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Aula 2 - Governança Corporativa e Compilance

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AULA 2 
GOVERNANÇA CORPORATIVA E 
COMPLIANCE 
Prof. Carlos Magno Andrioli Bittencourt 
 
 
2 
TEMA 1 – LEGISLAÇÃO: ORIGEM DA GOVERNANÇA CORPORATIVA 
A partir da obra The Modern Corporation and Private Property, é lançada a 
semente da Governança Corporativa. Esse artigo fundamentou a elaboração do 
Securities Act de 1933 e do Securities Exchange Act de 1934, ambos ainda em 
vigor. Algumas décadas depois surge a Lei Sarbanes-Oxley a fim de se aprofundar 
em uma legislação mais atual e convergente à evolução das organizações. 
1.1 Securities Act de 1933 
O Securities Act de 1933, de acordo com Pitta (2013, p. 58-9), 
Institui o sistema de registro das ofertas públicas de valores mobiliários, 
exigindo-se, para tanto, a divulgação de todas as informações 
consideradas essenciais à tomada de decisão com relação aos valores 
mobiliários colocados à disposição do público investidor, permitindo uma 
adequada formação de opinião com relação ao mérito do 
empreendimento subjacente à oferta. 
1.2 Securities Exchange Act de 1934 
O Securities Exchange Act de 1934 é uma lei que capacita a Comissão de 
Valores Mobiliários norte-americana (SEC, em inglês), com ampla autoridade 
sobre todos os aspectos da indústria de valores mobiliários. Isso inclui o poder de 
registrar, regular e supervisionar corretoras, agentes de transferência e agências 
de compensação, bem como as organizações de autorregulamentação de valores 
mobiliários. 
1.3 Lei Sarbanes-Oxley 
Em 30 de junho de 2002, uma nova ordem mundial para os mercados de 
capitais aflorou nos Estados Unidos, por intermédio de um extenso normativo de 
reformas corporativas idealizado pelos parlamentares Paul Sarbanes e Michael 
Oxley. Tal legislação foi decorrente dos escândalos contábeis que abalaram a 
confiança dos investidores e os fundamentos da economia, e fizeram com que o 
congresso norte-americano abandonasse o conceito tradicional de autorregulação 
dos mercados e decidisse por uma lei considerada dura e abrangente. 
A legislação Sarbanes-Oxley impõe regras severas de governança, as 
quais, em termos de importância, são comparáveis aos atos de 1933 e 1934 
expedidos pela Securities and Exchange Commission – SEC, a comissão de 
 
 
3 
valores mobiliários norte-americana, depois do crash da bolsa de Nova York, em 
1929. 
De acordo com o IBGC (2006), a Lei Sarbanes-Oxley, SOX, foi aprovada 
em julho de 2002 pelo congresso norte-americano, como reação a uma série de 
escândalos corporativos sem precedentes, que envolviam grandes empresas 
americanas. Com 1.107 artigos, é, sem dúvida, a maior reforma da legislação de 
mercado de capitais dos Estados Unidos desde a quebra da Bolsa de Nova York 
em 1929 e a consequente promulgação das leis básicas sobre valores mobiliários 
em 1933 e 1934. A Lei Sarbanes-Oxley regulamentou de forma rigorosa a vida 
corporativa, imprimindo nova coerência às regras da governança corporativa, 
apresentando-se como um elemento de renovação das boas práticas de 
conformidade legal (compliance), prestação responsável de contas 
(accountability), transparência (disclosure) e senso de justiça (fairness). 
1.4 Casos emblemáticos 
Após 18 anos, o escândalo envolvendo a norte-americana Enron, que faliu 
em 2001 após atingir a posição de 7ª maior empresa dos EUA em receita, é visto 
como um divisor de águas no setor de governança, principalmente por ter 
envolvido a global auditoria Arthur Andersen, que também encerrou as atividades. 
Embora muitos mecanismos que atualmente estão incorporados às 
melhores práticas de gestão já fossem utilizados há muitas décadas, o termo 
governança corporativa surgiu entre as décadas de 1980 e 1990. Ganhou 
destaque exponencial principalmente após grandes escândalos corporativos 
envolvendo algumas das maiores empresas do mundo no início dos anos 2000, 
juntamente com a ampliação dos estudos relacionados ao assunto. A governança 
corporativa nasceu com o grande objetivo de tornar uma organização mais 
racional, ética e pluralista, na economia e na sociedade. Após esses escândalos, 
a sociedade buscou por um sistema mais equilibrado de decisões, visando 
minimizar o conflito de agência, trazendo também maior transparência aos 
negócios. 
Em razão de outros casos na mesma época, como da WorldCom e da Tyco, 
o governo americano editou a Lei Sarbanes-Oxley, que se tornou uma referência 
para a credibilidade do sistema financeiro, ao regulamentar a presença de 
mecanismos de auditoria e comitês nas empresas de capital aberto. Outros casos 
de escândalos envolveram Banco Barings, Xerox, Adelphia e Parmalat. 
 
