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SAÚDE DA MULHER Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM) O PAISM surgiu como um pioneiro em 1983, trazendo uma nova abordagem da saúde da mulher, com o cuidado não apenas restrito à atenção pré-natal, ao parto e ao puerpério. Esse programa incluiu o planejamento familiar, contemplando assim o controle da reprodução. Suas diretrizes previam: 1. Capacitação do sistema de saúde para atender às necessidades da população feminina 2. Ações de controle das patologias mais prevalentes nesse grupo, desde a adolescência até a 3ª idade 3. Controle de DSTs 4. Integralidade do atendimento 5. Prática educativa para permitir uma maior autonomia das mulheres sobre a sua própria saúde 6. Assistência para concepção e contracepção Apesar de não ter sido implantado de forma efetiva em todo o território nacional, esse programa teve um amplo significado social. Surge num momento histórico de democratização da sociedade brasileira. Expressou os princípios de universalidade e integralidade, um importante passo para os ideais que levaram à Reforma Sanitária. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher Elabora em 2004, a partir de um diagnóstico epidemiológico da saúde da mulher no Brasil, tendo como base o PAISM. É um documento proposto pelo MS que visa nortear as ações de atenção à saúde da mulher no período de 2004 a 2007. Entre os principais objetivos dessa política, temos: Melhorar as condições de vida e saúde das mulheres brasileiras, garantido os seus direitos Reduzir a morbimortalidade feminina no Brasil, principalmente por causas evitáveis Qualificar e humanizar a atenção à saúde da mulher no SUS Qualificar a atenção clínico-ginecológica, incluindo para as portadoras de HIV e outras DSTs Promover a atenção às mulheres e adolescentes em situação de violência doméstica e sexual Promover a atenção à saúde da mulher negra Possui algumas diretrizes, como: a) A PNAISM deve atingir as mulheres em todos os ciclos de vida e dos diferentes grupos (negras, indígenas, áreas rurais e urbanas, etc) b) A ações devem abordar todos os aspectos da saúde da mulher, não apenas a saúde sexual e reprodutiva c) A atenção integral envolve ações executadas em todos os níveis de atenção, da básica à alta complexidade d) No momento do atendimento, as atitudes do profissional devem melhorar o grau de informação das mulheres em relação ao seu corpo e sua saúde Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento O PHPN foi instituído pelo MS através da portaria nº 569/2000, com os objetivos de: Reduzir as altas taxas de morbimortalidade materna, peri e neonatal do país Assegurar o acesso, cobertura e qualidade da assistência no pré-natal, parto, puerpério e neonatal. Capacitar profissionais ligados à essa área de atenção e investir nas unidades hospitalares A humanização que o programa visa se refere à receber com dignidade a mulher, os familiares e o RN, além de evitar práticas intervencionistas desnecessárias, que não beneficiam a mulher e nem o RN. Para esse acompanhamento adequado, devem ser realizadas atividades como: 1. A 1ª consulta de pré-natal deve ser feita até o 4º mês de gestação 2. Realizar no mínimo 6 consultas de pré-natal, sendo 1 no 1º trimestre, 2 no 2º trimestre e 3 no 3º trimestre. 3. Realizar uma consulta de puerpério, até 42 dias após o nascimento 4. Realizar os seguintes exames laboratoriais: ABO-Rh na 1ª consulta VDRL: 1ª consulta e 30ª semana de gestação Urina: 1ª consulta e 30ª semana Glicemia de jejum: 1ª consulta e 30ª semana HB/Ht na primeira consulta Anti-HIV na 1ª consulta 5. Aplicar a vacina antitetânica do esquema recomendado ou dose de reforço em mulheres já imunizadas 6. Classificação de risco gestacional na 1ª consulta e nas subsequentes SISPRENATAL É um software desenvolvido pelo DATASUS utilizado pelos municípios que aderem ao programa. Cada gestante é identifica pelo seu número, sendo cadastrada na 1ª consulta, por meio do preenchimento da Ficha de Cadastramento da Gestante. Todas a informações da ficha devem ser digitadas no Sisprenatal, sendo que todo mês ele gera um Boletim de Produção Ambulatorial (BPA), o qual possibilita o faturamento de 10 reais por gestante cadastrada. Os retornos da gestante à unidade e os exames de pré-natal realizadas devem ser registrados na Ficha de Acompanhamento Diário das Gestante e digitadas no Sisprenatal. O ciclo de atenção à gestante é encerrado após a consulta de puerpério, garantindo o pagamento de 40 reais por gestante. Rede Cegonha Foi instituída pela portaria nº 1459/2011 com o objetivo de assegurar à mulher o direito ao planejamento reprodutivo e à gravidez, parto e puerpério humanizados. Possui um foco também no crescimento e desenvolvimento da