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Metabolismo Celular Metabolismo refere-se a todas as reações químicas que ocorrem em um organismo. Essas reações podem extrair energia das biomoléculas dos nutrientes (como proteínas, carboidratos e lipídeos) e sintetizar ou degradar moléculas. O metabolismo é dividido em: catabolismo que seriam reações que liberam energia através da degradação de biomoléculas grandes e anabolismo que seriam reações consumidoras de energia que resultam na síntese de biomoléculas grandes. Essas reações ocorrem simultaneamente nas células por todo o corpo, ou seja, a todo momento algumas biomoléculas estão sendo sintetizadas e outras estão sendo degradadas. As atividades que ocorrem em uma célula em um dado momento são adaptadas às necessidades da célula. A energia liberada durante o catabolismo é armazenada em ligações fosfato de alta energia do ATP ou em elétrons de alta energia do NADH, FADH2 ou NADPH. As reações anabólicas, então, transferem energia desses transportadores temporários para as ligações covalentes das biomoléculas. É necessário que as células regulem as moléculas presentes no seu interior que serão utilizadas pelas vias metabólicas. Essa regulação se dá de 5 formas: 1. Pelo controle das concentrações das enzimas. 2.. Por produzirem moduladores que alteram as taxas de reação. 3. Pelo uso de duas enzimas diferentes para catalisar reações reversíveis 4. Compartimentalizando enzimas dentro de organelas intracelulares: Muitas enzimas do metabolismo são isoladas em compartimentos subcelulares específicos. Algumas são dissolvidas no citosol mas outras são isoladas dentro de organelas específicas como na mitocôndria, retículo endoplasmático, o aparelho de Golgi e os lisossomos. Essa separação de enzimas significa que as vias controladas por elas também são separadas. Isso permite que a célula controle o metabolismo pela regulação do movimento de substrato de um compartimento para o outro. 5. Pela manutenção de uma proporção ideal entre ATP e ADP: Quando os níveis de ATP estão altos, a produção de ATP diminui. Quando os níveis de ATP estão baixos, a célula envia substratos por rotas que resultam em mais síntese de ATP O corpo obtém a maior parte da sua necessidade diária de energia a partir das ligações químicas de biomoléculas complexas. As reações metabólicas transferem a energia da ligação química para o ATP, ou, em poucos casos, para o nucleotídeo relacionado, trifosfato de guanosina, GTP. As vias metabólicas que rendem a maior quantidade de ATP são as que requerem oxigênio – as vias aeróbias, ou oxidativas. As vias anaeróbias, que são as que não precisam de oxigênio, também produzem moléculas de ATP, mas em quantidades menores Vias catabólicas A produção aeróbia de ATP a partir da glicose geralmente segue duas vias: glicólise e o ciclo do ácido cítrico (também conhecido como ciclo de Krebs). Vias anabólicas No metabolismo da glicose anaeróbia, o piruvato é convertido em lactato, em vez de ser transportado para a mitocôndria A conversão de piruvato em lactato transforma um NADH novamente em NAD+, quando um átomo de hidrogênio e um elétron são transferidos para a molécula de lactato. Como resultado, o rendimento líquido do metabolismo anaeróbio de uma glicose é de 2 ATP e 0 NADH, um rendimento bastante inferior, se comparado ao anterior. Os produtos da digestão de carboidratos no aparelho digestivo são quase só glicose, frutose, e galactose, com a glicose sendo a maioria (80%) dos processos. Após a absorção a partir do trato intestinal, grande parte da frutose e quase toda galactose são rapidamente convertidas em glicose no fígado, sendo assim a glicose a via comum para transporte de quase todos os carboidratos para as células Nas células hepáticas, existe uma enzima chamada de glicose fosfatase responsável por degradar a glicose-6- fosfato em glicose e fosfato com a posterior transportação da glicose pelas membranas das células hepáticas de volta para o sangue Antes que a glicose seja utilizada pelos tecidos do corpo, ela deve ser transportada através da membrana para o citoplasma celular. Esse processo ocorre com certa facilidade pelo processo de difusão facilitada. Tal difusão ocorre da seguinte forma: 1. Permeando a matriz lipídica da membrana celular existe uma grande quantidade de proteínas carreadoras que podem se ligar à glicose. 