 
4 
TEMA 2 – LEGISLAÇÃO NO BRASIL 
 No Brasil foram ficaram em evidência os escândalos revelados pela 
operação Lava-Jato. Casos de grande repercussão, como da Samarco e do Grupo 
EBX, por exemplo, suscitam dúvidas sobre a real eficiência do sistema, já que 
essas empresas afirmavam ter irretocáveis códigos de boas condutas e seguir à 
risca as práticas recomendadas pelos organismos internacionais de governança. 
Sandra Guerra, ex-presidente do conselho de administração do Instituto 
Brasileiro de Governança Corporativa – IBGC, alerta que, a cada escândalo, fica 
claro que determinadas formas de ganho de curto prazo oferecem riscos 
desproporcionais aos ganhos. 
No Brasil, os esforços institucionais de regulação e motivação para boas 
práticas de gestão, em sintonia com algumas das principais exigências 
internacionais, têm se destinado às empresas de capital aberto, embora elas 
constituam um segmento restrito no panorama econômico do País. 
É premente a adaptação dessas boas práticas às empresas brasileiras, a 
despeito do tipo ou do porte e do fato de terem ou não capital aberto. Em busca 
de maior rigidez e acompanhamento por parte do Estado, o Brasil tem essas leis, 
consideradas as mais amplas, para que se cumpra uma relação com eficiência e 
transparência na gestão empresarial. 
No Brasil, foi implementada uma legislação que abarca o tema governança 
corporativa, principalmente no quesito de empresas de sociedade anônima; é 
considerada como de vanguarda, já que acompanha o que existe de moderno e 
o que é adotado em países desenvolvidos. 
A primeira legislação que estabeleceu regras para as sociedades 
anônimas foi o Decreto n. 2.627, de 1.940, sendo enrobustecida posteriormente 
pela Lei n. 6.404/76, denominada Lei das S.A., que previu algumas garantias aos 
acionistas minoritários. Depois disso, veio a Lei n; 9.457/97, que extinguiu os 
direitos patrimoniais dos minoritários, e finalmente, a Lei n. 10.303/2001, que 
resgatou direitos dessa categoria. 
Conforme Borges e Serrão (2005, p. 123): 
A partir da percepção governamental de que o mercado de valores 
mobiliários era importante para o desenvolvimento do país criou-se uma 
legislação própria (com destaque para a Lei 6.385/76, que disciplinou o 
mercado de capitais e criou a CVM, e a Lei 6.404/76, que modernizou 
sobre as sociedades por ações) e desenharam-se incentivos para a 
promoção desse mercado. 
 
