Buscar

Direito Civil - Apostila resumida

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 104 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Civil
1. LINDB
1.1 – 1942 – 19 artigos
1.2 – 2010 alterou nome – mera adequação formal
1.3 – 2018 – 10 artigos – traz novas informações de direito público.
1.4 – Origem do nome: Direito francês – código napoleônico.
1.5 – Tem status de Lei Ordinária
1.6 – Direito Brasileiro – Civil Law – Lei é fonte primária ‘
2. LINDB: Conjunto de regras e princípios que visam regular aspectos referente a interpretação, aplicação, vigência, revogação, direito transitório e direito internacional privado e segurança jurídica (Código de normas autônomo). 
3. Vigência: aplicabilidade da lei.
3.1 –A) Princípio da Obrigatoriedade das Leis – uma vez em vigor, a lei torna-se obrigatória para todos os seus destinatários (art. 3° da LINDB). (Não é preceito absoluto).
3.2 - Uma vez a lei em vigência, a pessoa não pode alegar o desconhecimento da norma. 
· Teorias para esse princípio: 
3.3 Teoria da Ficção Legal: obrigatoriedade da norma porque ela foi instituída pelo ordenamento jurídico por uma questão de segurança jurídica.
3.4 - Teoria da Presunção Absoluta – Presunção iuri et iuri – todo mundo conhece a lei. 
3.5 - Teoria da Necessidade Social: as normas têm que ser conhecidas para que sejam observadas.
3.6 B) Princípio da Continuidade das Leis – a partir de sua vigência, a lei tem eficácia contínua, até que outra a revogue (embora possam existir “leis temporárias”, art. 2º da LINDB). 
	O desuso ou o decurso de tempo não fazem com que a lei perca sua eficácia.
No Brasil, a lei só sai do ordenamento jurídico se for revogada, salvo as leis temporárias que já nascem com data para morrer. – Somente lei revoga lei. 
Costume negativo não revoga lei. No Brasil, não existe desuetudo. 
A lei tem obrigatoriedade e tem continuidade.
3.7 - A Lei passa a existir no ordenamento com a promulgação.
Depois da promulgação há a publicação, em razão do princípio da obrigatoriedade, de forma que haverá o conhecimento de todos, sendo uma condição de vigência.
4. Vacacio Legis - um período para que a lei possa ser conhecida. Em regra, o prazo é de 45 dias. Se for uma lei que produza efeito no estrangeiro, o prazo é de 3 meses – pode haver um prazo maior previsto na norma, quando ela for mais complexa. Começa a contar no dia da publicação e termina no último dia. 
5. Validade: qualidade da norma por terem sido obedecidas as condições formais e materiais de sua produção (devido processo legislativo) e consequente integração no sistema jurídico da sociedade.
6. Vigencia: vigentia (estar em voga, vigorar) qualidade de vigente, o tempo durante o qual uma coisa vige ou vigora. É a qualidade da norma no que diz respeito ao seu tempo de validade. É o período de vida da lei, que vai do momento em que ela entra em vigor (passa a ter força vinculante; início da obrigatoriedade) até o momento em que é revogada, ou em que se esgota o prazo prescrito para sua duração (lei temporária). Lei em vigor é a que se mantém em voga, para ser efetivamente aplicada aos casos sob o seu regime. A lei revogada, por outro lado, é a lei que, tecnicamente, não tem mais vigência.
- VIGOR É A IMPERATIVIDADE DA NORMA! SUA FORÇA DE APLICAÇÃO!
- Vigência está associada ao tempo de duração de uma lei, vigor está associado à força normativa de uma lei.
7. Ultratividade da norma: é quando uma norma revogada continua produzindo efeitos em relação a situações específicas realizadas sob sua vigência (continua tendo vigor embora não tenha vigência).
8. Eficacia: qualidade da norma que está em vigor no tocante à possibilidade de produção de efeitos concretos, seja porque foram cumpridas as condições exigidas para tal (eficácia jurídica ou técnica), seja porque estão presentes as condições fáticas exigíveis para sua observância, espontânea ou imposta, ou para a satisfação dos objetivos visados (eficácia social ou efetividade).
9. Uma lei pode ser válida e possuir vigência (já vigorar), pois está apta a produzir efeitos. No entanto, na prática, ela ainda não tem eficácia, não produzindo efeitos concretos, pois depende da prática de atos pelo Estado, os quais ainda não foram praticados.
10. Artigo 1°: Salvo disposição em contrário, uma lei começa a vigorar, em todo o país, quarenta e cinco dias depois de oficialmente publicada (princípio da obrigatoriedade simultânea ou vigência sincrônica).
11. Não há impedimento para vigência progressiva, devendo estar expresso na lei quando o for. 
	O prazo de quarenta e cinco dias não se aplica aos atos normativos administrativos (decretos, resoluções, portarias, instruções normativas, regimentos, regulamentos etc.) cuja obrigatoriedade determina-se pela publicação oficial. Tornam-se, assim, obrigatórios desde a data de sua publicação, salvo se dispuserem em contrário, não alterando a data da vigência da lei a que se referem. A falta de norma regulamentadora é hoje suprida pelo mandado de injunção.
12. Artigo 1°, § 1°: Nos Estados, estrangeiros, a obrigatoriedade da lei brasileira, quando admitida, se inicia três meses depois de oficialmente publicada.
13. Artigo 1º, § 3°: Se, antes de entrar a lei em vigor, ocorrer nova publicação de seu texto, destinada a correção, o prazo deste artigo e dos parágrafos anteriores começará a correr da nova publicação (há questões de prova que dizem que tem que recontar a lei toda e outras que conta só dos alterados).
14. ) Artigo 1°, § 4°: As correções a texto de lei já em vigor consideram-se lei nova. 
15. O prazo de vacatio legis conta-se: incluindo-se o dia do começo (ou seja, o dia da publicação da Lei) e também do último dia do prazo (que é o dia do seu vencimento). Assim, a lei entrará em vigor no dia subsequente a sua consumação integral (ainda que seja sábado, domingo ou feriado)
16. Salvo a norma temporária, tem-se o princípio da continuidade/eficácia contínua, ou seja, até que outra lei a revogue. 
17. Revocatio, revocare – Anular, invalidar, desfazer, desvigorar; significa tornar sem efeito uma lei ou qualquer outra norma jurídica; é a supressão da força obrigatória da lei, retirando sua eficácia.
18. O artigo 2º, §1°, da LINDB dispõe que a lei posterior revoga a anterior nos seguintes casos:
1) Quando expressamente assim o declare – revogação expressa; 
2) Quando seja com ela incompatível – revogação tácita; 
3) Quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior – revogação tácita
19. Tipos de Revogação
1. Total (ab-rogação) – Quando a lei nova regula inteiramente a matéria da lei anterior, ou quando existe incompatibilidade (explícita ou implícita) entre as leis.
2. Parcial (derrogação) – Quando torna sem efeito apenas uma parte da lei ou norma, permanecendo em vigor todos os dispositivos que não foram modificados
3. Expressa (ou por via direta) – Quando a lei nova taxativamente declara revogada a lei anterior ou aponta os dispositivos que pretende suprimir (art. 2°, §1º, LINDB).
4. Tácita (indireta ou via oblíqua) – Quando a lei posterior é incompatível com a anterior e não há disposição expressa no texto novo indicando a lei que foi revogada. Diz o artigo 2º, §1º, LINDB, que ocorre a revogação tácita quando “seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria que tratava a lei anterior”.
OBS: É possível a ultratividade ou pós-atividade da norma, que nada mais é do que a possibilidade de produção de efeitos por uma lei revogada. No direito brasileiro, não existe a possibilidade de retirar o efeito de uma lei por meio de um costume – é a chamada supremacia da lei sobre os costumes. É a inadmissibilidade do desuetudo – uma espécie de costume negativo ou desuso.
20. Repristinação é restabelecimento da eficácia de uma lei anteriormente revogada. O termo é originário do italiano ripristinare, ou seja, reconstituir, restituir ao valor, caráter ou estado primitivo (art. 2º, §3º)
- No Brasil NÃO há repristinação, salvo disposição em contrário.
Efeito repristinatório: É o que ocorre no controle de constitucionalidade da lei revogadora, ou seja, se a lei revogadora for declarada inconstitucional, haverá o efeito repristinatório restaurando-seos efeitos da norma revogada, já que a norma revogadora será considerada como nunca existente.
21. Lei geral (CC/02) e lei especial (ex. alimentos): leis gerais e especiais podem coexistir. 
22. Métodos de integração da norma – ausência de lei para o caso específico, lacunas da lei (art. 4 LINDB) – utiliza-se ferramentas de correção do sistema
Normativa: ausência total de norma
Ontológica: presença de norma para o caso, mas sem eficácia social.
Axiológica: tem a norma para o caso, mas a norma sendo aplicada é insatisfatória ou injusta.
De conflito/antinomia: choque de duas ou mais normas que sejam válidas e aplicáveis. 
OBS: subsunção (encaixe perfeito entre a norma e o caso concreto) e integração (não tem norma para o caso concreto).
Analogia -> Costumes -> Princípios gerais do direito
Analogia: aplicação de norma ou conjunto de normas aproximadas ao caso (ex. 157 CC/02 e 156 CC/02) 
- Legal/LEGIS: aplica apenas uma norma.
- Jurídica/IURIS: aplicação de conjunto de normas próximas. 
OBS: diferente de interpretação extensiva: amplia a aplicação da própria norma, é caso de subsunção. 
• Analogia x interpretação extensiva: na analogia, ocorre a integração por via da aplicação de norma (s) próxima (s). Por outro lado, na interpretação extensiva, ocorre uma ampliação do sentido de uma lei e, assim, subsunção. 