2. Ao ser ligada, essa glicose pode ser transportada pela proteína carreadora de um lado para outro da membrana 3. Esse processo obedece ao gradiente de concentração, ou seja, quanto maior a concentração de glicose de um lado da membrana, maior o favorecimento desse transporte para o lado de menor concentração Esse transporte difere do transporte daquele que acontece na membrana do trato gastrointestinal e na membrana dos rins onde a glicose é transportada através de transporte ativo, ou seja, contra o gradiente de concentração. Nesse caso, é utilizado os cotransportadores de sódio-glicose A utilização desses carboidratos é controlada pela secreção de insulina e a sensibilidade dos diferentes tecidos aos efeitos da insulina no transporte de glicose (com exceção das células hepáticas e cerebrais). Quanto maior a quantidade de insulina secretada pelo pâncreas, maior o transporte de glicose nas células. Fosforilação da glicose Ao entrar na célula, a glicose se liga a um radical fosfato. Esse processo é conhecido como fosforilação e tem como finalidade manter a glicose no interior das células. Isso se dá devido a ligação quase instantânea da glicose com o fosfato que impede sua difusão de volta para fora da célula. É um processo promovido pela enzima glicocinase no fígado e pela hexocinase na maioria das outras células Essa fosforilação, portanto, é irreversível, exceto nas células hepáticas, células do epitélio do tubo renal e do epitélio intestinal onde há uma enzima chamada glicose fosfatase capaz de reverter essa reação Glicogênese Depois de captado no interior da célula, a glicose pode ser armazenada imediatamente para liberar energia ou pode ser armazenada sob a forma de glicogênio, que é um polímero da glicose, em um processo conhecido como glicogênese Todas as células podem armazenar glicogênio, mas algumas o armazenam em maior quantidade como as células hepáticas e as células musculares. Glicose-6-fosfato - Glicose-1-fosfato - Uridinadifosfatoglicose - Glicogênio Glicogenólise É o processo de ruptura desse glicogênio armazenado em glicose novamente. Esse processo se dá por meio de fosforilação que é catalisada pela enzima fosforilase onde cada molécula de glicose presente em cada ramo do polímero de glicogênio irá se dividir. A enzima responsável por essa quebra só é ativada quando ocorre necessidade dessa glicose. Essa ativação pode ocorrer de diversas formas que incluem ativação pela adrenalina e glucagon Epinefrina: é liberada pela medula da glândula adrenal quando o sistema nervoso simpático é ativado. Uma das funções desse sistema nervoso é aumentar a disponibilidade de glicose para metabolismo energético rápido. Ele estimula, portanto, o processo de glicogenólise rápida a partir da formação do AMP cíclico que dá início a cascata de reações que ativa a fosforilase. Glucagon: ele é liberado quando a concentração de glicose está baixa. Portanto, vai estimular o AMP cíclico para posterior degradação desse glicogênio em glicose Glicólise (pelo Guyton) O modo mais importante de liberar energia da molécula de glicose é iniciado pela glicólise. Essa glicólise ocorre mediante 10 reações químicas sucessivas e cada etapa é catalisada por pelo menos uma enzima A glicose é convertida em frutose-1,6-difosfato e depois é fracionada em duas moléculas com 3 átomos de carbono chamado de gliceraldeído-3-fosfato e cada uma delas é convertida por mais cinco etapas adicionais em ácidopirúvico. Mesmo com todas essas reações químicas a energia livre liberada é baixa Porém entre os estágios do ácido 1,3-difosfoglicérico e o ácido 3-fosfoglicérico e entre o estágio do ácido fosfoenolpirúvico e do ácido pirúvico a quantidade liberada é superior a 12.000. por mol, que é a quantidade necessária para formar ATP Então 4 moles de ATP são formados para cada mol de frutose-1,6-difosfato. Porém, 2 moles são utilizados para fosfoforilar a glicose original para formar frutose-1,6-difosfato antes de se iniciar a glicólise. Portanto, o ganho líquido em moléculas de ATP é de 2 moles para cada mol de glicose utilizada Glicólise (pelo Silverthorn) 1. Os carboidratos entram na glicólise na forma de glicose. 2. Os lipídeos são degradados, formando glicerol e ácidos graxos que entram na via metabólica em diferentes pontos, ou seja, o glicerol alimenta a glicólise e os ácidos graxos que são metabolizados em acetil-CoA. 3. As proteínas são degradadas em aminoácidos, que também entram na via em vários pontos. 