 
5 
 Percebe-se uma evolução ao longo dos anos da legislação que rege e 
normatiza o funcionamento do mercado de capitais no Brasil. 
2.1 Lei n. 10.303/2001 – Lei das S.A., ou Sociedades por Ações 
Altera e acrescenta dispositivos na Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 
1976, que dispõe sobre as Sociedades por Ações, e na Lei n. 6.385, de 7 de 
dezembro de 1976, que dispõe sobre o mercado de valores mobiliários e cria a 
Comissão de Valores Mobiliários. 
A referida lei reforçou os princípios da governança corporativa e contribuiu 
para o aperfeiçoamento do mercado de capitais brasileiro, ao garantir proteção 
para os acionistas minoritários e estabelecer um critério de paridade entre ações 
preferenciais e ordinárias. 
2.2 Lei n. 12.846/2013 – Lei Anticorrupção Empresarial 
A Lei Anticorrupção surgiu como uma resposta rápida do congresso aos 
protestos de 2013. Foi criada em agosto do mesmo ano e passou avigorar a partir 
de janeiro de 2014. Dispõe sobre a responsabilização administrativa e civil de 
pessoas jurídicas pela prática de atos contra a administração pública, nacional ou 
estrangeira, e dá outras providências. Prevê sanções para as empresas por 
crimes cometidos por seus executivos. 
Representa importante avanço ao prever a responsabilização objetiva, no 
âmbito civil e administrativo, de empresas que praticam atos lesivos contra a 
administração pública nacional ou estrangeira. 
As consequências da corrupção são evidenciadas pelo FMI, que no ano de 
2016 divulgou um amplo estudo sobre os prejuízos da corrupção na economia 
global. Ficou posto que a corrupção distorce as despesas públicas e o orçamento, 
enfraquece o controle de gastos, afeta a capacidade de tributar, induz à evasão 
fiscal e reduz a receita fiscal. Pode-se acrescentar que a corrupção enfraquece as 
perspectivas de desenvolvimento econômico. 
De acordo com Branco (2016, p. A12): 
Quando para uma empresa ganhar dinheiro é necessário pagar propina, 
existe algo de muito errado com o sistema de incentivos. Estímulos 
distorcidos costumam estar associados à excessiva intervenção do 
Estado na economia. Quanto maior tal interferência, maior será o 
potencial para corrupção, pois os agentes privados passam a vislumbrar 
no relacionamento com quem detém o poder de decisão a chave para o 
sucesso empresarial. A indústria da corrupção, composta por agentes 
 
 
6 
públicos, políticos, lobistas, especialistas em lavagem de dinheiro e 
capitalistas inimigos do capitalismo, tende a se expandir. O 
empreendedorismo e a meritocracia se convertem em elementos 
secundários e a corrupção impõe barreiras à competição e remove 
incentivos para a produtividade. 
Essa constatação também é mencionada por Fragelli (citado por Lamucci, 
2017), que afirma que o gigantismo do Estado é um dos principais fatores que 
explicam a promiscuidade entre o setor privado e o sistema político no Brasil. 
Ainda conforme Fragelli (citado por Lamucci, 2017, p. A12) são três fatores que 
explicam a corrupção: 
O Estado hipertrofiado leva à exação fiscal. Diante de impostos muito 
elevados, torna-se lucrativo sonegar impostos usando parte da 
economia para corromper a fiscalização. O segundo é o caráter fechado 
da economia, também ampliado nos governos do PT. Os escândalos 
divulgados envolveram quase exclusivamente empresas de capital 
nacional. Quando o Estado fixa índices de nacionalização ousados na 
indústria petrolífera, por exemplo, há majoração de preços por 
fornecedores agraciados pelas regras, o que é regiamente retribuído sob 
forma de propina aos legisladores que instituíram o privilégio. O terceiro 
fator é a legislação partidária e eleitoral, que estimula a multiplicação de 
partidos e eleva o custo das campanhas. Com duas dúzias de partidos 
representados no Congresso, o governo só consegue angariar apoio à 
sua agenda legislativa distribuindo cargos na mastodôntica máquina 
administrativa federal e nas empresas estatais. Os numerosos indicados 
políticos, que ocupam postos e comandam verbas, extorquem os 
fornecedores do Estado, no intuito de financiar campanhas caras, 
guardando para si parte do butim. 
Esse tem sido o perfil do ambiente de negócios no Brasil: quando o 
empreendedor se torna cativo de um Estado pesado, isso resulta em um jogo de 
trocas de favores para se obter a regulamentação do empreendimento. 
Peresi (2018, p. E2) acrescenta: “No setor privado, o corrupto seria aquele 
que age deslealmente, que veste a camisa de uma determinada empresa e trai os 
interesses corporativos para favorecer os seus próprios, cobrando de 
fornecedores um passe de entrada na forma de propina para facilitar contratos e 
negócios”. 
A lei é abrangente, estabelece punições, mas não indica diretrizes de como 
combater a corrupção. Ela ainda não foi regulamentada na maioria dos estados e 
municípios brasileiros. A regulamentação é fundamental. 
O economista egípcio Galal Amin (citado por Vilela, 2017) definiu como soft 
state um Estado que aprova leis, mas que não consegue cumpri-las. Mas um 
grande passo está sendo tomado: o combate à corrupção vem conquistando 
espaço entre as organizações brasileiras, torna-se assunto prioritário. Nada 
 