•. No caso de lesão (art. 157, CC/02), o sujeito assume o compromisso excessivamente desproporcional por inexperiência ou necessidade, enquanto, no estado de perigo (art. 156, CC/02), o sujeito assume compromisso desproporcional para fim de salvamento. De acordo com o artigo 157, §2°, do CC/02, se a parte contrária oferecer suplemento suficiente para a manutenção do reequilíbrio contratual, ocorre integração com o artigo 156 e, portanto, analogia.
Costumes
• Hoje, é possível observar o conceito de costume levando em consideração práticas que tenham usos reiterados, conteúdo lícito e relevância jurídica. Sendo assim, um costume contra legem (contrário à norma) não pode ser utilizado.
Modalidades de costume: 
–Secundum legem: é costume de acordo com a lei (não é método de integração). Ex: ocorrência de vício redibitório em animais. 
– Praeter legem ou costume integrativo: Método de integração quando a lei é omissa. Ex. Súmula 370 do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que estabelece, por via de praeter legem, que constitui dano moral a apresentação antecipada de cheque pré-datado, uma ordem de pagamento à vista. 
– Contra legem: é o costume contrário a lei. Não pode ser utilizado como método de integração e não é utilizado como critério de revogação de norma, mas pode ser utilizado para a interpretação de uma norma. 
• Violação – abuso de direito (Súmula 370, STJ). O artigo 187 do CC/02 dispõe que também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites pelos fins econômico e social, pelos bons costumes e pela boa-fé. 
• Costume judiciário, também chamado de jurisprudência consolidada. Os costumes judiciários podem ser observados nos entendimentos constantes e súmulas dos Tribunais, principalmente no que está relacionado a precedentes judiciais.
•. Características (para ser considerado como fonte): 
– Continuidade. 
– Diuturnidade. 
– Moralidade. 
– Obrigatoriedade. 
– Uniformidade.
Princípios gerais de direito
• O Código Civil estabelece três categorias básicas de princípios: 
– Eticidade. 
– Operabilidade ou concretude. 
– Socialidade.
Equidade
• Não consiste em método de integração, mas auxilia nessa missão. 
• Fonte informal, indireta ou mediata do direito. 
• Consiste no uso do bom senso, justiça: justiça do caso concreto, julgamento com convicção do que é efetivamente justo. 
• Julgamento por equidade: desconsidera regra ou norma jurídica para usar outras regras. – Quando a lei permitir. Art. 140 CPC.
• Julgamento com equidade: decidir com a justiça ao caso concreto. – Toda decisão do juiz deve ser com equidade. 
• Equidade legal: Exemplo – Art. 413 CC. 
• Equidade judicial: Exemplo Art. 140 CPC.
Conflito das Normas no Tempo
O direito intertemporal soluciona o caso, aplicando dois critérios: as disposições transitórias e o princípio da irretroatividade das leis.
A) Disposições Transitórias (direito intertemporal) – A lei, para evitar eventuais e futuros conflitos, em seu próprio corpo, geralmente ao final, pode estabelecer regras temporárias, destinadas a dirimir conflitos entre a nova lei e a antiga, conciliando a nova lei com as relações já definidas pela norma anterior.
B) IRRETROATIVIDADE DAS LEIS - A regra no ordenamento jurídico brasileiro é a irretroatividade das leis, ou seja, estas não se aplicam às situações constituídas anteriormente. Trata-se de um princípio que visa dar estabilidade e segurança ao ordenamento jurídico preservando situações já consolidadas sob a lei antiga, em que o interesse particular deve prevalecer.
Excepcionalmente a norma pode retroagir: 
O art. 5º, inciso XXXVI da Constituição Federal determina que “A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito e a coisa julgada.” 
O art. 6º da LINDB prevê que: “A lei em vigor terá efeito imediato e geral, respeitados o ato jurídico perfeito, o direito adquirido e a coisa julgada.”
OBS: Em Outras Palavras A lei nova tem eficácia imediata e geral, ou seja, atinge os fatos pendentes e os futuros que se realizarem já sob sua vigência, não abrangendo os fatos passados.
Tempus Regit Actum: A lei que incide sobre um determinado ato é a do tempo em que este ato se realizou.
Ato Jurídico Perfeito − é o ato que já está consumado, de acordo com a norma vigente no tempo em que se efetuou; com todas as formalidades exigidas pela lei, por isso o ato não pode ser alterado pela existência de lei posterior. 
Direito Adquirido − é o direito que já se incorporou ao patrimônio e à personalidade de seu titular, podendo ser exercido a qualquer momento. Para ser considerado “direito adquirido” são necessários dois requisitos: 
a) existência de um fato; 
b) existência de uma norma que faça do fato originar-se direito. Enquanto não estiverem presentes estes elementos não há direito adquirido, mas “expectativa de direito”. 
Coisa Julgada − é a decisão judicial da qual não cabe mais recurso (transitou em julgado). Assim, uma lei nova não pode alterar aquilo que já foi apreciado em definitivo pelo Poder Judiciário.
A proteção é absoluta? Não.
– É possível relativizar princípios e regras porque estamos diante da era da ponderação dos princípios e valores. 
JDC – 109: a restrição da coisa julgada oriunda de demandas reputadas improcedentes por insuficiência de prova não deve prevalecer para inibir a busca da identidade genética pelo investigando.
CC – 2035, Parágrafo único. Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar a função social da propriedade e dos contratos.
Interpretação Das Leis
Exegese é a aplicação prática das regras de hermenêutica. 
a) Quanto às Fontes − a interpretação pode ser autêntica (pelo próprio legislador por meio de outro ato normativo), doutrinária (pelos estudiosos) ou jurisprudencial (pelos Tribunais).
b) Quantos aos Meios − a interpretação pode ser gramatical (observa-se regras de linguística, sentido filológico), lógica (ou racional, na qual a lei é examinada no seu conjunto), ontológica (busca-se a essência da lei, sua razão de ser, a ratio legis, razão da lei), histórica (observância das circunstâncias que provocaram a expedição da lei), sistemática (comparativo da lei atual de acordo com as demais normas que inspiram aquele ramo), sociológica ou teleológica (adapta o sentido ou a finalidade da norma às novas exigências sociais).
Art. 5° - LINDB diz que: “Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum.
c) Quanto aos Resultados − a interpretação pode ser declarativa (a letra da lei corresponde exatamente ao pensamento do legislador, não havendo necessidade de interpretação), extensiva(o legislador disse menos do que pretendia, sendo necessário ampliação da aplicação da lei) ou restritiva (o legislador disse mais do que pretendia, sendo necessário restringir a sua aplicação). 
OBS: Normas de exceção ou excepcionais não podem ter interpretação extensiva. 
OBS: Negócios jurídicos benéficos e a renúncia só admitem interpretação restritiva (art. 114 CC).
– Súmula 364 STJ - O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. (Súmula 364, CORTE ESPECIAL, julgado em 15/10/2008, DJe 03/11/2008)
Antinomia – Conflito entre Normas Lacunas
• Lacuna normativa: ausência total de norma – métodos de integração. 
• Lacuna ontológica: há norma para o caso, mas não há eficácia social. 
• Lacuna axiológica: há norma para o caso, mas a aplicação é insatisfatória ou injusta. 
• Lacuna de conflito ou antinomia: choque de 2 ou mais normas válidas e aplicáveis. Antinomia é a presença de duas ou mais normas conflitantes, sem que a lei afirme qual delas deva ser aplicada a um caso concreto; há uma incompatibilidade de conteúdos das normas. Há falar, inclusive, em “lacunas de conflito” ou “lacunas de colisão”. 
a) Real – esta ocorre quando não existe no ordenamento jurídico um critério normativo para solucionar o conflito. Aplicando-se uma norma, viola-se outra, e vice-versa. Somente será eliminado este tipo de antinomia com a edição de uma nova norma elucidando e solucionando o caso (Solução do Poder Legislativo) ou adoção do princípio máximo de justiça (Solução do Poder Judiciário – artigo 8º CPC).
b) Aparente – ocorre quando os critérios para a solução estiverem nas normas integrantes do próprio ordenamento jurídico. Nesta hipótese o conflito é apenas aparente, sendo aplicada apenas uma das normas (LINDB). 
Critérios para Eliminar o Conflito (segue a ordem abaixo)
• Hierárquico (lex superior derogat legi inferiori) – é o primeiro a ser aplicado, baseado na superioridade de uma fonte de produção jurídica sobre outra. 
• Especialidade (lex specialis derogat legi generali) leva em consideração a amplitude das normas. Ou seja, se o legislador tratou um determinado assunto com mais cuidado e rigor, ele deve prevalecer sobre o outro que foi tratado de forma geral. 
• Cronológico (lex posterior derogat legi priori) – é baseado no momento em que a norma jurídica entra em vigor, restringindo-se somente ao conflito de normas pertencentes ao mesmo escalão. 
Classificação da Antinomia 
a) Primeiro grau – o conflito envolve apenas um dos referidos critérios; ou seja, para a solução aplica-se apenas um dos critérios. Casos: em conflito entre uma norma anterior e outra posterior, aplica-se o critério cronológico; para o caso de conflito entre uma norma geral e outra especial, usa-se o critério da especialidade. 
b). Segundo grau – o conflito envolve mais de um dos critérios.
 Obs.: critério hierárquico sempre prevalecerá sobre os demais. 
Casos: 
– Concorrendo os critérios hierárquico e cronológico, prevalece o hierárquico; 
– Concorrendo o critério hierárquico e o de especialidade, prevalece o hierárquico. 
– Concorrendo os critérios de especialidade e cronológico, prevalece o da especialidade; Não há uma regra geral e única para a solução dos conflitos, os juiz deve observar o “PRINCÍPIO MÁXIMO DA JUSTIÇA”.
Vigência das Leis no Espaço
- O Brasil adotou o princípio da territorialidade moderada/temperada/mitigada.
Excepcionalmente Leis e Sentenças estrangeiras podem ser aplicadas no Brasil, observadas algumas regras: 
• Não se aplicam leis, sentenças ou atos estrangeiros no Brasil quando ofenderem a soberania nacional, a ordem pública e os bons costumes. 
