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Câncer de Mama. Epidemiologia Segundo câncer mais prevalente em mulheres, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma. Incidência maior = região Sudeste e Sul. Alta mortalidade nestas regiões. Aumento do número de casos na faixa etária > 40 anos. Mediana da idade vem aumentando com o tempo, em 200 atingia mulheres com cerca de 53 anos, enquanto em 2010 passou para 56 anos. Dados obtidos através dos Registros de Câncer de Base Populacional (RCBP), surgiram em Campinas, 1991, hoje apresenta 33 unidades, sendo 27 em funcionamento. Unidades sentinela que captam dados e enviam para o INCA, que publica informações. Fatores de Risco Sexo feminino. Idade > 40 anos. Antecedente familiar 1º grau (mãe, irmã e filha). Menacme longo (menarca precoce e menopausa tardia = maior exposição a hormônio). Nuliparidade (amamentação é fator de PROTEÇÃO). Obesidade (gordura periférica produz estrogênio = aumenta a chance do câncer de mama). TRH combinada (uso prolongado, > 2 a 3 anos). Etilismo. Mutação BRCA (BRCA 1 também está relacionado ao ca de ovário/BRCA 2 está relacionado ao câncer de mama em homens. 60 – 85% de chance de desenvolver o câncer). Etnia branca. Critérios para programas de rastreamento. Fatores que levam ao desenvolvimento de programas de rastreamento = 1. Apresentar uma doença considerada um problema de saúde pública = muito prevalente. 2. Estágio pré-clínico definido, assintomático, mas que já exista a doença = período relativamente longo para que tenha a possibilidade de um diagnóstico precoce. 3. Benefícios com diagnóstico precoce = TTO se feito precocemente, traz benefícios e um melhor desfecho para paciente. 4. Existência de exames sensíveis = evitar falso negativo. 5. Custo aceitável = custo cabível com os cofres públicos. Métodos de Rastreamento CA de mama. Autoexame da mama – MS é contra, não apresenta benefícios. Exame clinico da mama – recomendação não é bem definida. Benefício se experiência do examinador. USG – não é indicada. RNM – não é indicada pelo seu alto custo. TC – não é indicada pelo MS. No câncer existe um aumento da vascularização na região e crescimento de células tumorais = causa aumento de temperatura. TC verifica esse aumento. Tomossíntese – não é indicada pela sua alta dose de radiação sem benefícios. INDICADOS: Mamografia. Conscientização. CONSCIENTIZAÇÃO X AUTOEXAME. Conscientização = conhecer a mama e suas alterações cíclicas e fisiológicas (alterações do período pré-menstrual para o pós-menstrual, por exemplo: aumento de tamanho, dor, sensibilidade, surgimento de nódulos). IDENTIFICAR SINAIS DE ALERTA = Qualquer nódulo mamário em mulheres > 50 anos. Nódulo mamário em mulheres > 30 anos, que persistem por + de 1 ciclo menstrual. Nódulo mamário de consistência endurecida e fixo ou que vem aumentando de tamanho, em mulheres adultas de qualquer idade. Descarga papilar sanguinolenta unilateral. Lesão eczematosa da pele que não responde a tratamentos tópicos. Homens > 50 anos com tumoração palpável unilateral. Presença de linfadenopatia axilar. Aumento progressivo do tamanho da mama com a presença de sinais de alerta, como pele em casca de laranja. Retração na pele da mama. Mudança no formato do mamilo. Autoexame = técnica padronizada com periodicidade fixa. Rastreamento do Câncer de Mama no Brasil. Recomendado para mulheres entre 50 – 69 anos com Mamografia Bienal. Rastreamento de grupos de alto risco. Rastreio ANUAL com início aos 35 anos. História familiar = 1º grau com CA de mama bilateral. 1º grau com CA de ovário. 1º grau com CA de mama antes dos 50 anos. CA de mama em homem. História pessoal = Biopsia com lesões proliferativas, atípicas ou carcinoma lobular in situ. Rede assistencial para CA de mama. SISMAMA (Sistema de Informação feito em parceria INCA + DATASUS) para uniformizar o rastreamento e diagnóstico. Uniformizou os lados das mamografias com o método BIRADS (Brest Imaging Reporting and Data System) = classifica os resultados da mamografia e USG em números de 0 a 6. Atualmente o SISMAMA está sendo integrado ao SISCOLO para formar o SISCAN. Classificação BIRADS. 1. Mamografia sem achados benignos ou malignos. Rastreamento de rotina bienal. 2. Achados benignos. Rastreamento de rotina bienal. Usado em qualquer achado = próteses mamárias, aterosclerose, entre outros. 3. Achados PROVAVELMENTE benignos. Pode haver suspeita. Chance de achado maligno < 2%. Fazer controle radiológico por 3 anos, sendo semestral no 1º ano e anual no 2º/3º anos. Confirmando estabilidade = volta rotina. 4. Achados suspeitos de malignidade, variação de 2 a 95%. Subclassificado em A, B e C. Mais característicos de ca. Encaminhamento à atenção secundária para biópsia e estudo histopatológico. 