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Choque em Cirurgia É uma alteração hemodinâmica e metabólica aguda, extremamente grave, que pode ocorrer devido a patologias clínicas e cirúrgicas. A maioria necessita de intervenção médica para reversão. Conceito É uma redução significativa da quantidade de O2 consumido pelos tecidos, causada por queda de fluxo sanguíneo, bloqueios metabólicos intracelulares ou uma combinação dessas duas alterações. O distúrbio hemodinâmico pode ser causa ou consequência do processo inicial. Quando as alterações hemodinâmicas tornam-se evidentes, o choque pode já estar ocorrendo há horas. A oferta de O2 e do seu consumo é medido de forma direta por um cateter colocado através do coração dentro da artéria pulmonar. Diagnóstico: a alteração básica do choque ocorre nos tecidos e na microcirculação. FISIOLOGIA Os capilares formam uma extensa rede e no repouso estão fechados, mas se abrem com estímulos teciduais, permitindo a perfusão do sangue. O fluxo de sangue através da microcirculação é regulado pelo estímulo dos receptores adrenérgicos que controlam a contração ou dilatação em resposta às catecolaminas produzidas pelas suprarrenais ou pelos gânglios do SNA. Essa distribuição não existe nos vasos cerebrais e nas coronárias (cérebro e coração podem variar sua perfusão de acordo com suas próprias necessidades). o Receptores – α: vasoconstritores (respondem a Nora) o Receptores – β: vasodilatadores (respondem a adrenalina) Na liberação de adrenalina (SNS), o sangue desvia dos capilares passando das arteríolas diretamente para as vênulas (através dos shunts) sem perfundir os tecidos – quando você leva um susto fica branco. Portanto, a opção biológica na emergência é de sacrificar a perfusão de todo o organismo para manter o coração e cérebro. Os capilares pulmonares reagem sempre com vasoconstrição a várias substâncias (cininas, prostaglandinas) e a hipóxia, provocando aumento na resistência pulmonar. Achado comum em pacientes graves. FATORES DESENCADEANTES Queda ou inadequação do volume circulante o Por redução do fluxo devido à perda real de volume ou aumento do contingente (vasodilatação) o Causas frequentes Hemorragia Perda de água e eletrólitos (diarreia, vômitos, poliúria). Vasodilatação primária (toxina, mediadores inflamatórios, drogas) Aumento da permeabilidade capilar com extravasamento de líquidos (toxinas, mediadores inflamatórios) o Fator agravante é a viscosidade aumentada do sangue devido à elevação do hematócrito. Queda ou inadequação do DC: o O DC insuficiente não matem o fluxo sanguíneo periférico em níveis necessários para oxigenação adequada o Causas Infarto do miocárdio, arritmias graves, pericardite construtiva. Nas infecções e inflamações o DC está frequentemente elevado, mas é insuficiente para atender a demanda exagerada dos tecidos periféricos. Bloqueio do metabolismo celular aeróbico Causas: Toxinas, mediadores inflamatórios, venenos, hipóxia, alterações da composição acidobásica ou hidroeletrolítica mantida. o O fluxo sanguíneo está conservado, mas as células não têm condições metabólicas adequadas e com a continuação do processo, há o choque. CICLO VICIOSO Qualquer que seja o fator iniciante, os eventos se sucedem de forma que se instala um circulo vicioso. Desvio circulatório para shunts – preservar a circulação para órgão nobre – fecha a arteríola dos tecidos periféricos PADRÕES HEMODINÂMICOS DO CHOQUE Medidas usadas o Fluxo sanguíneo – Pressão/Resistência o Débito Cardíaco – Volume ejetado pelo coração por minuto o Resistencia Periférica Total (RPT) - Viscosidade do sangue/πr4 A resistência da microcirculação é maior porque a velocidade é sempre menor do que nos grandes vasos o Pressão Venosa Central – depende da volemia, DC e RPT É medido por um cateter (acesso central) e expressa em cm de água o Pressão Arterial: pressão exercida nas artérias Padrão Hipovolêmico o Apresenta queda da ↓PA e pressão venosa, ↑vasoconstrição com aumento da resistência periférica total e ↓queda do DC. Padrão Cardiogênico o Queda primaria do ↓DC, com lentidão do fluxo na periferia, elevação da ↑pressão venosa (o sangue chega, mas não consegue bombear) e esmagamento da PA, com queda predominante da sistólica aproximando-se da diastólica . Padrão Hiperdinâmico o Vasodilatação periférica (baixa resistência vascular) e ↑aumento do DC o Alargamento da PA com queda da pressão sistólica mais do que da diastólica o Taquicardia e aspecto pletórico o Comum em infecções e choque anafilático – padrão séptico, mas pode ocorrer em outras situações, como em inflamações . Padrão Hipodinâmico o Apresenta-se geralmente nas fases terminais de qualquer