• Não se cumprirá sentença estrangeira no Brasil sem o devido exequatur (“cumpra-se”), que é a permissão dada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), por meio de homologação, para que essa decisão produza seus efeitos.
- O STJ não homologa decisão que viola competência exclusiva do Brasil. 
LINDB Art. 15. Será executada no Brasil a sentença proferida no estrangeiro, que reúna os seguintes requisitos: a) haver sido proferida por juiz competente; b) terem sido as partes citadas ou haver-se legalmente verificado à revelia; c) ter passado em julgado e estar revestida das formalidades necessárias para a execução no lugar em que foi proferida; d) estar traduzida por intérprete autorizado; e) ter sido homologada pelo Supremo Tribunal Federal. STJ. (art. 105, CF) 
CF Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: I – processar e julgar, originariamente: i) a homologação de sentenças estrangeiras e a concessão de exequatur às cartas rogatórias;
CPC Art. 961. A decisão estrangeira somente terá eficácia no Brasil após a homologação de sentença estrangeira ou a concessão do exequatur às cartas rogatórias, salvo disposição em sentido contrário de lei ou tratado.
A decisão estrangeira constitui título judicial e terá cumprida a sentença na justiça federal de primeira instância. Artigo 109, Constituição Federal.
REGRAS DE DIREITO INTERNACIONAL
 Art. 7º A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de família. 
§ 1º Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. 
§ 2º O casamento de estrangeiros poderá celebrar-se perante autoridades diplomáticas ou consulares do país de ambos os nubentes. (Redação dada pela Lei nº 3.238, de 1957) 
§ 3º Tendo os nubentes domicílio diverso, regerá os casos de invalidade do matrimônio a lei do primeiro domicílio conjugal. 
§ 4º O regime de bens, legal ou convencional, obedece à lei do país em que tiverem os nubentes domicílio, e, se este for diverso, a do primeiro domicílio conjugal. 
§ 5º O estrangeiro casado, que se naturalizar brasileiro, pode, mediante expressa anuência de seu cônjuge, requerer ao juiz, no ato de entrega do decreto de naturalização, se apostile ao mesmo a adoção do regime de comunhão parcial de bens, respeitados os direitos de terceiros e dada esta adoção ao competente registro. (Redação dada pela Lei nº 6.515, de 1977) 
§ 6º O divórcio realizado no estrangeiro, se um ou ambos os cônjuges forem brasileiros, só será reconhecido no Brasil depois de 1 (um) ano da data da sentença, salvo se houver sido antecedida de separação judicial por igual prazo, caso em que a homologação produzirá efeito imediato, obedecidas as condições estabelecidas para a eficácia das sentenças estrangeiras no país. O Superior Tribunal de Justiça, na forma de seu regimento interno, poderá reexaminar, a requerimento do interessado, decisões já proferidas em pedidos de homologação de sentenças estrangeiras de divórcio de brasileiros, a fim de que passem a produzir todos os efeitos legais. (Redação dada pela Lei nº 12.036, de 2009). 
Obs.: Emenda Constitucional n. 66/2010.
 § 7º Salvo o caso de abandono, o domicílio do chefe da família estende-se ao outro cônjuge e aos filhos não emancipados, e o do tutor ou curador aos incapazes sob sua guarda.
§ 8º Quando a pessoa não tiver domicílio, considerar-se-á domiciliada no lugar de sua residência ou naquele em que se encontre. (Moradia habitual).
Art. 8º Para qualificar os bens e regular as relações a eles concernentes, aplicar-se-á a lei do país em que estiverem situados. 
§ 1º Aplicar-se-á a lei do país em que for domiciliado o proprietário, quanto aos bens moveis que ele trouxer ou se destinarem a transporte para outros lugares. 
§ 2º O penhor regula-se pela lei do domicílio que tiver a pessoa, em cuja posse se encontre a coisa apenhada. 
 Art. 9º Para qualificar e reger as obrigações, aplicar-se-á a lei do país em que se constituírem.• Regra entre credor e devedor. • Locus regit actum. 
§ 1º Destinando-se a obrigação a ser executada no Brasil e dependendo de forma essencial, será esta observada, admitidas as peculiaridades da lei estrangeira quanto aos requisitos extrínsecos do ato. 
§ 2º A obrigação resultante do contratoreputa-se constituída no lugar em que residir o proponente. 
OObs.: • Código Civil (CC), artigo 435. • Antinomia aparente. Critério da especialidade.
Art. 10. A sucessão por morte ou por ausência obedece à lei do país em que domiciliado o defunto ou o desaparecido, qualquer que seja a natureza e a situação dos bens. 
OObs.: Artigos 22 a 39 do Código Civil. 
§ 1º A sucessão de bens de estrangeiros, situados no País, será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge ou dos filhos brasileiros, ou de quem os represente, sempre que não lhes seja mais favorável a lei pessoal do de cujus. (Redação dada pela Lei nº 9.047, de 1995)
Artigo 1.785, CC 
• Informativo 563 STJ: RESP 1.36.400/SP 
§ 2º A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a capacidade para suceder. 
Art. 11. As organizações destinadas a fins de interesse coletivo, como as sociedades e as fundações, obedecem à lei do Estado em que se constituírem. 
§ 1º Não poderão, entretanto ter no Brasil filiais, agências ou estabelecimentos antes de serem os atos constitutivos aprovados pelo Governo brasileiro, ficando sujeitas à lei brasileira. 
§ 2º Os Governos estrangeiros, bem como as organizações de qualquer natureza, que eles tenham constituído, dirijam ou hajam investido de funções públicas, não poderão adquirir no Brasil bens imóveis ou susceptíveis de desapropriação. 
§ 3º Os Governos estrangeiros podem adquirir a propriedade dos prédios necessários à sede dos representantes diplomáticos ou dos agentes consulares. (Vide Lei nº 4.331, de 1964) 
Art. 12. É competente a autoridade judiciária brasileira, quando for o réu domiciliado no Brasil ou aqui tiver de ser cumprida a obrigação. § 1º Só à autoridade judiciária brasileira compete conhecer das ações relativas a imóveis situados no Brasil. 
OObs.: Artigos 21, 22 e 23 do CC. 
§ 2º A autoridade judiciária brasileira cumprirá, concedido o exequatur e segundo a forma estabelecida pele lei brasileira, as diligências deprecadas por autoridade estrangeira competente, observando a lei desta, quanto ao objeto das diligências.
 Art. 13. A prova dos fatos ocorridos em país estrangeiro rege-se pela lei que nele vigorar, quanto ao ônus e aos meios de produzir-se, não admitindo os tribunais brasileiros provas que a lei brasileira desconheça. Art. 14. Não conhecendo a lei estrangeira, poderá o juiz exigir de quem a invoca prova do texto e da vigência.
Lei 13.655/2018 → publicada no dia 26/04/2018
 OObs.: Acrescentou do artigo 20 ao 30. Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação, salvo quanto ao art. 29 acrescido à Lei nº 4.657, de 4 de setembro de 1942 (Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro), pelo art. 1º desta Lei, que entrará em vigor após decorridos 180 (cento e oitenta) dias de sua publicação oficial. Brasília, 25 de abril de 2018; 197º da Independência e 130º da República.
OObs.: 
• Agora também trata regras de segurança jurídica e eficiência na criação e aplicação de direito público (Direito Administrativo, Financeiro, Orçamentário e Tributário). ]
• Essas regras não se aplicam ao Direito Privado. Art. 20. Nas esferas administrativa, controladora e judicial, não se decidirá com base em valores jurídicos abstratos sem que sejam consideradas as consequências práticas da decisão. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018) 
OObs.: 
• Análise econômica do direito.
• Responsabilidade decisória do Estado. Parágrafo único. A motivação demonstrará a necessidade e a adequação da medida imposta ou da invalidação de ato, contrato, ajuste, processo ou norma administrativa, inclusive em face das possíveis alternativas. (Incluído pela Lei nº 13.655, de 2018)
Direitos de Personalidade
Direitos da personalidade = direitos essenciais da pessoa; direitos à personalidade; direitos essenciais; direitos personalíssimos.
Histórico
• Direito Romano: não contemplava direitos da personalidade – actio injuriarum – mas já existia a possibilidade de ação contra injúria. O Direito romano abarca mais de mil anos, desde a Lei das Doze Tábuas (449 a.C.) até o período Justiniano (565 d.C.). 
• Cristianismo – Fraternidade – preocupação com a pessoa humana. 
• Carta Magna Inglesa em 1215 – direitos fundamentais da personalidade humana, embora tratasse apenas dos direitos pessoais dos poderosos e da nobreza e não contemplava o povo e o vulgar. 
• Declaração dos Direitos do Homem – 1789 – tutela da personalidade humana e defesa de direitos individuais. 
• Declaração Universal do Direitos do Homem – 1948. 
• Reformas dos Códigos – pós-guerra, após as atrocidades do nazismo e da Segunda Guerra Mundial. 
• Constituição Federal de 1988 – há peculiaridades relacionadas ao espaço e ao tempo de cada nação no tocante aos direitos de personalidade.
São direitos que protegem características inerentes à pessoa; recaem sobre atributos naturais e suas projeções sociais. O CC/2002 dá nova visão e concede maior relevância à personalidade jurídica. 
• Movimento de repersonalização 
– Cláusula geral de proteção. 
– Integridade física: vida, corpo, partes do corpo etc. 
– Integridade intelectual: liberdade de pensamento, autorias científicas e artísticas, direitos do autor etc. 
– Integridade moral: intimidade, vida privada, honra, imagem e nome etc.
Fonte dos Direitos de Personalidade 
1ª corrente: jusnaturalista (Maria Helena Diniz). É corrente majoritária adotada no Brasil, na qual os direitos de personalidade são inatos, significa que decorrem da qualidade humana. Os direitos de personalidade não são constituídos pelo sistema, têm origem jurídica preconcebida, uma origem divina. Os direitos de personalidade são inatos e naturais. 