5. Achados altamente suspeitos de malignidade. Biópsia e estudo histopatológico. Nódulos espiculados, calcificações pleomórficas. 6. Já possui diagnóstico histopatológico de ca comprovado. TTO conforme o caso. 1. Exame inconclusivo = exames muito precoces, em caso de pacientes jovens, com a mama muito densa ou pacientes > 50 anos que possuem a mama mais densa naturalmente. Avaliação adicional (outras incidências mamográficas, USG). Reavalia e classifica conforme as outras categorias. Clínica. Nódulo = endurecido, indolor e aderido a planos profundos. Alterações de pele = retração, eczema, eritema e endurecimento difuso. Eczema do carcinoma de Paget = unilateral, destrói a morfologia do mamilo, não coça, evolui mais lentamente e não responde a terapia com corticoides. ≠ eczema areolar. Eritema e endurecimento difuso = aspecto em casca de laranja, aumento de poros, sem dor. Exame clínico das mamas. Inspeção estática. Se inicia com a paciente sentada, de frente e na altura do examinador, com o tórax totalmente despido e braços pendentes ao lado do seu corpo. Observar: Pele: Cor (ERITEMAS OU HIPERPIGMENTAÇÕES). Textura (ESPESSAMENTOS CUTÂNEOS/PROEMINÊNCIAS NOS POROS = podem acompanhar obstruções linfáticas ou alterações como aspecto casca de laranja, causada pelo aumento dos folículos pilosos, sugestiva de neoplasia mamária). Padrão vascular (CIRCULAÇÃO COLATERAL, EDEMAS, ULCERAÇÕES). Mamas: Simetria. Tamanho. Formato. LEMBRAR = é comum e normal haver ≠ entre o tamanho das mamas e das aréolas. Contorno mamário (ABAULAMENTOS OU RETRAÇÕES) = SEMPRE comparar com a mama contralateral. Mamilos: Simetria. Tamanho Formato (PLANOS, PROTUSOS OU INVERTIDOS). Pesquisar descamações, fissuras, erupções e ulcerações e presença de mamilos supranumerários. Derrame mamilar. Inspeção dinâmica. Permanece sentada. Coloca as mãos atrás da cabeça e posteriormente na cintura para realizar contração do músculo peitoral maior. Pode-se solicitar que incline o corpo para frente. Observam-se os mesmos itens da inspeção estática. Maior atenção para a presença de retrações ou lesões despercebidas ou ressaltadas pelo deslocamento da mama durante os movimentos. Palpação dos linfonodos. Apoiar o braço da paciente sobre seu braço de modo que os músculos da paciente fiquem relaxados e frouxos. Dedos do examinador posicionados na parte superior da axila e movimentados firmemente em 4 direções = Face costal até o oco axilar; Face umeral até o oco axilar; Face peitoral e dorsal = seguindo os músculos peitoral maior e dorsal respectivamente. Verificar presença de linfonodos sensíveis e/ou aumentados de tamanho. Palpação das mamas. Dividida em: Palpação do tecido mamário. Palpação mamilo. Pesquisa de descarga papilar. Examinador ao ladodireito da paciente, descobre somente a mama a ser examinada e inicia a palpação. Deve ser realizada com os dedos em movimento de rotação. Mama dividia em 4 quadrantes para ser totalmente avaliada. Começa pelo mamilo seguindo para a periferia em raios imaginários. Obedecer o sentido horário ou anti-horário = depende do quadrante pelo qual se iniciou o exame. Avaliar consistência do tecido = variável e depende das proporções relativas do tecido glandular (mais firme) e de gordura (mais mole). Nodularidade fisiológica = aumenta durante o período menstrual e avaliar hipersensibilidade comum do período pré- menstrual. Palpar o prolongamento mamário axilar. Detalhar a presença de nódulo quanto à: a. Localização. b. Tamanho. c. Formato (oval, redondo, lobulado ou indiferenciado). d. Consistência (lisa, regular, amolecida ou endurecida). e. Delimitamento (bem delimitado ou não. f. Sensibilidade (dor ou não a palpação). g. Mobilidade (fixo em planos profundos ou movimentação livre). Identificar se solitário ou múltiplo. Aspecto da pele sobre o nódulo. Linfonodomegalia associada. Palpação dos mamilos: observar retrações ou deslocamento. Pesquisa de descarga papilar: aplicar pressão e pinçar o mamilo. Realizado em pelo menos 2 direções. Diagnóstico. Histopatológico: Biópsia cirúrgica incisional ou excisional = retirar um pedaço ou nódulo completo e mandar para avaliação histopatológica. Core Biopsy = punção por agulha grossa. Guiada por USG. Corta um pedaço do nódulo → tecido para avaliação histopatológica. Histoquímico: Saber tipo molecular do carcinoma para indicação de tratamento adequado posterior. Pesquisar receptores hormonais positivos, supraexpressão de Her-2 (proteína aumentada na replicação das células tumorais) e grau de proliferação do ca. Tipos moleculares: Luminais A = receptores hormonais positivos + Her-2 negativo + Ki67 < 14%. Luminais B = receptores hormonais positivos + Her-2 negativo + Ki67 > 14%. Her-2 = receptores hormonais negativos + aumento de Her-2. Luminal Her-2 = receptores hormonais positivos + aumento Her- 2. Basal = triplo negativo. Estadiamento. O sistema de estadiamento mais utilizado é o preconizado pela União Internacional Contra o Câncer (UICC), denominado Sistema TNM de Classificação dos Tumores Malignos. Este sistema baseia-se na extensão anatômica da doença, levando em conta: 1. As características do tumor primário (T); TX O tumor primário não pode ser avaliado. T0 Não há evidência de tumor primário. Tis Carcinoma in situ. T1 (< 2 cm), T2 (2 – 5 cm), T3 (> 5cm), T4 (qualquer tamanho acometendo tecidos adjacentes). Tamanho crescente e/ou extensão local do tumor primário. 