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Vias de administração de medicamentos Medicamento é toda substância introduzida no organismo que atende uma finalidade terapêutica (preventiva, paliativa, curativa ou repositiva/substitutiva). É o produto farmacêutico, uma forma farmacêutica que contém o fármaco, geralmente em associação com adjuvantes Fármaco é uma substância química conhecida com estrutura química definida dotada de propriedade farmacológica, que atua no organismo. Agem no local de aplicação ou de forma sistêmica (circula na corrente sanguínea e seus efeitos atingem determinados órgãos e sistemas, ou todo o organismo). Fase biofarmacêutica Ocorre antes da farmacocinética (caminho do fármaco no organismo), pela liberação do fármaco da cápsula, do envelope, entre outros fatores que protegem o princípio ativo do pH gástrico. Absorção É a transferência de um fármaco desde o seu local de administração até a circulação sangüínea. Principalmente via oral, sendo que a velocidade e eficiência de absorção depende de vários fatores. Passa por efeito suco gástrico eaguarda o esvaziamento do estômago até o duodeno, passa pela circulação porta, pela hepática, onde pode sofrer modificações, sendo direcionado, em seguida, para a circulação sistêmica. Pode ser absorvido por: mucosa bucal, gástrica, duodenal, retal, conjuntival, nasal, traqueal, brônquica, uretral e vaginal, além de ter absorção pelos alvéolos pulmonares, pele, região intramuscular, etc. Após o sangue, ele pode estar ligado à uma proteína plasmática (reservatório) ou livre, sendo que apenas a forma livre tem ação.Quanto mais próximo o pKa (50% ionizado e 50% não-ionizado) for do pKa ionizável, mais fácil ela terá sua ação. Por exemplo, anestésico não tem seu efeito em locais inflamados, já que o lactato deixa a região ácida, de modo que o anestésico está em maior parte ionizado, não penetrando na membrana biológica e não tendo seu efeito. Um órgão mais perfundido tem efeito de absorção e ação mais rápido. Fatores que afetam a biodisponibilidade: pH gástrico, capacidade de esvaziamento estomacal, dieta, doenças, tamanho das partículas, forma farmacêutica, entre outras.Na grávida, o esvaziamento demora mais tempo, de modo que a droga irá ter seu efeito num tempo maior. Efeito de primeira passagem As substâncias absorvidas pelo TGI caem na circulação porta hepática, sendo metabolizadas pelo fígado antes de sua distribuição, alterando sua biodisponibilidade (porção da droga ingerida que atinge a circulação sistêmica). Depois, podem ser secretadas pela bile, sendo excretadas ou reabsorvidas pelo ciclo entero-hepático. Ao passar pelo fígado, parte da droga pode ser: ♦ Inalterada ♦ Ativada ♦ Inativada Distribuição É a passagem de um fármaco da corrente sanguínea para os tecidos, indo até seu local de ação (biofase). A distribuição é afetada por fatores fisiológicos e pelas propriedades físico-químicas da substância, como lipossolubilidade, hidrossolubilidade, ligação a proteínas plasmáticas, entre outros. Os fármacos pouco lipossolúveis, por exemplo, possuem baixa capacidade de permear membranas biológicas, sofrendo assim restrições em sua distribuição. Já as substâncias muito lipossolúveis podem se acumular em regiões de tecido adiposo, prolongando a permanência do fármaco no organismo. Além disso, a ligação às proteínas plasmáticas pode alterar a distribuição do fármaco, pois esse processo pode limitar o acesso aos locais de ação intracelular. Citam-se fatores que podem alterar a distribuição: ♦ Carga elétrica: fármacos ionizados têm dificuldade em atravessar o endotélio vascular e assim atingir outras regiões do organismo. ♦ Estabilidade química: formas instáveis quimicamente podem ser biotransformadas em produtos de baixa permeabilidade capilar. ♦ pH e pKa: fatores que afetam diferentemente o grau de ionização dos fármacos, como pro exemplo, substância ácida em meio alcalino, tende a se ionizar e consequentemente sua passagem pela membrana fica mais dificultada. ♦ Afinidade a proteínas plasmáticas: a taxa de ligação a proteínas determina quanto