2º corrente: positivista (Pontes de Miranda e Gustavo Tepedino). Essa corrente sustenta que os direitos de personalidade decorrem da ordem jurídica positiva. Diz-se que, se fossem divinos, seriam universais, presentes em todos os ordenamentos, o que não é verdade.
Características dos Direitos de Personalidade 
• Absolutos: são oponíveis erga omnes. Nada impede que um direito de personalidade sofra relativização quando em conflito com outro de mesma hierarquia. Os direitos de personalidade podem ser cedidos temporariamente. 
• Inatos: inerentes à condição humana.
• Extrapatrimoniais: o conteúdo, essência não tem valor econômico, pecuniário. A violação a um direito de personalidade gera indenização, gera reparação pecuniária. A indenização por danos morais é a reparação por essa violação (03 anos de prescrição). 
• Impenhoráveis: não se admite constrição judicial sobre direitos da personalidade. É possível penhorar a indenização decorrente da violação, pois esta tem natureza patrimonial. 
• Imprescritíveis: não há prazo extintivo para o exercício de um direito de personalidade. Ninguém sofre a perda de um direito de personalidade pelo não uso. Veja que existe prazo prescricional para reclamar a indenização. 
• Vitalícios: o que é vitalício extingue-se com a morte do titular, o perpétuo são os direitos que se transmitem com a morte, são os direitos reais
· O STJ abraçou a tese da actio nata, o que significa que os prazos prescricionais começam a fluir não na data da violação, mas na data do conhecimento da violação, é o que a Súmula 278 do STJ esclarece.
· O posicionamento do STJ, no julgamento do REsp 816.209/RJ, estabelece uma hipótese de pretensão patrimonial imprescritível, qual seja, tortura, com base na Lei n. 9.140/1995.
· Os direitos de personalidade são indisponíveis, portanto não é possível que uma pessoa queria amputar um membro voluntariamente, por exemplo. Veja o art. 11. Admite-se restrição dos direitos de personalidade de forma voluntária ou por lei. 
· Enunciado 4º da JDC: O exercício dos direitos da personalidade pode sofrer limitação voluntária, desde que não seja permanente nem geral. Exemplos dessa limitação voluntária são aqueles vinculados aos direitos autorais e ao transplante de órgãos. • Lei n. 9.610/1998 – direitos autorais • Lei n. 9.434/1997 – transplante de órgãos.
LIMITAÇÃO VOLUNTÁRIA AOS DIREITOS DE PERSONALIDADE 
Regras de possibilidadedessa limitação: 
1. A restrição não pode ser permanente; 
2. A restrição não poder ser genérica e abarcar todos os direitos, ou seja, toda restrição deve ser especificamente incidente sobre um ou outro direito da personalidade; 
3. A restrição não pode violar a dignidade do titular, ainda que este venha a anuir, aquiescer dessa condição.
DIREITOS DA PERSONALIDADE X DIREITOS FUNDAMENTAIS 
· Inicialmente os direitos de personalidade foram pensados para o âmbito do direito privado e os direitos fundamentais para o âmbito do direito público, tendo em vista que estes últimos foram criados para limitar a atuação do Estado sobre os particulares. No entanto, devido à supremacia da dignidade humana, os limites e as fronteiras entre esses direitos estão cada dia mais líquidas e difusas
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA 
A dignidade da pessoa humana é um conceito indeterminado, que encontra no caso concreto sua aplicabilidade. No entanto, ela pode ser conhecida por pontos específicos: 
• integridade física e psíquica 
• liberdade e igualdade 
· direito ao mínimo existencial – chamado pelo direito constitucional de direito ao patrimônio mínimo. Importante ressaltar que não é preciso ser casado ou constituir família, ter herdeiros diretos, para que essa impenhorabilidade seja válida, pois atinge a dignidade da pessoa humana. Nesse sentido, veja a súmula do STJ seguinte. 
-Súmula 364 do STJ: “o conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas”.
Reflexos 
No direito público, a incidência implica em: 
• mitigação da supremacia do interesse público sobre o privado. Não há interesse público que justifique o sacrifício da dignidade alheia. 
No direito privado, a incidência 
• gera a constitucionalização das relações privadas, ou melhor, eficácia horizontal dos direitos fundamentais. RE 201.819/RJ – aplicação direita dos direitos fundamentais nas relações privadas
MOMENTO AQUISITIVO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE: A teoria adotada em relação aos direitos de personalidade é a concepcionista. A concepção considera o momento da nidação (fixação do óvulo fecundado no útero).
RECURSO ESPECIAL N. 399.028 – SP DIREITO CIVIL. DANOS MORAIS. MORTE. ATROPELAMENTO. COMPOSIÇÃO FÉRREA. AÇÃO AJUIZADA 23 ANOS APÓS O EVENTO. PRESCRIÇÃO INEXISTENTE. INFLUÊNCIA NA QUANTIFICAÇÃO DO QUANTUM. PRECEDENTES DA TURMA. NASCITURO. DIREITO AOS DANOS MORAIS. DOUTRINA. ATENUAÇÃO. FIXAÇÃO NESTA INSTÂNCIA. POSSIBILIDADE. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO.... II – O nascituro também tem direito aos danos morais pela morte do pai, mas a circunstância de não tê-lo conhecido em vida tem influência na fixação do quantum.
E em relação ao natimorto? Natimorto é aquele que não respirou ao nascer. Ele não tem personalidade jurídica, mas tem direito de personalidade, portanto ele tem proteções como direito ao nome, imagem e sepultura, conforme o enunciado 1 da JDC. 
• Enunciado 1 da JDC: “A proteção que o Código defere ao nascituro alcança o natimorto no que concerne aos direitos da personalidade, tais como nome, imagem e sepultura”. E, em relação ao embrião laboratorial (embrião criogenizado ou congelado)
Em 2008, por meio da ADI 3510/DF, de relatoria do ministro Carlos Ayres Brito, o STF, por maioria, decidiu pela constitucionalidade do artigo acima, logo, de forma clara, decidiu-se que os embriões não possuem direitos de personalidade, pois, se tivessem, não poderiam ter sido feitos de objetos de tratamento. Correntes ouvidas: 
• Amicus curiae: Conectas Direitos Humanos, Centro de Direitos Humanos – CDH; Movimento em Prol da Vida – MOVITAE; Instituto de Bioética, Direitos Humanos e Gênero – ANIS, além da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB e entidades sociais. Duas correntes divergentes: 
• a primeira que defendia que a vida começa na fecundação e que, por esse motivo, pesquisar em células-tronco embrionárias seria violar o direito à vida garantido constitucionalmente; 
• a segunda, que afirma que o embrião somente alcança características de pessoa humana com a implantação no útero de uma mulher, não havendo violação ao direito à vida.
O EMBRIÃO EXCEDENTÁRIO TEM ALGUM DIREITO? Enquanto o embrião encontra-se congelado, não possui nenhum direito. Contudo, a partir do momento em que esse embrião for inseminado em uma mulher, então passa a ter alguns direitos, como a presunção de paternidade disposta no artigo 1597 do Código Civil (CC).
Celeuma: O artigo 1.798 do CC dispõe que se legitimam a suceder os já nascidos ou já concebidos.
Conclusões: 
1. Os direitos de personalidade são adquiridos na concepção uterina; 
2. Os direitos de personalidade são reconhecidos ao natimorto; 
3. O embrião laboratorial não dispõe dos direitos da personalidade; 
3.1. O embrião laboratorial pode ter presunção de paternidade quando os pais forem casados; 
3.2. O embrião laboratorial terá direito sucessório se já tiver sido concebido quando da morte do seu pai.
MOMENTO EXTINTIVO DOS DIREITOS DA PERSONALIDADE 
Os direitos de personalidade são vitalícios e, portanto, existirão até o momento da morte do titular. A proteção existe, porém em relação aos direitos de personalidade não há que se falar em dano moral para aquele que está morto. Os reflexos dos direitos de personalidade para após a morte são divididos em três situações, são elas: 
1. Sucessão Processual: artigo 110 – CPC: ocorrendo a morte de qualquer das partes, dar-se-á a sucessão pelo seu espólio ou pelos seus sucessores, observado o disposto no art. 313, §§ 1º e 2º. 
Obs.: é importante não confundir a sucessão processual com a substituição processual. Esse último é o mesmo que legitimado extraordinário, ou seja, aquele que postula em nome próprio direito alheio. Já a sucessão processual é quando alguém adentra no processo no lugar daquela pessoa que faleceu.
2. Transmissibilidade do direito à reparação: Artigo 943 – CC: o direito de exigir reparação e a obrigação de prestá-la transmitem-se com a herança.
Lesados indiretos: Os lesados indiretos são aqueles que decorrem do chamado “dano por ricochete”. Há dois dispositivos do Código Civil que tratam desse assunto (12 e 20). Muitas vezes o dano é direcionado para a pessoa que morreu, porém, de alguma forma, acaba afetando aquelas pessoas que ficaram e possuem alguma ligação com aquele que faleceu. Assim, quando o direito de personalidade de uma pessoa que morreu é violado, não é essa pessoa que irá sofrer ou terá direito ao dano moral, mas aqueles que ficaram. 
Alguns exemplos dessa situação são: o caso Daniela Perez, o caso envolvendo a morte do cantor Cristiano Araújo, o caso envolvendo a imagem do casal Lampião e Maria Bonita por parte de um banco e o caso da publicação da biografia de Garrincha.
São legitimados do art. 12: cônjuge ou companheiro, ascendentes, descendentes, irmãos, sobrinhos, tios e primos.
Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes.
A doutrina dispõe que é possível uma interpretação ampliativa desses dispositivos, de modo a incluir outras pessoas que não as citadas pelo legislador. Contudo, o STJ já se manifestou nesse sentido e dispôs que a interpretação deve ser restritiva.