4. Carbonos da glicólise e outros nutrientes entram no ciclo, tornando-o infindável. 5. O produto dessa glicólise é o piruvato, mais especificamente 2 moléculas A cada volta, o ciclo adiciona carbonos e produz ATP, elétrons de alta energia e dióxido de carbono. Portanto, o metabolismo de uma molécula de glicose possui um rendimento de duas moléculas de piruvato de 3 carbonos, 2 ATPs e elétrons de alta energia em 2 NADH Esse processo culmina em pequenas quantidades de ATP diretamente, porém, a sua maior contribuição para a síntese de ATP é armazenar energia nos elétrons carreados pelo NADH e FADH2. Esses compostos transferem os elétrons para o sistema de transporte de elétrons (STE) que estão presentes na mitocôndria Em suma, • Na glicólise, uma molécula de 6 carbonos de glicose se transforma em duas moléculas de 3 carbonos de piruvato. • Dois passos da glicólise requerem energia do ATP. Outros passos armazenam energia no ATP e NADH. • A glicólise não requer oxigênio, sendo, assim, a via comum para os catabolismos aeróbio e anaeróbio da glicose. O piruvato é a via interseção dessas duas vias Ciclo de Krebs Se uma célula possui oxigênio, o piruvirato é transportado para a mitocôndria. Lá: 1. Cada piruvato de 3 carbonos formado durante a glicólise reage com a coenzima (CoA) para formar uma molécula de acetil-CoA e um dióxido de carbono (CO2). Essa conversão produz um NADH 2. Esse acetil-CoA tem duas partes: uma unidade acetila de 2 carbonos, derivada do piruvato, e a coenzima A, que é sintetizada a partir do ácido pantetônico (vitamina B5) e pode ser reutilizada 3. A unidade acetil de 2 carbonos entra no ciclo ao se combinar com a molécula de oxaloacetato que contém 4 carbonos. 4. A molécula de citrato de 6 carbonos passa por várias reações até completar o ciclo novamente como oxaloacetato. 5. Dois carbonos são removidos na forma de CO2. 6. A maior parte da energia liberada é capturada como elétrons de alta energia em 3 NADH e um FADH2. Alguma energia é armazenada na ligação fosfato de alta energia no ATP. A energia que resta é liberada99 como calor. 7. O produto formado é o mesmo necessário para iniciar a cadeia, portanto, o ciclo pode continuar indefinidamente Esses passos ocorrem duas vezes para cada glicose, dando um rendimento total de 8 NADH, 2 FADH2 e 2 ATP para a fase do piruvato-ciclo do ácido cítrico do metabolismo da glicose. É importante ressaltar a quantidade de hidrogênio que é liberada ao longo das reações químicas discutidas aqui: 4 átomos de hidrogênio durante a glicólise 4 durante a formação de acetil-CoA 16 no ciclo do ácido cítrico Totalizando 24 moléculas de hidrogênio. Essas moléculas não estão livres no líquido intracelular. São liberados de 2 em 2, catalisados por uma enzima chamada de desidrogenase. 20 de 24 átomos de hidrogênio se combinam imediatamente com a nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD+) que é um derivado da vitamina niacina (B3), os 4 hidrogênios restantes passam diretamente da desidrogenase para o processo oxidativo As reações para formação do acetil-CoA e a do ciclo do ácido cítrico também liberam dióxido de carbonos os quais são liberados através das descarboxilases que separam o dióxido de carbono do seu substrato. O dióxido de carbono é dissolvido nos líquidos orgânicos e transportado para os pulmões para ser expirado Fosforilação Oxidativa/Mecanismo Quimiosmótico O passo final na produção aeróbia do ATP é a transferência de energia dos elétrons do NADH e FADH2 para a formação do ATP. A primeira etapa da fosforilação oxidativa é a ionização dos átomos de hidrogênio. Os átomos são removidos aos pares, um se torna imediatamente um íon hidrogênio e o outro se acopla com a NAD+ para formar NADH.. Os elétrons retirados dos átomos de hidrogênio para causar ionização desse oxigênio entram imediatamente em cadeia de aceptores de elétrons para o transporte de elétrons que é uma parte integral da camada interna da membrana mitocondrial. Esses aceptores podem ser reduzidos ou oxidados de forma reversível. Seus principais elementos são: a flavoproteína, proteínas do sulfeto de ferro, ubiquinona e citocromos B, C1, C, A E A3. Cada elétron é transferido ao longo dessa cadeia até que atinja o citocromo oxidase (A3) que é capaz de ceder 2 elétrons, reduzindo o oxigênio elementar para formar o oxigênio iônico, que vai se acoplar aos íons hidrogênio para formar água À medida que esses elétrons