 
7 
supera o esforço imperativo de fatores internos e externos que respaldam o país 
a dar continuidade ao combate obstinado à corrupção. 
2.3 Lei n. 13.303/2016 – Lei das Estatais 
Dispõe sobre o estatuto jurídico da empresa pública, da sociedade de 
economia mista e de suas subsidiárias, no âmbito da União, dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios. 
Em 30 de junho de 2016 foi promulgada a Lei n. 13.303, também conhecida 
como Lei das Estatais, que dispõe sobre novos padrões de GRC – Governança, 
Riscos e Compliance de empresa pública, sociedade de economia mista e suas 
subsidiárias, com seus respectivos impactos nos estatutos sociais dessas 
empresas. 
Foi criada para profissionalizar e melhorar o padrão de governança 
corporativa nas estatais. Tem como um dos principais objetivos melhorar os 
padrões de governança nas empresas públicas e nas sociedades de economia 
mista. 
A Lei das Estatais foi um avanço no combate à nomeação de dirigentes 
partidários e parentes para a diretoria de agências reguladoras e empresas 
estatais. Agências e estatais devem apresentar em seu quadro dirigentes com 
perfil técnico. 
A fim de entender a rede de proteção dos atores envolvidos nos negócios 
de uma organização, será vamos agora abordar o tema stakeholders e 
shareholders. 
TEMA 3 – STAKEHOLDER E SHAREHOLDER 
Entende-se por stakeholders todas as pessoas ou grupos que têm ou 
reivindicam propriedade, direito ou interesse em uma corporação e em suas 
atividades passadas, presentes e futuras. Freeman (1999, p. 46) define o conceito 
como “qualquer grupo ou indivíduo que pode afetar ou é afetado pela realização 
dos objetivos da empresa.” 
Já para Clarkson (1995, p. 5), stakeholders são todas as “pessoas ou 
grupos que têm ou reivindicam propriedade, direito ou interesse em uma 
corporação e em suas atividades passadas, presentes e futuras”. 
 