Art. 5º, IX – é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença; 
IV – é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato; 
Art. 220. A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observadoo disposto nesta Constituição. 
§ 1º Nenhuma lei conterá dispositivo que possa constituir embaraço à plena liberdade de informação jornalística em qualquer veículo de comunicação social, observado o disposto no art. 5º, IV, V, X, XIII e XIV
· Técnica da ponderação será utilizada pelo Magistrado quando chegar ao seu juízo um caso em que há, de um lado, um direito de personalidade e, do outro lado, um direito fundamental
O Tribunal de origem, amparado nas provas dos autos, entendeu pela prática de ilícito consubstanciado no abuso de direito de informar o caso de se veicular notícia em programa de rádio que desvirtuou a realidade dos fatos, induzindo a opinião pública a uma visão distorcida deles, causando danos à parte envolvida, violando o direito à integridade moral. A revisão desse entendimento e do dever de indenizar encontra óbice na Súmula 7/STJ.
Regra: liberdade de expressão; 
• Hate speech (discurso de ódio): são pensamentos ilimitados com declarações de ódio, intolerância, desprezo e outros. É proibido
Súmula 221 do STJ: são civilmente responsáveis pelo ressarcimento de dano, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação.
	RECURSO ESPECIAL. CIVIL. DANOS MORAIS. MATÉRIA JORNALÍSTICA OFENSIVA. LEI DE IMPRENSA (LEI 5.250/1967). ADPF N. 130/DF. EFEITO VINCULANTE. OBSERVÂNCIA. LIBERDADE DE IMPRENSA E DE INFORMAÇÃO (CF, ARTS. 5º, IV, IX E XIV, E 220, CAPUT, §§ 1º E 2º). CRÍTICA JORNALÍSTICA. OFENSAS À IMAGEM E À HONRA DE MAGISTRADO (CF, ART. 5º, V E X). ABUSO DO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE IMPRENSA NÃO CONFIGURADO. RECURSO PROVIDO. (...) 6. Tratando-se de imagem de multidão, de pessoa famosa ou ocupante de cargo público, deve ser ponderado se, dadas as circunstâncias, a exposição da imagem é ofensiva à privacidade ou à intimidade do retratado, o que poderia ensejar algum dano patrimonial ou extrapatrimonial. Há, nessas hipóteses, em regra, presunção de consentimento do uso da imagem, desde que preservada a vida privada.
7. Em se tratando de pessoa ocupante de cargo público, de notória importância social, como o é o de magistrado, fica restrito o âmbito de reconhecimento do dano à imagem e sua extensão, mormente quando utilizada a fotografia para ilustrar matéria jornalística pertinente, sem invasão da vida privada do retratado. (...) 
10. Assim, em princípio, não caracteriza hipótese de responsabilidade civil a publicação de matéria jornalística que narre fatos verídicos ou verossímeis, embora eivados de opiniões severas, irônicas ou impiedosas, sobretudo quando se trate de figuras públicas que exerçam atividades tipicamente estatais, gerindo interesses da coletividade, e a notícia e crítica referirem-se a fatos de interesse geral relacionados à atividade pública desenvolvida pela pessoa noticiada. Nessas hipóteses, principalmente, a liberdade de expressão é prevalente, atraindo verdadeira excludente anímica, a afastar o intuito doloso de ofender a honra da pessoa a que se refere a reportagem. Nesse sentido, precedentes do egrégio Supremo Tribunal Federal: ADPF 130/DF, de relatoria do Ministro CARLOS BRITTO; AgRg no AI 690.841/SP, de relatoria do Ministro CELSO DE MELLO. 
11. A análise relativa à ocorrência de abuso no exercício da liberdade de expressão jornalística a ensejar reparação civil por dano moral a direitos da personalidade depende do exame de cada caso concreto, máxime quando atingida pessoa investida de autoridade pública, pois, em tese, sopesados os valores em conflito, mostra-se recomendável que se dê prevalência à liberdade de informação e de crítica, como preço que se paga por viver num Estado Democrático. 
12. Na espécie, embora não se possa duvidar do sofrimento experimentado pelo recorrido, a revelar a presença de dano moral, este não se mostra indenizável, por não estar caracterizado o abuso ofensivo na crítica exercida pela recorrente no exercício da liberdade de expressão jornalística, o que afasta o dever de indenização. Trata-se de dano moral não indenizável, dadas as circunstâncias do caso, por força daquela “imperiosa cláusula de modicidade” subjacente a que alude a eg. Suprema Corte no julgamento da ADPF 130/DF. RECURSO ESPECIAL N. 801.109 – DF.
Obs.: a cláusula de modicidade dispõe que, em caso de pessoas em multidões, pessoas famosas ou pessoas que sejam agentes públicos, ainda que sejam ofendidos injustamente em relação à honra e à imagem, há uma mitigação em relação a uma possível indenização, pois essa passa a ser módica ou até mesmo pode deixar de existir.
BIOGRAFIAS NÃO AUTORIZADAS 
	Por unanimidade, o STF julgou procedente a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) 4815 e declarou inexigível a autorização prévia para a publicação de biografias. Seguindo o voto da relatora, Ministra Cármen Lúcia, a decisão dá interpretação conforme a Constituição da República aos artigos 20 e 21 do Código Civil, em consonância com os direitos fundamentais à liberdade de expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença de pessoa biografada, relativamente a obras biográficas literárias ou audiovisuais (ou de seus familiares, em caso de pessoas falecidas). Na ADI 4815, a Associação Nacional dos Editores de Livros (ANEL) sustentava que os artigos 20 e 21 do Código Civil conteriam regras incompatíveis com a liberdade de expressão e de informação. O tema foi objeto de audiência pública convocada pela relatora em novembro de 2013, com a participação de 17 expositores.
Obs.: assim, atualmente, para a publicação de biografias, não há a necessidade de autorização do biografado ou de seus parentes se morto for. A biografia é livre e decorre de uma interpretação dos arts. 21 e 21 do Código Civil que dispõem sobre o direito de imagem. Algo que deve ser destacado é que biografar significa mencionar fatos da vida de alguém que sejam verídicos ou, pelo menos, verossímeis. Nesse sentido, o autor não pode extrapolar os limites da verdade ou expor a pessoa ao ridículo, pois, caso contrário, poderá ser responsabilizado por isso. 
No julgamento da ADI n. 4815 o Ministro Luís Barroso dispôs o seguinte: “O caso envolve uma tensão entre a liberdade de expressão e o direito à informação, de um lado, e os direitos da personalidade (privacidade, imagem e honra), do outro – e, no caso, o Código Civil ponderou essa tensão em desfavor da liberdade de expressão, que tem posição preferencial dentro do sistema constitucional. ” 
Código Civil Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à 9manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Parágrafo único. Em se tratando de morto ou de ausente, são partes legítimas para requerer essa proteção o cônjuge, os ascendentes ou os descendentes
Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
Direito ao esquecimento: Enunciado n. 531 da JDC: A tutela da dignidade da pessoa humana na sociedade da informação inclui o direito ao esquecimento. Não se pode afirmar que sempre irá prevalecer o direito ao esquecimento ou a liberdade de imprensa ou expressão, pois deve haver a aplicação da técnica da ponderação dos interesses.
	Caso Xuxa “Após o lançamento da fita [no cinema], ocorrido em 1982, a 2ª Autora [Xuxa] se projetou, nacional e internacionalmente, com programas infantis na televisão, criando uma imagem que muito justamente não quer ver atingida, cuja vulgarização atingiria não só ela própria como a das crianças que são o seu público, ao qual se apresenta como símbolo da liberdade infantil, de bons hábitos e costumes, e da responsabilidade das pessoas.” (TJRJ, Apelação Cíveln. 3819/91, rel. Des. Thiago Ribas Filho, julgada em 27/02/1992; fls. 802).
Caso Aída Curi 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE IMPRENSA VS. DIREITOS DA PERSONALIDADE. LITÍGIO DE SOLUÇÃO TRANSVERSAL. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DOCUMENTÁRIO EXIBIDO EM REDE NACIONAL. LINHA DIRETAJUSTIÇA. HOMICÍDIO DE REPERCUSSÃO NACIONAL OCORRIDO NO ANO DE 1958. CASO "AIDA CURI". VEICULAÇÃO, MEIO SÉCULO DEPOIS DO FATO, DO NOME E IMAGEM DA VÍTIMA. NÃO CONSENTIMENTO DOS FAMILIARES. DIREITO AO ESQUECIMENTO. ACOLHIMENTO. NÃO APLICAÇÃO NO CASO CONCRETO. RECONHECIMENTO DA HISTORICIDADE DO FATO PELAS INSTÂNCIAS ORDINÁRIAS. IMPOSSIBILIDADE DE DESVINCULAÇÃO DO NOME DA VÍTIMA. ADEMAIS, INEXISTÊNCIA, NO CASO CONCRETO, DE DANO MORAL INDENIZÁVEL. VIOLAÇÃO AO DIREITO DE IMAGEM. SÚMULA N. 403/STJ. NÃO INCIDÊNCIA. (RESP 1.335.153/RJ) Assim como os condenados que cumpriram pena e os absolvidos que se envolveram em processo-crime (REsp. n. 1.334/097/RJ), as vítimas de crimes e seus familiares têm direito ao esquecimento – se assim desejarem –, direito esse consistente em não se submeterem a desnecessárias lembranças de fatos passados que lhes causaram, por si, inesquecíveis feridas. Caso contrário, chegar- -se-ia à antipática e desumana solução de reconhecer esse direito ao ofensor (que está relacionado com sua ressocialização) e retirá-lo dos ofendidos, permitindo que os canais de informação se enriqueçam mediante a indefinida exploração das desgraças privadas pelas quais passaram. A reportagem contra a qual se insurgiram os autores foi ao ar 50 (cinquenta) anos depois da morte de Aida Curi, circunstância da qual se conclui não ter havido abalo moral apto a gerar responsabilidade civil. Nesse particular, fazendo-se a indispensável ponderação de valores, o acolhimento do direito ao esquecimento, no caso, com a consequente indenização, consubstancia desproporcional corte à liberdade de imprensa, se comparado ao desconforto gerado pela lembrança. NO STF: ARE 833.248 REPERCUSSÃO GERAL EM 20/02/2015.
