HISTÓRIA DO KARATÊ 1- O INÍCIO DAS ARTES MARCIAIS Formas de autodefesa são, provavelmente, tão antigas quanto à espécie humana. As Artes Marciais da atualidade tem sua origem nos séculos V e VI antes de Cristo (a.C), quando se encontram os primeiros registros de “luta organizada” na Índia. Esta luta era chamada de “VAJRA MUSHTI”, cuja tradução aproximada poderia ser “aquele cujo punho cerrado é inflexível”. VAJRA MUSHTI foi o estilo de luta do KSHATRIYA, uma casta de guerreiros da Índia. Acredita-se que os Rishis guerreiros ensinaram seus segredos para os principais Brahmins. Esses, por sua vez, treinaram outros e escolheram 21 peritos em combate corpo a corpo, com os quais os guerreiros, Yodhas, foram treinados. Esses 21 guerreiros estabeleceram 21 Kalaris para proteger a terra e manter a paz. Em 520 a.C, um monge budista chamado BODHIDHARMA (também conhecido como “Ta Mo”, em chinês ou “Daruma Taishi”, em Japonês) vivia no Sul da Índia, e viajou da Índia para a China para ensinar Budismo no Templo SHAOLIN (SHORINJI). Quando ele chegou encontrou os monges do Templo com uma saúde precária, devido às longas horas que passavam imóveis durante a meditação, imediatamente se preocupou em melhorar a saúde deles. o Vajramushti foi introduzidos na China e no Japão, e depois em outras terras e países. Na China, o Kalaripayátu e o Vajramushti tomaram o nome de Kung Fu. No Japão, estas artes foram desenvolvidas dentro do sistema samurai, onde criou-se e desenvolveu-se o Kenjutso, Jujutso e o Kyūjutsu. Bodhidarma ensinou uma combinação de exercícios de respiração profunda, yoga e uma série de movimentos conhecidos como “As dezoito mãos de LO HAN” (discípulo de Buda). Esses ensinamentos foram reunidos e os monges logo se descobriram capazes de se defender contra os muitos bandidos nômades que os consideravam uma presa fácil. Os ensinamentos de BODHIDHARMA são reconhecidos pelos historiadores como a base de um estilo de arte marcial chamado SHAOLIN KUNG FU. Diferentes estilos de KUNG FU se desenvolveram quando as personalidades e as nuances dos monges emergiram. Havia dois templos SHAOLIN, um na província de Honan e outro em Fuklen. Entre 840 e 846 a.C. Ambos os templos, assim como muitos milhares de templos menores, foram saqueados e queimados. Isto foi supervisionado pelo Governo Imperial Chinês, que na época tinha uma política de perseguição e importunação sobre os budistas. Os templos de HONAN e FUKLEN foram mais tarde reconstruídos somente para serem destruídos por completo pelos Manchus durante a dinastia Ming de 1368 a 1644 a.D. Somente cinco monges escaparam. Todos os outros foram massacrados pelo imenso exército MANCHU. Os cinco sobreviventes tornaram-se conhecidos como “Os Cinco Ancestrais”. Eles vagaram por toda a China, cada um ensinando sua própria forma de KUNG FU. Considera-se que este fato deu origem aos cinco estilos básicos de: Tigre, Dragão, Leopardo, Serpente e Grou. 2- A ARTE MARCIAL DE OKINAWA OKINAWA consiste em 169 ilhas que formam o arquipélago Ryukyu, numa cadeia de ilhas de 1000 quilômetros de comprimento, que se estende no sudoeste japonês, de Kyushu até Taiwan, ainda que as ilhas mais a norte façam parte da província de Kagoshima. Algo interessante é que, na antiguidade, Okinawa fazia parte de um reino independente, o reino Ryukyu. No século XIV existiam diversos pequenos vilarejos agrícolas no arquipélago, o Reino Ryūkyū (da qual Okinawa era a Ilha principal) tratava-se como um estado vassalo ao Império Chinês, desde o século XIII. Os camponeses de Ryūkyū viviam numa situação desagradável, pois, a exemplo do que acontecia em muitos feudos nipônicos, acabavam por pagar os „tributos reais‟ com quase todo o produto da colheita, que eram exigidos pela aristocracia de Ryūkyū Como o porte de armas pela população comum era proibido pelos reis da Dinastia Shō, os Heimin (camponeses) passaram a sistematizar dois sistemas de defesa pessoal que, em