 
8 
Desse modo, os stakeholders são considerados acionistas, empregados, 
fornecedores, clientes, governos e elementos da comunidade, com representação 
nos conselhos e órgãos deliberativos mais importantes da organização. Conforme 
Lethbridge (1997, p. 3): 
É possível distinguir dois tipos extremos de controle corporativo: 
shareholder, no qual a obrigação primordial dos administradores é agir 
em nome dos interesses dos acionistas; e stakeholder, onde, além dos 
acionistas, um conjunto mais amplo de interesses deve ser contemplado 
pela ação e pelos resultados da corporação. 
Para Tosini e Bastos (2008), no controle shareholder, do contexto anglo-
saxão, a ênfase é dada ao acionista e o objetivo principal é a obtenção de lucro. 
A estratégia adotada é avaliada significativamente pelo mercado. As análises dos 
investidores são refletidas nas oscilações dos mercados secundários de títulos. 
Já na perspectiva do stakeholder, base do contexto nipo-germânico, os interesses 
dos acionistas buscam ser equilibrados aos de outros grupos que são impactados 
pelas suas atividades, como empregados, fornecedores, clientes e a comunidade. 
De acordo com Borges e Serrão (2005, p. 112): “A governança corporativa 
está relacionada à gestão de uma organização, sua relação com os acionistas 
(shareholders) e demais partes interessadas (stakeholders): clientes, 
funcionários, fornecedores, comunidade, entre outros”. Os autores fazem uma 
distinção entre stakeholders e shareholder; o primeiro são todas as partes 
interessadas e que são afetadas pelas decisões e diretrizes da organização, já os 
shareholders são os acionistas da empresa, parte diretamente interessada nos 
seus desígnios. 
Pode-se afirmar que os stakeholders são personagens essenciais, com 
profunda influência sobreos negócios de uma empresa; por conseguinte, podem 
significar o sucesso ou fracasso de uma empresa, pois há uma relação afinada 
dos gestores com os stakeholders. 
É premente que as organizações obtenham vantagem competitiva no 
mercado, o que as incita a se adequarem às exigências do stakeholders, adotando 
estratégias para melhorarem sua atuação, imagem, reputação e seu valor de 
mercado, o que conduz à adoção de boas práticas de governança corporativa. 
 
 
 
9 
TEMA 4 – SUSTENTABILIDADE 
Sustentabilidade vem do latim sustentare, que significa suster, suportar; ou 
seja, trata da possibilidade de uma organização garantir a sua continuidade e 
perenidade. 
Em meados da década de 1980, o conceito de sustentabilidade passou a 
ser empregado com frequência, ganhando um sentido mais amplo, a partir do 
conceito de responsabilidade social, e assim assumiu dimensões econômicas, 
sociais e ambientais, buscando embasar uma nova forma de desenvolvimento 
(Bittencourt, 2006). 
Bellen (2002, p. 28) resume “a sustentabilidade à obtenção de um grupo de 
indicadores que sejam referentes ao bem-estar e que possam ser mantidos ou 
que cresçam no tempo”. 
Indicadores econômicos, sociais e ambientais podem ser expressos de 
muitas maneiras, desde respostas qualitativas até medições quantitativas 
detalhadas. As características que determinam a exatidão dependem do tipo de 
informação. Por exemplo, a exatidão de informações qualitativas depende de 
clareza, detalhamento e equilíbrio na apresentação. A exatidão de informações 
quantitativas, por outro lado, depende dos métodos de amostragem usados na 
coleta de dados, oriundos de várias unidades de operação. O nível de exatidão 
necessário dependerá em parte do uso que se pretende fazer da informação. 
Certas decisões exigem um nível mais alto de exatidão do que outras. 
Muitas empresas e organizações já realizam relatórios de sustentabilidade 
para serem apresentados aos tomadores de decisão e ao público interessado 
(stakeholders); entretanto, na maioria das vezes, não são comparáveis pela falta 
de uniformidade, pela falta de dados e ou pela inconsistência dos dados. 
(Bittencourt, 2006). 
A elaboração de indicadores de sustentabilidade com base em relatórios 
sobre as dimensões ambiental, econômica e social de atividades, bens e serviços, 
auxilia a organização e suas partes interessadas a articular suas contribuições 
para o desenvolvimento sustentável. 
TEMA 5 – ÍNDICES DE GOVERNANÇA E SUSTENTABILIDADE 
Os principais índices de Sustentabilidade e Governança adotados pela 
Brasil, Bolsa, Balcão – B3 – a Bolsa de Valores do Brasil são: 
 