choque o Queda do DC, vasoconstrição periférica com queda ou elevação da pressão venosa dependendo do predomínio do componente cardiogênico ou hipovolêmico. Termos muito usados o Choque Compensado: quando as alterações hemodinâmicas estão relativamente controladas, porém não se sustentam espontaneamente, sendo necessária a constante manutenção de drogas vasoativas. o Choque supercompensado: Usado para designar um exagero na resposta adrenérgica fazendo com que a ↑PA fique acima dos valores prévios devido à vasoconstrição. Situação instável em longo prazo e necessita ser tratada. Praticamente só verificada em adultos jovens Hiperdinâmico – ↑DC e ↓RVP (séptico, anafilático, neurogênico) Hipodinâmico - ↓DC e ↑ RVP (cardiogênico, obstrutivo, hipovolêmico) *no cardiogênico há aumento da Pressão Venosa (o sangue retorna, mas não é bombeado) e a F pode estar aumentada ou diminuída. * No Hipodinâmico a Pressão Venosa está aumentada QUADRO CLÍNICO o PA: pode haver queda súbita ou gradual da pressão. Ela pode permanecer aparentemente mantida, mas tem seu padrão modificadicado – alargada ou estreita por efeito da vasodilatação ou vasoconstrição. o Perfusão periférica – observada nos leitos ungueais ou em locais de circulação terminal. Verifica-se lentidão da circulação com cianose ou palidez, ou aumento da velocidade, com apecto pletórico ou vasodilatado o Pressão Venosa Central: pode modificar-se para mais ou menos. Sem valor diagnóstico quando isolado, mas útil para terapia. o Nivel de consciencia: geralmente sem alteração, exceto em idosos(circulação cerebral protegida). Pode ter alterações devido a patologia base que está causando o choque o Diurese: o volume urinário depende da perfusão renal, a qual se reduz no choque. Oligúria é um dos principais sinais de hipofluxo QUADRO LABORATORIAL O diagnóstico é essencialmente clínico, não tem exame laboratorial para confirmar, mas é importante para o tratamento. TRATAMENTO Qualquer paciente com instabilidade hemodinâmica deve ser abordado como choque. Organize uma tabela para verificar: Pulso, PA, FC, FR, T, PVC, diurese, aspecto da circulação periférica e tratamento instituído. Em casos de comprometimento pulmonar e cardiopatias – DC, Pressão da artéria pulmonar e pressão de Wedge ou pressão encunhada Um único membro da equipe médica deve ficar exclusivamente encarregado de avaliar o caso continuamente Colher no início material para dosagem laboratorial – gasometria arterial e venosa, hemograma com plaqueta, sódio, potássio, ureia, creatina, cultura (sangue, urina e secreções), proteínas, glicemia, coagulograma. Administrar volume é a primeira medida mesmo que não tenha perda visível, exceto se a PVC estiver comprovadamente alta. o Se a resposta for negativa Aumento da pressão venosa sem correspondente aumento da pressão arterial- função cardíaca não está sendo suficiente para redistribuir o volume recebido e houve queda do DC – usar drogas com efeito cardiotônico Aparecimento de ascite, edema periférico ou pulmonar - alteração de permeabilidade capilar e o volume administrado não se mantem na circulação – esse tratamento isolado não vai reverter o choque. Resposta Inicial favorável, mas fugaz com necessidade de perfusões crescente de líquido para manter a situação hemodinâmica estável - causa geralmente é uma vasodilatação mantida e muito intensa Uso de drogas o Cardiotônicas Puramente cardiotônicas – digital Usado quando é necessário aumentar o DC Efeito colateral: impregna no tecido e não sofre metabolização rápida, por isso é usadas em doses baixas e fracionadas. Drogas vasoativas com ação simultânea nos receptores β cardíacos o Vasodilatadores Estimulantes β: causam vasodilatação, principalmente no nível dos shunts. Aumenta o fluxo periférico, mas geralmente não melhoram o consumo de O2. Uso indicado para aumentar o DC. Pode ser usado como coadjuvante do tratamento de choque com padrão hipodinâmico e principalmente quando existe bradicardia. Pode causar taquicardia excessiva e arritmia.