verdade, eram treinados juntos. A estes chamaram genericamente de “TE” cujas formas eram rudimentares em relação ao que viríamos conhecer por Karatê-Dō e Kobu-Dō de Okinawa. Empregaram contra os Peichin (Militares), técnicas toscas de agarramento, empurrões, batidas de ombro, punho e pé, além do uso de ferramentas rurais como os batedores de arroz, varas,enxadas, foices, linhas de pesca, manivelas de moinho, ancinhos e outros, para se proteger das espadas, correntes e lanças dos guerreiros do Rei. Desde 1404 d.C., os Ryūkyū recebiam visitas „diplomáticas‟ de representantes chineses, pois como já citamos o reino do qual Okinawa fazia parte era vassalo deste país. Nas visitas dos Sapposhi (militares do „país do meio‟ que vinham supervisionar as relações entre Ryūkyū e a China) haviam intercâmbios culturais, entre estes demonstração de Kung Fu e “TE”, tal intercâmbio deu origem ao treinamento do “KATA”. Passados 25 anos do primeiro encontro, Shō Hashi unificaria os reinos dos Ryūkyū, estabelecendo, entre outras coisas, a periodicidade da vinda dos Sapposhi. Sabe-se que esses eventos eram momentos importantes para trocas culturais com os representantes chineses e que foram realizadas demonstrações dos especialistas Os praticantes de “TE” ficaram famosos, naquele tempo, por feitos inconcebíveis a um ser humano normal, como a capacidade de receber inúmeros golpes sem sofrer danos, paralisar adversários com o “KI-AI”, romper troncos de árvores com golpes ou esmagar grossos talos de bambu com as mãos nuas e matar seus adversários com apenas um golpe. Outro fator apontado para uma nova onda de desenvolvimento do “TE” foi um decreto de proibição do porte de armas pelos ocupantes japoneses de Okinawa em 1609, neste tempo novas técnicas foram incorporadas. No sec. XIX iniciava a prática do Karatê nas escolas de Okinawa. Havia três principais núcleos de “TE” em OKINAWA. Estes núcleos eram as cidades de SHURI, NAHA e TOMARI. Consequentemente os três estilos básicos tornaram-se conhecidos como: SHURI-TE, NAHA-TE e TOMARI-TE. O primeiro deles, SHURI-TE, veio a ser ensinado pelo Sensei Sakugawa (1733 – 1815), que ensinou Sokon “Bushi” Matsumura (1796 – 1893), e que, por sua vez, ensinou ANKO ITOSU (1813 – 1915). Neste contexto, Ankō Itosu, um dos mais eminentes mestres da arte de Okinawa passou a trabalhar em uma forma de levar a prática do Karatê ao público geral, tornando-o a disciplina de Educação Física nas escolas, formulou os “Dez artigos sobre o Tō-de”, que bem aceitos pelos dirigentes do sistema educacional da época possibilitaram a inserção do Karatê nas escolas da prefeitura de Okinawa. Seu aluno mais famoso foi Gichin Funakoshi. SHURI- TE foi o precursor dos estilos japoneses que eventualmente vieram a se chamar SHOTOKAN, SHITO RYU e ISHIN RYU. NAHA-TE tornou-se popular devido aos esforços de Kanryo Higaonna (1853 – 1916). o principal professor de Higaonna foi Seisho Arakaki(1840 – 1920) e seu mais famoso aluno foi Chojun Miyagi (1888 – 1953). MIYAGI também foi à China para estudar. Ele, mais tarde, desenvolveu o estilo conhecido hoje por GOJU RYU. TOMARI-TE foi desenvolvido juntamente por Kosaku Matsumora (1829 – 1898) e Kosaku Oyadomari (1831 – 1905). Matsumora ensinou Chokki Motobu (1871 – 1944) e Oyadomari ensinou Chotoku Kyan (1870 – 1945) – dois dos mais famosos professores da época. Até então TOMARI-TE era largamente ensinado e influenciou tanto SHURI-TE como NAHA-TE. A história do KARATÊ moderno se dá a partir das duas principais linhas de KARATÊ, O SHURI-TE (SHOTOKAN-RYU) e o NAHA-TE (GOJU-RYU); Na historia de Okinawa percebemos que devido se localizar em uma rota comercial e de fundamental posição estratégica (entre a Indonésia, Polinésia, China, Coréia e Japão) o arquipélago Ryukyu foi ocupado e influenciado por diversos impérios (Russo, Chinês, Japonês). Por isso Okinawa desenvolveu uma cultura própria, e parte de sua história significativamente