 
10 
 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE); 
 Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC); 
 Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG); 
 Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT); 
 Índice de Governança Corporativa - Novo Mercado (IGC-NM). 
5.1 Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) 
Os diversos setores da sociedade organizada têm procurado participar de 
alguma forma das tendências relacionadas à sustentabilidade. Um dos setores 
que vem demonstrando essa preocupação é o mercado de capitais. Para tanto, 
os membros do setor vêm realizando estudos para a construção do Índice de 
Sustentabilidade Empresarial. 
É um índice que foi criado em 2005 pela então Bolsa de Valores de São 
Paulo – Bovespa, atualmente Brasil Bolsa Balcão – B3, a principal referência para 
a seleção de papéis de primeira linha. São empresas comprometidas com 
políticas socioambientais corretas e saúde financeira comprovada. 
O modelo de análise foi preparado pelo Centro de Estudos em 
Sustentabilidade – CES, da Fundação Getúlio Vargas, e é constituída por cinco 
blocos de quesitos: 
 Responsabilidade social e ambiental; 
 Governança corporativa; 
 Saúde econômica e financeira; 
 Publicação periódica de balanço de sustentabilidade; 
 Adesão a compromissos reais com instituições ou acordos globais pela 
sustentabilidade. 
Empresas cuja gestão é voltada para a sustentabilidade tendem no longo 
prazo a mostrar indicadores econômicos melhores, por sua capacidade de atrair 
e reter talentos, pela diminuição do custo de capital e pelo acesso a fontes 
privilegiadas de financiamento, além de menores riscos de acidentes ambientais 
e de conflitos com a comunidade, e também pela redução dos seguros que 
precisam contratar. 
O ISE apresenta como missão apoiar os investidores na tomada de decisão 
de investimentos socialmente responsáveis e induzir as empresas a adotarem 
melhores práticas de sustentabilidade empresarial. 
 
 
11 
5.1.1 Fundamentos ISE 
Os fundamentos do ISE estão alicerçados por aspectos variados que 
orientam os processos: 
 Transparência; 
 Diálogo com as partes interessadas e a sociedade, por meio de canais 
ativos que garantam legitimidade, representatividade e atualidade do ISE, 
como expressão das suas expectativas sobre a sustentabilidade 
empresarial; 
 Aperfeiçoamento contínuo do escopo e do processo, de modo a atualizar 
anualmente o questionário ISE, com base em pesquisa acadêmica e 
processos participativos, de modo a mantê-lo em sintonia com o estado da 
arte do conhecimento em sustentabilidade e com as expectativas da 
sociedade; 
 Conhecimento dos desafios e oportunidades do processo ISE, agindo de 
modo a otimizar sua eficiência operacional e sua capacidade de atender 
aos objetivos estratégicos; 
 Autonomia financeira, metodológica e decisória, a fim de garantir as 
condições materiais, técnicas e de gestão, para que o ISE tenha a 
legitimidade e a credibilidade necessárias para cumprir seu papel e avançar 
em sua missão. 
5.2 Índice de Ações com Governança Corporativa Diferenciada (IGC) 
De acordo com a B3a, o IGC é o resultado de uma carteira teórica de ativos, 
elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nessa metodologia. O objetivo 
do IGC é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos de 
empresas listadas no Novo Mercado ou nos Níveis 1 ou 2 da B3. 
O IGC é um índice de retorno total composto pelas ações e units 
exclusivamente de ações de companhias listadas na B3, que atendem aos 
critérios de inclusão. Não estão incluídos nesse universo Brazilian Depositary 
Receipts – BDRs e ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, 
regime especial de administração temporária, intervenção, ou outros que sejam 
negociados em situação especial de listagem. 
 