criança de 0 a 24 meses. Objetiva reduzir a morbimortalidade materna e infantil Programa de Triagem Pré-Natal É um Programa que visa a redução dos agravos obstétricos por meio da triagem de 8 patologias, realizando exames no 1º e 3º trimestres. Os exames são realizados pela técnica do papel filtro, que coleta o sangue proveniente da polpa digital ou punção venosa, sendo enviados no cartão de triagem pré-natal, o qual possui a assinatura da gestante. A assinatura mostra que houve o consentimento por parte da gestante. O IPED/APAE é o instituto que realiza a análise laboratorial das amostras de sangue. Essa triagem é dividida em 2 fases, sendo a primeira fase realizada no 1º trimestre e a 2ª fase no 3º trimestre. A primeira fase realiza exames de 8 patologias: 1. Sífilis 2. HIV 1 e 2 3. Hepatite B 4. Hepatite C 5. HTLV 6. Citomegalovírus 7. Hemoglobinopatias 8. Toxoplasmose A segunda fase realiza 3 exames, em caso de IgG negativo no 1º trimestre, sendo a coleta feita a partir da 28ª semana de gestação: 1. Toxoplasmose (IgM) 2. Sífilis 3. HIV Acolhimento A recepção da gestante na atenção básica envolve uma escuta qualificada, para favorecer a criação do vínculo. Deve-se analisar o contexto social dessa gestante, para entender o nível de vulnerabilidade. A equipe deve buscar entender os significados da gestação para a mulher e a família, principalmente se for adolescente. Deve-se estimular a presença do pai no pré- natal, o que faz parte do planejamento familiar. Acolher também o acompanhante da gestante, que pode ser da família, amigo ou doula. O profissional deve permitir que a gestante expresse suas dúvidas, garantindo a continuidade da atenção dada à saúde dessa mulher. Diagnóstico da gravidez A Rede Cegonha colaborou com que o MS incluísse o teste rápido de gravidez nos exames de rotina do pré-natal, o que favorece a captação precoce das gestantes. Deve ser realizado por toda mulher da área de abrangência e com história de atraso menstrual de mais de 15 dias o teste imunológico de gravidez (TGI), pois é mais sensível e confiável. A dosagem de beta-HCG pode ser feita entre 8 e 11 dias após a concepção, sendo detectado no sangue periférico da gestante. Pode ser oferecido um exame ultrassonográfico, que ajuda a determinar a idade gestacional e detecta precocemente gestações múltiplas. Caso o atraso menstrual seja maior do que 12 semanas, o diagnóstico pode ser feito pelo exame clínico. Após a confirmação, é feito o cadastramento no Sisprenatal, sendo que as condutas e os achados diagnósticos devem ser anotados na Ficha de Pré-natal e no Cartão da Gestante. No cartão deve conter explicitamente o nome do hospital de referência para o parto e as intercorrências durante a gestação. Em relação à idade gestacional, pode-se utilizar a data daúltima menstruação (DUM), somando o número de dias do intervalo entre a DUM e a data da consulta, dividindo o total por 7, para ter o resultado em semanas. Pode-se utilizar também a altura uterina e o toque vaginal: Data Provável do Parto (DPP) Pode ser calculada por meio do calendário, levando em consideração que a duração média da gestação normal é de 40 semanas ou 280 dias a partir da DUM. A forma mais confiável é por meio da Regra de Naegele, que é feita da seguinte forma: 1. Soma 7 dias no primeiro dia da DUM 2. Subtrai 3 meses ao mês da DUM ou soma 9 meses se corresponder aos meses de janeiro, fevereiro ou março. Consultas As consultas devem seguir, sempre que possível, o seguinte cronograma: 1. Mensalmente até a 28ª semana 2. Quinzenalmente da 28ª até a 36ª semana 3. Semanalmente da 36ª até a 41ª semana Quando não ocorrer o parto até a 41ª semana, deve encaminhar a gestante para a avaliação do bem-estar fetal, porém alguns estudos mostra que a melhor conduta seria induzir o trabalho de parto. Na primeira consulta, além da anamnese e exame físico, devem ser solicitados os seguintes exames complementares: Hemograma Tipagem sanguínea e fator Rh Coombs indireto >> se Rh negativo Glicemia de jejum Teste rápido de triagem para sífilis e/ou VDRL Teste rápido diagnostico anti-HIV Toxoplasmose IgM e IgG Sorologia para hepatite B Exame de urina e urocultura Exemplo Parasitológico de fezes >> se houver indicação Estado nutricional e ganho de peso A avaliação do estado nutricional envolve a medida do peso, da altura e o cálculo da semana gestacional, para classificar o seu IMC. A estatura pode aferida apenas na primeira consulta, exceto no cago de gestante menor de 20 anos. Na primeira consulta, deve-se estimar quantas gramas a gestante deverá ganhar no primeiro trimestre, assim como ganho por semana até o fim da gestação. Queixas mais comuns Náuseas e vômitos: são comuns no 1º trimestre, principalmente ao acordar ou após jejum prolongado. Avaliar