Caso da chacina da Candelária 
RECURSO ESPECIAL. DIREITO CIVIL-CONSTITUCIONAL. LIBERDADE DE IMPRENSA VS. DIREITOS DA PERSONALIDADE. LITÍGIO DE SOLUÇÃO TRANSVERSAL. COMPETÊNCIA DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA. DOCUMENTÁRIO EXIBIDO EM REDE NACIONAL. LINHA DIRETA-JUSTIÇA. SEQUÊNCIA DE HOMICÍDIOS CONHECIDA COMO CHACINA DA CANDELÁRIA. REPORTAGEM QUE REACENDE O TEMA TREZE ANOS DEPOIS DO FATO. VEICULAÇÃO INCONSENTIDA DE NOME E IMAGEM DE INDICIADO NOS CRIMES. ABSOLVIÇÃO POSTERIOR POR NEGATIVA DE AUTORIA. DIREITO AO ESQUECIMENTO DOS CONDENADOS QUE CUMPRIRAM PENA E DOS ABSOLVIDOS. ACOLHIMENTO. DECORRÊNCIA DA PROTEÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DA DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA E DAS LIMITAÇÕES POSITIVADAS À ATIVIDADE INFORMATIVA. PRESUNÇÃO LEGAL E CONSTITUCIONAL DE RESSOCIALIZAÇÃO DA PESSOA. PONDERAÇÃO DE VALORES. PRECEDENTES DE DIREITO COMPARADO. Não há dúvida de que a história da sociedade é patrimônio imaterial do povo e nela se inserem os mais variados acontecimentos e personagens capazes de revelar, para o futuro, os traços políticos, sociais ou culturais de determinada época. Todavia, a historicidade da notícia jornalística, em se tratando de jornalismo policial, há de ser vista com cautela. Há, de fato, crimes históricos e criminosos famosos; mas também há crimes e criminosos que se tornaram artificialmente históricos e famosos, obra da exploração midiática exacerbada e de um populismo penal satisfativo dos prazeres primários das multidões, que simplifica o fenômeno criminal às estigmatizadas figuras do "bandido" vs. "cidadão de bem" Com efeito, o reconhecimento do direito ao esquecimento dos condenados que cumpriram integralmente a pena e, sobretudo, dos que foram absolvidos em processo criminal, além de sinalizar uma evolução cultural da sociedade, confere concretude a um ordenamento jurídico que, entre a memória – que é a conexão do presente com o passado – e a esperança – que é o vínculo do futuro com o presente –, fez clara opção pela segunda. E é por essa ótica que o direito ao esquecimento revela sua maior nobreza, pois afirma-se, na verdade, como um direito à esperança, em absoluta sintonia com a presunção legal e constitucional de regenerabilidade da pessoa humana. 
Obs.: quando o direito ao esquecimento entra em conflito com o direito de verdade e memória, deve preponderar o segundo, pois trata-se de um direito muito maior, uma vez que se refere à toda a sociedade, em detrimento de uma pessoa específica que praticou um determinado ato em um determinado momento.
· Direito à vida
Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: (...) III - a dignidade da pessoa humana;
“A defesa da vida com dignidade é o objetivo constitucionalmente assegurado pelo Poder Público. Por isso, funciona como verdadeira cláusula geral, que serve como motor de impulsão de tudo o que vem expresso na ordem constitucional ou mesmo infraconstitucional” (Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald). 
De acordo com Maria Helena Diniz, a mistanásia ou eutanásia social é a morte miserável fora e antes da hora, que ocorre quando: a) uma grande massa de doentes e deficientes não ingressam no sistema de saúde por este ser ausente ou precário (mistanásia passiva); b) há o extermínio de pessoas, como ocorreu na II Guerra Mundial nos campos nazistas de concentração; c) doentes crônicos ou terminais são vítimas de erro médico, como, por exemplo, diagnóstico errôneo; d) pacientes são vítimas de má prática por motivos econômicos, científicos ou sociopolíticos, por exemplo, quando um médico intencionalmente retira órgão vital de indivíduo com esperança de vida. 
Direito à vida reflete um direito à morte digna. A terminalidade da vida é fonte de grandes debates nos dias de hoje. Entre eles aqueles sobre o excesso de terapia no final da vida. Hoje o Conselho Federal de Medicina permite que os médicos suspendam ou limitem tratamentos que simplesmente irão prolongar a vida de um doente em fase terminal sem que exista a possibilidade de cura. Não se trata de uma liberação para a realização da eutanásia, mas a possiblidade de proporcionar uma morte digna que poderá ser na casa do próprio doente, ao lado de seus familiares.
INTEGRIDADE FÍSICA 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
Parágrafo único. O ato previsto neste artigo será admitido para fins de transplante, na forma estabelecida em lei especial. 
Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte. 
Parágrafo único. O ato de disposição pode ser livremente revogado a qualquer tempo. 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
· A violação do corpo vivo gera o dano estético que pode ser verificado ainda que não tenham ocorrido sequelas (RESP 575.576/PR). (Súmula n. 387 do STJ dispõe que é possível a cumulação com o dano moral).
 
Bodyart ou bodymodification (pessoas que modificam seu corpo): bons costumes. RE 898.450 veda a inserção de dispositivo que impeça a participação de pessoas tatuadas em concursos públicos. 
Lutadores de MMA e outras artes marciais muitas vezes acabam gerando, dentro da prática dessa atividade, uma diminuição de sua integridade física sem intervenção médica. Isso é uma questão proposta pela doutrina. 
De acordo com a Lei n. 9.434/1997, que trata do transplante de órgãos, para que seja feito o transplante é necessária autorização. Nesse sentido, não pode haver a retirada indiscriminada de órgãos de pessoas mortas, pois o chamado “direito ao cadáver” possui íntima ligação com o direito à integridade física. 
Enunciado n. 277 da JDC: o art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo,com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/1997 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador. 
Enunciado n. 279 da JDC: o art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil. 
· ATO DE DISPOSIÇÃO DO PRÓPRIO CORPO 
É possível praticar atos de disposição que não ocasionem diminuição permanente. 
Código Civil 
Art. 13. Salvo por exigência médica, é defeso o ato de disposição do próprio corpo, quando importar diminuição permanente da integridade física, ou contrariar os bons costumes. 
Ponderação reflexiva: mesmo que não seja permanente, o ato de restrição do próprio corpo não pode ofender a dignidade da pessoa humana. Ex.: implantes de chips em funcionários. Além disso, não há possibilidade de diminuição somente por exigência médica. 
	Caso Wannabes – Robert Smith Transtorno de Identidade da Integridade Corporal (TIIC) Em 1977, o termo "apotemnofilia" foi criado por John Money, que descreveu o caso de duas pessoas que se excitavam sexualmente com a ideia de ser amputadas. Em 1997, um paciente procurou o Dr. Robert Smith em seu consultório, pedindo-lhe que removesse a parte inferior da perna esquerda. Demorou 18 meses para tomar a decisão, mas Smith cedeu. "Foi a operação mais gratificante que já realizei. Não tenho dúvida de que fiz o correto", disse numa coletiva de imprensa. Mas, antes de amputar seu 3ª paciente com TIIC, o caso se tornou escândalo no Reino Unido, e seu hospital impediu que continuasse esse tipo de cirurgia.
· TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS 
Código Civil Art. 14. É válida, com objetivo científico, ou altruístico, a disposição gratuita do próprio corpo, no todo ou em parte, para depois da morte.
 CF/1988 Art. 199, § 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização. 
 
Transplantes entre VIVOS: consentimento do titular que pode ser revogável; se incapaz, deve haver autorização judicial com oitiva do Ministério Público. A pauta é a solidariedade; permissão de escolha de quem será beneficiário se for da própria família. Médico comunica o transplante ao MP que instaura processo administrativo de investigação dos requisitos legais (evitar comércio) – Decreto n. 2.668/1997, que regula a Lei n. 9.434/1997. Se não for pessoa da família, deve haver autorização judicial – Lei n. 9.434/1997, para verificar se há comércio, salvo transplante de medula.
Transplantes MORTOS: consentimento dos familiares, vedada a comercialização e a escolha do beneficiário (não se admite doação presumida – artigo 4° da Lei n. 9.434/1997). 
Art. 4º A retirada de tecidos, órgãos e partes do corpo de pessoas falecidas para transplantes ou outra finalidade terapêutica, dependerá da autorização do cônjuge ou parente, maior de idade, obedecida a linha sucessória, reta ou colateral, até o segundo grau inclusive, firmada em documento subscrito por duas testemunhas presentes à verificação da morte. (Redação dada pela Lei n. 10.211, de 23/03/2001) 
Assim, deve prevalecer a escolha do doador, ou seja, o sujeito irá mencionar se deseja ou não fazer a doação. Caso não haja um documento que demonstre essa escolha do falecido, então os familiares serão consultados e eles irão decidir sobre a possibilidade de doação dos órgãos. A doação dos órgãos após a morte é comunicada para uma Central de notificação, captação e distribuição de órgão – CNCDOS. Além disso, é dada após a morte encefálica (Resolução n. 1.480/1997 do CFM) comprovada por dois médicos que não sejam integrantes da equipe de retirada. 
Enunciado n. 277 da JDC: o art. 14 do Código Civil, ao afirmar a validade da disposição gratuita do próprio corpo, com objetivo científico ou altruístico, para depois da morte, determinou que a manifestação expressa do doador de órgãos em vida prevalece sobre a vontade dos familiares, portanto a aplicação do art. 4º da Lei n. 9.434/1997 ficou restrita à hipótese de silêncio do potencial doador.