 
 
12 
5.3 Índice de Ações com Tag Along Diferenciado (ITAG) 
De acordo com a B3b, o ITAG é o resultado de uma carteira teórica de 
ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nesta metodologia. O 
objetivo do ITAG é ser o indicador do desempenho médio das cotações dos ativos 
de emissão de empresas que ofereçam melhores condições aos acionistas 
minoritários, no caso de alienação do controle. 
O ITAG é exclusivamente composto pelas ações e units de ações de 
companhias listadas na B3, que atendam aos critérios de inclusão descritos a 
seguir: não estão incluídos nesse universo Brazilian Depositary Receipts (BDRs) 
e ativos de companhias em recuperação judicial ou extrajudicial, regime especial 
de administração temporária, intervenção, ou que sejam negociados em qualquer 
outra situação especial de listagem. 
5.4 Índice de Governança Corporativa Trade (IGCT) 
De acordo com a B3c, o IGCT é o resultado de uma carteira teórica de 
ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nessa metodologia. O 
objetivo do IGCT é ser o indicador de desempenho médio das cotações dos ativos 
de emissão de empresas integrantes do IGC que atendam aos critérios adicionais 
descritos nesta metodologia. O IGCT é composto pelas ações e units 
exclusivamente de ações de companhias listadas na B3, que atendem a critérios 
de inclusão como. Não estão incluídos nesse universo Brazilian Depositary 
Receipts (BDRs) e ativos decompanhias em recuperação judicial ou extrajudicial, 
regime especial de administração temporária, intervenção, ou outros que sejam 
negociados em situação especial de listagem. 
5.5 Índice de Governança Corporativa – Novo Mercado (IGC-NM) 
De acordo com a B3d, o IGC-NM é o resultado de uma carteira teórica de 
ativos, elaborada de acordo com os critérios estabelecidos nessa metodologia. O 
objetivo do IGC-NM é ser o indicador de desempenho médio das cotações dos 
ativos de emissão de empresas que apresentem bons níveis de governança 
corporativa, listadas no Novo Mercado da B3. 
O IGC-NM é composto pelas ações e units exclusivamente de ações de 
companhias listadas na B3 que atendem aos critérios de inclusão. Não estão 
 
 
13 
incluídos nesse universo os BDRs e ativos de companhias em recuperação 
judicial ou extrajudicial, regime especial de administração temporária, intervenção, 
ou outros que sejam negociados em situação especial de listagem. 
Após informada a nomenclatura e a descrição de cada Índice de 
governança e sustentabilidade, vamos apresentar na próxima aula a combinação 
de aspectos de um novo mercado acionário no Brasil, onde empresas listadas só 
negociam ações ordinárias e também preferenciais – entretanto, com um nível de 
transparência que atende os princípios da governança corporativa. Também 
vamos apresentar como as organizações se preocupam com a sustentabilidade. 
 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
BATISTA. C. D. B. As variáveis determinantes na escolha do modelo de 
corporate governance em Portugal. Tese (Mestrado em Finanças) – Faculdade 
de Economia, Universidade do Porto, 2009. 
BELLEN, H. M. V. Indicadores de sustentabilidade: uma análise comparativa. 
220 f. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) – Programa de Pós-
Graduação em Engenharia de Produção, Universidade Federal de Santa Catarina. 
Florianópolis, 2002. 
BITTENCOURT, C. M. A. A informação e os indicadores de sustentabilidade: 
um estudo de caso no Observatório Regional Base de Indicadores de 
Sustentabilidade Metropolitano de Curitiba. 217f. Tese (Doutorado em Engenharia 
de Produção) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção e 
Sistemas, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, 2006. 
BORGES, L. F. X.; SERRÃO, C. F. de B. Aspectos de Governança Corporativa 
Moderna no Brasil. Revista do BNDES, Rio de Janeiro, v. 12, n. 24, p. 111-148, 
dez. 2005. 
BRANCO, R. C. A economia da corrupção. Jornal Valor Econômico, São Paulo, 
7 abr. 2016. 
CLARKSON, M. B. E. A stakeholder framework for analyzing and evaluating 
corporate social performance. The Academy of Management Review, v. 20, n. 
1, p. 92-117, Jan. 1995. 
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