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Farmacologia e Toxicologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESSE CONTEÚDO. INTOXICAÇÃO POR PLANTAS EM GRANDES ANIMAIS Também conhecida como “erva-de-rato”, “cafezinho”, “café-bravo”, “erva-café´”, “roxa”, “roxinha”, “roxona”, “vick”, a Palicorea marcgravii é uma planta capaz de causar morte súbita em bovinos. Encontrada nas regiões Norte, parte do Centro-Oeste, Nordeste e Sudeste, com exceção da região Sul e estado de Mato Grosso do Sul a erva-de-rato tem boa palatabilidade e elevada toxicidade com efeito cumulativo. É toxica para bovinos, búfalos, coelhos, equinos, caprinos, ovinos e ratos. Os bovinos são os animais com maiores incidências de intoxicação por plantas tóxicas, principalmente por conta de seu sistema de criação, que, no Brasil, é majoritariamente extensivo a pasto. Vemos que a Palicourea é a primeira colocada na tabela em razão da sua dose letal que acaba sendo muito baixa e uma ampla distribuição no território brasileiro. Farmacologia e Toxicologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESSE CONTEÚDO. Com base na tabela anterior, podemos ver que os animais mais sensíveis a essa planta são os cães. Todavia, eles não têm o costume de ingeri-la, já os bovinos, por sua baixa seletividade alimentar e seu sistema de criação acabam sendo os mais acometidos. Princípio Ativo A Palicourea marcgravii tem 4 princípios ativos: cafeína, n-metiltiramina, 2- metiltetrahidro-beta-carboline e o ÁCIDO MONOFLUORACETATO DE SÓDIO que é o que gera os piores efeitos tóxicos. O ácido monofluoracetato de sódio interfere no metabolismo energético celular, inibindo o Ciclo de Krebs, ativando a acetilcolina e formando o fluoracetil coenzima-A que, conjugado ao oxaloacetato, forma o fluorocitrato que, por sua vez, inibe a enzima aconitase que é responsável pelo desdobramento do citrato em cis-aconitato no ciclo de Krebs ocasionando então, a interrupção do metabolismo energético celular. O citrato irá se acumular nos tecidos gerando fibrilação ventricular ou falência respiratória causando óbito dos animais em até 24horas. Sinais Clínicos A intoxicação tende a ter caráter agudo e fatal. Como o animal não tem energia, os primeiros sinais serão no sistema locomotor, havendo um desequilíbrio nos membros pélvicos. Teremos também tremores musculares e taquipneia. O animal apresentará instabilidade e cairá em decúbito esternal evoluindo para decúbito lateral dificultando a respiração. Irão realizar movimentos de pedalagem, mugidos e terão convulsões tônicas (com contração muscular) fazendo com que haja gasto de suas reservas de cálcio. Os primeiros danos serão nos sistemas que mais gastam energia: cardiovascular, nervoso e renal. Diagnóstico Além dos sinais clínicos, iremos observar em exames bioquímicos hiperglicemia já que, por conta da inibição do Ciclo de Krebs, a glicose não irá adentrar nas células. Haverá também aumento dos níveis séricos de citrato, hipocalcemia em razão do gasto de reservas e azotemia renal. Poderemos buscar por meio de exames toxicológicos por cromatografia de tecidos de fígado e rim o princípio ativo. A coleta de sangue também é realizada na quantificação de níveis de citrato tecidual e sérico. A necrópsia será inespecífica podendo ser observada lesão renal. Diagnóstico Diferencial Teremos que analisar outras plantas que podem causar morte súbita como plantas cianogênicas como Manihot spp além de analisar se há outras doenças com evolução superaguda como o carbúnculo hemático. Farmacologia e Toxicologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESSE CONTEÚDO. Tratamento O tratamento é sintomático com a administração de Acetamida impedindo o acúmulo de citrato e Gluconato de cálcio tratando a hipocalcemia. Além disso. a administração de Butyrivibrio fibrisolvens é indicada por ser uma bactéria, presente no TGI de bovinos que tem papel de degradar o fluoracetato. Profilaxia A profilaxia é fundamental para que não haja ocorrências desses casos. Devemos recomendar que o produtor cerque as áreas infestadas, remova as plantas dos locais que os animais têm acesso e se atente a pastos recém- formados, sempre inspecionando e removendo essa planta, ou aplicando herbicidas antes de adicionar os animais para pastejo. É encontrada em todos os continentes, exceto Antártida. É a segunda causa de morte por plantas tóxicas em bovinos no Brasil. Diferente da erva do rato, a intoxicação por Samambaia é crônica. A espécie bovina é a mais acometida, sendo seguida pela equina, ovina e suína. Todas as partes da Samambaia contêm os princípios tóxicos de forma ativa e alguns exemplos deles são: tanino, quercetina, ácido chiqímico, prumasina, ptaquilosideo, aquilideo A e canferol. Manifestações Clínicas Os sinais clínicos irão variar de acordo com o tempo de ingestão e espécie animal. Além disso, se o animal ingerir brotos de Samambaia, a intoxicação tende a ser maior pois no broto há princípios ativos mais concentrados. Em bovinos há três formas de manifestação clínica: Diátese hemorrágica: caracterizada por hemorragias em pele e mucosas além de sangramento em orifícios naturais. Pode haver hematoquezia. Os sinais clínicos se apresentam por volta de 3 a 8 semanas após a ingestão da planta. Hematúria enzoótica: os sinais aparecem lentamente e acomete bovinos com mais de 2 anos de idade. Ocorre em áreas em que há exposição continuada ao consumo da planta. Há hematúria, anemia e perda de peso. O Farmacologia e Toxicologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESSE CONTEÚDO. curso dessa doença, geralmente, dura diversos anos. Carcinomas do trato digestivo superior: ocorre em bovinos acima de 5 anos de idade. Há presença de tumores no trato digestivo que causam obstrução, que leva a tosse, regurgitamento, timpanismo, diarreia e perda de peso acentuada. Diagnóstico É baseado na anamnese e na constatação da presença de samambaia no local. Diagnóstico Diferencial Diátese hemorrágica pode ser confundida com pasteurelose, babesiose, anaplasmose, leptospiros, intoxicação por Crotalaria sp, intoxicação por trevo doce mofado, hemoglobinúria bacilar e carbnúnculo hemático. Na hematúria enzoótica haverá hemoglobinúria em que deveremos colher a urina e verificar a formação de sedimentos visíveis a olho nu, o que não ocorre quando se tem hemoglobinúria por hemoparasitose ou por outra causa. Carcinoma epidermóide do trato digestivo superior precisa ser diferenciada da tuberculose, actinobacilose, enfermidades com características de emagrecimento progressivo e dificuldade de deglutição alimentar. Tratamento O tratamento gira em torno dos sintomas e a prevenção é fundamental fornecendo alimento adequado para o animal, cercar regiões com presença de P.aquilinum e diminuir o desmatamento. Há três tipos da forrageira Brachiaria: B. decumbens; B. brizantha; B. humidicola Sua intoxicação acomete principalmente ovinos, porém também é toxica para bovinos, caprinos e bubalinos. Animais jovens acabam sendo mais sensíveis quando comparados aos adultos. Há dois mecanismos de intoxicação: SAPONINA LITOGÊNICA que é um composto normal, porém em altas concentrações causa intoxicação. Há também o PHITOMYCES CHARTARUM que é um fungo comumente presente no solo e na planta. Em razão do armazenamento inadequado Farmacologia e Toxicologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESSE CONTEÚDO. há proliferaçãodesse fungo levando a intoxicação dos animais. Patogenia - Fotossensibilização Ciclo normal: Os animais ingerem a forragem contendo o fungo que, por sua vez, produz a micotoxina ESPORIDESMINA que chega no rúmen e sofre digestão e metabolização junto com a clorofila presente na forragem que ao ser metabolizada se transforma em filoeritrina e é eliminada nas fezes. Ciclo patológico: quando há armazenamento inadequado da forragem, há uma quantidade exacerbada de fungos e, consequentemente, esporidermina em concentrações maiores que o normal, favorecendo a degeneração do endotélio dos ductos biliares causando edema peridutal e oclusão dos mesmos. Logo, haverá acúmulo de bile no fígado. Essa bile tenderá a ir para a corrente circulatória contendo a filoeritrina que irá se acumular em vasos superficiais da pele. A filoeritrina é fotorreagente, então quando o animal é exposto à luz solar haverá fotossensibilização. Manifestações Clínicas Lesões cutâneas, alopecicas, eritematosas, ulceradas e necróticas aparecerão, principalmente nas regiões desprovidas de pelo. Poderá haver também edema generalizado na pele. Os animais irão apresentar apatia ou inquietação, fotofobia, diminuição do apetite causando emagrecimento e redução dos movimentos ruminais, obstrução de vesícula biliar causando icterícia e hepatomegalia podendo evoluir para óbito. Tratamento O tratamento será de suporte havendo antissepsia de feridas. Aplicação de antibacterianos também é bem-vinda, prevenindo infecções secundárias. Farmacologia e Toxicologia Veterinária – Jennifer Reis da Silva (@jenniferreis_vet) – É PROIBIDA A COMERCIALIZAÇÃO DESSE CONTEÚDO. Os animais devem ser inseridos gradativamente em pastos que devem ser cuidados nas diferentes fases de crescimento da planta. O armazenamento da forrageira deve ser adequado não permitindo a proliferação de fungos.
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