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Leucemia Mieloide • Robins & Cotran: Cap.14 • Bogliolo: Cap.25 • Fundamentos em Hematologia: Cap. 5 e 6 Diferenciação de células sanguíneas: • A MO produz uma célula tronco hematopoiética indiferente pluripotente se diferenciam em progenitores mieloides e linfoides que também darão origens a outras células. • Mieloblasto dão origem aos granulócitos se diferenciando em outras células até chegar neles: eosinófilo, neutrófilo e basófilo – se tem grânulo no citoplasma a origem da leucemia será de origem dos mieloblastos • Quando não tem grânulos no citoplasma, a leucemia pode ser de origem da célula progenitora de monócitos (monoblasto ou o próprio monócito) ou mieloblasto (indiferenciada) • Leucemia com megacarioblasto, pró eritoblasto são muito raras. Exemplo: teve uma mutação na célula progenitora mieloide, podemos encontrar alterações: megacarioblasto, pró eritoblasto, mieloblasto, pró- mielócitos e no monoblasto – uma das classificações da leucemia é com base nessas células Leucocitose • Definição - Aumento do número de leucócitos no sangue periférico. Ocorre às custas de um tipo celular específico. • Neutrófilos e monócitos alterados indicando a leucocitose. • Tem um desvio a esquerda, que é caracterizado pela presença de células jovens do processo de maturação dos neutrófilos. • Desvio a esquerda = presença de neutrófilos indiferenciados • Desvio a esquerda é pode ser definido com a presença de bastonetes acima de 400 ou se aparecer qualquer metamielócitos ou as células antes dessa diferenciam já podemos classificar como desvio • Desvio a esquerda escalonado: quanto menos indiferenciados menor é a quantidade e passa por todas a células • Desvio a esquerda não escalonado: não segue a sequencia das células, tem um hiato entre elas, por exemplo encontramos mielócitos e bastonetes, mas não tem metamielócitos que é o intermediário deles – não é normal, temos alguma alteração de indiferenciação podendo ser um indicativo de leucemia Exemplo: Quando temos uma infecção bacteriana ou que cause inflamação aguda, recruta-se muito neutrófilo e começam a migrar células que ainda não terminaram sua diferenciação e no sangue conseguimos ver toda a etapa desses neutrófilos. Neoplasia de leucócitos: Leucemia • Leucemias (do grego leukos = branco) são neoplasias malignas do sistema hematopoiético caracterizadas por proliferação clonal de célula tronco cujas células – filhas que substituem progressivamente a medula óssea normal e são liberadas no sangue periférico. • Leucemia sempre tem o comprometimento da MO, então são neoplasias de leucócitos que se original na medula óssea. • A transformação leucêmica pode ocorrer em precursor pluripotente ou em precursores mieloides ou linfoides. Características: • Célula leucêmica = blasto (células imaturas, encontradas na MO indicando a perda da sua capacidade de maturação normal) • Células que perderam a capacidade de maturação normal • Alterações genéticas Alteração em genes que codificam fatores de transcrição necessários á diferenciação celular • Imortalização num estágio de diferenciação • Bloqueio da apoptose e ativação da proliferação Outras Características: • Aumento do tamanho da célula • Imaturidade do núcleo • Presença de nucléolo e cromatina sem condensação • Contorno nuclear irregular • Basofilia ou vacuolização do citoplasma • Contorno irregular da célula • Imunofenotipagem: feito em todas as leucemias para saberem quais são os marcadores de membrana daquela célula, para definir a origem Exemplo: temos esse gráfico de densidade de população celular, encontrado na análise de experimento da citometria de fluxo. Calibra o aparelho para lê 10 mil células em suspensão de tampão, por exemplo, sabemos que a células imaturas (células hematopoiéticas) são CD34+ (marcador/glicoproteína), pegamos o tubo e colocamos o anticorpo para a proteína que queremos saber, se tiver interação a célula tem esse antígeno. Na leitura montamos o eixo X e Y (são escalas logarítmicas) e passamos uma linha horizontal caso a célula ultrapasse a linha ela é