são transferidos ocorre liberação de grandes quantidades de energia. Essa energia é utiliza para bombear os íons hidrogênio para matriz interna da mitocôndria, para a câmara externa e entre as membranas interna e externa, o que cria elevada concentração de íons hidrogênio com carga positiva nessa câmara e cria também forte potencial elétrico negativo na matriz externa É necessário então converter ADP em ATP. Essa conversão se dá por meio da ATP sintetase, que é uma molécula ATPase A elevada concentração de íons hidrogênio com carga elétrica postiva na câmara externa e a grande diferença de potencial faz com que os íons hidrogênio fluam para a matriz mitocondrial interna através da molécula ATPase. A energia derivada desse fluxo de íons hidrogênio é usada pela ATPase para converter o ADP em ATP acoplando o ADP a radical fosfato iônico livre (Pi) acrescentando assim outra ligação fosfato de alta energia à molécula A etapa final do processo é a transferência do ATP do interior da mitocôndria de volta para o citoplasma celular. Para cada dois elétrons que passam por toda cadeia de transporte de elétrons são sintetizadas até 3 moléculas de ATP Os processos de obtenção de energia sofrem regulações de acordo com a necessidade da célula para que não haja desperdício extremo. O ATP pode controlar o metabolismo energético a enzima fosfofrutocinase, que é responsável por promover a formação de frutose-1,6-difosfato que é umas das responsáveis iniciais no processo de reações glicolíticas. Ao inibir essa enzima, o processo de glicólise se torna muito lento ou é interrompido, rompendo a maior parte do metabolismo dos carboidratos. A inibição dessa enzima também poder ser dada pelo íon citrato Esse controle também pode ser feito pelo ADP: quanto maior a quantidade de ADP maior a atividade a favor da produção de energia. Ainda sobre condições anaeróbicas é possível produzir energia através do piruvato já que o processo de glicólise ocorre sem oxigênio Os dois produtos das reações glicolíticas são: piruvirato e átomos de hidrogênio acoplados à NAD para formar NADH e H+. Quando suas quantidades são excessivas, eles reagem entre si para formar ácido pirúvico que é convertido em lactato através da desidrogenase lática e se difunde rapidamente das células para os líquidos intra e extracelularesNa presença de oxigênio, o ácido lático é convertido em piruvato de NADH e H+ novamente para serem imediatamente oxidados e formar ATP O músculo cardíaco também é capaz de converter o ácido lático em ácido pirúvico e empregá-lo como fonte de energia durante exercícios pesados Via da pentose fosfato Outro mecanismo importante de quebra e degradação dessa glicose é a via da pentose fosfato. Essa via é responsável por grande parte da quebra de glicose no fígado e em células adiposas Essa via pode liberar uma molécula de dióxido de carbono e 4 átomos de hidrogênio com a resultante formação de açúcar com 5 carbonos: D-ribulose. Nesse processo, 5 moléculas de glicose são sintetizadas para cada seis moléculas que entram inicialmente nas reações O hidrogênio liberado durante o ciclo da pentose fosfato não se acopla com a NAD+ mas se acopla com a NADP+ Essa via é essencial na formação e armazenamento de lipídeos Gliconeogênese A glicose extra que adentra nas células é armazenada sobre a forma de glicogênio ou é convertida em lipídeos no fígado e nas células adiposas Quando as células que armazenam glicogênio (células musculares e hepáticas) chegam perto da saturação com glicogênio, a glicose adicional ingerida é convertida em lipídeos, no fígado e nas células adiposas, onde são armazenadas em forma de gordura O fígado, portanto, é responsável por converter o glicogênio em glicose (glicogenólise) e sintetizar a glicose a partir do lactato e aminoácidos (gliconeogênese) Em caso de jejum prolongado, os rins também sintetizam quantidades consideráveis de glicose a partir de aminoácidos e de outros percussores. Existem estímulos básicos que aumentam a intensidade da gliconeogênese. Um desses é a corticotropina que leva o córtex adrenal a produzir hormônios glicocorticotroides., em especial o cortisol. O cortisol mobiliza proteínas essencialmente de todas as células do organismo, disponibilizando-as sob a forma de aminoácidos nos líquidos corporais. Elevada proporção desses aminoácidos é de imediato desaminada no fígado e fornece substratos ideias para conversão em