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A dengue é uma virose sistêmica aguda, causada pelo vírus da dengue e constitui uma arbovirose. FATORES DE RISCO: - Infecção secundária - Idade - Doenças crônicas (asma, anemia falciforme e DM) - Crianças (maior risco de desenvolver choque hipovolêmico) Epidemiologia Possui maior incidência no verão. A doença é passível de comprometer todos os níveis socioeconômicos da sociedade. No entanto, as camadas menos favorecidas possuem mais riscos pelo inadequado suprimento de água potável (acúmulo de água em recipientes) e pela deficiente coleta de resíduos sólidos (lixo). Etiologia O vírus da dengue é da família Flaviviridae e do gênero Flavivirus, vírus RNA de filamento único, esférico, envelopado, medindo aproximadamente 60 nm. Possui 4 sorotipos: DEN-1, DEN-2, DEN-3, DEN-4. Em termos de virulência, a dengue é mais grave na seguinte ordem: 2, 3, 4 e 1. Ou seja, não é uma ordem numérica, um indivíduo pode pegar qualquer sorotipo em qualquer momento, mesmo sem histórico de dengue. O Aedes aegypti adquire o vírus se alimentando do sangue de um indivíduo infectado, na fase da viremia. Após 8-12 dias, o vírus se multiplica nas glândulas salivares da fêmea do mosquito, podendo causar a transmissão. Transmissão O vírus é transmitido ao homem por insetos hematófagos (fêmeas) do gênero Aedes, após a sua picada. Os hábitos do mosquito são diurnos (início da manhã) e vespertino (final da tarde). Como possui voo limitado, não consegue se afastar por mais de 200m do local de oviposição. A fêmea faz a postura de ovos em coleções de água parada, onde se desenvolve as larvas. De forma mais rara, pode ainda haver a transmissão de forma vertical (dengue neonatal) ou por transfusão sanguínea. Após a picada a fêmea regurgita logo após ingerir alguma quantidade de sangue. Sabe-se que a fêmea prenha e infectada pode passar verticalmente o vírus à prole (transmissão transovariana). Patogênese Após a inoculação, o vírus se replica nas células mononucleares dos linfonodos locais ou nas células musculares esqueléticas (locais pelos quais o vírus possui tropismo), produzindo a viremia. No sangue, o vírus penetra os monócitos, promovendo a 2 onda de replicação. Assim, tanto no interior dessas células, como no plasma, o vírus se dissemina pelo organismo. A replicação viral estimula a produção de citocinas, e essas promovem o surgimento da febre, principalmente o TNF-alfa e a IL-6. Assim a resposta imunológica começa já na primeira semana de infecção. Os linfócitos TCD8 conseguem destruir células infectadas pelo vírus. Além disso, a partir do 6 dia da doença o IgM antidengue começa a ser produzido, atingindo o pico no final da 1 semana e persistindo no soro por alguns meses. O IgG surge na 1 semana e atingem pico no final da 2 semana, mantendo-se positivo por vários anos. Forma Grave Apenas 0,3 a 4% evoluem para a febre hemorrágica do dengue (FHD), com gravidade maior. Essa forma grave é explicada pela teoria de Halstead. Essa teoria baseia-se na amplificação imune dependente de anticorpo que pode ocorrer na infecção sequencial. Assim, indivíduos com reinfecção por sorotipo diferente do responsável pela primoinfecção e que nela tenham produzido anticorpos não neutralizantes, têm facilitado o ingresso de maiores quantidades de vírus nas células parasitadas, pois esses anticorpos heterotípicos, além de não inativarem os vírus, permitem de modo mais eficiente o parasitismo celular, levando a uma infecção maciça. Com isso, haverá exagerada produção de citocinas pró- inflamatórias causando disfunção endotelial, acarretando extravasamento de líquido intravascular para o interstício. Essa saída de líquido para o 3 espaço, pode-se chegar ao extremo de gravidade, causando a síndrome do choque do dengue (SCD). Os fenômenos hemorrágicos, que não são obrigatórios na FHD, são devidos a vasculopatia, trombocitopenia, disfunção plaquetária ou ou coagulação intravascular disseminada (CID). A plaquetopenia pode ser decorrente da infecção de células hematopoiéticas e insuficiente crescimento da célula progenitora, resultando em disfunção plaquetária, sequestração periférica ou consumo aumentado. De forma mais rara, pode haver envolvimento de órgãos como uma hepatite em graus variados de insuficiência hepática, geralmente com elevações consideráveis das aminotransferases. Há ainda possibilidade