de fármaco vai permanecer livre e apto a se distribuir para outros compartimentos, e quanto de fármaco vai permanecer ligado, como fração de reserva nas proteínas. Sistema tricompartimental: o organismo é dividido em três compartimentos principais: ♦ Central: órgãos mais difundidos do corpo, como cérebro, coração, rins, suprarrenal, corrente sanguínea, entre outros. ♦ Periférico rápido: músculos. ♦ Periférico lento: gordura, pele, ossos, entre outros. Após a droga se distribuir para o compartimento central, ela passa a ser redistribuída até entrar em equilíbrio com os outros compartimentos, primeiro com o periférico rápido, depois com o periférico lento. Quanto mais perfundido o tecido, mais rápido recebe a modificação e mais rápido entra em equilíbrio. Biotransformação ou metabolismo É a transformação do fármaco em outras substâncias, por meio de alterações químicas, geralmente sob a ação de enzimas inespecíficas. Ocorre principalmente no fígado, nos rins, nos pulmões e no tecido nervoso. Entre os fatores que podem alterar o metabolismo do fármaco estão a idade, a raça, alguns fatores genéticos, além da indução e da inibição enzimática. Indução enzimática: elevação dos níveis de enzimas (como do complexo p450) ou da velocidade dos processos enzimáticos, resultantes de um metabolismo acelerado do fármaco. Alguns fármacos têm a capacidade de aumentar a produção de enzimas ou a velocidade de reação das enzimas. O alcoolismo agudo, que ocupa todas as ‘poucas’ enzimas p450 torna o efeito de outros fármacos, como benzodiazepínicos, muito mais rápido, por delongar sua metabolização. Já o alcoolismo crônico faz indução enzimática, em que aumenta a produção de enzima p450, sendo resistente à droga. Inibição enzimática: drogas atuam inibindo enzimas, fazendo com que aumente o tempo de ação de drogas que seriam metabolizadas por essa via. Caracteriza-se por uma queda na velocidade de biotransformação, resultando em efeitos farmacológicos prolongados e maior incidência de efeitos tóxicos do fármaco. Esta inibição em geral é competitiva. Pode ocorrer, por exemplo, entre duas ou mais drogas competindo pelo sítio ativo de uma mesma enzima. Metabólito: produto da reação de biotransformação de um fármaco, possuindo propriedades diferentes das drogas originais, geralmente com propriedades farmacológicas reduzidas, sendo mais hidrossolúveis e mais facilmente excretados. Citocromo P450: é o principal mecanismo para metabolização de produtos endógenos e xenobióticos e importante fonte de variabilidade individual no metabolismo de drogas. Envolvido no mecanismo de interação entre as drogas e relacionado a efeitos tóxicos de determinados fármacos. 1º fase: oxidação, hidrólise e redução, gerando metabólitos ativos, que vão para o sangue e inativos, que vão para a próxima fase. 2º fase: associação a moléculas que auxilia na excreção desses metabólitos inativos. Excreção Retirada do fármaco do organismo, seja na forma inalterada ou na de metabólitos ativos e ou inativo. Ocorre por diferentes vias e ocorre conforme as propriedades físico-químicas do fármaco Vias de administração 1) Administração oral ou uso interno ♦ Pouca absorção até que o fármaco chegue ao intestino delgado. ♦ Determinada por fatores: área disponível à absorção, fluxo sanguíneo na superfície absortiva, estado físico (solução, suspensão ou preparação sólida) e hidrossolubilidade do fármaco, e sua concentração no local de absorção. ♦ Absorção é facilitada quando o fármaco estiver em sua forma não ionizada mais lipofílica. ♦ É menos dispendiosa e de fácil administração. ♦ Contraindicado em casos de náuseas, vômitos, diarreia e dificuldade para engolir. 2) Administração sublingual ♦ Absorção ocorre pela mucosa oral. Tem importância especial para alguns fármacos, embora a superfície disponível para absorção seja pequena. ♦ Drenagem venosa daboca para a veia cava superior com o desvio da circulação porta protege o fármaco do metabolismo rápido causado pela 1ª passagem pelos intestinos e pelo fígado. ♦ O assoalho oral muito vascularizado promove o transporte transmucoso rápido. ♦ Requer alta lipofilicidade e dissolução. ♦ Usados em emergência, como nitratos para angina. 