glicose. Os lipídios são encontrados principalmente como gordura neutra (triglicerídeos), fosfolipídios e colesterol sendo a sua parte lipídica básica os ácidos graxos. São utilizados para fornecer energia e para formar as membranas de todas as células do organismo, além de realizar outras funções celulares Os 3 ácidos graxos mais comuns são o ácido esteárico, ácido oleico e ácido palmítico Quase todas as gorduras da dieta são absorvidas a partir do intestino para a linfa intestinal. Durante a digestão, maior parte dos triglicerídeos se divide em monoglicerídeos e ácidos graxos Esses compostos são ressintetizados em novas moléculas de triglicerídeos durante a passagem pelo epitélio gastrointestinal para formar os quilomícrons que são formados de fosfolipídeos, colesterol e apoproteína B. Esses quilomícrons são transferidos para o ducto torácico para que sejam enviados para o sangue venoso circulante na junção das veias subclávia e jugular. Eles têm meia-vida de apenas uma hora. À medida que esses quilomícrons passam pelos capilares de vários tecidos (tecido adiposo, músculo esquelético, coração), grande parte dos quilomícrons são removidos da circulação sanguínea. Isso acontece porque esses tecidos sintetizam a enzima lipase lipoproteica que é transportada para a superfície das células endoteliais capilares que vão hidrolisar esses triglicerídeos e os fosfolipídios à medida que eles entram em contato com a superfície da célula. Os ácidos graxos que são liberados pelos quilomícrons pela hidrólise difundem-se facilmente através das membranas das células para o tecido adiposo e para as células musculares Dentro dessas células, esses ácidos graxos podem ser usados como combustível ou novamente sintetizados em triglicerídeos pelo glicerol formado nos processos metabólicos Após os triglicerídeos serem removidos dos quilomícrons, os remanescentes dos quilomícrons são enriquecidos com colesterol e são rapidamente depurados do plasma. A apoliproteína-E na superfície dos remanescentes dos quilomícrons e secretadas pelas células do fígado também desempenham papel importante na iniciação da depuração dessas lipoproteínas plasmáticas Eles então são transportados para o fígado onde se ligam a receptores presentes nas células endoteliais dos sinusoides. Quando a gordura armazenada no fígado precisa ser utilizada por outros tecidos, ela é transportada até eles na forma de ácidos graxos livres através do processo de hidrólise. Essa hidrólise é regulada por duas classes de estímulos: o alfa-glicerofosfato que é um produto do metabolismo da glicose e a lipase celular hormônio- sensível que é ativada por hormônios das glândulas endócrinas Ao sair dos adipócitos, os ácidos graxos passam por uma forte ionização no plasma e a porção iônica se combina imediatamente com as moléculas de albumina das proteínas plasmáticas. Esses ácidos são então chamados de ácidos graxos livres ou ácidos graxos não esterificados. A concentração de ácidos graxos livres em condições de repouso é de 15mg/dl. Porém, sua quantidade de renovação é extremamente rápida (4 a 6 minutos). Nessa intensidade, portanto, quase toda necessidade normal de energia do corpo pode ser fornecida pela oxidação dos ácidos graxos livres sem usar nenhum carboidrato ou fonte de energia Depois que todos os quilomícrons são removidos do sangue, todos os lipídios presentes no plasma estarão sobre a forma de lipoproteínas que são partículas pequenas mas de composição semelhante ao aos quilomícrons (triglicerídeos, colesterol, fosfolipídios e proteínas). A concentração total dessas lipoproteínas no plasma é de 700mg/dl que pode ser subdividida nos componentes lipoproteicos individuais. Além dos quilomícrons, existem outras lipoproteínas que são medidas segundo sua densidade: 1. Lipoproteínas de muito baixa intensidade (VLDLs): possui altas concentrações de triglicerídeos e concentrações moderadas de 69colesterol e fosfolipídios 2. Lipoproteínas de densidade intermediária (IDLs) que são VLDLs que tiveram uma parte de seus triglicerídeos removida e tiveram suas concentrações de colesterol e fosfolipídios aumentada 3. Lipoproteínas de baixa densidade (LDLs): que tem a remoção de quase todos os seus triglicerídeos, deixando bastante aumentado a concentração de colesterol e aumentando também a quantidade de fosfolipídios 4. Lipoproteínas de baixa densidade (HDLs): possui concentração elevada de proteínas e proporções