2. As características dos linfonodos das cadeias de drenagem linfática do órgão em que o tumor se localiza (N); NX Os linfonodos regionais não podem ser avaliados. N0 Ausência de metástase em linfonodos regionais. N1, N2, N3 Comprometimento crescente dos linfonodos regionais. N1 = linfonodos axilares ipsilaterais móveis. N2 = linfonodos aderidos. N3 = outras cadeias de linfonodos (infra/supraclavicular). 3. A presença ou ausência de metástases à distância (M). MX A presença de metástase à distância não pode ser avaliada. M0 Ausência de metástase à distância. M1 Metástase à distância. Tratamento. Cirúrgico = 1ª opção. Quanto menor a retirada da mama melhor para a autoestima e evitar complicações. Setorectomia = retirada parcial da mama. Sempre associar a radioterapia. Contra-indicações: 1. Tumores > 1/5 da mama. 2. Gestantes (contraindicação a radioterapia). 3. Doenças do colágeno (contraindicação a radioterapia). 4. Tumores multicêntricos. 5. TTO anterior com radioterapia na região. Mastectomia total = pode ser simples ou radical. Simples – retira apenas o tecido mamário. Radical – além do tecido mamário, linfonodos e peitoral menor e maior. Linfonodo sentinela – primeiro linfonodo a receber drenagem da mama. Se livre de câncer, muito provavelmente os outros também estejam. Pesquisa de linfonodo sentinela – retira o linfonodo sentinela para estudo histológico transoperatório, para verificar se o mesmo está comprometido. Como identificar? Injetar corante azul patente ou tecnécio (detectado por radiação), massagear a mama para drenagem linfática e dissecar as axilas em busca do linfonodo azul que é retirado e mandado para o anatomopatológico. Quimioterapia = sempre indicada quando: Linfonodo sentinela positivo. Outras situações específicas. Quimioterapia Neoadjuvante = antes da cirurgia. Tumores volumosos = reduzir o tamanho do nódulo para cirurgia mais conservadora. Avaliar teste de sensibilidade (in vivo) = verificar a qual fármaco o tumor vai responder. Radioterapia = é indicada quando? Cirurgia conservadora. Radical se = bordas comprometidas no anatomopatológico, comprometimento de pele e parede torácica. Mais que 4 linfonodos acometidos. Tumores lumiais (receptores de estrogênio positivos) utiliza-se hormonioterapia = Tamoxifeno: modulador seletivo do receptor de estrogênio, atua como antagonista nos receptores de estrogênio na mama = ↓ efeito do tumor sobre células possivelmente cancerígenas que se proliferariam com exposição a esse hormônio. Inibidores da Aromatase (anastrozol) → enzima conversora de androgênio em estrogênio. CONTRAINDICADA em pacientes antes da menopausa. Manter por 5 anos para reduzir o risco de recidivas. Tumores Her-2+ utiliza-se = Trastuzumab: anticorpo com terapia direcionada para cânceres com superexpressão do Her-2. Terapia mais direcionada para células com esse receptor. Linha de cuidado no câncer de mama. Atenção Básica = porta de entrada. Consulta com generalista. Investigação de lesões palpáveis e suspeitas. Rastreamento (mulheres assintomáticas de 50 a 69 anos). Indicações de mamografias bienais. Médica complexidade (atenção secundária). Consulta com especialista. Diagnóstico. Alta complexidade (UNACON/CACON). UNACON = Unidade de Alta Complexidade em Oncologia. Oferece consultas, exames, cirurgias e ttos com quimioterapia e radioterapia, não sendo uma obrigatoriedade. CACON = Centro de Referência de Alta Complexidade em Oncologia. Exercem o papel auxiliar, de caráter técnico, ao gestor do SUS nas políticas de atenção oncológica. OBRIGATÓRIO ter radioterapia, fazer reconstrução da mama. Cuidados paliativos. Cuidado domiciliar = ao voltar para casa, geralmente realizado pela Atenção Básica. Pacientes com diagnóstico histológico de CA = iniciar o tto em até 60 dias (Lei Nº 12.732/2012). Toda paciente com mutilação da mama, tem garantida sua reconstrução, preconizada sua realização na cirurgia radical, porém, a reconstrução imediata pode ser contraindicada em alguns casos (Lei Nº 9.797/1999).
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