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FUMEC Psicologia Heitor Magalhães Gabriela Siqueira Gustavo Brito ANNA FREUD Trabalho de Psicanalise Belo Horizonte 2019 Biografia Anna Freud é uma das figuras da psicanalise mais importantes da história, com ênfase na psicanalise infantil. Ela era a mais nova dos três filhos de Martha e Sigmund Freud, sendo ela a única que seguiu carreira na psicanalise. Nasceu em Viena no dia 3 de dezembro de 1895, ano em que seu pai Freud iniciava sua carreira como médico. Anna cresceu no meio de 5 irmãos, com quem ela não se dava muito bem, principalmente com sua irmã Sophie, que era considera a mais bonita dos filhos. Tal disputa era considerado por Anna como um tormento na vida dela. Anna Freud também não se dava muito bem com a mão, era próxima apenas de seu pai, seu pai a considerava como uma confidente, colaboradora profissional e uma aluna brilhante de Psicanalise. Anna Freud se formou com 17 anos e por se achar muito jovem foi morar na Itália para descansar e decidir qual carreira seguir. Na Itália se torna professora primaria, profissão qual ela se deu bem, mas teve que abandonar após contrair tuberculose, porque a deixou suscetível a outras doenças. Anna Freud era quem traduzia o trabalho de Sigmund Freud, então tinha acesso a todos os seus artigos. Na época se tornou psicanalista sem possuir um diploma de medicina, algo não comum na época. Em dezembro de 1920 sua irmã Sophie morre vítima da gripe espanhola, após o ocorrido, abandona definitivamente o magistério para não contaminar as crianças da escola. Anna foi paciente de seu pai por 4 anos (1928-1922), após receber alta da análise, se voluntariou no lar de crianças órfãs judias ou crianças carentes sem lar em decorrência da 1ª guerra mundial, a maioria vítimas de acontecimentos traumáticos. Com planos de se mudar para Berlim em 1923, Anna Freud desiste de seus planos para ficar em Viena e cuida do seu pai que foi diagnosticado com câncer. Em Viena se dedica a tratar de crianças. Em decorrência da doença de seu pai, Anna passa a atender alguns de seus pacientes, adultos e crianças, além de traduzir suas obras. Em 1925 abriu a primeira creche para crianças com problemas emocionais, junto com sua suposta amante Dorothy Burlingham, com quem chegou a morar junta. Juntas abriram 3 escolas experimentais. Com a ascensão de Hitler e a ameaça nazista, a maioria dos membros da comunidade psicanalista de Viena fugiram do país, apesar da emigração em massa, Anna Freud decidiu manter o Centro de Orientação Infantil em Viena, e continuar com seu pai. Saíram de Viena apenas em 1938 com o anexo da Áustria ao império Nazista. Anna foi detida por alguns dias, mas conseguir convencer a Gestapo de que iria se mudar de Viena. Foge de Viena no dia 4 de junho para morar em Londres. Em Londres retorna as atividades na Hampstead Clinic, e é quando a carreira de Anna Freud começa a florescer, criando um movimento Neo-Freudiano, denominado a “psicologia do Ego”. Anna Freud abandona suas responsabilidades da Hampstead Clinic em 1970 Anna Freud morreu em Londres no ano de 1982, após sua morte mudam o nome da Hampstead Clinic para “Centro Anna Freud”. A clínica de Anna Freud O analista de crianças segundo (Anna Freud, 1926) “antes que houvesse quaisquer ensinamento sistemático a pais e professores afirmava que o analista de crianças precisava” “reivindicar para si mesmo a liberdade de guiar a criança...” (p.45) e “em consequência ajustar, na sua própria pessoa, duas diferentes e diametralmente opostas funções: tem de analisar e de educar...” (p.49). Após 20 anos de trabalho suas afirmações foram alteradas. O analista de crianças compartilha atualmente o seu conhecimento das necessidades da criança com os que trabalham em sua educação e criação, tornando sua tarefa mais fácil. Enquanto outrora assumia “posição de autoridade”, agora pôde concentrar suas energias no processo analítico do