positiva para o marcador CD34+ (nosso exemplo), podemos lê mais de um marcador, colocamos outra linha na vertical e caso a célula ultrapasse para direita vai estar positiva para esse outro marcador • As nossas células quando amadurecem necessariamente apresentam glicoproteínas especificas na medula, por exemplo o sistema ABO é originado delas, os vírus utilizam essas glicoproteínas para adentrar, ou seja, nossas células possuem características glicoproteica próprias e à medida que vamos caminhando no grau de diferenciação de cada linhagens algumas deixam de existir ou passam a existir Classificação: 1. Quanto à linhagem celular de origem: linfoides ou mieloides 2. Quanto ao grau de infiltração da Medula óssea e ao número de blastos (células indiferenciadas): aguda e crônica (tanto mieloide quanto linfoide) o Aguda: acima de 20% de blastos obrigatoriamente no sangue periférico o Crônica: menos de 20% de blastos e a presença de grande número de célula diferenciadas (leucocitose maligna) • Leucemias agudas: Evolução mais rápida, presença e células imaturas na circulação sanguínea e na medula óssea, melhor prognóstico no tratamento e cura. • Leucemias crônicas: Evolução mais lenta, células mais maduras na circulação sanguínea e na medula óssea, pior prognóstico no tratamento e cura. Leucemias mieloides agudas (LMAs) • Origem nas células mieloides • Acúmulo de células indiferenciadas (blasto) acima de 20% • Mutações nos genes que regulam a diferenciação, então essas células podendo ser mieloide ou linfoide não conseguem se diferenciar • Normalmente ocorre em paciente acima de 60 anos Etiopatogênese • Doenças geralmente agressivas, nas quais a transformação maligna ocorre em células-tronco da hematopoese ou em progenitores primitivos. Dano genético envolvem (i) Aumento da velocidade de produção, (ii) Diminuição do apoptose (iii) Bloqueio na diferenciação celular. • Causam um acúmulo de células hematopoiéticas primitivas, chamadas de células blásticas, ou apenas blastos. • Heterogeneidade da LMA é refletida nas diferenças na morfologia dos blastos. • Pode se originar sem causa ou de um estado pré-leucêmico (de outra neoplasia). • Classifica-se pela morfologia, citoquímica, molecularmente e imunofenotipagem. Diagnostico: • Porcentagem limite de blastos é mais de 20% de todas as células nucleadas da medula óssea ao exame citológico devem ser blastos mieloides para que se defina uma LMA; • O diagnóstico de LMA inclui história de anemia e hemorragias ou infecção de surgimento rápido • No hemograma, são vistos anemia e blastos leucêmicos, geralmente acompanhados de neutropenia e plaquetopenia Alterações genéticas: • LMAs apresenta mutações em genes que codificam fatores de transcrição necessários para a diferenciação mieloide normal; • Alterações citogenéticas, translocação mais importante dos cromossomos 15 e 17 - fusão do gene do receptor α do ácido retinóico- essa mutação faz com que a célula perca a capacidade de diferenciação • Translocação dos cromossomos 8 e 21, inversão ou deleção do cromossomo 16), intermediário (citogenética normal, translocação 9;11) ou pior (múltiplas aberrações cromossômicas, translocação 6;9). • Síndrome de Down (cromossomo 21) é um fator de riscos para essas LMAs • Mutações específicas, que incluem anormalidades nos genes da cinase em tirosina 3 (FLT3) • Todas as translocações alteram a diferenciação dessas células mieloides, porém para termos neoplasias, precisamos de mais de uma classe de gene mutada, então temos alterações também em fatores de crescimento ou nos seus genes quelevam a proliferação exacerbada Obs: as medicações estimulam esses receptores alterados, levando a diferenciação das células que antes não ocorria, então essas leucemias de translocação 15 e 17, por isso hoje esses tipos de LAMs tem um prognostico intermediário Classificação de acordo com a OMS: A OMS faz 4 parâmetros de classificação. 