de miocardite e encefalopatia importantes, mesmo na ausência de extravasamento plasmático ou choque. Clínica A infecção pela dengue pode desenvolver quadros assintomáticos ou subclínicos, até formas aparentes, oligossintomáticas ou plenamente sintomáticas. Quando sintomática, causa uma doença sistêmica e dinâmica de amplo espectro clínico, variando desde formas oligossintomáticas até quadros graves, podendo evoluir para o óbito. Assim, podemos dividir as manifestações clínicas da dengue em 3 fases evolutivas: febril, crítica de recuperação. Fase Febril A febre que tem duração de 2 a 7 dias, geralmente alta (39ºC a 40ºC), de início abrupto, associada à cefaleia, à adinamia, às mialgias, às artralgias e a dor retroorbitária, caracterizando a chamada “febre quebra-ossos”. O exantema está presente em 50% dos casos, é predominantemente do tipo máculo-papular, atingindo face, tronco e membros de forma aditiva, não poupando plantas de pés e palmas de mãos, podendo apresentar-se sob outras formas com ou sem prurido. Dura no máximo de 36 a 48h. Anorexia, náuseas e vômitos podem estar presentes. A diarreia costuma ser branda, cursando com fezes pastosas por 3 a 4x por dia, o que facilita o diagnóstico diferencial com gastroenterites de outras causas. Fase Crítica Somente alguns pacientes evoluem para essa fase, são aqueles que desenvolvem extravasamento plasmático. Normalmente se instala durante a fase de desfervecencia da febre, entre o 3º e 7º dia após o início dos sintomas. Seus primeiros sinais são os sinais de alarme, sendo eles: - Dor abdominal intensa (referida ou à palpação) e contínua. - Vômitos persistentes. - Acúmulo de líquidos (ascite, derrame pleural, derrame pericárdico). - Hipotensão postural e/ou lipotimia. - Hepatomegalia > 2 cm abaixo do rebordo costal. - Sangramento de mucosa. - Letargia e/ou irritabilidade. - Aumento progressivo do hematócrito. DENGUE GRAVE As formas graves da doença podem manifestar-se com extravasamento de plasma, levando ao choque ou acúmulo de líquidos com desconforto respiratório, sangramento grave ou sinais de disfunção orgânica como o coração, os pulmões, os rins, o fígado e o sistema nervoso central (SNC). 1. CHOQUE: O choque circulatório ocorre quando um volume critico de plasma sai do espaço intravascular, causando hipovolemia e má perfusão tecidual. Geralmente isso ocorre entre o 4º ou 5º dia. O período de extravasamento plasmático e choque leva de 24 a 48 horas. Considera-se hipotensão: PAS < 90 mmHg ou PAM < de 70 mmHg em adultos, ou uma diminuição da PAS > 40 mmHg ou < 2 desvio-padrão abaixo do intervalo normal para idade. Pressão de pulso <= 20 mm Hg. Em adulto, é muito significativa a diminuição da PAM associada a taquicardia. Sem tratamento, o choque leva o paciente ao óbito em um intervalo de 12 a 24 horas. O choque prolongado e a consequente hipoperfusão de órgãos, pode causar comprometimento progressivo destes, além de acidose metabólica e coagulação intravascular disseminada. Esse último pode levar a hemorragias graves, causando diminuição de hematócrito agravando ainda mais o choque. Além disso, podem ocorrer alterações cardíacas graves (insuficiência cardíaca e miocardite), manifestando-se com redução de fração de ejeção e choque cardiogênico. Síndrome da angústia respiratória, pneumonites e sobrecargas de volume podem ser a causa do desconforto respiratório. 2. HEMORRAGIA: alguns pacientes podem desenvolver denguegrave sem choque. São os pacientes que desenvolvem hemorragias. Este tipo de hemorragia, quando é do aparelho digestivo, é mais frequente em pacientes com histórico de úlcera péptica ou gastrites, assim como também pode ocorrer devido a ingestão de ácido acetil salicílico (AAS), anti- inflamatórios não esteroides (Aines) e anticoagulantes. 