TRANSGENITALIZAÇÃO 
Terminologias: 
• Homossexual: é aquele que tem relações sexuais com pessoas do mesmo sexo; 
• Bissexual é aquele que tem relações com pessoas do mesmo sexo e do sexo oposto; 
• Travesti: é aquele que se veste de acordo com o sexo oposto; 
• Transexual é aquele que tem uma divergência entre o físico e o psíquico. 
De acordo com Maria Berenice Dias: “não é um processo passageiro. É a busca consiste de integração física, emocional, social, espiritual e sexual, conquistada com muito esforço e sacrifícios por pessoas que vivem infelizes e muitas vezes depressivas quanto ao próprio sexo”. 
Enunciado n. 276 da JDC: o art. 13 do Código Civil, ao permitir a disposição do próprio corpo por exigência médica, autoriza as cirurgias de transgenitalização, em conformidade com os procedimentos estabelecidos pelo Conselho Federal de Medicina, e a consequente alteração do prenome e do sexo no Registro Civil. 
Resolução do CFM: 
• 1.652/2002: permitia cirurgia após autorização judicial; 
• 1.955/2010: permite a cirurgia independentemente de autorização judicial. 
Art. 3º Que a definição de transexualismo obedecerá, no mínimo, aos critérios abaixo enumerados: 
1) Desconforto com o sexo anatômico natural; 
2) Desejo expresso de eliminar os genitais, perder as características primárias e secundárias do próprio sexo e ganhar as do sexo oposto; 
3) Permanência desses distúrbios de forma contínua e consistente por, no mínimo, dois anos; 
4) Ausência de transtornos mentais. 
Art. 4º Que a seleção dos pacientes para cirurgia de transgenitalismo obedecerá a avaliação de equipe multidisciplinar constituída por médico psiquiatra, cirurgião, endocrinologista, psicólogo e assistente social, obedecendo os critérios a seguir definidos, após, no mínimo, dois anos de acompanhamento conjunto: 
1) Diagnóstico médico de transgenitalismo; 
2) Maior de 21 (vinte e um) anos; 
3) Ausência de características físicas inapropriadas para a cirurgia. 
· GESTAÇÃO EM ÚTERO ALHEIO 
No Brasil, é admitido, no âmbito do ordenamento jurídico, a gestação de filho em útero alheio, contudo é vedada a cobrança por esse ato. Logo, é equivocada a expressão popularmente utilizada “barriga de aluguel”. 
Resolução n. 1.957/2010 do CFM As clínicas, centros ou serviços de reprodução humana podem usar técnicas de reprodução assistida para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética. 1. As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família da doadora genética, com parentesco até o segundo grau, sendo os demais casos sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina; 2. A doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.
· TESTEMUNHAS DE JEOVÁ 
Os adeptos da denominação cristã das Testemunhas de Jeová não aceitam receber transfusão sanguínea por conta de questões presentes em passagens bíblicas dos livros de Gênesis, Levítico e Atos. Contudo, vale observar o que dispõe o art. 15 do Código Civil: 
Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica. 
Enunciado n. 403 da JDC: o Direito à inviolabilidade de consciência e de crença, previsto no art. 5º, VI, da Constituição Federal, aplica-se também à pessoa que se nega a tratamento médico, inclusive transfusão de sangue, com ou sem risco de morte, em razão do tratamento ou da falta dele, desde que observados os seguintes critérios: a) capacidade civil plena, excluídoo suprimento pelo representante ou assistente; b) manifestação de vontade livre, consciente e informada; e c) oposição que diga respeito exclusivamente à própria pessoa do declarante.
· INTEGRIDADE PSÍQUICA 
Honra, liberdade, imagem, vida privada e nome. 
A imagem como direito de personalidade se divide em: imagem-voz; imagem-atributo (características físicas) e imagem-retrato (aquilo que se vê). 
Código Civil Art. 20. Salvo se autorizadas, ou se necessárias à administração da justiça ou à manutenção da ordem pública, a divulgação de escritos, a transmissão da palavra, ou a publicação, a exposição ou a utilização da imagem de uma pessoa poderão ser proibidas, a seu requerimento e sem prejuízo da indenização que couber, se lhe atingirem a honra, a boa fama ou a respeitabilidade, ou se se destinarem a fins comerciais. 
Súmula n. 403 do STJ: Independe de prova do prejuízo a indenização pela publicação não autorizada de imagem de pessoa com fins econômicos ou comerciais. 
Obs.: vale lembrar que o dano moral, quando se refere à violação do direito de imagem, aplica-se tanto aos casos de uso comercial da imagem quanto aos casos de uso não comercial. Nesse último caso, deve-se observar a prova do dano. 
· DIREITO DE ARENA: 
Transmissões esportivas. Imagem do atleta mesmo sem anuência expressa, por ser inerente ao exercício da profissão. Lei n. 9.615/1998 (Lei Pelé)
 Art. 42. Pertence às entidades de prática desportiva o direito de arena, consistente na prerrogativa exclusiva de negociar, autorizar ou proibir a captação, a fixação, a emissão, a transmissão, a retransmissão ou a reprodução de imagens, por qualquer meio ou processo, de espetáculo desportivo de que participem. 
§ 1º Salvo convenção coletiva de trabalho em contrário, 5% (cinco por cento) da receita proveniente da exploração de direitos desportivos audiovisuais serão repassados aos sindicatos de atletas profissionais, e estes distribuirão, em partes iguais, aos atletas profissionais participantes do espetáculo, como parcela de natureza civil. 
Obs.: o direito de arena constitui uma verdadeira cessão legal do direito de imagem dos atletas. Vale lembrar que o direito de arena só é válido no momento do espetáculo esportivo. Fora disso o direito de imagem é do atleta. 
Enunciado n. 279 da JDC: a proteção à imagem deve ser ponderada com outros interesses constitucionalmente tutelados, especialmente em face do direito de amplo acesso à informação e da liberdade de imprensa. Em caso de colisão, levar-se-á em conta a notoriedade do retratado e dos fatos abordados, bem como a veracidade destes e, ainda, as características de sua utilização (comercial, informativa, biográfica), privilegiando-se medidas que não restrinjam a divulgação de informações. 
Caso: Maitê Proença e o anticoncepcional Microvlar. A celebridade assume a posição de garantia perante o consumidor. Paulo Jorge Scartezzini.
2. DIREITO À PRIVACIDADE
“O direito à vida privada posiciona-se como gênero ao qual pertencem o direito à intimidade e o direito ao segredo. A vida privada é esfera que concentra, em escala decrescente, outros direitos relativos à restrição de vida pessoal de cada um” (Gilberto Haddad Jabur). 
Intimidade: direitos que devem ser protegidos de outras pessoas, informações que dizem respeito somente ao titular. 
Segredo (sigilo): não divulgação de fatos da vida do titular. A proteção do direito à privacidade é absoluta ou relativa? Nesse ponto, há uma flexibilização desses direitos em virtude da ponderação dos interesses. Em determinado processo judicial podem ocorrer, por exemplo, a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico.
Código Civil Art. 21. A vida privada da pessoa natural é inviolável, e o juiz, a requerimento do interessado, adotará as providências necessárias para impedir ou fazer cessar ato contrário a esta norma.
3. DIREITO À HONRA
A honra objetiva é aquela objetivamente verificada, ou seja, é o que as outras pessoas pensam acerca de alguém.
Honra subjetiva é o sentimento que uma pessoa tem de si mesma. Nesse sentido, é importante pensar que determinado comportamento de alguém pode atingir tanto a honra objetiva quanto a honra subjetiva de uma pessoa.
Obs.: é importante lembrar que o STJ já se posicionou no sentido de que a pessoa jurídica de direito privado pode sofrer dano moral (vide Súmula n. 227). Contudo, uma pessoa jurídica é um ente de existência virtual e, em relação a isso, é importante ponderar que a pessoa jurídica de direito privado, quando sofre a possibilidade de dano moral, sofre pela violação de sua honra objetiva, pois não tem como sofrer uma violação em relação a sua honra subjetiva.
· INTEGRIDADE INTELECTUAL 
Trata-se da proteção das criações intelectuais do indivíduo. “Neste aspecto é a proteção jurídica às obras de inteligência do indivíduo” (Francisco Amaral). Essa proteção é elencada no âmbito da lei que protege os direitos autorais (Lei n. 9.610/1998) e o objeto é a criação. Os direitos autorais do autor se dividem em: 
• Direitos morais do autor: personalíssima – não admite cessão – projeção da personalidade do autor – direito à paternidade da obra (adquirido com a criação e não com registro – facultativo); 
• Direitos patrimoniais do autor: material – direito à exploração autoral, utilizar, fruir, dispor da obra – admite-se transmissão.
Súmula n. 63 do STJ: são devidos direitos autorais pela retransmissão radiofônica de músicas em estabelecimentos comerciais. 
NOME CIVIL
Código Civil. Art. 16. Toda pessoa tem direito ao nome, nele compreendidos o prenome e o sobrenome. Assim, o nome é composto por elementos chamados prenome e sobrenome. 
Ex.: Roberta (prenome) e Batista (sobrenome). 
Art. 17. O nome da pessoa não pode ser empregado por outrem em publicações ou representações que a exponham ao desprezo público, ainda quando não haja intenção difamatória. 
Art. 18. Sem autorização, não se pode usar o nome alheio em propaganda comercial. 
Pseudônimo Codinome ou heterônimo. São nomes utilizados por pessoas (geralmente famosas) para o desempenho de suas atividades profissionais
 Código Civil: Art. 19. O pseudônimo adotado para atividades lícitas goza da proteção que se dá ao nome.
Conceitos: 
• Prenome: nome de batismo; 
• Sobrenome ou nome patronímico: apelido familiar ou patronímico; 
• Agnome: aponta grau de parentesco (Júnior, Neto etc.); 
• Hipocorístico: redução do nome original (Beto, Chico etc.). 
