Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 1 Radiografia simples do abdome • É um recurso muito importante, pois conseguimos fazer de forma muito rápida, é barato. o Tem como fator limitante o laudo ser dado por nós/observador dependente. • Muito usada no abdome agudo: 5-10% das consultas de um PS serão relacionadas ao diagnóstico de dor abdominal a esclarecer, pode ser devido a uma diarreia ou até mesmo um caso mais grave. • Radiografia de Abdome Agudo inclui sempre: Rx de tórax PA (transição toraco-abdominal) e de abdome (em pé e deitado). • Avaliar: identificação correta do paciente, data, qualidade da radiografia. • No Rx do abdome vemos: o Silhueta dos órgãos; o Ar (grande meio de contraste, ajuda a identificar cada órgão que estamos vendo); o Alguns órgãos só são vistos em condições patológicas, como o pâncreas, baço,.... • Para interpretar uma radiografia tem diferentes tipos de padrão: o Padrão água: claro, aparece branco. § Ex: fígado o Padrão ar: tudo que tem ar dentro, aparece escuro, é o que da o contraste para nos interpretarmos as imagens o Padrão mineral: tudo que é osso. o Padrão metal: etiqueta, marca passo, osteossíntese,... • Seguir sequência: o 1. Partes moles; o 2. Partes ósseas; o 3. Órgãos internos; o 4. Transição toraco-abdominal. § Diafragma, seios costofrênicos. Raio-x do tórax • Podemos ver: o Partes moles; o Partes ósseas (ver se não tem nada quebrado); o Traqueia: linha de padrão ar, bem centrada; o Brônquios D e E; o Aorta; o Transição toraco-abdominal (vemos o fígado padrão água, bem clarinho; diafragma, lamina acima do fígado, com imagem de ar abaixo do diafragma, é possível ver nessa imagem o polo superior do baço, que não deveria ser visto em situações fisiológicas, esta perto do estomago com coloração cinza claro, nesse caso vemos o baço pq tem ar fora de alça, levando ao contraste) • Fazemos a radiografia de tórax na rotina do abdome agudo, pois a técnica utilizada é totalmente diferente da do abdome, essa técnica Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 2 é melhor pra ver ar do que a de radiografia do abdome. • Seguir sequencia (antes da sequencia ver data, identificação, posição, ver se ta tudo certinho e ai começar a analisar a imagem): o 1. Via aérea o 2. Campos pleuropulmonares o 3. Coração e mediastino o 4. Diafragma o 5. Esqueleto o 6. Fat (tec subcutâneo) o 7. Ghost (artefatos radiopacos, sonda nasogástrica, dreno de tórax, etc...) o Lembrar: A (airways), B (brônquios/pulmão), C (coração), D (diafragma), E (esqueleto), F (fat), G (ghost). Rx abdome - Partes moles • Tem gordura pré-peritoneal, bem pronunciada nas crianças. • Linha bem escura padrão ar. • Linhas mais escuras, não confundir com ar na cavidade, isso é parede abdominal. • As vezes podemos ter lesão de pulmão ou da arvore traqueobrônquica e ai infiltra ar: • Ar infiltrando tec subcutâneo, entre planos musculares. Via aérea centrada, campos pulmonares ok, com pulmão expandido, coração e mediastino visíveis sem alterações, na transição toraco-abdominal tem imagem padrão ar embaixo do diafragma – pneumoperitonio, esqueleto normal (vemos clavícula, costelas, ombro...), podemos ver enfisema e no ghost tem imagem de dreno de tórax a direita e fios do monitor a esquerda. Rx abdome - partes ósseas • Temos que ver lesões agudas e lesões antigas. • Alterações osteoarticulares (escoliose por exemplo). • Osteoporose (vertebras vão perdendo o conteúdo ósseo, desenho de giz). • Nessa imagem além da osteoporose vemos fratura em encunhamento. • Também vemos lesões líticas (quando rouba osso). Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 3 Rx abdome - órgãos internos Fígado • Vemos imagem de sombra, as delimitações do órgão. • Por ser um órgão solido ele aparece com padrão água, branco. • Sobreposição com as costelas (11 e 12 arcos costais). • Imagem mosqueada: imagem das fezes, é a bolinha cinza escuro um pouco abaixo do fígado. • Eventualmente podemos ter a ponta do lobo esquerdo em sobreposição de imagem com o colon e com o estomago. Estomago • Quando radiografia é em pé vemos a bolha gástrica mais comprimida no fundo gástrico. • Já quando é deitado, a bolha se espalha. Vias biliares intra-hepática • Só vemos em situações patológicas. • Ar desenhando as vias biliares intra-hepaticas: Aerobilia, em algum ponto existe uma fistula bilio-digestiva, uma comunicação entre a arvore biliar e o intestino. Radiografia feita em pé, da pra ver o nível hidroaéreo. Nessa radiografia o pcte pode ter por exemplo uma colangite aguda. Vesícula biliar • Não é visível em situações normais. • Obs: para ver calculo USG é melhor que TC!! • Vesícula em porcelana: quando a vesícula esta calcificada. Quando vemos vesícula em porcelana temos que indicar tratamento operatório, pois é um dos sinais que a pessoa pode ter um tumor, Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 4 um câncer de vesícula, ou