3. DISFUNÇÃO GRAVE DE ÓRGÃOS: Também pode ocorrer sem choque. As miocardites por dengue são expressas principalmente por alterações do ritmo cardíaco (taquicardias e bradicardias), inversão da onda T e do segmento ST com disfunções ventriculares (diminuição da fração da ejeção do ventrículo esquerdo), podendo ter elevação das enzimas cardíacas. Em até 50% dos paciente pode haver elevação das aminotransferases. Contudo, elevação de 10 vezes o valor máximo normal, associado à elevação do valor do tempo de protrombina, pode denotar comprometimento severo das funções hepáticas (hepatite grave). Alguns pacientes podem ainda apresentar manifestações neurológicas, como convulsões e irritabilidade. Entretanto, o acometimento grave do sistema nervoso ocorre mais na fase febril ou na fase de recuperação. A insuficiência renal aguda é pouco frequente. Fase de Recuperação Pacientes que recebem tratamento adequado durante a fase crítica evoluem para a fase de recuperação, em que o líquido extravasado é reabsorvido, cursando com progressiva melhora clínica. Nesta fase o débito urinário se normaliza ou aumenta, podem ocorrer ainda bradicardia e mudanças no eletrocardiograma. Alguns pacientes podem apresentar um rash cutâneo acompanhado ou não de prurido generalizado. Infecções bacterianas poderão ser percebidas nesta fase ou ainda no final do curso clínico. Nessa fase deve se atentar para complicações relacionadas a hiper-hidratação. Diagnóstico Anamnese Pesquisar a presença de febre, referida ou medida, incluindo o dia anterior à consulta; pesquisar ainda: - Data de início da febre e de outros sintomas. - Presença de sinais de alarme - Alterações gastrointestinais (náuseas, vômitos, diarreia, gastrite). - Alterações do estado da consciência: irritabilidade, sonolência, letargia, lipotimias, tontura, convulsão e vertigem. - Diurese: frequência nas últimas 24 horas, volume e hora da última micção. - Se existem familiares com dengue ou dengue na comunidade, ou história de viagem recente para áreas endêmicas de dengue (14 dias antes do início dos sintomas). - Condições preexistentes, tais como obesidade, asma, diabetes mellitus, hipertensão. Exame Físico Avaliar os sinais vitais: temperatura, qualidade de pulso, frequência cardíaca, pressão arterial, pressão de pulso e frequência respiratória PAM. Avaliar ainda: - O estado de consciência com a escala de Glasgow. - O estado de hidratação. - O estado hemodinâmico: pulso e pressão arterial, determinar a pressão arterial média e a pressão de pulso ou pressão diferencial, enchimento capilar. - Verificar a presença de derrames pleurais, taquipneia, respiração de Kussmaul. - Pesquisar a presença de dor abdominal, ascite, hepatomegalia. - Investigar a presença de exantema, petéquias ou sinal de Herman "mar vermelho com ilhas brancas". - Buscar manifestações hemorrágicas espontâneas ou provocadas (prova do laço). - A partir da anamnese, do exame físico e dos resultados PROVA DO LACO Deve ser feita em todo paciente suspeito de dengue, que não apresenta sangramento espontâneo. Deve desenhar um quadrado de 2.5 cm de lado, no antebraço do paciente. Após isso procede com a insuflação do manguito do esfigmomanômetro até o valor médio da pressão arterial aferida [(PAS + PAD)/2]. Assim, observamos o surgimento de petéquias ou equimoses dentro dele. O surgimento de 20 ou mais petéquias no antebraço de um adulto e de 10 ou mais em uma criança, define um resultado POSITIVO. No adulto, o teste é realizado por até 5 minutos e na criança por até 3 minutos. Esse teste pode não se efetivo em pacientes obesos e nos casos de choque. Confirmação Diagnóstica Até o 5º dia o diagnóstico pode ser confirmado com: pesquisa de antígenos virais (NSI – ideal a realização nos 3 primeiros dias), isolamento viral (cultura), RT-PCR e por imuno- histoquímica tecidual. A negatividade desses testes não descartar o diagnóstico. O diagnóstico pode ser descartado apenas com a evidência de ausência de IgM antidengue a partir do 6 dia. A partir do 6º dia o diagnóstico pode ser feito pela sorologia, com pesquisa de IgM antidengue pela técnica de ELISA Classificação de Caso Baseia-se nas informações clínicas, laboratoriais e epidemiológicas do paciente. Caso Suspeito Pessoa que viva em área onde se registram casos de dengue, ou que tenha viajado nos últimos 14 dias para área com ocorrência de transmissão de dengue (ou presença de Ae. aegypti). Deve apresentar febre, usualmente entre 2 e 7 dias, e 2 ou mais das seguintes manifestações: - Náusea, vômitos. - Exantema. - Mialgias, artralgia. - Cefaleia, dor retro-orbital. - Petéquias. - Prova do laço positiva. - Leucopenia. Caso suspeito de dengue com sinais de alarme É todo caso de dengue que, no período de defervescência da febre, apresenta 1 ou mais sinais de alarme. Caso suspeito de dengue grave É todo caso de dengue que apresenta 1 ou mais dos resultados a seguir: - Choque “compensado” ou “descompensado” - Sangramento grave (hematêmese, melena, metrorragia