1. Alterações genéticas 2. Características semelhantes a SDM (síndrome mielo displasica) – processo displásico que ocorre da MO 3. Relacionada a terapia: tratamento quimioterápicos (que também pode levar a SDM) 4. Sem outra especificação, não entra no 1,2 e 3, então classifica-se de acordo com a morfologia – podem ter características de mieloblasto, progenitora eritroide, progenitor megacariócito, pró-mielocito ou monoblasto Classificação FAB (Franco-americana-britânica) 0. MO: é uma célula minimamente diferenciada 1. M1: LMA sem maturação (mais de 90% de blastos mielóides, com menos de 10% de elementos mielóides maturando) -comum 2. M2: LMA com maturação (mais de 30% de blastos, até 89%, com mais de 10% das células anormais sendo de prómielócitos a células mais maduras)-comum 3. M3: Leucemia pró-mielocítica aguda- comum 4. M4: Leucemia mielomonocítica aguda (os blastos mieloides devem exceder a 30% das células medulares nucleadas não eritróides, sendo 20 a 80% de monoblastos); 5. M5: Leucemia monocítica aguda (mais de 30% das células medulares nucleadas não eritróides são blastos, sendo mais de 80% precursores de monócitos); 6. M6: Eritroleucemia aguda ou síndrome de Di Guglielmo (mais de 50% dos elementos nucleados da medula devem ser eritroblastos e mais de 30% dos elementos não eritróides devem ser blastos mielóides) - rara 7. M7: Leucemia megacariocítica aguda- rara Morfologia: da FAB: • Os marcadores ajudam a classificá-la • MO: é uma célula totalmente blastica, grande, com núcleo ocupando quase todo citoplasma, presença de nucléolos e não tem grânulos • M1: mesmas características da MO, porém as células começam a apresentar grânulos e tem que ser máximo até 10% do seu total de 10 células – miloblastica com maturação • M2: células com grânulos em maior frequência na MO – pró-milocitica com maturação • M3: leucemia pró-mielocitica, célula com núcleos lobulados (bi-lobulações ou irregulares) e muitos grânulos • M4: leucemia mielomonocítica, que lembra a um monoblasto, alteração nuclear (excêntrico), em granulações e citoplasma mais basófilo • M5: lembram a monócitos • M6: eritroleucemia, pois parecem eritrócitos • M7: lembram a megacariócitos, são bem caraterísticos. Mieloblastos: • Células indiferenciadas • Mieloblastos têm cromatina nuclear delicada, dois a quatro nucléolos (parte mais esbranquiçado do núcleo) e citoplasma mais volumoso do que os linfoblastos • M1: se aparecer alguns grânulos, • MO: sem nenhum granulo • Positivo: CD34 e CD33 (principalmente M1) • Negativo: CD64 e CD15 Promielocítica • Já são mais diferenciadas (M3) • Bastões de Auer - grânulos azurofílicos característicos em forma de agulhas. • Muito grânulos no citoplasma • São particularmente numerosos na LMA com as translocações 15 e 17 - leucemia promielocítica aguda Monoblastos • Núcleo pregueado ou lobulado, não evidenciam bastões de Auer • Positivos para esterase não especifica – enzima da família das hidrolases que temos em lisossomos • M4 e M5 Citoquímica: • Marcadores específico para cada linhagem • Principais: o Mieloperoxidase: enzimas presentes no peroxissomos das células mieloides (mieloblastos que dão origem as granulócitos) o Sudan Black, pois as organelas têm membrana lipídica que se cora com esse marcador. o Para diferenciar as linhagens monociticas M4 e M5 usamos a esterases inespecíficas • Principais marcadores de leucemia mieloide aguda: CD34, CD33, CD13 e CD117 Imunofenotipagem • A maioria dos tumores expressa alguma combinação de antígenos associados à linhagem mieloide, como CD13, CD14, CD15, CD64 ou CD117 (KIT). O CD34, • um marcador de células-tronco hematopoéticas, é frequentemente presente nos mieloblasto; • A maioria dos pacientes apresenta, dentro de semanas ou poucos meses após o início dos sintomas, queixas de anemia, neutropenia e trombocitopenia, principalmente fadiga, febre e hemorragias mucosas e cutâneas espontâneas; • A LMA associada a mutações em TP53 surgiu como um subtipo com um prognóstico particularmente ruim. Características clínicas de LMAs • Palidez • Hepatomegalia e esplenomegalia: pois está tendo uma hematopoiese extramedular • Linfadenopatia • Febre em consequências de inúmeras infecções • Faringite • Hemorragias e petéquias • Alterações ósseas – dor • Hipertrofia gengival • Infiltrações