sinais de alerta, gestantes jovens ou gravidez não planejada, pois pode ocorrer a hiperêmese gravídica. Orientar a alimentação fracionada; hidratação separada das refeições; caminhada e evitar alimentos que produzam gases. Pirose/azia: deve-se avaliar sintomas que iniciaram antes da gestação, uso de medicamento e história de úlcera gástrica. Orientar a gestante a evitar café, chá, doces e fumo Pode fazer uso de antiácidos, como hidróxido de alumínio ou magnésio, que tem na farmácia da AB. Fraqueza e tonturas: deve-se evitar jejuns prolongados, adotando uma dieta fracionada. Orientar a gestante a sentar com a cabeça mais baixa ou deitar em decúbito lateral esquerdo A respiração pausada e profunda alivia os sintomas Deve-se manter a periodicidade dos exames para avaliar hemoglobina e hematócrito. Cãibras: deve-se evitar alongamentos e exercícios excessivos ao acordar e evitar ficar muito tempo sentada ou em pé. Nictúria: ocorre devido à compressão da bexiga pelo útero, o que reduz a capacidade volumétrica. Orientar ingesta hídrica Sinais de alerta são sintomas sistêmicos e infecção do trato urinário Dispneia: os sinais de alerta são tosse, febre, edema, antecedente de trauma, etc. Deve-se orientar o repouso em decúbito lateral esquerdo e com a cabeceira elevada Cólicas: deve-se investigar se existe sinais de parto prematuro, como ITU, perda de liquido amniótico, contrações e dilatação do colo e sangramento vaginal Pode indicar acomodação do feto na pelve Classificação de risco Os fatores de risco gestacional devem ser identificados de forma precoce, sendo que eles permitem saber se a gestante permanece com o pré-natal na AB ou é encaminhada para o alto risco ou emergência obstétrica. No caso do pré-natal de baixo risco, o atendimento é feito pela equipe da área de abrangência, com consultas alternadas entre médico e enfermeiro. Visitas domiciliares mensais, se necessário. Identificar o hospital de emergência de baixo risco para o parto. No caso do pré-natal de alto risco, deve ser garantido o atendimento no ambulatório, com acompanhamento da equipe. Identificar o hospital de referência de alto risco para o parto. Pré-natal na AB Inclui os seguintes fatores de risco: Idade menor do que 15 e maior do que 35 Não aceitação da gestação Situação conjugam insegura Cirurgia uterina anterior 3 ou mais cesarianas Anemia Encaminhamento ao pré-natal de alto risco Há um maior risco de óbito materno ou fetal, incluindo fatores de risco como: Cardiopatias Asma brônquica Diabetes mellitus, hipo e hipertireoidismo Hipertensão arterial crônica e/ou uso de anti-hipertensivo: PA> 140/90 mmHg antes de 20 semanas de IG História prévia de doença hipertensiva da gestação Dependência de drogas lícitas e ilícitas Abortamento habitual Gemelaridade DM gestacional Encaminhamento à urgência obstétrica Os profissionais dos hospitais de emergência obstétrica irão avaliar os casos encaminhados para determinar a conduta: a) Internação hospitalar b) Referência ao PN de alto risco c) Contrarreferência para AB Inclui os seguintes fatores de risco: Síndromes hemorrágicas, como o descolamento prematuro de placenta Suspeita de pré-eclâmpsia: PA> 140/90, medida após 5 minutos de repouso sentada Eclâmpsia: crises convulsivas em pacientes com pré-eclâmpsia Crise hipertensiva (PA> 160/110) Isoimunização Rh Vômitos inexplicáveis no 3º trimestre Oligodrâmnio Calendário Vacinal As recomendações do PNI para a vacinação das gestantes inclui as seguintes vacinas: 1. Vacina dupla do tipo adulto (dT): previne a difteria e o tétano, sendo que a última dose deve ser feita no máximo 20 dias antes da DPP. Não vacinada/situação desconhecida: iniciar o esquema de 3 doses o mais precocemente possível, com 30 a 60 dias de intervalo entre as doses. Esquema vacinal incompleto: completar as 3 doses o mais precocemente Esquema vacinal completo e última dose há menos de 5 anos: não aplica Esquema completo e última dose há mais de 5 anos: dose de reforço 2. Vacina contra influenza: recomendada a todas as gestantes em qualquer período. Aplica-se uma dose no período da campanha anual 3. Vacina contra Hepatite B: deve ser aplicada após o 1º trimestre de gestação, seguindo os calendários de vacinação do adolescente e do adulto. Esquema incompleto (1 ou 2 doses): completa o esquema Esquema completo: não aplica 4. Vacina contra raiva humana: possui risco de eventos adversos, devendo ser aplicada apenas se não puder evitar a possível exposição ao vírus rábico. 5. Vacina contra febre amarela: deve ser vacina caso o risco de adoecer seja maior do que o de receber a vacina, ou seja, em situações de surtos ou se ela reside em áreas de recomendação da vacinação. FLUXOGRAMA DE PRÉ-NATAL
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