da hipertermia, destacando-se astenia, inapetência, cefaleia, taquicardia, taquipneia, taquisfigmia, oligúria, dor no corpo, calafrios, sudorese, náuseas, vômitos, delírio, confusão mental e até convulsões, principalmente em recém-nascidos e crianças. Patogenia da febre A febre é causada por processos patológicos, doenças neoplásicas, acidentes vasculares, distúrbios metabólicos e processos inflamatórios, os quais todos apresentam lesão tecidual em comum. Características semiológicas da febre 1. Início: pode ser súbito (geralmente a sensação de calafrio são os primeiros sintomas → ex: dengue) ou gradual (normalmente predominam algum outro sintoma, como cefaleia, sudorese ou inapetência → ex: tumor) 2. Intensidade: depende da causa e da capacidade de reaçãodo organismo (pacientes em mau estado geral ou pessoas idosas tendem a não ter febre ou ser mínima); existe a seguinte classificação de acordo com o nível da temperatura axilar: a. Febre leve ou febrícula: até 37,5°C b. Febre moderada: de 37,6° a 38,5°C c. Febre alta ou elevada: acima de 38,6°C 3. Duração: febre prolongada é aquela que permanece por mais de 1 semana (ou 10 dias → depende da referência), sendo contínua ou não SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 11 4. Evolução: é feta uma espécie de gráfico térmico com os valores da febre em cada dia; a febre é anotada geralmente 1 ou 2x o dia, mas pode variar; a partir do gráfico se classifica tipos de febre: a. Febre contínua: aquela que permanece sempre acima do normal com variações de até 1 °C e sem grandes oscilações b. Febre irregular ou séptica: registram-se picos muito altos intercalados por temperaturas baixas ou períodos de apirexia. Não há qualquer caráter cíclico nestas variações c. Febre remitente: há hipertermia diária, com variações de mais de 1 °C e sem períodos de apirexia d. Febre intermitente: nesse tipo, a hipertermia é ciclicamente interrompida por um período de temperatura normal; isto é, registra-se febre pela manhã, mas esta não aparece à tarde (tipo → cotidiana); ou então, em 1 dia ocorre febre, no outro, não (tipo → terçã); ou o período de apirexia dura 2 dias (tipo → quartã) e. Febre recorrente ou ondulante: caracteriza-se por período de temperatura normal que dura dias ou semanas até que sejam interrompidos por períodos de temperatura elevada 5. Término: pode ser conceituada em dois tipos: a. Crise: quando a febre desaparece subitamente (ex: malária). Neste caso costumam ocorrer sudorese profusa e prostração b. Lise: significa que a hipertermia vai desaparecendo gradualmente, com a temperatura diminuindo dia a dia, até alcançar níveis normais Causas de febre As doenças causadoras de febre podem ser divididas em três tipos: • Por aumento da produção de calor, como ocorre no hipertireoidismo (atividade aumentada da glândula tireoide) • Por bloqueio na perda de calor, como acontece na insuficiência cardíaca congestiva, na ausência congênita das glândulas sudoríparas (produtoras de suor) e em certas doenças da pele (p. ex., ictiose) • Por lesão dos tecidos, grupo no qual se inclui a maioria das doenças febris, ou seja: o Todas as infecções por bactérias, protozoários, vírus e processos inflamatórios de fundo imunoalérgico; existe um grupo de doenças infecciosas que têm como características a febre prolongada, são elas -→ tuberculose, endocardite infecciosa, brucelose, Salmonelose, infecções piogênicas, amebíase, esquistossomose, malária e Doença de Chagas. o Lesões mecânicas, como nos processos cirúrgicos e nos esmagamentos o Neoplasias malignas: a maioria causa febre; acredita-se que a causa da febre seja a liberação de produtos do tecido destruído pelo tumor e, também, devido à infecção secundária causada pelo tumor. o Doenças hemolinfopoéticas: anemias hemolíticas de causa imunológica são associadas à febre, bem como doenças hemorrágicas o Afecções vasculares, incluindo infarto do miocárdio, hemorragia ou trombose cerebral e trombose venosa o Distúrbios dos mecanismos imunitários ou doenças imunológicas: colagenoses, doença do soro e febre resultante da ação de medicamentos o Doenças do sistema nervoso central: sempre ocorre febre após a lesão cerebral; AVC, intervenções cirúrgicas na região da fossa hipofisária e no 3° ventrículo e lesão na medula (lesões cervicais inferiores produzem temperatura corporal ↓; lesões na parte alta da cervical causam temperatura ↑) Algumas outras causa de febre são as colagenoses (lúpus eritematoso disseminado, artrite reumatoide, periarterite nodosa, moléstia reumática), as crises hemolíticas que ocorrem em alguns tipos de anemia, a tromboflebite, a artrite temporal, a sarcoidose, além do uso de alguns medicamentos, inclusive antibióticos (não causam cefaleia, mialgias e artralgias). OBS! Então, como a febre é apenas o sinal de alguma doença ou alteração de base, é importante sempre avaliar outros sintomas (sintomas acessórios) que destoam dos presentes da síndrome febril, a fim de ter o diagnóstico da doença base. Febre de origem indeterminada A febre indeterminada é quando ocorre um processo febril, com duração de mais de 3 semanas, com temperaturas maiores de 38,3 ºC, por várias vezes, cujo diagnóstico não seja estabelecido após 1 semana de hospitalização. Hipotermia SEMIOLOGIA: EXAME FÍSICO GERAL 12 Consiste na diminuição da temperatura corporal abaixo de 35,5°C na região axilar ou de 36°C no reto. Pode ser induzida artificialmente quando se vai submeter o paciente a determinados tipos de cirurgia ou pode ser consequente a congelamento acidental, choque, síncope, doenças consuntivas, hemorragias graves e súbitas, coma diabético e nos estágios terminais de muitas doenças. Biotipo É o conjunto de características morfológicas de um indivíduo. Os biotipos são: • Longilíneo: apresenta pescoço delgado, tórax afilado e chato, membros alongados, ângulo de Charpy menor que 90º, musculatura delgada e pouco panículo adiposo, tendência de estatura elevada • Mediolíneo: equilíbrio entre os membros e o tronco, harmonia entre panículo adiposo e musculatura, ângulo de Charpy em torno de 90º • Brevilíneo: pescoço curto, tórax alargado volumoso, membros curtos, ângulo de Charpy maior que 90º, tendência a baixa estatura, panículo adiposo extenso e musculatura desenvolvida
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