problema, e contar com pais e professores para proporcionar à criança controle e orientação, que constituem o acompanhamento e a contrapartida de sua análise. Certas afirmações feitas em Uma Fase Preliminar na Análise de Crianças precisam ser modificadas à luz da modernidade. Em um estudo dos mecanismos de defesa do Ego, a Autora descreveu meios e modos de penetrar nas primeiras resistências na análise da criança, de maneira que a fase introdutória ao tratamento, em alguns casos, era desnecessária. Segundo a psicanalista, a transferência na análise da criança era possível mas comumente não ocorria com pacientes infantis em que a neurose original cedesse durante o tratamento e fosse substituída por uma nova formação neurótica, em que os objetos originais desaparecessem e o analista tomasse seu lugar na vida emocional do paciente. Salienta que tal transferência ocorria apenas nos neuróticos adultos e aos pacientes que alcançaram maturidade. Dito isto, Anna Freud introduzia uma compreensão interna da perturbação transmitindo confiança no analista e transformando a decisão de submeter-se à análise em decisão própria, tornando a criança analisável. As crianças, na maioria dos casos, possuíam enorme gosto por contar suas histórias fantásticas. O processo de análise se concentrava nos desenhos, sonhos e devaneios, por elas incluírem elementos cotidianos nas fantasias, tornando-as interpretáveis ao analista. Também, levava em conta, as influências do meio onde vivia o paciente, na formação das neuroses, intervindo quando necessário. Fragmento de caso clínico retirado do livro “O Tratamento Psicanalítico de Crianças” O caso à aqui me refiro era o de um menino de dez anos com uma mistura obscura de várias ansiedades, estados nervosos, insinceridades e hábitos de perversidade infantil. Vários furtos de pouca importância e um furto mais sério haviam ocorrido em anos recentes. O conflito com o seu ambiente familiar não era aberto nem consciente, e superficialmente qualquer percepção interna (insight) na estrutura de sua condição lamentável, ou qualquer pretensão de alterá-la, era impossível de encontrar-se. Sua atitude em relação a mim era de total repulsa e desconfiança e todas as suas diligências eram dirigidas para proteger os seus segredos sexuais contra qualquer descoberta. Aqui não podia aliar-me ao seu Ego consciente contra uma parte expelida de sua personalidade (portanto não sentia ele esta divisão de nenhuma maneira), não me oferecer como um aliado contra o seu meio ambiente, a que, tanto quanto conscientemente podia saber, se achava ligado pelos mais fortes sentimentos. Claramente, tinha de seguir uma outra trajetória, mais difícil e menos direta, pois se tratava de avançar furtivamente pelo terreno de uma confiança que não podia ser ganha de maneira direta, impondo-me perante uma pessoa que era de opinião que podia muito bem haver-se sem a minha interferência. Tentei a aproximação por várias maneiras. De início, e por um longo tempo, nada mais fiz do que seguir os seus caprichos e disposições, em todas as suas variações e ocorrências. [...] Ao fim de certo período introduzi um fator novo. Mostrei-me útil e ele em relação a coisas triviais, escrevia cartas para ele durante as sessões na minha máquina, punha-me solicita ajudá-lo no registro escrito dos seus devaneios e das suas histórias improvisadas de que se orgulhava, e fazia toda sorte de pequenas coisas para ele durante a sessão[...]