menores de colesterol e fosfolipídios A função dessas lipoproteínas é transportar seus componentes lipídicos pelo sangue O fígado é o órgão responsável pela formação de quase todas as lipoproteínas, do colesterol plasmático, dos fosfolipídios e dos triglicerídeos. As VDLs transportam os triglicerídeos sintetizadas no fígado para o tecido adiposo enquanto as demais proteínas são importantes para o transporte de fosfolipídios e colesterol do fígado para os tecidos periféricos ou vice-versa Grandes quantidades de gordura são armazenadas nos dois principais tecidos do corpo: no tecido adiposo e o fígado para serem usados posteriormente na obtenção de energia. Para que os lipídios sejam usados como fonte de energia, a primeira etapa é hidrolisar os triglicerídios em ácidos graxos e glicerol. Assim, eles são transportados para os tecidos ativos onde serão oxidados para liberar energia. Quase todas as células podem usar os ácidos graxos como fonte de energia, exceto o tecido cerebral e as hemácias Quando o glicerol penetra no tecido ativo, ele é imediatamente modificado em glicerol-3-fosfato que entra na via glicolítica de metabolização da glicose para produção de energia A degradação e a oxidação dos ácidos graxos ocorrem na mitocôndria. Portanto, elesprecisam ser transportados até lá por um transportador chamado de carnitina. Lá, eles se separam da carnitina e são degradados e oxidados A degradação da molécula de ácidos graxos é feita por meio da liberação progressiva de dois segmentos de carbono sob a forma de acetilzoenzima A em um processo chamado de beta oxidação: a molécula de ácido graxo se liga a acetilcoenzima A para formar acetil-coaA graxo que se ligará a uma molécula de oxigênio para se tornar oxidado. Ao longo do processo, 2 carbonos se separam para formar acetil co.A. Ao mesmo tempo, outra molécula de acetil coA é formada, porém, com menos 2 moléculas de carbono. Essa molécula é reinserida no processo para formar acetil coA com menos carbonos Ao fim do processo, são liberadas 9 moléculas de acetil coA e 4 átomos de carbono, são liberados também flavina adenina dinucleotídeo (FADH2) reduzido, nicotinamida adenina dinucleotídeo (NADH) reduzido e H+ As moléculas de acetil coA formadas pela betoxidação entram imediatamente no ciclo de Krebs associando-se ao ácido oxalacético para formar ácido cítrico que é degradado em dióxido de carbono e hidrogênio. Esse hidrogênio então vai ser oxidado pelo sistema quimiosmótico 139 moléculas de ATP são formadas pela oxidação do hidrogênio derivada de cada molécula de ácido esteárico Grande parte da degradação inicial dos ácidos graxos ocorre no fígado. Quando as cadeias de ácido graxo tiverem se dividido em acetil coA, duas moléculas de acetil coA se condensam para formar uma molécula de ácido acetoacético que é então transportada no sangue para as outras células do corpo. Parte do ácido acetoacético também é convertida em ácido beta-hidroxibutírico e pequenas quantidades são transformadas em acetona. Esses 3 compostos são transportados através das membranas das células hepáticas e são transportadas pelo sangue para os tecidos periféricos onde eles se difundem pelas células para formar moléculas de acetil coA que entraram no ciclo do ácido cítrico para formar energia Esses 3 compostos também são chamados de corpos cetônicos e o aumento dessas substâncias caracteriza a cetose. Esses corpos cetônicos saem do fígado para de modo a serem levados até as células., porém, as células são limitadas na quantidade de corpos cetônicos que elas podem oxidar A cetona que se forma durante a cetose é uma substância extremamente volátil e é eliminada no ar expirado em pequenas quantidades, o que dá a característica do hálito cetônico Quando a quantidade de carboidratos ingerida é maior do que a que pode ser usada imediatamente, o excesso é rapidamente transformado em triglicerídeos e armazenado no tecido adiposo Essa síntese ocorre no fígado mas também ocorre em quantidades menores no tecido adiposo. Os triglicerídeos formados no fígado então são transportados em sua maior parte pelos VLDLs para o tecido adiposo onde são armazenados. Essa síntese ocorre através da conversão dos carboidratos em acetil coA que ocorre durante a degradação normal da glicose pelo sistema glicolítico. A síntese dos ácidos graxos a partir do acetil coA ocorre usando malonil-CoA e a nicotinamida adenina dinucleotídeo fosfato (NADPH) reduzida como intermediários Depois de sintetizadas, as cadeias de ácidos graxos se ligam ao glicerol proveniente do alfa- glicerosfosfato (produto proveniente da glicose) para formar triglicerídeos Esse armazenamento de gorduras é importante pois a quantidade de gordura armazenada no tecido adiposo para uso posterior é bem maior do que o armazenamento de carboidratos na forma de glicogênio Cada grama de gordura também possui quase 2,5x mais calorias de energia do que cada grama de glicogênio É interessante ressaltar que sem insulina, não é possível armazenar energia em forma de gordura pois a captação de insulina para dentro das células adiposas e hepáticas fica comprometida assim como, a disponibilidade alfa-glicerofosfato formado na via glicolítica fica comprometido Fosfolipídios Os principais tipos de fosfolipídios no corpo são as lecitinas, cefalinas e esfingomielina. Eles são transportados por lipoproteínas e empregados em todo o corpo para diversas finalidades estruturais como nas membranas celulares e intracelulares Os fosfolipídios são sintetizados essencialmente em todas células do organismo mas grande parte é sintetizado nas células hepáticas São importantes componentes das lipoproteínas, iniciam o processo de coagulação, servem como isolante térmico na bainha de mielina e são doadores de radicais fosfato Colesterol É absorvido de modo lento pelo trato gastrointestinal. Esse colesterol é chamado de colesterol exógeno e o colesterol produzido nas células do corpo é o colesterol endógeno que é formado pelo fígado em sua maior parte. É sintetizado inteiramente a partir de diversas moléculas de acetil coA e forma: colesterol, ácido cólico e muitos hormônios esteroides importantes Os produtos da digestão e da absorção proteicas são quase todos aminoácidos. Após a digestão, os aminoácidos entram no sangue e seus excessos são absorvidos pelas células do organismo, mais especificamente pelo fígado. As moléculas de aminoácidos são grandes demais para se difundirem com facilidade através dos poros das membranas celulares, portanto, elas são transportadas por transporte facilitado ou transporte ativo, utilizando mecanismos transportadores Após ingressarem na célula, os aminoácidos se combinam uns com os outros por ligações peptídicas para formar proteínas celulares que podem ser rapidamente decompostas em aminoácidos novamente. Esses aminoácidos então podem ser transportados de volta para fora da célula para o sangue. O fígado é o responsável pelo armazenamento desses aminoácidos Uma vez no fígado, as proteínas celulares podem ser rapidamente sintetizadas por meio dos aminoácidos plasmáticos, podem ser degradadas e devolvidas ao plasma rapidamente o excesso de proteínas é degradado em outros produtos e utilizado como energia Se qualquer tecido em particular precisar de proteínas, ele poderá sintetizar novas proteínas pelos aminoácidos sanguíneos que serão reabastecidos posteriormente Umas vez que essas células tenham estocado proteínas até os seus limites, qualquer aminoácido é degradado e utilizado como energia ou armazenado na forma de gordura ou glicogênio. Esse processo ocorre quase inteiramente no fígado iniciado pela desaminação que é ativa pela enzima aminotransferases. Essa desaminação ocorre por meio da transaminação que seria a transferência do grupo amina para alguma substância receptora. Acontece da seguinte forma: O grupo amina do aminoácido é transferido para o ácido alfa-cetoglutárico que se transforma em ácido glutâmico Esse ácido glutâmico pode transferir o grupo amino para outras substâncias ou liberá-lo sob a forma de amônia (NH3). No processo de perda desse grupo amino, o ácido glutâmico se transformará de novo em alfa-cetoglutárico para que o ciclo se repita A amônia é sintetizada pelo fígado em ureia e posteriormente é excretada pelos rins Uma vez que esses aminoácidos foram desaminados, os cetoácidos resultantes podem ser usados para obtenção de energia. Essa seria a oxidação dos aminoácidos e envolve dois processos: 1. O cetoácido é transformado em substância química para entras no ciclo de Krebs 2. Depois disso, essa substância é utilizada para obtenção de energia do mesmo modo que o acetil coA, por exemplo. A conversão de aminoácidos em glicose ou glicogênio é denominada gliconeogênese e a conversão de aminoácidos em cetoácidos é a cetogênese
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