- isoproterenol Bloqueadores α: sem efeito direto no coração, mas pode aumentar o DC indiretamente por meio da redução da Resistência periférica. Pode aumentar o fluxo capilar efetivo e consumo de oxigênio, mas tem pouco uso choque estabelecido porque produzem grandes quedas na PA e agravam a hipoperfusão. Usados mais em síndromes de baixo débito ou em choque supercompensado. Ex: alguns sedativos - levomepromazina e o nitroprussiato de sódio cujo efeito único é a vasodilatação. o Vasoconstritores: efeitos periféricos e β cardíacos – mais usadas porque conseguem promover a elevação da PA e agem diretamente nas fibras cardíacas aumentando o débito. Adrenalina: estimulante α e β periférico+ - não produz uma vasoconstrição acentuada – usada excepcionalmente porque é pouco potente para controlar a PA e produz muita taquicardia - pode ser empregada como coadjuvante em pacientes com choque anafilático acompanhado de broncoespasmo (no pulmão faz vasodilatação) ou em choques com bradicardia para aumentar a frequência cardíaca. Noradrenalina: possui efeito α++ periférico e β cardíaco é bastante potente, pouco taquicardíaco e não provoca arritmia - pode ser usada em qualquer situação para aumentar a PA. O ruim é que pode causar vasoconstrição excessiva e oligúria em alguns casos Dopamina: dose dependente - ação α periférica e β cardíaca menos potente que a nora, mas provoca muito mais taquicardia e arritmia - efeito exclusivo nos receptores dopaminérgicos renais, podendo promover diurese (pode ser usada como diurético). Em choque pode ser usada para manter a PA. Algumas vezes é impossível continuar administração devido à taquicardia excessiva ou poliúria como consequência hipovolemia impedindo a reversão de choque Dobutamina: efeito predominante sobre receptores β1 (seletivo) cardíacos com aumento da contratilidade do débito sem produzir muita arritmia. Descreve-se ainda a capacidade de reduzir a PA pulmonar indicada principalmente em choque. O componente cardiogênico outras aminas simpatomiméticas podem ser usadas o É possível associar uma mais droga para controlar situação mesmo que seus efeitos possam ser aparentemente antagônicos o Drogas vasoativas - veia central ou empregar bomba de infusão para a dose se manter constante e não ser alterada por outras medicações ou soros. o A velocidade de infusão deve ser ajustada de acordo com as medidas da PA ou de outro parâmetro que se pretenda corrigir - não há dose pré-estabelecida pois a resposta muito individual e depende conforme a evolução do Choque o Não conseguindo obter a resposta esperada deve substituir ou associada à outra forma - existe o risco de agravar a situação hemodinâmica o O uso da droga vasoativa é transitório destinado apenas a modificação do distúrbio hemodinâmico logo que haja estabilidade deve retirar a droga gradualmente CHOQUES COMPLEXOS o São aqueles que não podem ser controlados apenas com a manipulação das alterações hemodinâmicas ou quando o paciente apresenta insuficiências orgânicas, principalmente respiratória e renal. o É necessário a medida das PA, pressão do capilar pulmonar, DC e o cálculo da Resistência periférica pulmonar. o É um paciente muito grave com a alta mortalidade e necessita estar internado em uma UTI REMOÇÃO DA CAUSA DO CHOQUE o A patologia pode demandar a tratamento cirúrgico por isso tem que ser decidido qual o momento ideal para o procedimento o Enquanto não se opera, o choque não pode ser definitivamente solucionado, mas em um paciente instável a anestesia e a cirurgia são fatores de agravamento o O ideal é que tenha sido possível estabilizar o paciente, mesmo com o uso de drogas vasoativas. o O paciente que está usando drogas deve ser encaminhado para cirurgia sem interromper sua administração e avisar para o anestesista o Preferir cirurgias menos traumáticas e com menor duração o A capacidade de cicatrização tecidual do paciente está comprometida, portanto deve evitar suturas de alças (anastomose) dando-se preferência a estomas. o Também pode ser mais vantajoso fazer porções de abscessos localizados (punção) do que amplas drenagens por meio de laparotomia. PROFILAXIA DO CHOQUE o O choque é resultado de um ou mais desencadeantes e quanto mais fatores houver, maior será a possibilidade da ocorrência do choque. o O cirurgião deve sempre está preparado para eventualidade no pré, intra e pós-operatório, não esquecendo que a cirurgia é também um fator desencadeante do choque. o Verificar a presença de patologias prévias que interfiram diretamente na situação hemodinâmica - cardiopatia e HAS - o paciente que apresenta alguma dessas patologias facilmente perde o controle de suas condições circulatórias o Manter expansão de volume administrado líquido em ligeiro excesso em relação ao possivelmente necessário, exceto o se houver evidentemente contraindicação. o Manter a oxigênio ação sanguínea e hemoglobina em nível suficiente para que mantenham o aporte tecidual de oxigênio o Tomar cuidado com infecções e principalmente com manipulações de foco o Deve-se decidir qual o melhor momento para efetuar um procedimento cirúrgico e qual será essa cirurgia muitas vezes é necessário que o plano cirúrgico Inicial seja mudado e o cirurgião precisa ter também flexibilidade de raciocínio para tomar as decisões.
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