cutâneas Hemograma: • Contagem de plaquetas e hemoglobina baixas • Contagem de células brancas variar de < 1.000/ul a 200.000/ul • Neutropenia com a presença de blastos • Anemias normocrômica e normocítica • Trombocitopenia pode ser severa Leucemias Mieloides Crônicas • Corresponde de 15 a 20% das leucemias. • De 10% dos casos em pacientes com menos de 20 anos • Encontramos menos de 20% de blastos com leucocitose (aumento de leucócitos) • Não temos mutação no processo de diferenciação • LMC a sobrevida média é de cinco a sete anos Características • Trata-se de doença caracterizada por leucocitose com desvio à esquerda (não escalonado) frequentemente excedendo 100.000 células/mm • Esplenomegalia • Obrigatoriamente temos que ter o cromossomo Philadelphia (Ph). Cromossomo Philadelphia (Ph) • Translocação do cromossomo 9 e 22 • Cromossomo 9 tem um gene ABL (pro oncogene) e no 22 temos o BCR, com a translocação (não sabem o motivo) esses dois genes vão se fundir formando o gene de fusão ou gene híbrido chamado ABL-BCR (cromossomo Philadelphia) • Porém com essa translocação o ABL fica sempre ativo, e como ele é um receptor de fator de crescimento que irá ativar vias relacionada a proliferação celular exacerbada • Definição slide: Separada das outras formas devido à sua associação com uma anormalidade característica, a fusão do gene BCR-ABL, que produz a enzima tirosina cinase BCR-ABL constitutivamente ativa Fases de evolução clínica 1. Crônica: ocorre a translocação e a formação do cromossomo Philadelphia, demora de 5 a 6 anos, sendo assintomática e com menos de 10% de blastos com leucocitose 2. Acelerada: perda de peso, aumento do baço, dura de 6 a 9 meses e ocorre de 10 – 19% de blastos com leucocitose 3. Aguda: muito parecida com a leucemia mieloide aguda, porém derivou de uma crônica e isso ocorre devido a proliferação exacerbada que gera novas mutações que podem interferir na diferenciação celular, tendo acima de 20% de blastos. Leva ao óbito rapidamente de 3 a 6 meses Fase acelerada: é diagnosticada quando ocorre um dos seguintes eventos: 1. aumento persistente da leucocitose ou da esplenomegalia, apesar do tratamento; 2. plaquetose persistente, acima de 1 milhão/mm3, apesar do tratamento; 3. plaquetopenia persistente, abaixo de 100.000/mm3, não relacionada com o tratamento; 4. anormalidades citogenéticas adicionais; 5. 20% ou mais de basófilos no SP; 6. 10 a 19% de blastos no SP ou na MO Características histológicas: • Grande quantidade de células granulocítica com características de neutrófilos – todas neoplásicas • Muitos eosinófilos alterados (bem rosado) Obs: Quando enxergamos esse desvio a esquerda (neutrófilos diferentes) e poucos blastos temos a fase crônica Fase aguda ou crise blastica caracteriza-se pelo surgimento de 20% ou mais de blastos no SP ou MO ou quando aparece sarcoma mieloide.Em cerca de 70% dos casos, a transformação é para leucemia mieloide aguda; crise blástica linfoide ocorre em 25 a 30% dos casos. • Antigamente o prognóstico era muito ruim, e na nova era essa prognostico evolui muito, devido ao tratamento que inibe o receptor do fator de crescimento que nesse caso é a fusão ABL- BCR Fase crônica Caso Clínico: Um homem de 33 anos de idade que se apresentou com febre, pancitopenia (precursor comum de todo mundo está sendo afetado) e agravamento agudo da função do enxerto renal de 9 anos após transplante de rim de doador vivo. Após inicial testes negativos para infecção, uma biópsia renal revelou rejeição por anticorpos com C4d positivo e dispersas células inflamatórias atípicas. A biópsia da medula óssea demonstrou uma medula normocelular com manifestações hemorrágicas e 50% de gordura. A imunocoloração para CD34 (marcador de células de origem tronco mieloides) revelou que 25% das células apresentavam-se na forma de blastos. • Leucemia mieloide aguda (mais de 20% de blasto) e na imagem não vemos grânulos, porém temos bastonetes de Auer levando a conclusão de uma leucemia pró meilocítica, classificação M3 com a principal translocação sendo a 15/17
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