volumosa, sangramento do sistema nervoso central). - Comprometimento grave de órgãos, tais como: dano hepático importante (AST/ALT>1.000), sistema nervoso central (alteração da consciência), coração (miocardite) ou outros órgãos. Tratamento A terapia se baseia no alívio sintomático (analgésico, antitérmicos, antieméticos e antipruriginosos), com muita hidratação. OBS.: Não se realiza a prescrição de AAS em pacientes com dengue. No geral, o tratamento da dengue em si é feito por meio de uma abordagem clinicoevolutiva, dividindo os pacientes em 4 grupos de risco, de acordo com a anamnese e com o exame físico. Grupo A CARACTERIZAÇÃO: caso suspeito de dengue + ausência de sinais de alarme + ausência de sangramento espontâneo ou induzido. Sem comorbidades, grupo de risco ou condições clínicas especiais. CONDUTA DIAGNÓSTICA: exames específicos são obrigatórios apenas em situações não epidêmicas. No contexto de epidemia, o diagnostico pode ser feito por critérios clínicos e epidemiológicos. Pode realizar hemograma e outros exames laboratoriais a critério médico. TRATAMENTO: O paciente deve ser tratado a nível ambulatorial. Deve: - Prescrever paracetamol e/ou dipirona - Hidratação oral, em um volume de 60 ml/kg/dia para adultos, sendo 1/3 de solução salina (soro de reidratação oral) e 2/3 com líquidos caseiros (água, sucos, chas). 1/3 do volume total da hidratação deve ser ofertado no início do tratamento. Adulto de 70kg deve consumir 4.2 L/dia Ingerir 1.4L nas primeiras 4-6 horas após o atendimento Manter a hidratação durante todo o período febril e por 24-48h após a desfervecencia. * Agendar o retorno para reavaliação clínica no dia de melhora da febre (possível início da fase crítica); caso não haja defervescência, retornar no 5º dia de doença. Grupo B CARACTERIZAÇÃO: caso suspeito de dengue + ausência de sinais de alarme + presença de sangramento espontâneos ou induzidos. - Esse paciente apresenta condições clínicas especiais associadas, como crianças < 2 anos, gestantes, idosos com > 65 anos, HAS, DM, DPOC, anemia falciforme e púrpuras, DRC, hepatopatias e doenças autoimunes. CONDUTA DIAGNÓSTICA: exames específicos são obrigatórios apenas em situações não epidêmicas. No contexto de epidemia, o diagnostico pode ser feito por critérios clínicos e epidemiológicos. Solicitar exames complementares: - Hemograma completo, obrigatório para todos os pacientes. Deve colher amostrano momento do atendimento. O resultado deve ser liberado em até 2h ou no máximo 4h. Tem o objetivo de avaliar a hemoconcentração - Outros exames deverão ser solicitados de acordo com a condição clínica associada ou a critério médico. TRATAMENTO: o paciente deve em acompanhamento e observação até o resultado dos exames. Enquanto isso, deve receber hidratação oral conforme recomendado para o grupo A, até o resultado dos exames. Se houver hematócrito normal: - Tratamento em regime ambulatorial com reavaliação clínica diária. - Agendar o retorno para reclassificação do paciente, com reavaliação clínica e laboratorial diária, até 48h após a queda da febre ou imediata, na presença de sinais de alarme. - Orientar o paciente para não se automedicar, permanecer em repouso e procurar imediatamente o serviço de urgência em caso de sangramentos ou sinais/sintomas de alarme Se houver hematócrito aumentado deve proceder da mesma forma que os pacientes do grupo C. Grupo C CARACTERIZAÇÃO: caso suspeito de dengue + presença de pelo menos 1 sinal de alarme CONDUTA DIAGNÓSTICA: exames específicos são SEMPRE obrigatórios. Além disso, é obrigatório a realização de hemograma, dosagem de albumina e de transaminases. Pode ser realizado RX de tórax e USG de abdome. - Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma TRATAMENTO: nesses pacientes, o mais importante é iniciar a reposição volêmica imediata, mesmo na ausência de exames complementares conforme segue: 1. Reposição volêmica com 10 ml/kg de soro fisiológico na 1 hora. Devem permanecer em acompanhamento em leito de internação até estabilização – mínimo 48 horas. 