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INCONTINÊNCIA URINÁRIA SBCMC I - 2021.1 Urologia Dr. Felipe Pádua INTRODUÇÃO Incontinência urinária é qualquer perda urinária involuntária. Incontinência Urinária de Esforço: perda urinária involuntária durante qualquer esforço (prática de exercício, tossir ou ao espirrar) que leve ao aumento da pressão abdominal. Incontinência Urinária de Urgência: perda urinária involuntária precedida de urgência miccional (precedida de desejo), geralmente associada a polaciúria e a noctúria. CICLO MICCIONAL SIMPLES O ciclo miccional é composto, basicamente, por 02 fases: enchimento e esvaziamento. Fase de Enchimento Vesical: ● Enchimento vesical e reservatório de urina. ● Acomodação de urina com baixa pressão. ● Competência do mecanismo esfincteriano – o esfíncter vesical contrai e fecha o colo vesical para poder encher a bexiga. ● Relaxamento da musculatura detrusora – faz o acomodamento do líquido no interior da bexiga). ● Sensibilidade vesical adequada. Fase de Esvaziamento da Urina ● Esvaziamento vesical. ● Contração adequada da musculatura lisa – o músculo detrusor da bexiga contrai para expulsar a urina do interior da bexiga. ● Redução concomitante da resistência do aparelho esfincteriano – o esfíncter relaxa. ● Ausência de obstrução anatômica. FALHAS NO CICLO MICCIONAL ● Déficit de complacência (falha na acomodação de urina com baixa pressão) ● Alteração da sensibilidade vesical ● Obstrução infravesical ● Falha no relaxamento da musculatura detrusora na fase de enchimento ● Falha na contração detrusora no esvaziamento ● Falha no mecanismo esfincteriano FISIOLOGIA DA MICÇÃO Pensa → transmite → efetua ⇒ entre o neurônio transmissor e o efetuador existe o centro de controle, que está a nível de S2, S3 e S4. BEXIGA NEUROGÊNICA FLÁCIDA Lesão a nível de nervo periférico ou Sd. do motoneurônio inferior: ● Não tem sinapse, a bexiga não vai contrair ● Pressão baixa, complacência alta e volume alto Etiologia: ● Diabetes descontrolada ● Sífilis ● Radioterapia ● Bexiga senil ● Trauma raquimedular (S2 a S4) ● Congênita ● Mielite - infecciosa ou não Quadro Clínico: ● Indolor (se lesou neurônio motor, é provável que lesou sensitivo) ● Incontinência paradoxal: o paciente perde urina por transbordamento, fica pingando ○ É paradoxal porque o paciente perde urina mas ainda assim a bexiga está cheia. Complicações: ● Infecções de repetição ● Litíase Tratamento: ● Cateterismo intermitente limpo (o próprio paciente passa a sonda vesical 4x por dia) ○ O paciente não sente que a bexiga está cheia, então fica padronizado as 4x ao dia para evitar a perda de urina. ● Antibioticoprofilaxia BEXIGA NEUROGÊNICA HIPERATIVA ou ESPÁSTICA Lesão a nível de centro de controle ou lesão de neurônio condutor ● Traumas altos (acima de S2) ou síndrome do motoneurônio superior: a princípio ocorre o que chamamos de choque medular (toda atividade que depende do motoneurônio lesado para porque ele não está funcionando, isso dura de 2 a 4 meses) que é seguido de hiperatividade (contração da bexiga fora de hora, quem controla é o centro da atenção). ● Pressão alta, complacência baixa e volume baixo. Etiologia: ● Congênita: mielomeningocele ● Trauma medular ou craniano ● AVC ● Tumor cerebelar ● Lesões cirúrgicas ● Parkinson ● Esclerose Quadro Clínico: ● Dor ● Incontinência por contrações detrusoras ● Poliúria e nocturia Complicações: ● Hidronefrose bilateral ● Insuficiência renal Tratamento: ● Anticolinérgicos: os receptores muscarínicos/colinérgicos são quem promovem a contração da bexiga, portanto para tratar o paciente é preciso inibir esses receptores e diminuir a contração do músculo detrusor da bexiga. ● Toxina Botulínica (botox): a administração da toxina botulínica em vários pontos da bexiga para diminuir a contração muscular só é realizada quando já houve tentativa de tratamento com anticolinérgico, mas não resolveu - via endoscópica. ● Cirurgia (ampliação vesical): a cirurgia só deve ser realizada quando nenhum dos tratamentos anteriores foi efetivo. ○ A ampliação vesical consiste em pegar um pedaço do intestino, moldar uma “bolsa” e sutura junto com a bexiga, aumentando-a. O problema é que o intestino não tem contração igual à do músculo detrusor, então fica uma bexiga flácida e aí o tratamento será feito com cateterismo e antibioticoprofilaxia. Obs: às vezes o paciente em uso de anticolinérgico ou botox evolui com bexiga flácida. INCONTINÊNCIA URINÁRIA DE ESFORÇO ou GENUÍNA ou ESFINCTERIANA O problema neste caso está no esfíncter vesical. ● É um problema que acomete as mulheres, tratado na uroginecologia. ● A determinação do grau de incontinência se dá pelo número de absorventes/dia Fisiopatologia: aumenta a pressão no interior da bexiga e a urina extravasa porque o esfincter está hipofuncionante. Tratamento: ● Casos leves (1-2 absorventes/dia, perda pequena de urina): fisioterapia pélvica para fortalecimento do assoalho pélvico ● Casos moderados/graves: tratamento com cirurgia de SLING - faz a dissecação da uretra, coloca uma faixa de contenção abaixo da uretra, traciona essa faixa e puxa ela para o forame obturatório, promovendo uma “estrangulada” na uretra. DIAGNÓSTICO Como diferenciar os padrões de lesão? Estudo Urodinâmico. ● É um estudo eletrofisiológico da bexiga: coloca uma sonda na bexiga através da uretra que vai medir a pressão na bexiga, e uma sonda no reto que vai medir a pressão abdominal, através dessas duas pressões faz-se um cálculo que determina a pressão do músculo detrusor da bexiga. ● Então: na dúvida de qual é o tipo de incontinência urinária, solicita o estudo urodinâmico. BEXIGA CAÍDA É um prolapso da bexiga, com consequente compressão da bexiga. Pode estar associada a incontinência oculta, que só aparece após o tratamento do prolapso. ● Pode ser: ○ Cistocele → de cima para baixo ○ Retocele → de baixo para cima ○ Prolapso uterino → central
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