também pode ser uma lesão pré-neoplásica. Pâncreas • Só vejo em situações patológicas. Podemos ver apenas quando tem calcificações. o Essas calcificações podem ocorrer em pancreatite crônica que muitas vezes é causada por álcool. • Pancreatite aguda: 80% das vezes tem origem biliar! o Pedra na vesícula que migra pro ducto biliar, machuca o esfíncter de Oddi que edemacia e pre ativa enzimas pancreáticas dentro do pâncreas, levando a pancreatite. • Sinal de amputação do colon: tem uma parada no transverso • Alça sentinela: alça parética, infiltração do mesentério. Baco • Só é visto em situações patológicas. Empurra ângulo esplênico do colón e o colón descendente. • Ar na cavidade, um pneumoperitonio, evidenciando o polo superior do baço. • Esplenomegalia por esquistossomose: Padrão água. Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 5 Rins • Vemos em situações patológicas, pois eles ficam em espaço retro peritoneal. • Apenas 20% dos cálculos renais são radiopacos. • Conseguimos ver a sombra renal. Via urinaria • Quando cheia, conseguimos enxergar a bexiga. • Vemos os ureteres na urografia excretora. • Podemos ver cálculos na bexiga. Musculo psoas • Retroperitoneal • Vemos a sombra desde que não haja processo inflamatório retro peritoneal, como por exemplo uma pielonefrite. Transição toraco-abdominal • Diafragma direito é um pouco mais elevado, pois o fígado ocupa espaço. • Avaliar SEMPRE os seios costofrênicos!! • Velamento do seio costofrênico: pneumonia de base, principalmente em crianças, pode dar dor abdominal. Intestino delgado • Em condições normais não vejo ar no intestino delgado Paciente em decúbito com rx normal. • Caso haja ar no intestino delgado é um quadro patológico, pode ser por exemplo um íleo paralitico. Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 6 Paciente com íleo paralitico, podemos notar como delgado esta com bastante ar. Intestino grosso • Geralmente vemos o colón com ar/padrão ar. Esse colón podemos reparar que é mais comprido, chamamos ele de dolicocolon, e ele não necessariamente é patológico. Abdome agudo inflamatório • Causa mais importante é a apendicite. Apendicite levando a um bloqueio de alcas. Já apresenta sinais de apendicite complicada. • Podemos encontrar a causa da apendicite, pode ser por exemplo um apendicolito ou fecalito, que é a obliteração da luz do apêndice por um pedaço de fezes. Abdome agudo obstrutivo • Segundo abdome agudo mais frequente. Obstruçãodo intestino delgado Essa imagem do delgado também pode ser chamada de pilha de moedas. Há edema de alças, as duas alças se encostam e a parede esta edemaciada. • Ausência de ar no reto: • Sinal do J invertido Ambas radiografias estão em posição ortostática, podemos ver os níveis hidro-aéreos, com presença do sinal do J invertido, concluindo assim que tem uma obstrução intestinal. • Se demorarmos muito pra agir, a “pilha de moedas” vai sumindo e forma a alça careca, que é um sinal de risco iminente, essa pessoa muito provavelmente tem comprometimento vascular. Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 7 Alça careca. Obstrução do intestino grosso • Papila ileal, válvula unidirecional, comunica o delgado com o colón. Ela é competente na maioria das pessoas, ou seja, não permite que ocorra o refluxo. • Se tivermos um tumor no colón vai ocorrer uma obstrução em área fechada, pois a papila ileal não vai permitir que o material fecal volte para o delgado, dilatando assim o colón. Urgência cirúrgica!! • Sempre que medirmos o ceco e ele tiver entre 9-10 cm, há risco iminente de rotura do ceco, precisa operar na hora. • Se a papila ileal for incompetente, vai precisar sim de cirurgia, mas não vai ter tanta urgência! O paciente terá uma distensão do delgado também, no rx veremos o delgado com padrão ar. • Sinal do grão de café ou U invertido: suspeito de volvo do sigmoide. Sinal do U invertido • Fecaloma: obstrução intrínseca, do interior do colón, que impede a passagem de ar. Fecaloma. Abdome agudo perfurativo • No abdome agudo perfurativo, pode ocorrer o sinal de Jobert no exame físico, que é o timpanismo substituindo a macicez hepática. Pneumoperitonio • Sinal de Rigler-Frimann Dahl: ar dentro e fora das alças. Exames Complementares – Radiografia Simples do Abdome Flavia Kaori 8 Abdome agudo vascular • Suspeitar quando forem evidenciadas calcificações vasculares, se a principal artéria do corpo esta calcificada, com certeza a coronária, a mesentérica, etc vão estar afetadas também. • Aorta calcificada, da pra ver claramente as artérias todas irregulares. Outras situações Ascite • Vemos o velamento difuso do abdome. No exame físico vemos o sinal do piparote. Corpos estranhos • Pessoas que engolem agulhas, chaves, etc... • Pos operatório: cirurgiões que esquecem instrumentos dentro do paciente. Compressa que foi esquecida dentro da paciente. Imagem cheia de ar dentro, lembra miolo de pão.
Compartilhar