. [...]Para resumir, desta maneira fiz surgir uma segunda qualidade prazerosa eu era não apenas interessante, mas útil. Como vantagem acessória neste segundo período obtive, através da transposição por escrito das cartas e das histórias, acesso à tarefa das suas relações pessoais e das suas fantasias. Em seguida, no entanto, aconteceu algo incomparavelmente mais importante. Fiz com que ele observasse que o fato de estar sendo analisado trazia enormes vantagens práticas; que, por exemplo, as proezas dignas de serem punidas apresenta um resultado completamente diferente e em mais afortunado quando são, emprimeiro lugar, relatadas ao analista e somente através deste dadas a conhecer àqueles que se encarregam de lidar com as crianças. E, assim, adquiriu ele o hábito de confiar na análise como meio de proteção contra as punições e de solicitar minha ajuda para o fim de reparar as consequências dos seus atos irrefletidos; ele me permitia devolver o dinheiro roubado em seu nome e me encarregava de proceder às necessárias mas desagradáveis confissões a seus pais. Ele pôs à prova minhas habilidades nesse sentido, reiteradas vezes, até que se decidisse realmente acreditar nelas. Depois disso, no entanto, não houve mais dúvidas: além de constituir-me numa pessoa interessante e útil, eu me havia tornado alguém muitíssimo poderoso, sem cujo auxílio a criança não podia mais continuar. Dessa forma, fiz-me indispensável a ela sob estes três aspectos. A criança se achava, agora, em plena dependência e sob relação de transferência. O Ego e Os Mecanismos de Defesa (1936) Em seu livro “O Ego e Os Mecanismos de Defesa (1936), Anna Freud explica que, de forma instintiva, tentamos proteger nosso ego –a imagem aceitável de quem somos- através de diferentes mecanismos de defesa. Segundo a autora, essas defesas são naturais e necessárias, a maioria de nós utiliza de, pelo menos, cinco destes mecanismos todos os dias, sem nos darmos conta. Porém, ao nos defendermos de forma imediata, diminuímos nossas chances a longo prazo de lidar com a realidade e desenvolver e amadurecer. Alguns dos Principais Mecanismos de Defesa do Ego, Segundo Anna Freud • Negação Consiste em não admitir que há um problema. Quando alguém tenta apontar o problema, reagimos mal e negamos a necessidade de mudança. • Projeção Atribuir sentimentos negativos nossos a outras pessoas para não termos que reconhecê-los em nós mesmos • Se voltar contra o Self Pensar mal de si mesmo como uma forma de fuga de um pensamento que seria ainda pior, como por exemplo, o fato de alguém que se ama e se espera que te ame de volta, não corresponder esse amor. • Sublimação Considerado um dos mais produtivos mecanismos de defesa, a sublimação consiste em redirecionar emoções inaceitáveis (geralmente ligadas a sexo ou violência) em algo socialmente admirável como, por exemplo, a arte. • Regressão Regredir para uma forma de comportamento usado na infância em situações difíceis ou estressantes. É um dos mecanismos de defesa mais primitivos. • Racionalização Usar de uma desculpa, que parece inteligente, para nossas ações ou o que nos ocorre. É elaborada, de forma cuidadosa, para chegarmos à conclusão que queremos • Intelectualização Similar ao sentimento de perda, culpa, raiva ou traição. Na intelectualização, se transfere esse sentimento para algo intelectual • Reação Formativa A defesa nesse mecanismo consiste em agirmos de forma oposta aos nossos sentimentos iniciais inaceitáveis. • Deslocamento Redirecionar um desejo, geralmente de cunho agressivo, para um substituto, geralmente alguém menos ameaçador ou mais fácil de colocar a culpa • Fantasia Evitar os problemas, imaginá-los distantes ou desassocia-los da realidade Bibliografia: Artigo: ANNA FREUD, PIONEIRA NA PSICANÁLISE INFANTIL - Edição 43 - Dezembro de 2003 Autores: Slater, Elinor & Robert, Great Jewish Women; Lyman, Darryl, Jewish Heroes e Heroines Livro: O Ego e Os Mecanismos de Defesa (1936) - Anna Freud Artigo: Anna Freud e Melanie Klein: o sintoma como adaptação ou solução? - Maria Gláucia Pires Calzavara Artigo: Piscanáliseducação - Wagner da Matta (https://demonstre.com/anna-freud/ ) Artigo: Principais contribuições de Anna Freud - instituto Brasileiro de Psicanalise Clinica Artigo: Melanie Klein - Regina Trindade Livro: O Tratamento Psicanalítico de Crianças IMAGO EDITORA LTDA. 1971 – Anna Freud
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