2. Proceder a reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese: desejável 1 ml/kg/h) após 1 hora, manter a hidratação de 10 ml/kg/hora, na 2 hora, até a avaliação do hematócrito que deverá ocorrer em 2 horas (após a etapa de reposição volêmica). O total máximo de cada fase de expansão 20 ml/kg em 2 horas, para garantir administração gradativa e monitorada. A) Se não houver melhora do hematócrito ou dos sinais hemodinâmicos, deve repetir a fase de expansão até 3 vezes. Seguir a orientação de reavaliação clínica (sinais vitais, PA, avaliar diurese) após 1 hora, e de hematócrito em 2h (após conclusão de cada etapa). B) Se houver melhora clínica e laboratorial após a(s) fase(s) de expansão, iniciar a fase de manutenção: - Primeira fase: 25 ml/kg em 6 horas. Se houver melhora iniciar segunda fase. - Segunda fase: 25 ml/kg em 8 horas, sendo 1/3 com soro fisiológico e 2/3 com soro glicosado. Se não houver melhora clínica e laboratorial, mesmo com a fase de manutenção, deve conduzir como grupo D. Os pacientes do Grupo C devem permanecer em leito de internação até estabilização e critérios de alta, por um período mínimo de 48h. Grupo D CARACTERIZAÇÃO: caso suspeito de dengue + presença de sinais de alarme de choque, sangramento grave ou disfunção grave de órgãos CONDUTA DIAGNÓSTICA: exames específicos são SEMPRE obrigatórios, mas não são essenciais para a conduta. Além disso, é obrigatório a realização de hemograma, dosagem de albumina e de transaminases. Deve ser realizado RX de tórax e USG de abdome. - Outros exames poderão ser realizados conforme necessidade: glicemia, ureia, creatinina, eletrólitos, gasometria, TPAE e ecocardiograma. TRATAMENTO: o paciente de ser internado em UTI, até estabilização do quadro (no mínimo 48h). A reposição volêmica deve iniciar imediatamente com a fase de expansão rápida parenteral, com solução salina isotônica, mesmo na ausência de exames complementares: 20 ml/kg em até 20 minutos, em qualquer nível de complexidade Realiza reavaliação clínica a cada 15-30 minutos e de hematócrito em 2h. Estes pacientes necessitam ser continuamente monitorados. Repetir fase de expansão até 3x. 1. Se houver melhora clínica e laboratorial após fases de expansão, retornar para a fase de expansão do grupo C e seguir a conduta recomendada para o grupo. 2. No caso de resposta inadequada, caracterizada pela persistência do choque, deve-se avaliar: A) Se o hematócrito estiver em ascensão, após a reposição volêmica adequada. Se sim, deve utilizar expansores plasmáticos (albumina 0,5-1 g/kg). B) Se o hematócrito estiver em queda e houver persistência do choque, deve investigar hemorragias e avaliar a coagulação. - Na presença de hemorragia, transfundir concentrado de hemácias (10 a 15 ml/kg/dia). - Na presença de coagulopatias avaliar necessidade de uso de plasma fresco (10 ml/kg), vitamina K endovenosa e crioprecipitado. - Transfusão de plaquetas nas seguintes condições: sangramento persistente não controlado, depois de corrigidos os fatores de coagulação e do choque, e com trombocitopenia e INR > 1,5 vezes o valor normal. C) Se o hematócrito estiver em queda com resolução do choque, ausência de sangramentos, mas com o surgimento de outros sinais de gravidade, observar: - Sinais de desconforto respiratório, sinais de insuficiência cardíaca congestiva e investigar hiperhidratação. Se presente, deve-se tratar com diminuição importante da infusão de líquido, uso de diuréticos e drogas inotrópicas, quando necessário. A infusão de líquidos deve ser interrompida ou reduzida à velocidade mínima necessária se: - Houver término do extravasamento plasmático; - Normalização da pressão arterial, do pulso e da perfusão periférica; - Diminuição do hematócrito, na ausência de sangramento; - Diurese normalizada; - Resolução dos sintomas abdominais. Considerações sobre o grupo C e D - Oferecer O2 em todas as situações de choque (cateter, máscara, Cpap nasal, ventilação não invasiva, ventilação mecânica) - O acompanhamento da reposição volêmica é feitA pelo hematócrito, diurese e sinais vitais. - Evitar procedimentos invasivos desnecessários, toracocentese, paracentese, pericardiocentese; no tratamento do choque compensado é aceitável catéter periférico de grande calibre; - Nas formas iniciais de reanimação o acesso venoso deve ser obtido o mais rapidamente possível. - Monitoração hemodinâmica minimamente invasiva, como oximetria de pulso, é desejável, mas em pacientes graves, descompensados, de difícil manuseio, os benefícios de monitoração invasiva como PAM, PVC, Svc02 podem suplantar os riscos. - O choque com disfunção miocárdica pode necessitar de inotrópicos.
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