Lei de Registro Público - LRP (Lei n. 6.015/1973) 
Art. 52. São obrigados a fazer declaração de nascimento: 
1°) O pai ou a mãe, isoladamente ou em conjunto, observado o disposto no § 2º do art. 54; (Redação dada pela Lei nº 13.112, de 2015) 
Art. 54, § 2º O nome do pai constante da Declaração de Nascido Vivo não constitui prova ou presunção da paternidade, somente podendo ser lançado no registro de nascimento quando verificado nos termos da legislação civil vigente. 
Art. 55. Quando o declarante não indicar o nome completo, o oficial lançará adiante do prenome escolhido o nome do pai, e na falta, o da mãe, se forem conhecidos e não o impedir a condição de ilegitimidade, salvo reconhecimento no ato. 
Parágrafo único. Os oficiais do registro civil não registrarão prenomes suscetíveis de expor ao ridículo os seus portadores. Quando os pais não se conformarem com a recusa do oficial, este submeterá por escrito o caso, independente da cobrança de quaisquer emolumentos, à decisão do Juiz competente.
Alteração do nome: em regra, adota-se a inalterabilidade relativa (art. 58, LRP), porém a alteração pode ser feita em casos excepcionais: 
1. Expuser a pessoa ao ridículo; 
2. Maioridade em prazo decadencial de 1 ano; 
LRP, Art. 56. O interessado, no primeiro ano após ter atingido a maioridade civil, poderá, pessoalmente ou por procurador bastante, alterar o nome, desde que não prejudique os apelidos de família, averbando-se a alteração que será publicada pela imprensa. 
3. Houver erro gráfico; 
4. Para inclusão de apelido notório, hipocorístico – acréscimo de alcunha designativa; 
5. Adoção; 
6. Usoprolongado de nome diverso; 
7. Adaptação de tradução do nome em caso de língua estrangeira; 
8. Homonímia depreciativa; 
9. Proteção a testemunha. LRP, 
Art. 58, Parágrafo único. A substituição do prenome será ainda admitida em razão de fundada coação ou ameaça decorrente da colaboração com a apuração de crime, por determinação, em sentença, de juiz competente, ouvido o Ministério Público. 
O sobrenome também é passível de alteração por: 
1. Adoção; 
2. Casamento; 
3. Divórcio ou nulidade de casamento; 
4. Inclusão de sobrenome de ascendente – sobrenome avoengo; 
5. União estável ou homoafetiva; 
6. Lei n. 11.924/2009 – “Lei Clodovil” – autoriza acréscimo de sobrenome do padrasto ou madrasta pelo enteado(a).
SÚMULAS DO STJ 
Súmula n. 37: São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato. 
Súmula n. 221: São civilmente responsáveis pelo ressarcimento de danos, decorrente de publicação pela imprensa, tanto o autor do escrito quanto o proprietário do veículo de divulgação. 
Súmula n. 227: A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
Súmula n. 54: Os juros moratórios fluem a partir do evento danoso, em caso de responsabilidade extracontratual. 
Súmula n. 362: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento. 
Súmula n. 370: Caracteriza dano moral apresentação antecipada de cheque pré-datado. 
Súmula n. 387: É licita a cumulação de dano moral e dano estético. 
Súmula n. 388: A simples devolução indevida de cheque caracteriza dano moral.
A emancipação judicial ou legal destrói a responsabilidade dos pais pelos atos do filho. Mas, no caso de ser voluntária, persiste-se subsidiariamente o dever de indenizar dos pais.
Pessoa Jurídica
A pessoa jurídica também surge da atuação da pessoa natural (da vontade da pessoa natural).
“... personalidade ao grupo, distinta da de cada um de seus membros, passando este a atuar na vida jurídica com personalidade própria. ” (Arnoldo Wald)
Quando se cria uma pessoa jurídica, ela não tem relação com a pessoa dos sócios, mas se manifesta por meio dos sócios.
A pessoa jurídica é, portanto, proveniente desse fenômeno histórico e social. Consiste num conjunto de pessoas ou de bens dotado de personalidade jurídica própria e constituído na forma da lei para a consecução de fins comuns. Pode-se afirmar, pois, que pessoas jurídicas são entidades a que a lei confere personalidade, capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações. (Carlos Roberto Gonçalves)
Sujeito de Direito: Divide-se em dois, por se tratar de gênero que comporta espécies.
Espécies 
• Sujeito de direito com personalidade jurídica. 
• Sujeito de direito sem personalidade jurídica. 
Ter personalidade jurídica significa automaticamente ter direitos e deveres previstos em lei. Dentro do direito civil, quem tem personalidade jurídica é a pessoa natural e a pessoa jurídica. 
· Personalidade jurídica ou personalidade civil significa aptidão genérica para titularizar direitos e deveres. Essa aptidão genérica surge do simples fato de se ter personalidade jurídica.
Já o da pessoa jurídica, prevista no art. 45, começa com o registro. Se não tem personalidade jurídica, não tem essa aptidão genérica para titularizar direitos e deveres. Quem não tem essa aptidão genérica é o nascituro, condomínio, massa falida, sociedade irregular ou de fato.
Não Possuem Personalidade Jurídica 
• Nascituro; 
• Condomínio; 
• Massa falida; 
• Herança (espólio);
• Órgãos públicos; e 
• Sociedade irregular ou de fato.
Agora, qual seria a diferença de uma sociedade irregular ou de fato para uma pessoa jurídica, e por que da relevância de se fazer uma PJ? 
A sociedade irregular ou de fato permanece no seu mundo fático.
Desconsideração da personalidade jurídica – art. 50 cc: ato no qual o juiz abre uma fenda nesse "manto protetor" chamado personalidade jurídica da PJ, invade o patrimônio do sócio ou dos sócios, pega esse patrimônio para pagar o credor e assim retorna.
QUAIS SÃO AS TEORIAS EXPLICATIVAS DA PESSOA JURÍDICA (NATUREZA JURÍDICA)?
Corrente Negativista: Expoentes (defensores): Brinz, Bekker, Planiol e Duguit. Negava a figura da pessoa jurídica. Tratava-se no máximo de um condomínio ou patrimônio coletivo, reunião de pessoas físicas, sem autonomia.
Se várias pessoas se unirem para desempenhar uma atividade comum, teria na verdade um mero condomínio ou talvez um patrimônio coletivo ou, ainda, uma simples reunião de pessoas físicas, mas sempre sem a menor autonomia. No Brasil, essa corrente não tem relevância, porque no país há a existência da PJ no Código Civil.
Corrente Afirmativista: Corrente que prevaleceu. Aceitava e reconhecia a pessoa jurídica como sujeito de direito. Dentro dessa corrente, há três teorias básicas: a Teoria da Ficção (Savigny); a Teoria da Realidade Objetiva ou Organicista-sociológica (Clóvis Beviláqua); e a Teoria da Realidade Técnica (Francesco Ferrara e Hans Kelsen).
A teoria da ficção alude que a PJ é uma técnica do direito. Os defensores da teoria da ficção entendem que não. A PJ só existe porque o direito estabeleceu que é assim.
A teoria da realidade objetiva ou organicista alude que a PJ é um ente de existência social e só. Dispõe, ainda, que essa vida em sociedade aprimorou a possibilidade de união, de objetivos comuns entre as pessoas, e essas pessoas passaram a atuar juntas. Então, não possui relação com o direito, e trata-se apenas de um organismo social.
A teoria da realidade técnica estabelece que a PJ é fruto do direito, mas é claramente um ente social.
Teorias
Teoria da Ficção: Windscheid e Savigny. Para esta teoria, a pessoa jurídica, mero produto da técnica jurídica, teria uma existência apenas abstrata ou ideal. Reconhecia pessoa jurídica como um ente abstrato, fruto da técnica jurídica pura, sem existência social. Carece de realidade. Sua existência só encontra explicação como ficção da lei. A teoria da ficção, a PJ é simplesmente técnica jurídica, simplesmente o direito, simplesmente a lei. Tem uma existência totalmente abstrata, ideal. É só um ente abstrato fruto de uma técnica jurídica totalmente pura, sem nenhuma existência social. Não teria ela realidade e nenhuma vivência no mundo social.
Teoria da Realidade Objetiva ou Organicista: Lacerda de Almeida, Beviláqua. É o contraponto da primeira, negando a pessoa jurídica como fruto da técnica do direito, afirmando-a sociologicamente como um organismo social vivo e de interação na sociedade. Baseada no organicismo-sociológico, a pessoa jurídica não seria uma mera criação do direito, mas sim um organismo vivo com atuação social, fruto da sociologia pura. As pessoas jurídicas são, assim, corpos sociais que o direito não cria, mas se limita a declarar existentes. A PJ existe, mas ela é um organismo social vivo. Aqui, há apenas o lado sociológico (existência social). Essa PJ para a realidade objetiva, tem uma atuação na sociedade (ela vive e respira), embora seja totalmente sem visibilidade. Há uma atuação social e efetiva. É fruto da sociologia pura. São corpos sociais que não criam, mas se limitam a declarar existentes.
Teoria da Realidade Técnica: Ferrara. É a Teoria adotada pelo ordenamento jurídico brasileiro. Para esta teoria, mais moderada, a pessoa jurídica, posto personificada pela técnica do direito, integraria relações sociais, de forma autônoma, como as pessoas físicas. Reconhece que a pessoa jurídica é personificada pela técnica do direito, mas não nega a sua atuação social. Logo, a personalidade jurídica não é uma ficção, mas um atributo que a lei defere a certos entes, donde se conclui que a pessoa jurídica é uma realidade jurídica, sem prejuízo da sua existência no mundo fático. A teoria da realidade mistura as duas teorias anteriores, porque trabalha o direito e o social. Essa teoria estabelece que a PJ é uma técnica do direito, mas ela estipula relações sociais. A PJ assina contratos, atua no dia a dia etc.
Art. 45, CC Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato constitutivo

Outros materiais