3) Administração retal ♦ 50% do fármaco absorvido pelo reto passará pelo fígado, sofrendo menos efeito de 1ª passagem. ♦ Pode ser irregular e incompleta e alguns fármacos podem causar irritação da mucosa retal. ♦ Evita irritação gástrica e vômito; uso em coma e inconsciência; pediatria, geriatria e psiquiatria. ♦ Depende da dissolução e da motilidade. 4) Administração parenteral ♦ Administração de medicamentos “ao lado do tubo digestivo” ou sem utilizar o trato gastrointestinal. Tipos de injeção Via intradérmica: restrita, injeta-se doses muito baixas (0,1-0,5 ml). Utilizada para formas de PPD, dessensibilização, auto vacinas, vacina BCG, entre outros. Via subcutânea: medicação introduzida na tela subcutânea, tendo absorção lenta, através dos capilares, de forma lenta e segura. Deve ser realizada apenas com fármacos que não causam irritação dos tecidos, caso contrário, pode provocar dor intensa, necrose e descamação dos tecidos. Volume não deve exceder 3 ml. Via intramuscular: via muito utilizada, devido absorção rápida. O músculo escolhido deve ser bem desenvolvido, ter facilidade de acesso, não ter vaso de grande calibre nem nervos no seu trajeto. O volume injetado varia na região deltóide (2 a 3 ml), na glútea (4 a 5 ml) e no músculo da coxa (3 a 4 ml). Em fármacos injetados em solução oleosa ou suspensos em vários outros veículos de depósito (depot) a absorção resultante depois da injeção intramuscular será lenta e constante. Algumas substâncias muito irritantes para serem administradas por via subcutânea podem ser algumas vezes aplicadas por via intramuscular. Via intra-óssea: obtenção de uma via venosa em estado crítico, após três tentativas. De fácil acesso, sendo feita em ossos longos, de modo que sinusóides da medula óssea drenam para canais venosos que levam o sangue ao sistema venoso. A vantagem anatômica da medula óssea é seu funcionamento como uma veia rígida que não colaba em estado de hipovolemia e no choque circulatório periférico. Assim, a via IO tem sido usada com eficácia como via de emergência na parada cardiorrespiratória, nos casos de choque hipovolêmico e séptico, queimaduras graves, estados epiléticos prolongados e desidratação intensa, principalmente em crianças. Via subaracnóidea e peridural: a barreira hematencefálica e líquido cerebrospinal (LCS) geralmente impedem ou retardam a entrada dos fármacos no SNC, por isso, quando há necessidade de produzir efeitos locais rápidos dos fármacos nas meninges ou no eixo cerebrospinal, alguns fármacos são injetados diretamente no espaço subaracnóideo medular. Injeção intra-arterial: fármaco é injetado diretamente em uma artéria para localizar seus efeitos em um tecido ou órgão específico. Não ocorre atenuamento (damping), efeitos de 1ª passagem e eliminação pulmonar. Via endovenosa: introdução do fármaco direto na veia. A biodisponibilidade é completa e rápida, sendo que a liberação do fármaco é controlada e assegurada com precisão e rapidez. NÃO DEVEM ser administrados fármacos dissolvidos em veículos oleosos, compostos que se precipitam no sangue ou que provoquem hemólise de eritrócitos, e combinações de fármacos que formam precipitados. Mais indicada em membros superiores, evitando articulações, sendo que o melhor local é a face anterior do antebraço “esquerdo”. Usa-se essa via geralmente quando se tem necessidade de ação imediata do medicamento, de injetar grandes volumes (hidratação) ou na introdução de substâncias irritantes de tecidos. Tipos de infusão Em bolos: administração endovenosa para aumentar a concentração da substância no sangue de forma rápida, em menos de 1 minuto. Infusão lenta: 1ml da substância pura por minuto. Geralmente entre 30 e 60 minutos. Infusão rápida: infusão com duração de 1 a 30 minutos Infusão contínua: qualquer medicação infundida com mais de 60 minutos. Geralmente usa-se uma bomba de infusão. Administração intermitente: não contínua, por exemplo, de 6 em 6 horas.
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